quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5573: Contraponto (Alberto Branquinho) (4): Desenraizado

1. Mensagem de Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689 (, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 27 de Dezembro de 2009:

Como o Natal já passou, abaixo transcrevo uma coisa escrita em 1971/1972 a propósito disso mesmo, enviando, ao mesmo tempo, votos de muitos e bons anos, incluindo o de 2010.

Vai junto, também, um abraço para todos, tanto para os que lerem como para os que venham a não ler e, se tiverem lido, tanto para os que gostem como para os que detestem.


CONTRAPONTO (4)


Desenraizado


No chão
à porta da casa onde foi senhor
está um pinheiro-de-Natal anão
restam-lhe uns flocos de algodão
(fingimento de neve)
e muita dor.
Já não tem luzes, brinquedos,
fios prateados e dourados…
Conheceu intimidades, enredos,
fingimento, adulação, calor.

Agora não pode voltar ao lar
E, nem mesmo, ao seu pinhal
Só porque já passou o Natal.


(IN: “Pré/Texto” – 1973)

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P.S. – Porque Natal é nascimento, o nascimento do Cristo-bébé, o tal que veio a provocar uma revolução social com as suas ideias, qual é a razão pela qual vemos durante o Natal quase só Árvores assim ditas e o dito Pai-Natal?

Alberto Branquinho
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 11 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5445: Contraponto (Alberto Branquinho) (3): Fugas... na hora da morte

5 comentários:

Anónimo disse...

Tambem envio votos de felicidade para todos e uma feliz "cambança" de ano|

José Martins

Torcato Mendonca disse...

Já tinha fechado...mas o vicio e...
Digo-te camarada, por isso mesmo, porque querem que sejamos, como o pinheiro anão ou o "velho do refrigerante"... desenraizados. Isso, meros objectos para...

Bom Ano de 2010 e
Um abraço do Torcato

Anónimo disse...

Obrigado meu caro,

Por este poema tão real e profundo.

O velho abraço do tamanho do nosso (conhece-lo bem) Cumbijã,

Mário Fitas

Anónimo disse...

Enquanto o nosso pinhal for arejado, vale a pena "espiolhar" as luzinhas com que os nossos "Tertúlianos" nos vão presenteando.
Sem dor(!)não haveria amor(?), dizem os poetas. Havendo Natal, existem poemas como os teus. Valeu a pena.Para o ano há outro Natal.!!
? E que tal propormos que o Natal seja "bianual?.
Até amanhã companheiro.
Jorge Félix

Hélder Valério disse...

Caro Alberto Branquinho

Afinal também tens 'em carteira' belos poemas...
Agradeço-te a informação sobre a autoria do José Fanha do poema "Carnaval" que fiz passar num artigo que enviei.
Curiosamente um primo dele, com o mesmo nome, foi meu colega de TSF, foi nosso colega na Guiné (ainda não o 'convenci' a aparecer...), também estivemos ambos na 'Escuta' e foi um dos abrilhantadores das noites do 'Chez Toi' pois tocava órgão lá.
Um abraço
Hélder S.