Caro Luís,
Se me dás licença, apenas 3 pontos (ou prespontos):
1 - O teu texto que eu comentei não foi o mesmo que apareceu no blogue (este é muito mais extenso e documentado). Publicaste uma nova versão do teu texto e o comentário que fiz à sua versão reduzida que foi a que me enviaste. Se o texto que eu tivesse lido fosse o que posteriormente publicaste não teria feito o mesmo comentário. Seria outro ou nenhum.
2 - O comentário que publicaste do Pepito não se referia ao meu texto que publicaste mas a um outro que enviei sobre o assassinato de Amilcar Cabral que (ainda?) não publicaste. Aliás o meu texto comentado pelo Pepito vinha agarrado com o meu mail. Assim, a bota não joga com a perdigota.
3 - Não concordo absolutamente nada se entendi bem o teu raciocínio de separares as NT da nefanda PIDE. Não acho que estivéssemos assim tão longe. Toda a acção militar suportava-se no trabalho de informações e infiltração operada pela Pide. Assim, o Fragoso Allas foi companheiro de armas de Spínola e cada um de nós o foi do agente da Pide local. Objectivamente, foi assim.
E por isso achar não alinho na estória das tropas limpas e dos pides sujos. O barco foi o mesmo (se calhar, no mesmo Niassa em que fizemos viagem também lá iam alguns dos prestimosos agentes). Tendo lá estado e beneficiado do trabalho sujo da PIDE, eu fui, também, camarada de armas dos pides. Como dos comandos africanos e dos milícias.
Eu, como ocupante, tive a sorte de regressar vivo à sede do Império, os colaboradores guineenses com os ocupantes lá ficaram e lá as pagaram. De uma forma miserável e inaceitável, mas pagaram. Quanto aos pides por aí estarão a beneficiar de reformas como funcionários públicos pelas razões de impunidade que todos conhecemos. Para mim, estas são as únicas diferenças. Se para lustro das nossas velhas fardas, quisermos separar o nosso trabalho limpo do trabalho sujo, quando esta distribuição de papéis fazia parte das regras do jogo, pela minha parte eu não sacudo a lama que me cabe como quinhão.
João Tunes
Comentário de L.G.:
Peço desculpa da trapalhada que às vezes é a publicação, não por ordem de chegada mas de actualidade editorial dos mensagens que me chegam. No caso que mencionas, de facto não bata a bota com a perdigota, como dizes tu e diz o Zé Povinho. Àparte as dificuldades (no fundo, a incompetência) para pilotar este barco, já tão grande, há ainda o facto de os tertulianos usarem um ou outro dos dos meus dois endereços de e-mail, o de casa e o do local de trabalho. Enfim, isto não deveria servir de desculpa: tenho de estar mais a tempo à ordem lógica e cronológica das mensagens e dos posts.
Um abração.
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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