Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quinta-feira, 25 de maio de 2006
Guiné 63/74 - P796: O colaboracionismo sempre teve uma paga (1) (A. Marques Lopes / José Teixeira)
Guiné >Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Um prisioneiro do PAIGC.
Foto: © A. Marques Lopes (2005)
Texto de A. Marques Lopes, coronel DFA, na reforma, ex-alferes miliciano na Guiné (1967/68) (CART 1690, Geba, 1967/68; e CCAÇ 3, Barro, 1968)...
O colaboracionismo sempre teve uma paga (1)
Caros camaradas e amigos:
Tenho lido tudo o que têm escrito sobre os fuzilamentos e outras mortes dos comandos africanos e outros guineenses que estiveram a combater do lado da tropa portuguesa durante a luta de libertação na Guiné. Já escrevi, em tempos, sobre isso para o blogue. Porque o tema está aceso, vou ver se me lembro do que disse na altura e acrescentar mais algumas coisas.
Também sei de alguns dos meus jagudis que foram mortos após a independência, e de outros que tiveram de fugir para o Senegal. Falei-vos já, no blogue, do Braima Seidi, o meu guia em Barro, conhecedor dos trilhos e das zonas do tarrafe por onde os guerrilheiros passavam, tendo resultado da sua colaboração muitas e pesadas baixas para o outro lado.
Contei-vos que, em 1998, quando perguntei ao Cacuto Seidi por ele, este chefe da tabanca de Barro me disse, um pouco atrapalhado:
- Mataram ele depois da independência...
Também vos falei da filosofia de vida dos meus soldados da CCAÇ 3, da sua atitude perante os feridos que o PAIGC deixava no terreno, e que era:
- Deixa estar, alfero, vem jagudi e come...
O Braima Seidi, caçador conhecedor da zona, recebia 2.000 escudos por mês por essa sua colaboração, vivia bem na tabanca, com quatro mulheres. Um cabo daquela companhia recebia 1.400 escudos mensalmente (não me lembro quanto recebiam os soldados) (2), com comida, bebidas sempre à disposição, e assistência médica em Bigene, quando necessário. Apesar de também andarem na guerra, uma vida muito diferente do pessoal da guerrilha que vivia no mato.
No final da segunda grande guerra, a resistência francesa matou muitos colaboracionistas, a italiana assim fez, no Vietname, após a vitória, fizeram o mesmo, os franquistas fuzilaram muitos republicanos...
- Vae victis! Ai dos vencidos! - já os romanos diziam.
Não estou a fazer a apologia desses procedimentos, estou a dizer que eles sempre fizeram parte da história dos vencedores. Claro que também houve os Nurembergas em que os vencedores, muitos também com culpas no cartório, fizeram o julgamento daqueles que venceram. Mas foi diferente, evidentemente.
Tenho pena e gostava que as coisas não se tivessem passado assim na Guiné, porque, como vós, vivi e convivi com aqueles guineenses que lutaram ao meu lado. Não sei dos meandros das conversações em Londres para formalizar a independência, espero que o Paulo Reis um dia me esclareça sobre isso. Mas parece-me que a solução desse problema, o futuro dos que estiveram do nosso lado, não teria sido tarefa fácil.
Num país saído de uma revolução, como foi nosso, em ebulição em 1974, perto da guerra civil em 1975, que poderia ter sido feito? Embarcar toda essa tropa guineense, habituada à guerra e a matar, misturá-los com os muitos milhares de retornados que cá estavam já, acasalá-los com os vários grupos políticos que se degladiavam, às vezes de forma violenta, encostá-los ao MDLP...? Tentar que fossem para outro país africano, tentar passar a batata quente? Mas qual dos países africanos, já com gente da mesma estirpe, os aceitaria?
Outra hipótese, que me disseram ter existido, seria negociar a integração deles nas Forças Armadas da nova Guiné-Bissau. Mas, há que admitir, isto também terá sido demasiado complicado conseguir. Com os ódios todos ao de cima (que é natural que houvesse entre guineenses que se combateram mutuamente, embora connosco isso não sucedesse), não os estou a ver em conjunto numa caserna, não estou a ver um capitão dos comandos africanos a comandar uma companhia de ex-guerrilheiros... Não estou a ver o Marcelino da Mata em convívio com o comandante Lúcio Soares.
Gostaria que tivesse havido uma solução. Mas não foi fácil, acredito. Não por cobardia, nem pusilanimismo, nem por abandono dos responsáveis portugueses da altura, governo, MFA ou Conselho da Revolução. Num país em agitação revolucionária, mesmo em polvorosa, com militares politicamente inexperientes, terá sido extremamente difícil manobrar de forma ardilosa e segura, havendo tantas coisas de difícil tratamento por cá.
Está visto que o problema teve que ficar nas mãos dos vencedores, donos da Guiné. Estes poderiam, se com uma mão firme e esclarecida a dirigi-los, ter optado pelo menos chocante e, na situação, aceitável até para nós: deixá-los estar, remetendo-os ao abandono. O tempo traria outra soluções (ou outros problemas, sabe-se lá...). Mas o cabo-verdeano Luís Cabral, como me disse o ex-paraquedista Camará, não conseguiu ter pulso e foi ultrapassado pelas iniciativas dos ex-comandantes das guerrilhas locais, pelas iniciativas das figuras históricas do PAIGC naturais da Guiné, como o Nino Vieira, o Gazela e o Chico Té. E foram estes que incentivaram à vingança dos vencedores... a outra paga. E, como se sabe, o próprio Luís Cabral teve de ir embora.
Mas cada um tem a sua visão pessoal desta questão, é claro. Acontece em tudo. Sobre o outro lado da moeda, isto é, as atrocidades cometidas pelos comandos africanos, pela PIDE e outros que tais, não vou acrescentar mais ao que o João Tunes e o Pepito já disseram. Estou completamente de acordo com eles.
Um abraço
A. Marques Lopes
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2. Texto do de José Teixeira (ex-1º cabo enfermeiro Teixeira, da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá, Empada, 1968/70):
Luís e camaradas tertulianos.
Não posso ficar indiferente ao tema que ultimamente (e ainda bem) enche as páginas do blogue – Os comandos Africanos do exército português abandonados à sua sorte e, quantos deles, assassinados pelo PAIGC.
Todos nós que por lá passámos, vimos, ouvimos e até lemos os actos heróicos que os comandos e os soldados da milícia africanos cometeram contra os seus irmãos. Eles gabavam-se, mostravam os seus trunfos de guerra (orelhas, cabeças, roncos, etc.) e quantos de nós batiam palmas e incentivavam. Era menos um inimigo, mais uma chance para nós, que queríamos voltar sãos e salvos. Esta é a verdade.
Em O Meu Diário expressei o horror que senti, quando o já falado Candé, Alferes comando que chefiava o grupo que estava estacionado em Aldeia Formosa, num encontro com o IN, que tinha emboscado a minha Companhia apareceu com as orelhas dos IN que o seu grupo tinha abatido. Foi um choque horrível para quem estava há 3 meses na guerra.
Certo é, que com o grupo do Candé no terreno nós sentíamo-nos mais seguros e o IN mantinha distância.
Creio que se o Comandante da força estacionada, ou o Comando Chefe de quem diziam dependia directamente, não alimentasse com alvíssaras estas atitudes ou as reprimisse por não serem de modo algum enquadráveis na Convenção de Genebra, o Candé teria de tomar outra atitude. Isto é, ele e o seu grupo foram treinados e instrumentalizados para cometer actos indignos do ser humano e eram pagos para isso.
Quantos de nós (não pretendo acusar nem desculpabilizar ninguém) fomos levados a cometer actos dos quais, após a terminar da Comissão e regressados sãos e salvos sentimos quanto fomos instrumentalizados para o fazer ?
Quantos de nós, pessoas de bem, educados numa religião que premeia a paz como objectivo, nos dispúnhamos apenas a tentar safar a pele, logo evitar fazer guerra, quer dizer matar para sobreviver e face ao perigo, reagíamos de forma tão diferente, forma que desconhecíamos em nós e nos tornávamos insensíveis ao sofrimento e à dor que poderíamos provocar ?
Quantos de nós, (des)politizados, víamos a ida para a guerra como uma missão patriótica a cumprir cegamente ? A Pátria chamava . . .
A quem culpalizar ? A quem desculpar ?
O ambiente gerado e bem alimentado pelo poder politico militar de exploração da divisão étnica dos autotóctenes resultou em crimes graves de parte a parte.
Não creio que o PAIGC, fosse mais meigo, quando apanhava comandos ou milícias africanos.
Não está em causa desculpabilizar os actos cometidos por essa gente, como não podemos culpabilizar os actos condenáveis pela Convenção de Genebra (que creio só poucos de nós à data tinham conhecimento) cometidos por camaradas nossos sem causa justa ou seja sem que fosse em legítima defesa.
Todos sabemos que quando se entrava numa tabanca considerada IN, tudo o que aparecesse à frente era IN para abater e era ronco, enviar no comunicado para o Comando Chefe, tantos IN abatidos. Mulheres, crianças, velhos, homens desarmados. Quantos ?
Eram colegas nossos, a quem lhes fora inculcado que eram filhos da mesma Pátria, embora o poder político, sempre os considerasse e tratasse portugueses de segunda, o que a meu ver não pode ter perdão.
Combateram a nosso lado, quantos de nós lhe devemos a vida. A sua prática e conhecimentos de guerra, o conhecimento do terreno, das armadilhas que o IN colocava, a temeridade que provocavam ao IN, foram ou não factores que nos facilitaram o regresso ?
Por esta razão se mais não houvera, não podiam ser abandonados à sua sorte, sabendo os nossos comandantes, seus ordenantes, que, naturalmente, ficariam com a cabeça a prémio. O esforço que se fez (e o mérito vai para o Carlos Fabião) foi demasiado pequeno para quem tanto deu a Portugal.
Tenhamos consciência, no entanto, que quem estava na frente da guerra eram os milicianos, gente que de algum modo estava forçada e logo que vislumbrou uma frecha para eliminar o perigo de morte para os seus homens, baixou os braços, entregando o seu espaço de manobra ao até então IN, agora companheiro. Há quem chame a isso cobardia, sobretudo os saudosos do passado.
Eu que vivi uma guerra com o propósito de não dar um tiro e consegui-o, tendo por isso já ouvido essa palavra feia de cobarde, consciente da realidade no terreno, aceito essa atitude como um acto normal de quem não queria fazer guerra e tinha sido empurrado para ela.
As altas esferas militares e políticas, os dos gabinetes com ar condicionado, os responsáveis que aplaudiam e alimentavam os seus actos, esses sim tinham o dever de acautelar as vidas e o futuro desta gente generosa.
Creio que faltou a comunicação, o diálogo com as nossas forças no terreno, já que o sistema implantado até então, de ordens de comando, com a queda do regime, se esfumou. Foi um salve-se quem puder. Os grandes foram os primeiros a dar o pira à procura de novos tachos. Os desgraçados que não puderam, que não tinham para onde ir, esses pagaram caro. Para muitos a fuga para o mato, para o Senegal na tentativa de agarrar Lisboa. Outros ou não tiveram tempo, ou acreditaram nas falinhas mansas do lobo. Pagaram com a vida. As vidas que nós, os antigos combatentes, agora choramos e lamentamos.
A culpa, aqui não morreu solteira. São o Estado Português e o PAICG.
O PAIGC, servia-se, a meu ver, exactamente das mesmas técnicas, em que a exploração da divisão étnica era naturalmente alimentada. Tal como Portugal, controlava as tabancas nas suas áreas de influência e condicionava os habitantes. Servia-se destes, desde a produção de produtos alimentares para os guerrilheiros, o transporte de equipamento, para os ataques, o arrebanhar de crianças e jovens para as suas fileiras, tal como nós com a milícia e os Comandos africanos.
Era uma terra dividida. De qual lado estavam os bons ou os maus ? O diabo que escolha! O ódio era alimentado e explorado por todos os comandos das forças no terreno. Era a guerra.
Nós, os Portugueses, de um momento para o outro parámos. Esta guerra perdera toda a razão de ser. Não tinha lógica, era contra natura. O PAIGC, entendeu esta atitude como uma derrota nossa, logo uma grande vitória, o que não foi verdade. Assumiram-se como vencedores e ai dos vencidos , como diziam os romanos.
Os seus heróis apareceram na ribalta como os novos senhores. A sua verdade era a única possível. Os seus conhecimentos de gestão política eram nulos, para não falar na económica e na social, que talvez nunca tinham ouvido falar. Eles não acreditavam numa vitória tão fácil. O poder caiu-lhe nas mãos. Tinham a obrigação de procurar entender o povo que se colocou na outra banda da barricada, eram seus irmãos de pátria. Da Pátria que afirmavam querer construir. Não eram os seus heróis, bem pelo contrário, mas eram parte do seu povo.
Podiam proceder a julgamentos e eventualmente condenar, pois os crimes praticados foram realidades concretas, mas . . . ( O raio do mas aparece sempre). Quantos dos vencedores estavam e estão isentos de culpas ? Quantos dos seus homens, senão eles próprios, não cometeram actos idênticos ?
Não posso aceitar, julgamentos sumários sem defesa, ou condenações à morte sem julgamento. Foram assassinatos puros, quantos deles de forma violenta como a do Candé de Aldeia Formosa. Foram perseguições às famílias dos que se refugiaram no mato ou no estrangeiro. Foi a caça ao homem, meu irmão.
Como gostava de reencontrar hoje o Candé, como encontrei o Braima, Kebá o Ussumane e tantos outros que combateram a meu lado, que me defenderam a vida.
Como gostava de reencontrar o Abdulai Djaló de Mampatá Forea, com quem passei noites em conversa até adormecer na sua esteira, eu, ele e a mudjer dele. Sei que fugiu para o mato com destino ao Senegal. Nunca mais se soube onde foi parar.
Há tantas coisas em comum para partilhar, tal como entre nós os tertulianos da Luisiana ideia, que apesar de não nos conhecermos pessoalmente parece que até estivemos juntos naquela aventura, tal é a ligação afectiva que nos une.
Creio que era a melhor forma de afastarmos os fantasmas que povoam o nosso imaginário.
Bem hajam os tertulianos que levantaram e estão a provocar este debate.
Um fraternal abraço
Zé Teixeira
__________
Notas de L.G.:
(1) Colaboracionismo: Actividade, comportamento, atitude ou interesse de colaboracionista, ou seja, de pessoa que colabora com ou apoia o inimigo que ocupa, total ou parcialmente, o território do seu país (Dicionário Houaiss da Lígua Portuguesa, 2002).
O termo fancês collaborationniste surgiu em 1940, na sequência da ocupação da França pelo exército alemão e a constituição do Governo de Vichy, presidido pelo Marechal Pétain (1851-1951), o herói de Verdun na I Guerra Mundial. Depois da libertação, Pétain foi condenado à morte por alta traição, sentença comutada em prisão perpétua. HGouve outrois governos colaboracionistas durante a II Guerra Mundial: Bélgica, Holanda, Noruega (com o famigerado Vidkun Quisling, abertamente favorável aos nazis), Croácia, Hungría bem como noutras partes da Europa de Leste...
(2) Vd. pst de 1 de Agosto de 2005 > Guiné 63/74 - CXXXII: Cem pesos, manga de patacão, pessoal! (2)
"(...) E os nossos soldados africanos, que eram praças de 2ª ? Tenho ideia que ganhavam seiscentos pesos, mais outro tanto (25 pesos / dia) por serem desarranchados... Como eram islamizados, não podiam comer a comida do tuga, pelo que foram mais tarde autorizados a receber o subsídio de alimentação... Mandaram-me isso à cara, no Xime, quando morreu o Cunha e o restante pessoal da CART 2715... Os sacanas tiveram um momento de hesitação, antes de aceitarem ir comigo resgatar os corpos dos nossos camaradas mortos, à cabeça da coluna (vd post de 25 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VII: Memórias do inferno do Xime (Novembro de 1970):- Pessoal africano só ganha seiscentos pesos! - Que é como quem diz: vai lá tu, que os mortos são do vosso sangue, são do vosso chão, são da vossa terra, são tugas... Foi o único momento, em toda a minha comissão, em que vi os nossos soldados terem medo"...
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1 comentário:
Sou ex-combatente da Guiné do anos 69/71; no Cacheu primeiro, e em Pirada, depois.
Encontrei casualmente este blogue sobre a Guiné e, do pouco que li, deu para perceber que todos os textos apontam para um sentido de arrependimento e de desculpas aos guineenses e até aos próprios guerrilheiros do PAIGC!
Os portugueses são aqui apelidados de tugas (não em citação), com a conotação que todos lhe conhecemos.
Por outro lado, são feitas insistentes acusações a algumas figuras militares (não comunistas) e à Pide.
Quanto aos militares visados, em especial o Alpoim Calvão, pergunto:
Ele não foi um oficial combatente na Guiné como tantos outros? Que fez ele que outros não fizeram? A que se deve tanto ódio?
Quanto à Pide, meus senhores e camaradas, se gostarem mais, os seus elementos batiam-se como nós, sofrendo baixas como nós. Graças à Pide, muitos combatentes não fazem parte da lista de mortos em combate, nas três frentes de guerra do Ultramar. Há casos em que, pela sua audácia e poder de informação, a Pide salvou companhias inteiras. E quem sabe se salvou a "pele" a mim, a si e a tantos outros? Por que não lhe reconhecermos esse feito?
Falar de abusos cometidos pelos comandos africanos, dos comandos metropolitanos, paraquedistas e da "tropa macaca" (os últimos 3 não são aqui acusados) é uma questão muito simplista de ver o problema. Não há convenções que valham numa guerrilha com as características da nossa, e voçês sabem-no bem.
Afinal de que lado estavam voçês durante a v/comissão na Guiné?!
Obrigado por esta oportunidade.
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