terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Guiné 63/74 - P1415: Blogoterapia (13): Literatura de guerra (Jorge Cabral)

Caro Luís,

Cá continuo a acompanhar o nosso blogue, o qual se desenvolveu e diversificou, transformando-se num amplíssimo forum, onde podemos encontrar quase tudo, até a informação sobre as preferências literárias do Camarada Beja Santos, as quais são importantes para o compreender enquanto jovem e abnegado combatente. Claro que nada elucidam sobre o quotidiano típico dos nossos Soldados, que nunca leram Norman Mailer, o que se calhar não lhes fez falta nenhuma.

Fosse esta uma Tertúlia Literária, e eu comentaria que a grande obra de Mailer não é "As Praias da Barbária", mas sim o portentoso romance de guerra "Os Nus e os Mortos", o que contraria a ideia expressa por Lobo Antunes, de que escrevem melhor sobre a guerra os que a não fizeram.

É que Norman Mailer serviu na 2ª Guerra Mundial, tendo sido segundo ele próprio, um "soldado banalíssimo", orientador de artilharia, sapador e cozinheiro. Talvez o grande romance português sobre a guerra colonial, ainda esteja à espera, de um banalissimo soldado...

É verdade porém que a nossa guerra vai entrando na ficção. Leia-se por exemplo "Longe de Manaus", cuja personagem principal é o detective Jaime Ramos, ex-alferes na Guiné. Aí nos surgem locais que conhecemos, Bafatá, Bambadinca, Mansoa, Bissorã, etc.

Chega porém de Literatura! Fui o alfero Cabral, com ou sem leituras, e garanto que nunca discuti prosa ou poesia, com os meus soldados ou com a população, embora tivesse sido dado a outras artes com as bajudas...

Abraço Grande
Jorge

PS - Junto estória.

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