segunda-feira, 28 de maio de 2007

Guiné 63/74 - P1789: Blogues que nos citam (2): Amante da Rosa ou a Geração das Flores da Revolução de Bissau

Amante da Rosa > "Meu Cabo Verde. História e Estórias. Minhas raízes, família e recordações. A Guiné. Pensamentos e Imagens. Sem ordem cronológica".


1. Um blogue no feminino. Carla. Cabo Verde. Ilha de Santiago. Praia... A Carla é filha do nosso amigo e camarada Manuel Amante (1) e, espero, futuro membro da nossa tertúlia ou Tabanca Grande....

Com a devida vénia, transcrevo este post recente que fala de nós, Luís Graça & Camaradas da Guiné (2):

Terça-feira, Maio 08, 2007 > Blogueforanada - sem palavras.


Muito ouvimos nós, a geração das Flores da Revolução de Bissau, falar da luta da libertação nacional que decorreu nas matas da Guiné e dos nossos bravos combatentes e libertadores da pátria amada que lutaram corajosamente contra os tugas colonizadores (assim era a linguagem, não há enganos). Enfim... Jovens cheios de ideais nobres que combateram contra outros jovens, alguns renitentes e outros "impregnados ainda dos ideais de um império moribundo" como alguém me disse.

A parte dos combates foi sempre muito abstracta e idealizada na minha mente. Uma de mistura de memórias de criança com imagens do filme "Mortu Nega" e uns salpicos daquelas elipses convenientemente cinematográficas, onde se leva o espectador directamente para o que interessa, sendo dispensado de ver a parte chata e, sobretudo, sem aflorar a tragédia que está por detrás da rotina dos acontecimentos. Gostaria de poder acreditar que, da minha parte, foi uma negação mascarada de ingenuidade.

Mas... e o concreto? O sangue, os massacres de populações civis indefesas, os fuzilamentos, as luta corpo a corpo? As situações mórbidas que poucos têm coragem de perguntar e que, muitos dos que levaram a cabo essas acções, não gostariam de se lembrar?

Há blogs engraçados, curiosos, originais e há blogs que me provocam, literalmente, uma reacção orgânica qualquer que não consigo explicar. O blogueforanadaevaotres editado por Luís Graça é um deles. Narrado quase sempre na primeira pessoa, relata o historial da guerra na Guiné e como foi vivido pelos portugueses. Está tudo lá! São descrições, factos e memórias impressionantes. Conforme ia lendo só me ocorria uma palavra - Catarse.

Não se consegue ler tudo de uma vez e o que se vai descobrindo arrepia. Arrepia a estória de Uloma, o comando africano “caçador de cabeças”. Sobressalta o alegado número de fuzilados que o historiador Leopoldo Amado avança e surpreende saber que o Supervisor da 1ª. Companhia de Comandos Africanos e Director de Instrução de Cursos de Comandos em Fá Mandinga, que se chamava Octávio Manuel Barbosa Henriques, nasceu em 18 de Novembro de 1938, na Freguesia de Nª. Sr.ª da Conceição, ilha do Fogo.É o outro lado e há muito a descobrir...

Já agora... Recomendo a visita a esta página, também no mesmo blog, que tem informações interessantes sobre a força expedicionária portuguesa em que passou por São Vicente durante a II Guerra mundial.

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2. Este post suscitou dois comentários: o primeiro é de alguém que, francamente, fez uma leitura muita apressada do nosso blogue (por onde já passaram mais de centena e meia de homens e mulheres e onde já se publicaram, em dois anos, cerca de 1800 textos, fora os milhares de imagens)... É de alguém que faz juízos de valor apressados e nem sequer leu (ou entendeu) as dez normas de conduta que norteiam o nosso blogue. Blogue que de resto não é dele, do tuga Luís Graça, é de um colectivo, de gente de grande generosidade, que ama a Guiné e o seu povo, que historicamente fez a guerra colonial, e que luta hoje pelo direito à memória... Ora ninguém pode viver sem memória, indivíduos ou povos... E a memória, tanto dos vencidos como dos vencedores, é sempre (re)construída...

É gente que tem nome, que pensa pela sua cabeça, que é cultural, ideológica e politicamente plural, e que até é capaz de pequenos gestos solidários como, por exemplo, estar hoje, às 10 hora da manhã, na Reitoria da Universidade de Lisboa, para apoiar, abraçar e escutar um dos seus, o lusoguineense Leopoldo Amado, a defender a sua tese de doutoramento em História Contemporânea > Guerra colonial 'versus' guerra de libertação: o caso da Guiné-Bissau... E muitos outros não puderam estar, porque vivem longe ou têm os seus inadiáveis afazares profissionais... Em representação da nossa Tabanca Grande estavam lá, além de mim, o João Tunes, o José Martins, o Carlos Fortunato, o António Santos e o Hugo Moura Ferreira (espero não ter omitido ninguém)... Sem contar os amigos e familiares do Leopoldo, pois claro... (LG)

hiena disse...

Por acaso passei há dias nesse blog (foranada...etc) , e fiquei sabendo algumas coisas - o outro lado... Claro que senti a escrita dele um pouco suspeita, naturalmente puxa a brasa pra sua sardinha, fiquei com a impressão que era americano que contava seus feitos heróicos no Vietnam, tipo foram os outros e não nôs, muito romântico... Ficou a dúvida mas essa sempre estará presente pois as guerras têm sempre duas verdades ! Qual será a mais verdadeira ? Nunca saberemos! By the way , continua ...

5/15/2007 11:37 AM

Anónimo disse...

É ainda mais difícil saber onde está a verdade porque um dos lados se recusa a falar sobre o assunto.

5/16/2007 8:23 AM

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Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 27 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1787: Embaixador Manuel Amante (Cabo Verde): Por esse Rio Geba acima...

(2) Vd. post anterior desta série > 22 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1777: Blogues que nos citam (1): Rumos e Culturas, de Carlos Palmeiro

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