1. Mensagem de António João Sampaio, ex-Alf Mil na CCAÇ 15 e Cap Mil na CCAÇ 4942/72, Barro, 1973/74, com data de 8 de Julho de 2009:
Caro amigo
Desde o passado dia 20
Como vizinho aqui em Leça, abuso ao mandar-lhe algum material. Já mandei ao Graça ainda antes de Monte Real sobre um comentário que está inserto no blog sobre a 4942/72 em Barro, que ainda não vi publicado. Mais tarde em 24 de Junho mandei mais uma página (só aos poucos é que vou conseguindo alguma coisa) que ainda não vi também publicada.
Admito que da minha parte houve duas falhas de extrema importância. Não mandei nenhuma das fotografias pedidas e também não me identifiquei suficientemente.
Para si mando um documento com 3 fotos (actual, CCAC 15 e 4942) e outro que é a tal 1.ª página de algumas recordações do que por lá se passou.
Peço também ajuda para tentarmos encontrar o camarada Alf. Lima, que foi um companheiro inestimável.
Obrigado.
Agora... quem sou eu
António João Sampaio
Parambos – Carrazeda de Ansiães
05983269
Alferes na CCAC 15
Capitão na 4942/72
Hoje:
Médico Veterinário (reformado por invalidez)
Consultor na área empresarial na AEP (Parque Invest)
Residente em Leça da Palmeira
Sou novo nestas andanças deste Blogue.
Obrigado ao Luis Graça por ter aberto a porta do sótão a muitos que, provavelmente como eu, teimavam em não deixar sair a poeira.
Graças ao amigo Mexia Alves, meu padrinho na CCAÇ 15, já estive presente no Encontro do Paúl, este ano e prometo que vou mandando notícias à medida das possibilidades e dos acasos.
Da minha estadia naqueles azimutes, faço questão, a não ser que o impeçam, de dar conhecimento do que de relevante foi ocorrendo.
Por questão de a propósito não vou respeitar a ordem cronológica das histórias mas terei sempre o cuidado de as enquadrar no tempo.
Como súmula de todo o tempo, este amigo foi para a Guiné em Outubro 1973, fazer o CCC. Saiu-lhe na rifa a CCAÇ 15. Passou Abril e os primeiros dias de Maio no continente e seguiu novamente para o CTIG, até ao fim da nossa presença.
E agora o folhetim, que o meu amigo fará o favor de filtrar como bem entender, por forma a não se tornar chato.
Um abraço
António Sampaio
Contributo sobre a CCAÇ 4942/72
O encontro
Tudo o que aparece na Blogue corresponde à verdade.
Eram uns valentes que conseguiram resistir à Guiné, ao IN e também às outras adversidades, que provavelmente não foram as menos importantes e de quem guardo grandes e boas recordações.
Era um grupo heterogéneo, soldados Madeirenses com um número significativo de refractários e alguns desertores (O Mosca era um deles salvo erro), com graduados e também alguns especialistas do continente. Guardo deles uma imensa saudade e para isso nada melhor que recordar.
O nosso encontro foi completamente casual.
Tinha acabado de chegar a Bissau, onde como é sabido, por norma se passavam alguns dias a gozar a messe e a piscina.
Para um recém graduado capitão era esperada uma estadia de dez a quinze dias até haver colocação.
Mas eis que de repente (que me desculpe o Júlio Dantas), ainda não tinha aquecido a cadeira, surge o impedido do Cmdt da 1.ª Rep (Ten Cor Delgado, salvo erro) que me informa que sou chamado de urgência ao QG.
- Ó Sampaio, também sou ex-aluno do Colégio Militar (situação incontornável para qualquer ex-aluno), temos um problema com a Companhia de Barro que tem de ser resolvido por gente com o nosso perfil (??????????), blá, blá, blá, blá, blá, blá. Embarcas no TAIGP com o Pombo amanhã da manhã para Ingoré. Vai contigo o Alf Comando Africano ??? que vai tomar conta da CCaç de Bigene e vai ficar directamente ligado ao comando de Barro até se fazer a ligação com o Batalhão de Ingoré de quem os dois vão depender operacionalmente.
Assim, setenta horas depois de ter aterrado em Bissalanca no célebre Boing 707 dos TAM, pilotado pelo Major Quintanilha e sua tripulação. Como gostava de conhecer o homem que me levou das duas vezes para a Guiné para lhe agradecer o valente cagaço que nos pregou quando na primeira vez se apresentou.
- Fala-vos o Major Quintanilha. Sobrevoamos neste momento Dakar, capital do Senegal, país com quem Portugal não mantém relações diplomáticas. À nossa asa poderão ver dois Fiat que tentarão evitar que sejamos atingidos por um míssil inimigo. (Foi a maneira encontrada para dar as boas-vindas e o povo agradeceu)
O que transcrevo foi a informação exacta que me deram da situação em que me iam meter.
A realidade só mais tarde a descobri. Primeiro em Ingoré onde me foi feito o ponto da situação conhecida e nessa noite já em Barro, onde a CCS do Batalhão de Ingoré me foi levar, já que de Barro ninguém respondia às mensagens rádio que foram sendo enviadas desde as 10 horas da manhã até cerca das 4 da tarde.
Com a escolta da CCS de Ingoré, com um saco mochila e uma mala ainda não desmanchada desde Lisboa, cheguei por volta das 5 da tarde ao que era suposto ser o quartel de Barro, mas onde não se via ninguém fardado, não havia porta de armas e o que havia mais dentro das instalações era africanos da aldeia.
Passados uns minutos, já no chão da parada e só, porque tinha mandado a escolta embora, apareceu o primeiro branco, à civil que me disse ser o Alferes Lima.
3. Comentário de CV:
Caro camarada António Sampaio, de acordo com as normas vigentes na Tabanca Grande, entre os Tertulianos não há qualquer distinção entre os antigos postos militares, estes servem apenas como referência à nossa actividade como ex-combatentes; idades, somos todos velhos companheiros de luta; habilitações literárias; profissão, assim como a posição que cada um ocupa presentemente na sociedade. Isto, porque só uma coisa nos une, a Guiné. Une-nos aquele chão, aquele povo, aquelas matas, as horas difíceis que vivemos, a fome, a sede e tudo o mais que descrevemos nas nossas memórias.
Posto isto, em nome da Tertúlia, deixo-te um abraço de boas-vindas, com votos de que venhas, com as tuas histórias, aumentar as nossas páginas recheadas de testemunhos, contados por aqueles que sentiram na própria pele os efeitos daquela guerra.
Antes de terminar chamo a atenção para o pedido do nosso novo camarada António Sampaio que quer localizar o Alf Mil Lima que foi encontrar em Barro.
CV
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 4 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4640: Tabanca Grande (158): José Albino P. Sousa, ex-Fur Mil Inf do Pel Mort 2117 e BAC 1 (Bula e Tite, 1969/71)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Ó Sampaio
aqui vai então um abraço fortemente camarigo de boas vindas.
Foi bom estar contigo e recordar algumas coisas, mas temos que nos encontrar para com mais calma falarmos da nossa C. Caç 15
CARO ANTÓNIO SAMPAIO,
SÊ BEM VINDO E ESCREVE COM REGULARIDADE PARA SABERMOS MAIS DE TI E DA "TUA GUERRA".
UM ABRAÇO,
MANUEL MAIA
Enviar um comentário