segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Guiné 63/74 - P5710: Tabanca Grande (201): João Adelino Aves Miranda, ex-1.ª Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/73 (Guiné 1974)



1. O nosso Camarada João Adelino Aves Miranda, 1° Cabo Radiotelegrafista, da 1ª CCAÇ do BCAÇ 4610/73 - Cumeré, Canquelifá, Nhamate -, 1974, actualmente emigrado na Alemanha, enviou-nos com data de 24 de Janeiro de 2010, a seguinte mensagem:


Camaradas,

Chamo-me João Adelino Aves Miranda e fui 1° Cabo Radiotelegrafista da da 1ª Companhia do BCAÇ 4610/73, Canquelifá, Nhamate, tendo embarcado no navio Niassa, no dia 9 de Abril de 74, embora o navio só tenha zarpado passados dois dias, a 11 de Abril, derivado ao atentado à bomba de que foi alvo.



Chegados à Guiné, fomos para o Cumeré, onde fizemos o IAO, e, cerca de um mês mais tarde, eu e outros especialistas seguimos num NordAtlas para Nova Lamego.


Aí chegados, transitamos para uma coluna auto que nos levou para Canquelifá, onde nos juntámos ao resto da companhia.

Sei também que estive em Nhamate.

Depois à medida que íamos entregando os destacamentos ao PAIGC, fomos regressando a Bissau, a pouco e pouco, em curtas viagens e consequentes estadias.

Mas depois irei contando o pouco que ainda me lembro. Quanto ao facto de aderir à Tabanca Grande seria uma honra se mo permitissem.

Para regressarmos a Portugal, embarcamos em Pijiguiti, no navio Uíge, em 14 de Outubro de 1974.

O mais curioso e engraçado é que tu e eu viajamos juntos, neste regresso a casa, ou seja viemos juntos para Portugal, pois segundo o que acabamos de descobrir na nossa troca de e-mails, naestat viagm do Uíge embarcaram em Bissau, 3 batalhões o meu 4610/73 (4 companhias), o 4510/73 (só com 1 companhia) e o teu 4612/74 (3 companhias).


Estou a viver na Alemanha e quando vou a Portugal de férias, fico em Torres Vedras, por isso, em relação ao nosso reencontro pessoal não fica esquecido, garanto-te.

Um abraço,
Joao Miranda
1° cabo radiotelegrafista da 1ª Cia do BCAÇ 4610/73


2. Camarada João Miranda, em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote e demais tertulianos deste blogue, quero dizer-te que é sempre com alegria que recebemos notícias de um periquito, que esteve na Guiné, e, mais ainda quando ele está na diáspora.


Tal como o Luís Graça já referiu em anteriores textos colocados em postes no blogue, eu, tu e todos aqueles que constituíram a geração dos últimos “guerreiros” do Império, temos alguma coisa a contar para memória futura e colectiva, deste período sangrento da História de Portugal, que foi a Guerra do Ultramar.

Eu, pessoalmente, costumo afirmar que entregamos, incondicionalmente, ao IN aquele pedaço de terra, onde centenas de Camaradas nossos (irmãos, primos, amigos, etc.), que haviam falecido em combate, para que alguns pudessem dizer: “Isto aqui é Portugal!”

12 anos de manutenção de um legado histórico, mantido com muito sacrifício, privação de toda a ordem, dor, sofrimento, morte…

Não apontando culpas a ninguém em especial (quem sou eu para as fazer), apenas me dói, bem no fundo da alma, ver nos últimos 35 anos o modo como os políticos portugueses tratam aqueles que, nos seus 21/22/23 anos, deram o seu melhor, como podiam e sabiam, muitas vezes mal treinados e armados, sabe Deus como alimentados e enfiados em autênticos buracos feitos no lodo em meios completamente hostis e perigosíssimos…

Aguardamos que nos contes aquilo que ainda lembras e se tiveres fotografias daquele tempo, como por exemplo da entrega dos aquartelamentos, envia-nos para publicação.

Emblema e guião de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
____________
Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:


16 comentários:

vitor disse...

Pertenci à 2ª ccaç do bcaç 4610/72, que chegou à guiné a 19 de Junho de 1972, assim como as restantes companhias deste Batalhão que ficou sediado em Bissorã.
Desfaçm-me uma dúvida por favor. É possível haver dois batalhões 4610 (um de 72 e outro de 73)?

Vitor Cordeiro

Anónimo disse...

Mais um camarada da diáspora, mais um camarada para quem a Pátria foi madrasta, tendo que viver e trabalhar no estrangeiro...Bem vindo, Miranda. Somos vizinhos, eu da Lourinhã. Haveremos de nos conhecer pessoalmente. Estou muito interessado nos teus relatos dos últimos dias dos "tugas" na Guiné-Bissau. Boa saúde, bom trabalho. Luis Graça

Carlos Vinhal disse...

Caro Vitor
Não te sei explicar poquê, mas houve mesmo.
Consultei o 7.º Volume da Resenha Historico-Militar das Campanhas de África, Tomo II - Guiné, e na página 176 faz-se menção ao BCAÇ n.º 4610/72 mobilizado no RI16 - Évora que começou a ir para a Guiné em 17 de Junho de 1972.

Na página 189 aparece o BCAÇ 4610/73 também formado no RI16 de Évora que embarcou para a Guiné em 17 de Abril de 1974.

Um abraço
Vinhal

José Marcelino Martins disse...

Bom dia Victor e Carlos

Assim é.
Ainda não consegui descortinar como é que eram numeradas as unidades.
Já verifiquei que, em caso de batalhão, numeravam as companhias e o batalhão assumia o numero seguinte.
A partir de 1972 começaram a atribuir às unidades um numero seguido do ano.
Também já notei um caso curioso. É de que houve unidades que partiram antes da unidades criadas/numeradas anteriormente.

Um abraço de boas vindas ao João Miranda.

José Martins

Tabanca Grande Luís Graça disse...

De acordo com o vol. 15 da publicação "Os anos da guerra colonial: 1974-75: A revolta dos capitães e o fim da guerra", de Carlos Matos Gomes e Aniceto Afonso (Matosinhos, Quidnovi, 2009), p. 121, a 1ª C/BCAÇ 4610/73, mobilizada pelo RI 16, partiu para a Guiné em 11/4/1974, tal como as restantes subunidades do batalhão, e regressou a 14 de Outubro desse ano.

Esteve em Canquelifá, Piche, Bissau, Nhamate, Bissau. Era comandada pelo Cap Mil Inf Manuel Cunha Pereira Machado...

O BCAÇ era de facto o 4610/73... Alguém, no RI 16(Évora), devia estar a 'dormir na forma' quando numeraram esta unidade... Erro da burocracia militar ? Deve ser caso virgem...

Quero pedir ao Eduardo para confirmar o brasão do BCAÇ 4610/73, que foi publicado no nosso blogue... E já agora, pode-se fazer un poste para desfazer esta dúvida... O Vitor Cordeiro pode, igualmente, dar o seu contributo...

Anónimo disse...

Mais um Radiotelegrafista que, embora integrado num Batalhão ou Companhia, se junta a nós.

Quanto ao Luis dizer que estava alguém a dormir no RI16, em Évora, quando deram o número ao Batalhão é natural, se foi dado no verão estava calor e estavam todos a dormir a sesta, como bons Alentejanos(com maiúscula.
Belarmino Sardinha

MANUEL MAIA disse...

CARO JOAO ADELINO,

ANTES DE MAIS.
SÊ MUITO BEM VINDO.

AGORA EM RESPOSTA AO MEU CAMARADA VITOR CORDEIRO,"TERRÍVEL" COMO EU DA 2ªccaç do bacaç 4610/72.
estava persuadido que tinhamos ido a 13 de junho e não 19 como referes,ou 17 como assegura o Carlos Vinhal.


APROVEITO PARA PEDIR AO CORDEIRO
OS MAILS DA MALTA DA COMPANHIA,MORMENTE DO CAP.FORTE,DIAS,OLIVEIRA,PRATA,E O RESTO DA FURRIELADA.

ABRAÇO

MANUEL MAIA

MANUELMAIA disse...

QUANDO O LUIS DIZ: "ALGUÉM ESTAVA A DORMIR NO 16 DE ÉVORA",POSSO ADIANTAR QUEM NÃO DORMIA...
O COMANDANTE JOSÉ DA ASSUNÇÃO PINHEIRO.
CORONEL DE INFANTARIA.

AQUILO A QUE SE PODERIA CHAMAR UM HOMEM BOM.
GOSTAVA DOS CABOS MILICIANOS E DE FORMA SISTEMÁTICA FAZIA EXPOSIÇÕES AO MINISTÉRIO DA GUERRA PROTESTANDO CONTRA O FACTO DE TERMOS UM CURSO DE SARGENTOS,UM VENCIMENTO DE PRAÇAS E UMAS DIVISAS VERMELHAS AO INVÉS DE DOURADAS.

QUANDO JÁ DEPOIS DO 25 AS COISAS FORAM CLARIFICADAS TENHO A CERTEZA QUE O CONTRIBUTO DO CORONEL FOI IMPORTANTE.

UM ABRAÇO

MANUEL MAIA

Carlos Vinhal disse...

Camaradas
Peço desculpa pela imprecisão do meu comentário anterior.

Segundo a Resenha Historico-Militar, do BCAÇ 4610/72, embarcaram para a Guiné:
em 17JUN72 a 1.ª CCAÇ
em 18JUN72 Comando e CCS
em 19JUN72 2.ª e 3.ª CCAÇ

Assim consta.
Ab
Vinhal

Anónimo disse...

Parece que, a partir de 1972, há uma tentativa de "racionalização" quanto à numeração das unidades mobilizadas por cada unidade mobilizadora. O exemplo do 4610 é notório: 4610/72, mobilizado em Junho de 72 e 4610/73, mobilizado em Abril de 74 - ou seja, em princípio, para substituir o 4610/72. Aconteceu o mesmo com os BII 17 e 18.
Por exemplo, a CCaç 4741/72 foi mobilizada pelo BII 17 para Angola, em Setembro de 72; a 4741/74, também do BII 17, foi mobilizada, igualmente para Angola, em Agosto de 74 (ou seja, para substituir a de 72). O mesmo se passa com a 4742/72 e 4742/74. Ou seja, cada número ficava adstrito a uma unidade mobilizadora e a um TO. De dois em dois anos aquele número ressurgia com indicação diferente do ano, para a substituição da anterior.
Cada unidade mobilizadora ficava assim sempre com o mesmo número de unidades no mesmo TO.
Em princípio parece-me ser isto. Mas só comparando mais unidades se poderá verificar se é ou não assim.
Um abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Camaradas e amigos.
Obrigado pelas palavras amigas e os votos de boas vindas ao bloge que li nos comentários.
Eu andava já à cerca de dois anos a ler o que por aqui era escrito e pensava sempre que nao valeria a pena entrar por nao ter grandes coisas a contar, no entanto meditei melhor e cheguei à conclusao que mesmo tendo pouco para dizer, valerá sempre a pena.
Como diz o Luis partimos para a Guiné no dia 11 de Abril e nao no dia 17 como diz o Carlos Vinhal talvez por lapso, mas embarquei no dia 9, só que derivado ao rebentamento de uma bomba no porao do navio: "parece que ainda estou a ver aquela gente toda na varanda do cais a gritar e a fazer gestos para que fugisse-mos do Niassa, só aí é que me apercebi de algo anormal se passava, apesar de ter ouvido um grande estrondo e ter sentido o barco estremecer, e depois foi ver todos aqueles camaradas a descer o portaló, alguns nem tocavam com os pés nos degraus, lá em baixo estava um capitao da PM a gritar para voltarem para tráz que ninguém saia do barco, os primeiros a chegar aos ultimos metros da escada saltaram e levaram o capitao à frente, depois foi a confusao geral naquele cais com militares a correr por todo o lado. Depois do fogo apagado e algumas horas passadas lá estáva-mos todos outra vez dentro daquele barco que mais parecia um transporte de animais como todos os soldados que nele viajaram sabem:" e assim fomos para o meio do Tejo para que fosse tapado o buraco no casco do navio quase com 80 cm de diametro e lá partimos entao dia 11.
Quando chegamos a Bissau estavam umas Berliet á nossa espera para nos levar a nós e à bagagem, depois de alguns metros após o arranque vejo um PM a correr para a frente da Berliet a mandá-la parar e para meu espanto era um torreense meu vizinho para me dar as boas vindas áquela terra tao longiqua.
O Cap Mil da minha Cia era de facto o Cap Machado. Esqueci muitos nomes, mas o dele nao, era um tipo bacano e como era oficial Mil e pós 25 de Abril deu umas certas liberdades ao pessoal como podem comprovar pela foto. Mais tarde contarei mais coisas sobre os sitios por onde passei.
Um abraco do camarada e amigo.
Joao Miranda
ex-1°cabo radiotelegrafista-Cumeré, Canquelifá e Nhamate

Unknown disse...

visitem este blog
http://batalhaocacadores461073.blogspot.com/

assinado
Victor Manuel da Cunha Pereira Machado

Unknown disse...

Caro João Miranda:

Mantendo o mesmo espirito que me orientou no comando da 1ª Companhia do Batalhão de Caçadores 4610/73, de seriedade e protecção dos bens mais valiosos de quem assumi responsabilidades, OS HOMENS,introspeccionei-me muitas vezes se não havia exigido de mais ao pessoal ou, quiçá, cometido exageros na imposição de procedimentos disciplinares que, a meu ver, só o desejo de vos trazer de regresso, sãos e salvos, às vossas famílias me impelia a tal.
Mas, congratulo-me pelas palavras simples e agradáveis que emitiste em relação à minha pessoa.
Victor Manuel da Cunha Pereira Machado- Ex Capitão Miliciano- tel. 939264413. João, visita o site " http://batalhaocacadores461073.blogspot.com/".

Anónimo disse...

Uma boa pagina, para recordar-mos
o tempo da guerra, espero comentários de companheiros da CCS.

Um abraço

Choupana

João Choupana disse...

Ao Luis Graça, C.Vinhal,E.J.Magalhães Ribeiro, Vitor Briote ao Custódio as minhas desculpas, pelo presistência em afirmar que o meu Batalhão era o 4610/73. Afinal eu e um camarada estavamos enganados de facto é o 4615/73 e que embarcou em Setembro de 1973 também no Niassa mas que não teve nenhum engenho explosivo. Regressamos em Setembro de 1974, depois da entrega da Zona de Teixeira Pinto. Agora, que o engano esta reparado, companheiros e camaradas da C.C.S.do Bat.Caç. 4615/73 e que queiram reunir para recorda-mos aqueles tempos aqui lhes deixo o meu contacto 936228759

João Choupana
ex-1º.Cabo Escrt.

Unknown disse...

Bom dia, Procuro alguem que tenha pertencido ha 2ª companhia do batalhão 4610 72 pois meu sogro serviu nessa companhia e tem um desejo de encontrar seu companheiro de armas que serviu com ele ambos eram 1º cabo