domingo, 15 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6854: Questões politicamente (in)correctas (40): A guerra colonial: todos querem ser heróis! (Carlos Geraldes)

1. Texto de Carlos Geraldes, membro da nossa Tabanca Grande, de 69 anos, residente em Viana do Castelo, ex-Alf Mil, CART 676, Pirada, Bajocunda e Paúnca, 1964/66):


A Guerra Colonial: Todos Querem Ser Heróis! (*)

E nem se lembram de que tudo partiu de uma mentira, com mais de quinhentos anos. Mentira piedosa dirão alguns, mentira necessária, dirão outros, mas na verdade não passou de uma redonda e grosseira mentira, repetida vezes sem conta! Foi a nossa epopeia!

– Mas descobrimos novos mundos!
– Como? Não existiam já antes?
–  Desbravámos novos caminhos, novas rotas! Evangelizámos!
– Mas onde plantámos os nossos Padrões (quais marcos de propriedade), e nos estabelecemos com fortificações, não foi para mais facilmente assaltar, roubar e reduzir à mais cruel escravidão outros seres humanos como se fossem gado para exploração, abate e consumo?

 Desde tempos imemoriais que a regra foi sempre a mesma. Quem tinha a força tinha o direito. E como povo “civilizado” que éramos (!?) considerávamo-nos também superiores aqueles que não tinham os nossos costumes e que até nem praticavam nem conheciam a nossa religião. Eram os “infiéis, os gentios, gente bárbara e sem a alma que apenas a fé cristã proporcionava aos convertidos, conforme então piamente se acreditava.

E a pretexto que era urgente converter essas multidões de gentios, aproveitava-se, já agora também, para os aligeirar dos bens que possuíam e até de outras riquezas que eles nem sabiam serem objecto da nossa cobiça, só porque nos considerávamos com muito mais direitos a essas riquezas do que eles. Assim devastámos tudo o que de tentador se nos aparecia pela frente. Ouro, pedras preciosas, especiarias, minério, tudo era avidamente carregado a bordo de caravelas, naus, e todos os navios mercantes que vieram depois. Como paga deixávamos algumas bugigangas, espelhos, facas, aguardente… e os nossos rudes costumes também, nunca conforto e civilização!

Mas mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, já dizia o poeta sábio. E os povos das nossas colónias ganharam coragem e sublevaram-se. Veio por isso a guerra colonial.

Dos altares da Pátria teceram-se louvores, cânticos e hinos aos soldados que rumaram em armas para as terras africanas. A juventude de um povo analfabeto e desinformado, cego e magnetizado por tanto aparato, seguia como uma legião de cordeiros para uma matança sem fim à vista. Quando lá chegavam, com as G-3 em riste, assaltavam as tabancas, as moranças, correndo pelas picadas mais distantes, disparando a torto e a direito. O que é que interessava uma ou duas centenas de pretos a mais ou a menos? Ninguém lhes pedia contas disso, só tinham de lhes dar uma “ensinadela”, de os meter na “ordem”. Estavam “superiormente” autorizados a matar, dizimar, desfazer tudo quanto lhes desse na real gana. Não era a ali a África selvagem, o lugar de todos os infernos, o cenário perfeito onde os brancos podiam praticar impunemente todas as espécies de atrocidades? Então…?

Inchados de orgulho pateta, contam como eles trataram como “vinha vindimada” as terras dos “pretos”, como corriam atrás das raparigas de impudicos peitos nus, como suaram as estopinhas, mergulharam na lama até aos peitos, passando pelos maiores perigos e tormentas, como só eles passaram!

Mas não admitem, nunca, como tremeram de medo no meio da escuridão da mata e que, sempre que sentiam as “costas quentes”, também fizeram o gosto ao dedo, só para aliviar um agora denominado de “stress” (para não lhe chamarmos “pura selvajaria”), chacinando velhos, crianças e mulheres indefesas, galinhas, cabras, vacas e, até morros de “baga-baga” tudo varrido na frente, com umas boas rajadas da velha G-3, tiros de “bazooka” ou granadas de morteiro atiradas ao acaso.

E agora, porque voltaram, até já se julgam heróis, apenas porque também lá estiveram. Só porque fizeram aquela viagem por um mundo que não entendiam, escondidos atrás de uma arma, cumprindo “ordens” que não compreendiam nem discutiam, julgam ter direito a um estatuto de heróis!

Periodicamente, os que ainda restam dessas “expedições” reúnem-se para confraternizar à mesa de um qualquer restaurante. Pançudos, com os ralos cabelos já esbranquiçados exibindo, por vezes, as velhas boinas das “Campanhas de África”, contam chalaças marialvas, recitam os nomes das velhas armas que usaram, riem-se e choram com saudades dos tempos que já lá vão. No fim fazem juras e saudações militares. Qual Vietname, qual carapuça! Ninguém é mais digno de crédito e admiração do que eles!

.../...

Ao chegar a casa, dão um beijo na mulher, calçam as pantufas e com um profundo suspiro de alívio e sentimento do “dever cumprido”, ficam para ali a “ruminar” o inevitável Telejornal, porque a seguir vai dar a bola!

E não é que agora, vêm todos dizer que foram uns heróis?!

Carlos Geraldes
carlos.geraldes@live.com.pt

2. Nota do editor L.G.:

Este texto, com data de 7 de Julho,  vem no contexto de algumas reacções à publicação do conto do Mário Cláudio, Para o livro de ouro do Capitão Garcez.

O Carlos queixou-se de ter sido "silenciado"... Ora não é prática nossa silenciar ninguém, muito menos um camarada que costuma cumprir com lealdade e fair play as regras de convívio do nosso blogue, e é um activo colaborador. O que aconteceu é que os editores foram de certo modo surpreendidos pela "crueza" da sua linguagem e pelas considerações (menos felizes) que faz da generalidade dos antigos combatentes da guerra colonial... Ora essa generalização é abusiva, meu Caro Carlos, na falta de um verdadeiro retrato, sócio-antropológico,  a corpo inteiro,  da nossa geração que combateu em África...

O próprio autior entendeu meter esse texto, inicialmente na gaveta,  por o achar "um pouco forte"... Três meses depois de o terescrito, decidiu reenviá-lo em 7 de Jullho...

Arrefecida, entretanto, a polémica à volta do conto do Mário Claúdio, perdeu-se a oportunidade (editorial) de publicar o texto do Carlos Geraldes... Mas, enfim, nunca é tarde para o fazer... O texto fica postado (bem como as explicações das a seguir pelo autor):

Olá queridos amigos:

Tenho estado de facto a "hibernar" se bem que a estação não seja muito propícia a isso.

Fui despertado pela "polémica" sobre um belíssimo texto, inédito (?), de Mário Claudio, escritor que mal conheço, apenas pela notoriedade que lhe advém dos inúmeros trabalhos que publicou e consequentes prémios arrecadados. Aliás, sinto até um certo orgulho por me ter cruzado com ele duas ou três vezes numa pastelaria em Paredes de Coura, onde ele, me parece, deve ter residência temporária. Facto que muito enobrece tais idílicas e serenas paragens do nosso Minho profundo. Mas nunca me atrevi a falar-lhe, nem sabia tão pouco que também tinha estado na Guiné a cumprir o serviço militar.

Estamos todos de parabéns, portanto. A Tabanca Grande ficou MAIOR!

Quanto à tal "polémica", deixem que vos diga que não vale nada! Até faz lembrar as "bacocadas" à volta da obra do Saramago. Como sempre, quando a caravana passa, ficam cães a ladrar. Não é que não tenham o direito de ladrar. É a maneira de eles se expressarerm e, o direito à livre expressão, foi uma das mais importantes conquistas de Abril. Mas atenção à responsabilidade! Responsabilidade para com os outros, para os que estiveram, os que estão e os que estarão nesta terra que nos criou. Responsabilidade pelo futuro que construímos com os nossos exemplos pois isso, infelizmente, ainda não é muito perceptível pela maioria. Apenas nos interessamos pela notoriedade de aparecer, de dizer coisas, muitas delas toscamente apreendidas, imitadas sem delas nos apercebermos totalmente, sequer. E assim se cria agora esta estéril "polémica" que já cheira a coisa morta logo à nascença.

Nos princípios deste ano tinha escrito um pequeno texto, inspirado num comentário pouco abonatório sobre o nosso blogue.  Declarava alguém que a existência deste e de outros blogues do género, só serviam para certos indivíduos fanfarrões se virem pavonear de hipotéticos feitos nas guerras de Àfrica.

Como achei, depois, que o texto estivesse um pouco forte, guardei-o na gaveta. Mas agora perante as palavras de Mário Cláudio e as consequentes reacções, vou servir-me dele como mais uma testemunha de defesa do "réu", embora nunca tivesse sido para aqui chamado, apenas porque assim sempre foi a minha percepção da realidade vivida na Guiné.

Também eu fui testemunha (ainda nos benévolos tempos de 1964/66) do ambiente denso que a guerra arrastava atrás de si. Nunca a leitura de Joseph Conrad me parecera tão real ("O Coração das Trevas"). Estavamos ali a viver num cenário quase idêntico, emoções de tal maneira semelhantes, que a nossa mentalidade ia-se moldando a pouco e pouco à tenebrosa lógica da guerra com as suas obscenas crueldades tornadas puras banalidades. O acto de maltratar outro ser humano, mutilá-lo, matá-lo, esventrá-lo, esmagá-lo contra uma parede, trazia tanta impacto moral, tanto remorso, como matar um insecto importuno. E além disso até era um acto legal! A guerra tudo justifica!

Matar uma jovem mãe, com um tiro certeiro de G-3 que a atravessasse de lado a lado e esmigalhasse também a cabeça do bebé que ela transportava à costas numa fuga alucinada, era um acto merecedor de aplausos pela pontaria certeira do bravo soldado ansioso de mostrar uma valentia que nunca iria ter de outro modo.

Quem falou mais nesse crime? E em muitos outros que se seguiram? E os prisioneiros mantidos em Nhacra ( a "idílica" Nhacra!) dentro de uma jaula de arame farpado? E o prisioneiro morto com um canivete sucessivamente espetado no pescoço, só para o calar, na atrapalhação de uma noite de operação em território IN?

Bom, a guerra tem os seus fantasmas e é bom que os saibamos enfrentar de uma vez por todas.

Hoje parece que lidamos ainda com essas recordações, como se se tratassem de bilhetes postais de um passado heróico, feliz e distante. Por isso me repugnam certas basófias, certas festanças e jantaradas como se quisessem comemorar factos gloriosos do nosso passado comum. Feitos glorificados por uma "história" embelezada por uma certa doutrina política e nada interessada em mostrar a pura realidade.

Desculpem-me este desabafo mal amanhado, mas assim de repente é o que sinto cá por dentro.

Um grande abraço. Viva Àfrica, viva a Humanidade!
Carlos Geraldes

PS. Em Anexo envio o tal texto escrito em Abril deste ano [A guerra colonial: todos querem ser heróis]
________________

Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste desta série > 16 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4357: Questões politicamente (in)correctas (39): Havia racismo nas Forças Armadas Portuguesas ? ... E no PAIGC ? (Nelson Herbert)

21 comentários:

DFE 7 disse...

Tinha prometido a mim mesmo nunca mais comentar neste blogue, por muito que goste de o ler, mas a porcaria de texto que o Sr. Geraldes escreveu obriga-me a responder, com um breve e singelo comentário:
obrigado, caro Geraldes, por reduzir parte da História nacional a um assalto a outrem; obrigado, caro Geraldes, por reduzir toda a rapaziada que bateu com os costados em África, Índia e Timor, a um bando de cabrões, assassinos, violadores, broncos e etc. (isto vale para europeus e africanos); obrigado por querer transformar os meus filhos, netos e jovens portugueses (de todas as origens, TODAS) em seres com falta de auto-estima e, no caso dos brancos, de querer passar para estes o estigma de esclavagistas e assassinos, coisa de que o Ocidente está mesmo necessitado actualmente, de receber culpas por tudo e mais alguma coisa, sobretudo de ignorantes da História.
É por estas e outras que me recuso a comentar e a fazer parte desta dita Tabanca. Não poder comentar o estado actual da Guiné e ainda ter de compartilhar um espaço com "opiniões" deste calibre não é aprazível para mim. Não estou para aturar gente que acha que é detentora da verdade absoluta e que, com lixo em forma de texto como este mais recente "contributo" do Sr. Geraldes, só dá mostras de ser um "self-hating white man".
Já basta o discurso oficial idiótico e paternalista, não precisamos de mais chavões e cavalidades, sobretudo em espaços que se querem independentes.

Anónimo disse...

Apesar de se "encontrarem",terá sido por razoes "pedagógicas" que,tanto o poste N-6854,como o comentário anónimo/DEF-7,terao sido publicados?

paulo santiago disse...

Estava longe de imaginar que o Carlos Geraldes que tempos atrás
escreveu, neste blogue,excelentes
textos, pudesse escrever o que hoje
foi publicado.Este escrito de hoje,
para mim,é um insulto, é aberrante
Dizer que os militares eram uns
assassinos, uns violadores...é uma
mentira...não merecíamos esta
descarga de fel odiento...
Fiquei doente após ler tal arrazoado, e eu até sou bastante
"liberal"mas este post dá a volta
ao estomâgo mais empedernido.
Chocante e lamentável...

Eduardo J.M. Ribeiro disse...

Não sei bem qual o objectivo deste texto do Carlos Geraldes, mas já acabei de ler e já vomitei!

Simplesmente agoniante!

Um Ex-Combatente orgulhoso desta infeliz Pátria, que tais filhos tem,

Magalhães Ribeiro

Anónimo disse...

Quem e DFE 7 ? Anonimo ?

Anónimo disse...

Reli este texto de uma simplicidade analítica assustadora.Profundamente errado no teor,forma e mensagem vínculada.Acusacoes generalizadas,injustas para com a esmagadora maioria dos militares de África.Total falta de empatia para com camaradas que,saudavelmente se reunem,recordam,e se entre-ajudam no virar de páginas dolorosas das memórias comuns. "Todos querem ser heróis"?....De modo algum.Mas,e cada um à sua maneira,só pelo facto de,um dia,terem respondido:-PRESENTE!....o foram.

Anónimo disse...

José Belo diz tudo, em poucas palavras.

Carlos Cordeiro

AQUILES disse...

Só para dizer uma coisa singela. A análise de 500 anos de história deve ser feita de forma contextualizada. Quem não o fizer não faz ideia do que diz. A amargura com que uma pessoa viveu um determinado período da sua vida, não lhe permite julgar séculos de vivência de um povo.
Atenciosamente

José Grave

Anónimo disse...

Acho que o Carlos Geraldes perdeu uma boa oportunidade de estar calado e quieto.
Nunca na Zona Operacional do meu Batalhão (BCav.2922 ) se cometeram barbaridades sobre as populações, muito pelo contrário. A minha vivência na Guiné nunca foi fácil. Se o Carlos Geraldes fala nessa barbarie é que possivelmente viveu essas situações na sua passagem pela Guiné e está traumatizado." Mas uma andorinha não faz a Primavera".
Lamento sinceramente a prosa do visado no seu Poste 6854.
É na realidade chocante !!!
Luís Borrega

Anónimo disse...

Pois!...Pois!

O amigo Carlos Geraldes, resolveu colocar-se em frente do espelho, e tirou uma foto a ele próprio.

Meu caro só me supreende teres uma existência tão longa de quinhentos anos.

É possivel pois em termos antropológicos é possível que te encontrasses focilizado quando foste oficial do Português na Guiné.

Só uma sugestão:
Vai ao cemitério de Viana do Castelo, e fala com o Humberto Gonçalves Vaz morto em 1966 junto ao rio Qaienquebem na estrada Cufar/Cubumba. Pode ser que ele te dê alguns conhecimentos sobre a História Universal, e, quem sabe te mande ler Camões para saberes algo sobre o Povo que renegas.

Saudações de um Português amigo e irmão dos Guineenses.

Mário Fitas

Rogerio Cardoso disse...

De facto estou deveras surpreendido com o palavreado do Sr.Carlos Geraldes.
Assim, afirmo que não sou pançudo, não conto chalaças, assim como todos os camaradas do BART.645-AGUIAS NEGRAS, que se reunem anualmente, não fazem juras e saudações militares,mas para cimentar a amizade que nos une, e que foi "fabricada" em momentos muito dificeis.
Quando fomos mobilizados e enviados para a guerra, tinha-mos duas opções, ou fugir como alguns que hoje são "homens grandes cá do burgo", ou cumprir a ordem.
Ora fugir, estava fora de hipotese, isto para mim assim como para a grande maioria.
Deste modo houve que cumprir o melhor, até porque estava a nossa vida em jogo.
Quando diz que houve matanças e chacinas, claro que houve pontualmente alguns casos,felizmente poucos, e no outro lado que tão bem defende não aconteceu? se não se lembra, pois é do seu tempo, no COMO cortaram em pedaços um camarada nosso.
E para terminar, posso afirmar que muitos, mas mesmo muitos, foram herois, se por acaso andou em combate, o que eu agora duvido, devia ter assistido a cenas verdadeiramente heroicas, ou não viu?
Assim, posso afirmar que tenho muito orgulho em mim, fui um dos muitos HEROIS, que passaram pela GUINÉ.(Cruz de Guerra-Terreiro do Paço 1966)
Quem escreve dessa maneira, ofende milhares de ex-combatentes. Mas pensando bem, está perdoado, porque não deve estar bem de saude.
Rogerio Cardoso ex-Fur.Mil.Cart643
Aguias Negras

Luís Dias disse...

A democracia também é isto? Atirar com quase 900 anos de história de um país (embora se refira, essencialmente, à época pós-descobrimentos) para o lixo, produzindo um texto, num mínimo infeliz, insultuoso e aviltante. Que raio terá mordido este senhor, para produzir estas aleivosias? Ainda há remédio, deixe-nos em paz e atire essa raiva e esse fel contra o seu espelho.

Luís Dias

Anónimo disse...

Caros camaradas.

Não percebo a razão deste texto fora de tempo, se era para polemizar seria mais útil ser publicado na altura do texto que lhe deu origem, agora tenho as minhas dúvidas se vale a pena responder num simples comentário, mas não posso ficar calado.

O Carlos Geraldes traça um quadro aterrador da guerra em 64/66 na Guiné, que presumo tenha assistido, retratando os nossos camaradas de assassinos, violadores, e “valentões” que se ufanavam com os seus “feitos”, pior ainda do que o texto ficcionado do escritor Mário Cláudio, pergunto este é ficção ou foi testemunhado?

Sendo ficção, é mais um desabafo infeliz que é dirigido às nossas tropas, especialmente ás chamadas de elite, (comandos, pára-quedistas e fuzileiros), com os rangers á mistura.

Lamentável este texto a todos os níveis.

Em 73 não vi nada disso com todas estas tropas especiais que tiveram papel preponderante na defesa de Guidaje, andei ao lado de todos eles, não vi heróis, apenas militares que como eu viram camaradas seus serem mortos, e os choraram.

Manuel Marinho

Anónimo disse...

Felizmente não estive nessa Guerra.

Nem pertenço à tal Caravana..

Por isso Ladro..Ladro...

Jorge Cabral

Joaquim Mexia Alves disse...

Há textos que apenas merecem um total e completo desprezo!

Este é um deles!

admor disse...

Numa companhia o mais importante de tudo inclusive o comandante da companhia, é como cada alferes gere o seu grupo de combate ou o seu pelotão portanto melhor que ninguém tu lá sabes o que fazias e o que mandavas fazer.
Não podes é incluír os outros todos
nesse grupo.
Acho que já ladrei quase tudo!

Adriano Moreira

Anónimo disse...

Ó Geraldes, onde é que viste este filme?. Não vás ao médico pá porque não precisas e além do mais o Júlio de Matos parece-me que já não funciona para casos graves como o teu. ass) Luz Ferreira

JOSE CASIMIRO CARVALHO disse...

REBATER O TEU TEXTO PEÇA A PEÇA ERA REBAIXAR-ME AO TEU NIVEL. NÃO O FAREI.
APENAS TE VOU QUALIFICAR NUMA PALAVRA :
- "INIMPUTÁVEL"

José Carvalho
Ex Fur Mil OP ESP
Guilele - Gadamael - Paúnca

PS
AH ! SÓ PARA TERMINAR... O MEU ESPIRITO "ESCLAVAGISTA" DEMONSTREI-O UM DIA DESTES NUM DESSES ALMOÇOS (ONDE NÃO "RUMINEI" POIS NÃO TE PERTENÇO)TROUXE UM DESSES "PRETOS VIOLENTADOS" DEI-LHE EMPREGO E A PARTIR DAÍ JÁ LÁ ESTÃO A TRABALHAR MAIS 3 GUINEENSES VINDOS DE LÁ HÁ POUCO TEMPO...COITADOS A GANHAR TANTO COMO OS USURPADORES BRANCOS.GANHAM AQUI A TRABALHAR COMIGO EM DOIS MESES O QUE UM MINISTRO GANHA NA GUINÉ NUM ... ANO

JOSE CASIMIRO CARVALHO disse...

EM RELAÇÃO AO MEU COMENTÁRIO É OBVIO QUE QUIS DIZER NUM...MÊS (O ORDENADO DE UM MINISTRO.

manuelmaia disse...

CARO GERALDES,

LI O TEU TEXTO,E PERGUNTO-ME QUE MAL TE FEZ O MUNDO PARA TERES ESTE TIPO DE RELAÇÃO CONFLITUOSA CONTIGO PRÓPRIO...
DEPOIS DE ME TER HABITUADO A LER-TE,FIQUEI DEVERAS SURPREENDIDO COM
ESTE FEL DESTILADO,QUE EM MINHA OPINIÃO SE NÃO COADUGNA CONTIGO.

TODOS TEMOS MOMENTOS DE REVOLTA COM A VIDA MAS DEVEREMOS PROCURAR OS MECANISMOS DE CONTENÇÃO QUE IMPEÇAM QUE OFENDAMOS GRATUITAMENTE QUEM QUER QUE SEJA,ESPECIALMENTE AQUELES QUE TAL COMO NÓS,MILITARES À FORÇA,ATRAVESSARAM OS MESMOS PROBLEMAS,SOFRERAM NA CARNE AS MESMAS VICISSITUDES,CONHECERAM AS MESMAS DÚVIDAS,OS MESMOS MEDOS,AS MESMAS REVOLTAS.

AQUILO QUE LÊS AQUI E ALI SOBRE AS BAJUDAS,OS GALOS, AS TAINADAS,NÃO SÃO,ESTOU CERTO,QUAISQUER LOAS A UM BACOCO HEROISMO, MAS TÃO SÓ O REAVIVAR DE MOMENTOS QUE POR ESTA OU AQUELA RAZÃO FICARAM GRAVADOS NO SUBCONSCIENTE DE QUEM OS NARRA E QUE NO FUNDO SÃO COMUNS PRÁTICAMENTE A TODOS...

OS TIROS,FORAM A RESULTANTE DA NOSSA PRESENÇA NA GUERRA E MUITAS VEZES O EXTERIORIZAR DOS MEDOS, QUE DIZES NINGUÉM CONTAR...

TODOS TIVEMOS MEDOS,TODOS PENSAMOS MUITAS VEZES NA IMPOSSIBILIDADE DE REGRESSO,MAS TODOS TINHAMOS VINTE E POUCOS ANOS E A PUJANÇA DA VIDA DESSA IDADE.
NUNCA ASSISTI A SITUAÇÕES COMO AS QUE DESCREVESTE(FIZ A GUERRA ENTRE 72 E 74)E NO MEU TEMPO POSSO TESTEMUNHAR QUE A ACÇÃO PSICOLÓGICA FUNCIONOU NÃO HAVENDO CRIMES OU ABUSOS COMO OS QUE
NARRASTE...
CABIA TAMBÉM AOS CONDUTORES DE HOMENS(E TU ERAS COMANDANTE DE UM GRUPO DE COMBATE...)A OBRIGAÇÃO DE DIRIGIR,RESPONSAVELMENTE,OS SEUS MILITARES,POR FORMA A EVITAR MANIFESTAÇÕES DE PRIMITIVISMO CRIMINOSO COMO REFERISTE...
SE OS TESTEMUNHASTE E NÃO AGISTE,ENTÃO SENTES ESSE PESO NA CONSCIÊNCIA.
A SÚMULA QUE APRESENTAS RELATIVAMENTE À HISTÓRIA DESTE
PAÍS A QUE PERTENCES,ESTE REDUZIR DE NOVE SÉCULOS DE CONSTRUÇÃO E SUSTENTABILIDADE DE UM POVO COM CAPACIDADES E HEROICISMO INCOMUNS,UM POVO QUE SE ATREVEU MAR ADENTRO À CATA DE NOVOS MUNDOS,A UMA MÍSERABILISTA INSINUAÇÃO DE QUE SE TRATOU DE BANDOS DE SALTEADORES,VIOLADORES,LADRÕES,
BURLÕES,É DE FACTO DEMASIADO REDUTORA,CURTA DE VISTAS,E DECIDIDAMENTE EVIDENCIADORA DE QUE ESTARÁS DOENTE,PROVÁVELMENTE A SOFRER.
O CARLOS GERALDES QUE TAMBÉM FOI CORDEIRO EM ÁFRICA ,O CARLOS GERALDES,HOMEM CULTO,NÃO PODE APRESENTAR UM DISCURSO DESTE JAEZ...

AS ALMOÇARADAS DOS HOMENS DE CABELOS RALOS E CAIADOS PELO BRANCO DA VELHICE,CONTRÁRIAMENTE AO QUE DIZES,SÃO EXTREMAMENTE SALUTARES, E MAU GRADO ESTE TEU POSICIONAMENTO QUE REDUNDOU NO POST ALVO DESTES COMENTÁRIOS,ESTOU CONVICTO QUE NO PRÓXIMO CONVÍVIO DA TABANCA GRANDE, ESTARÁS PRESENTE COM UM AREJAMENTO DE IDEIAS.

SEI QUE PROVAVELMENTE ESTARÁS A REMOER-TE POR DENTRO A TENTAR PERCEBER O PORQUÊ DE ASSINARES UM TEXTO TÃO CAUSTICO,TÃO VIOLENTO,DIRIA MESM0 TÃO OFENSIVO.

PEÇO-TE PARA REFLECTIRES,ACALMARES,CONTARES ATÉ DEZ ANTES DA EXPLOSÃO.
UM ABRAÇO
MANUEL MAIA

Cesar Dias disse...

Caro Geraldes

Falando no cenário da Guiné, penso que vais longe demais, se houve exageros anteriores, desde que Spinola foi colocado na Guiné as coisas tomaram outro rumo, já lá não estavas mas deves ter tido conhecimento das prioridades do homem do monóculo, situações como as que descreves não eram toleradas.
Como diz o Manuel Maia, só podes reflectir

Um abraço
César