1. Comentário, de 12 do corrente, do nosso camarada médico J. Pardete Ferreira, ao poste P8518:
Neste novo tacho de Anexo do Arquivo Geral do Exército, e não só, que não é uma prestação de serviços remunerada, para não infringir o D.L 137/2010, de 28 de Dezembro, e que faço com muito prazer, toldado, aqui ou ali, por um desaparecimento mais, vejo caras a que não consigo dar nome e nomes, cujas caras não encontro.
Lembro-me do falecido Borges de Sousa, ORL [,otorrinolarangologista,] e Director do HM241 que, em 1963, tinha ajudado o Prof Larroudé a operar-me ao ouvido direito no Hospital de Sta Maria (é por isso que só ouço metada de algumas asneiras que se dizem à minha beira, como no café, a título de exemplo); muito especialmente do igualmente falecido Nogueira Pinto, com quem trabalhei no H Sta Maria, que um dia, estando a operar, histericamente o avisam de que um baleado estava a chegar ao Hospital:
- Deixem-me acabar o que estou a fazer, eu até estive na Guerra!.
Com efeito tinha sido médico no Olossato e um dos Capitães que encontrei no Cacheu, tinha sido Alferes com ele que, de certo modo, acabou por ter sorte. Estando a fazer a barba, desencadeou-se um ataque ao aquartelamento e uma bala... veio partir o espelho de que se servia.
Respondendo ao camarigo [José] Marcelino Martins: não, o meu Amigo António Rodrigues Gomes, Prof de Ortopedia, não foi Médico na Guiné. Como eu oriundo do Liceu Gil Vicente e sportinguista, partilhava o gosto do andebol; ele como defesa esquerda e eu como guarda-redes. Ambos fomos convidados pelo Prof Raposo para ir para o Benfica, clube que ele treinava. O Rodrigues Gomes aceitou e eu fui para o Sporting. Isto em anos diferentes, porque eu era um puto. Nesse tempo do Gil ia-se para o Benfica, do Pedro Nunes para o Sporting e creio que da Fonseca Benevides para o Belenenses.
Mas o nome de Raposo é importante: descobrindo o filho Raposo como Capitão e Comandante de Companhia na Guiné, ajustamos e disputamos, para gáudio dos feridos e doentes que nesse dia tiveram uma diversão, um jogo de andebol de uma equipa da sua Companhia e uma do HM241. Até eu joguei, a pivô, ganhamos e só tenho pena que o Couto, escriturário, que jogava no Boavista e que marcou quase todos os nossos golos, tivesse falecido.
Caro Zé, O Rodrigues Gomes, Cirurgião, que esteve em Bissau, após um estágio nos EUA e uma breve passagem pela Cardiologia Médico Cirúrgica do HS Maria, foi para o Porto fazer Cirurgia Cardíaca.
Obrigado e um Alfa Beta
José Pardete Ferreira
PS - Prometo que quando estiver com a malta do HM241 no primeiro domingo de Junho de 2012 para o 15º encontro, vou descobrir coisas, uma vez que só tenho escrito de cor. Com a ajuda da minha malta. Tudo vos será repetido. (*)
_________________
Nota do editor:
(*) Último poste da série > 14 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8555: Os nossos médicos (39): Venham mais cinco, dez, vinte... E também os nossos queridos enfermeiros (J. Pardete Ferreira)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário