1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Abril de 2013:
Queridos amigos,
Vale a pena folhear a brochura com as fotografias de Koen Wessing, captadas nos tempos da luta armada.
Está ali um estilo vida que desapareceu no momento em que o PAIGC se instalou em Bissau. A participação e a solidariedade das populações com os seus militares é hoje uma saudade para aqueles combatentes. O CIDAC, naqueles anos que se seguiram ao 25 de Abril , promoveram a sensibilização dos portugueses para os movimentos de libertação. De um modo geral, o texto que acompanhava as imagens era preciso e plausível.
Noutros casos, como agora se diz, não havia necessidade. É uma pequena infâmia dizer-se nesta brochura que “Portugal descuidou sempre totalmente a assistência médica na Guiné-Bissau.
O PAIGC teve de montar os serviços médicos a partir da base. Para além da infâmia, o redator revela profunda ignorância. Os serviços de saúde portugueses, em plena guerra, recebiam e tratavam doentes que atravessavam as fronteiras do Senegal e da Guiné Conacri.
Quanto ao facto do PAIGC ter de montar os serviços médicos a partir da base, não sei que tipo de ajuda humanitária era esperada, se competia às Forças Armadas portuguesas apetrechar os hospitais do mato ou não…
Um abraço do
Mário
A vida do PAIGC na reportagem do grande fotógrafo Koen Wessing
Beja Santos
Para se saber mais sobre as notabilidades artísticas de Koen Wessing (1942-2011) basta ir ao Google e ver o impacto que algumas das suas reportagens causou à volta do mundo, e como a sua arte era apreciada.
Em Setembro de 1974, o CIDAC publicava em edição bilingue (neerlandês-português) uma brochura com cerca de 60 imagens que registaram momentos da vida de guerrilha, escolheram-se algumas das imagens em que o artista revelou a sua perícia e argúcia a mostrar a conjugação entre a vida incerta e uma convicção no futuro da Guiné independente.
No seu todo, está aqui um estilo de vida, que, paradoxalmente, foi esquecido pela independência: a camaradagem, a ligação entre o guerrilheiro e as populações onde operava, uma certa normalidade a despeito da vida precária e a evidência da destruição, a vida participativa, o funcionamento das escolas e dos hospitais, o trabalho cooperativo de alfaiates, carpinteiros e ferreiros, a bonomia dos encontros e as alegrias da vida familiar.
Imagens do passado, profundamente chocantes hoje, certo e seguro que aquelas mulheres e aqueles homens fotografados por Koen Wessing não deploram as suas convicções mas perguntam amargamente porque é que os seus sonhos foram todos deitados por terra.
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Nota do editor
Último poste da série de 9 DE AGOSTO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11920: Notas de leitura (509): "Fuzileiros, Força de Elite", por Ilídio Neves, José Manuel Parreira e Mário Henriques Manso (Mário Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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1 comentário:
Caro Mário
Possuo esta brochura, embora não me recorde de como ela me veio parar às mãos. É excelente.
Um abraço.
Luís Dias
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