sexta-feira, 9 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13117: Memória dos lugares (265): Bubaque... e o comandante Pombo, dos TAGP, na Páscoa de 1974 (Luís Gonçalves Vaz)



Guiné > Arquipélago dos Bijagós > lha de Buibaque > "A esposa do coronel Henrique Gonçalves Vaz, os três filhos mais novos e o capitão Pombo, na Pista de Bubaque na Páscoa de 1974... Fotografia de Henrique G. Vaz.

Foto (e legenda): © Luís Gonçalves Vaz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]

1. Mensagem do passado dia 7, do nosso amigo Luís Vaz... O texto que a seguir se publica inclui excertos de um conversa que tive com ele, no chat, a propósito do comandante Pombo, dos TAGP:


Data: 7 de Maio de 2014 às 22:24

Assunto: Fotografia com o capitão Pombo


Boa noite: Também gostaria de saber notícias do Sr. Comandante José Luis Pombo (*), pois tive o privilégio de o conhecer e de viajar com ele. Fiz duas viagens entre Bissau e Bubaque, no Arquipélago dos Bijagós, na altura da Páscoa de 1974. (**)

Lembro-me que entre Bubaque e Bissau, tivemos de viajar "rente ao mar" por razões de "segurança de voo" , e deixou-me pilotar (era uma avioneta dos TAGP com dois comandos), apenas não aterrei no Aeroporto, seria bonito! ....

Lembro-me também que a torre de controlo mandou-nos aterrar primeiro, para um Boeing da TAP levantar, que por acaso levava a equipa do Porto que tinha ido jogar a Bissau na altura da Páscoa do ano de 1974.

Tenho uma fotografia com ele, tirada pelo meu pai, junto ao avião, na linda pista de conchas de Bubaque. A forma como ele se fazia à pista, era única e identificava-o logo. Mando de aqui um grande abraço e cumprimentos para este ilustre comandante aviador, conhecido na altura, como "Capitão Pombo". (...)

Ai vai a Fotografia... A legenda é: "A esposa do coronel Henrique Gonçalves Vaz, os três filhos mais novos e o capitão Pombo, na Pista de Bubaque na Páscoa de 1974"... Fotografia de Henrique G. Vaz.

Eu sou o " moreno magrinho do lado esquerdo", ao lado da minha mãe, de óculos escuros. Depois o mano mais velho, a seguir o mais novo e por fim o piloto... O de caracois é o António, tinha 15 anos, e o mais novo o Paulo, tinha 11 anos...

Adorei, estive lá uma semana!, pois a viagem tinha sido adiada, devido á Bomba no QG que feriu o meu Pai... Lembro-me que iríamos a 23 de Fevereiro para Bubaque, passar uns dias, e no fim do dia de 22 de Fevereiro PUM...Passado 20 minutos, o meu pai liga a dizer que tinham posto uma bomba junto ao gabinete dele! Passado uma hora chega a casa, "a rir-se", sem lentes nos óculos, com salpicos de sangue junto aos ouvidos e sangue no camufelado...e disse "ainda não é desta que conseguiram"... 

A  minha mãe abraçou-se a ele a chorar... Nunca me esquecerei destes momentos dramáticos... Claro a "Viagem a Bubaque ficou adiada evidentemente, ficou para a altura da Páscoa naquele ano de 1974.

Nos TAGP, o CEM/CTIG só viajava com este aviador, pois era "seguro",  "muito competente" e "topo de gama"...

Nem imaginas a nossa viagem à Ponta do Biombo, no regresso à noite, passamos no meio do mato, por uma "massa de gente", que eu pensei que ia morrer! ... Mas esta estória irá dar um Artigo, mais lá para a frente, ok?

4 comentários:

Antº Rosinha disse...

A pista de conchas de Bubaque foi um "desenrascanço", penso que à portuguesa muito bem feito.

Pela Tecnil e uns engenheiros à antiga.

Como na ilha de Bubaque não havia pedra par fazer gravilha nem leterite suficiente para peneirar e extrair o material granular para a mistura asfáltica, foram usados uns depósitos de conchas que havia na orla da ilha.

Mas apenas suportava avionetas bem ligeiras.

A Ilha de Spínola, como os brancos "invejosos" alcunharam aquela ilha, foi mais tarde muito apreciada por Luís Cabral e seus camaradas.

O Luís Gonçalves Vaz,embora muito jovem deve ter visitado uma fábrica alemã de transformação (de quê?) abandonada há muitos anos que era um autêntico e belo museu.

Hoje pouco restará daquilo, mas quem fez aquilo, não tinha intenções de um dia abandonar aquela terra.

Será que o Luís Vaz não conseguiria com antigos oficiais saber a história daquela enorme fábrica?

Não ficava longe do lugar onde os turistas ficavam.

Cumprimento

Luís Graça disse...

O nosso amigo (e camarada) Rosinha é uma memória viva da Guiné!... Como é que a gente ia adivinhar a origem da "pista das conchas" de Bubaque ?!... Um abraço. LG

Luís Gonçalves Vaz disse...

Olá António Rosinha:

Lembro-me muito bem do submarino alemão afundado, que estava no lado oposto da Ilha, tendo como referência o "pequeno Resort" onde os turistas ficavam. É assim falei com o meu irmão António, o de caracóis da fotografia, que tinha 15 anos na altura e disse-me: "Luís a Fábrica Alemã era onde almoçávamos, e se bem me lembro era uma antiga fábrica Alemã de Óleo de Palma" .... Eu só me lembro do submarino alemão e de querer gelo ao almoço e não havia, pois o gerador teria dado o berro", enfim "Resorts à Portuguesa" dos anos setenta e no TO da Guiné ...........

Abraço

Luís Vaz

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro Camarigo Antº Rosinha:

O meu irmão António tem uma boa memória, pois investiguei e descobri o seguinte, no texto de "ETNOLOGIA DOS BIJAGÓS DA ILHA DE BUBAQUE", por Luigi Scantamburlo


"Os alemães construíram aqui uma fábrica para a extracção do óleo de palma (Elaeis guineensis"



A SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E A ECONOMIA

A ilha de Bubaque, com uma área de 48 kmq, dezoito dos quais são pântanos alagados pelo oceano durante a maré alta, está situada no canto sudeste do arquipélago (vê mapa 2). É a ilha mais afectada pela presença dos europeus, escolhida pelos colonizadores alemães antes da I Guerra Mundial e pelo Governo Português depois de 1920, como o centro principal das suas actividades no arquipélago. Os alemães construíram aqui uma fábrica para a extracção do óleo de palma (Elaeis guineensis); um porto para navios de pequena e média tonelagem na parte setentrional e uma quinta experimental em Etimbato. Durante a ocupação colonial, que terminou em Agosto de 1974, Bubaque era o centro dos serviços administrativos de todo o arquipélago, com um administrador português residente e outros funcionários. Em 1952, a igreja católica, através de presença permanente de um missionário, e a missão protestante, começaram a sua acção na ilha. A construção de um pequeno hotel para turistas aumentou a presença dos europeus. A enorme praia de Bruce, situada na parte meridional, constitui uma atracção especial para os turistas e está ligada ao centro administrativo de Bubaque por uma estrada asfaltada desde 1976.
As comunicações com Bissau são possíveis através de pequenos aviões e barco. Todos os sábados à tarde chega um navio com capacidade para 200 passageiros e regressa a Bissau no dia seguinte. Mais hotéis e um grande aeroporto estão agora a ser construídos para desenvolver a capacidade turística da ilha.
O clima é do tipo subtropical, com chuvas abundantes, cuja precipitação média anual é de 1500 a 2000 mm, durante a estação das chuvas, de meados de Maio até meados de Novembro. A temperatura média é cerca de 33°C durante a estação seca e de 25°C durante a estação das chuvas, e a sua variação diária é muito ampla. À noite, sobretudo entre Dezembro e Fevereiro, a temperatura desce para 10°C ou mesmo 8°C e as pessoas têm de abrigar-se nas suas cabanas para se aquecerem.
A maior parte da ilha é coberta de palmeiras de óleo, cuja cultura foi desenvolvida pelos colonizadores alemães no princípio do século. A outra vegetação, do tipo floresta, inclui uma variedade de plantas da Região subtropical. As árvores de grande porte mais importantes, muitas vezes centros sagrados para as cerimónias religiosas, são os chamados poilões (Eriodendrum anfractuosum) e os embondeiros (Andansonia digitata). Nos arredores das tabancas, as árvores de fruto mais comuns são as mangueiras, os cajueiros, as laranjeiras, os limoeiros e as papaeiras. A caça, que se encontra nas outras ilhas (gazela, cabra-do-mato, hipopótamo, crocodilo), desapareceu da ilha de Bubaque. No entanto os macacos e os tecelões (Proceus cucullatus), tão perigosos para a agricultura, são ainda bastante numerosos.
Em Novembro de 1976, e ilha contava com 2172 habitantes (1054 dos quais eram homens e 1118 mulheres), cerca de 757, metade dos quais não bijagós, habitavam no centro de Bubaque e 1415 viviam nas doze tabancas da ilha,..."

Vou enviar o texto completo para leitura integral, é muito interessante.

Abraço

Luís Vaz