domingo, 13 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15849: Atlanticando-me (Tony Borié) (10): Nós Combatentes e Elas Combatentes

Décimo episódio da nova série "Atlanticando-me" do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16, Mansoa, 1964/66).




Nós Combatentes e, Elas Combatentes

Era manhã, o sol despertava no horizonte, estávamos numa zona onde a estrada rápida número 10, que atravessa todo o sul dos Estados Unidos, seguia em linha recta.
O trânsito fluía normal em ambos os sentidos, umas vezes intenso outras não. Saímos num cruzamento que dava acesso a algumas quintas, passando por cima das duas vias, não resistiindo a admirar a paisagem com movimento e alguma azáfama, todos querendo seguir a sua rota, talvez fugindo de onde estavam antes, mudando-se. Camiões levando mercadoria, automóveis levando pessoas, que neste caso, felizmente, não fugiam de nenhuma guerra, mas eram pessoas, como nós, que na nossa juventude vivemos uma guerra, fomos combatentes e sobreviventes de alguns combates, onde havia homens e mulheres. Estas que quase ninguém as lembra.



Companheiros, tínhamos saído da cidade de Tucson, no estado do Arizona, seguindo em direcção ao norte, onde a terra é vermelha, parecida com a que existe em algumas savanas da Guiné e ao longe já se vislumbravam alguns edifícios da cidade de Phoenix. Ao passar pela cidade em boa hora resolvemos parar, pois ao fim de algumas voltas, mais ou menos pelo centro, em frente ao Capitólio do Arizona, que se localiza nesta localidade, abre-se uma Praça, que é o lar de aproximadamente três dezenas de memoriais e monumentos dedicados a temas tão diversos como figuras históricas, indivíduos importantes, organizações e eventos comemorativos, como por exemplo o mastro e âncora do navio de guerra USS Arizona afundado em Pearl Harbor, no Hawaii, durante a II Grande Guerra, memoriais para outras guerras, como a I Grande Guerra, a guerra da Coreia ou do Vietname, entre outras.

Uma das coisas que nos despertou a atenção, comovendo-nos, foi um monumento dedicado à Mulher, Mãe, pessoa importante na nossas vidas, que quase nunca é lembrada e que também andou na guerra, todavia neste caso era um monumento à “Pioneira”, aquela que acompanhou o marido ou companheiro, a sua família, no caminho para oeste, sofrendo todas as dificuldades que essa odisseia acarretava, mais a de ser mãe e cuidar dos filhos ainda crianças.

Já tínhamos visto outro monumento parecido em Washington, neste caso dedicado à mulher que lutou no Vietname.



Infelizmente são tão poucos estes memoriais, talvez só despertem a atenção de alguns de nós, mas são confortantes, quando podemos ver que alguém se lembrou delas, das mulheres da nossa vida.

Tony Borie, Março de 2016
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15826: Atlanticando-me (Tony Borié) (9): Aguarela de Miami

1 comentário:

Antº Rosinha disse...

"Pioneira" a caminho do oeste, deram grandes filmes que correram pelo mundo essa odisseia da conquista do oeste.

Tony, foi uma colonização à moda saxónica.

Esses filmes corriam em Portugal e colónias sem censura, Gregory Peck, Henry Fonda, Debie Reynolds, John Wayne e tantos que a nossa geração gostava muito.

Cumprimentos