sexta-feira, 18 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15875: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (35): antigo quartel de Jabadá Porto, setor de Tite, ou outros antigos quarteis das NT na região de Quínara: quem quer e pode ajudar a Inês Galvão, jovem doutoranda em antropologia que vai estar até junho na Guiné-Bissau ?

1. Mensagem de Inês [Neto] Galvão,  doutoranda em antropologia pelo ICS/UL - Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa:

Data: 14 de março de 2016 às 11:53

Assunto: quartel de Jabada Porto, sector de Tite

Caro Luís Graça e demais camaradas:

Faço pesquisa de teor histórico e etnográfico sobre parentesco e política de género na região de Quínara, onde um mais-velho me contou viver cioso de retomar contacto com antigos colegas de armas e amigos portugueses. O seu nome é Luís Fanda e no cartão que me mostrou da Associação de Ex-Militares das Forças Armadas Portuguesas tem os seguintes dados:

Cartão Milícia 25/02 n.º 360
Companhia 8, Caçadores 4610
Natural de Jabada Porto, sector de Tite

Sei que fez instrução em Bolama e que terá passado algum tempo na Amura, em Bissau, contando seguir para a metrópole.

Aproveito ainda para perguntar se no vosso grupo haverá alguém disposto a conversar comigo sobre o quartel de Jabada Porto ou outros de Quínara. Interessar-me-ia entrar em contacto com quem guarde vivências do quartel e queira partilhar apontamentos sobre os habitantes da tabanca e região, bem como sobre as relações entre estes e os portugueses então lá presentes (militares ou não).

Registos fotográficos e passagens literárias, mais ou menos pessoais, que partam de Jabada e Quínara com referência a matérias de parentesco, cerimónias e animismo também me seriam úteis.

Regressarei a Lisboa em Junho deste ano.

Até lá estarei contactável por e-mail:

galvines@gmail.com

ines.galvao@ics.ul.pt

Ficaria muito feliz se se conseguisse organizar uma vídeo-conferência para que o Luís voltasse ao contacto com os seus amigos.

Um abraço,
Inês




Guiné > Região de Quínara > 1ª CCAÇ / BCAÇ4612/74 (Cumeré, Jabadá e Brá, 1974) > 1974 >  Aquartelamento de Jabadá, na margem esquerda do Rio Geba




Guiné > Região de Quínara > 1ª CCAÇ / BCAÇ4612/74 (Cumeré, Jabadá e Brá, 1974) > 1974 > Aquartelamento de Jabadá > Edifício das transmissões, camarata do Comandante de Companhia, bar de sargentos e oficiais, cozinha e refeitório, e secretaria



Guiné > Região de Quínara > 1ª CCAÇ / BCAÇ4612/74 (Cumeré, Jabadá e Brá, 1974) > 1974 > > Enfermaria, central eléctrica, bar dos praças e depósito de géneros.




Guiné > Região de Quínara > 1ª CCAÇ / BCAÇ4612/74 (Cumeré, Jabadá e Brá, 1974) > 1974 > Depósito de água, padaria e cozinha

Fotos (e legendas): © António Rodrigues Pereira (2010). Todos os direitos reservados

2. Comentário do editor:

Inês, para já os nossos parabéns por (e votos de felicidade para) o seu projeto de doutoramento que, segundo a página do ICS-UL, é sobre "Género, poder e transformação social: uma etnografia histórica sobre relações conjugais entre balantas da Guiné-Bissau". (*)

Em linguagem da tropa, tiramos-lhe o quico!... Você é uma mulher valente, ao trocar este cantinho da Europa, com o seu relativo conforto e segurança, pelas agruras do dia-a-da da Guiné-Bissau.

Em relação ao seu pedido, teremos todo o gosto de ajudar, no que pudermos. Sobre Jabadá temos algumas referências no nosso blogue. Mandamos aqui umas fotos de 1974, com, o aquartelamento de Jabadá... Já nada destas instalações deve existir...

Tem também aqui o mapa de Tite (incluindo Jabadá). E há vários camaradas nossos, membros da nossa Tabanca Grande, que passaram pela região de Quínara ao longo dos anos da guerra (Tite, Fulacunda, Jabadá, Enxudé, S. João...). Aqui vão alguns (, a lista não é exaustiva). Espero que eles a possam ajudar, através de um primeiro contacto por email:

(i) José Inácio Leão Varela, ex-alf mil,  CCAÇ 1566, Jabadá, Pelundo,Fulacunda e S. João, 1966/68;  economista reformado, mora em Algés, Miraflores;

(ii) António Rodrigues Pereira, ex-fur mil at inf,  1ª CCAÇ / BCAÇ 4612/74, Cumeré, Jabadá e Brá,  1974;

(iii)  Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74; natural de Turquel, Alcobaça; é professor do ensino secundário, reformado; mora em Lisboa;

(iv) António Correia Rodrigues, ex-fur mil cav, CCAV 677, Fulacunda, S. João e Tite, 1964/66;

(v) Santos Oliveira, ex- 2.º sarg mil armas pesadas inf, Pel Mort 912 (Como, Cufar e Tite, 1964/66).

Quanto ao antigo milícia (ou soldado do recrutamento local?) Luís Fanda, os elementos de identificação que nos manda estão, por certo, errados... Ele estaria porventura ligado ao BCAÇ 4610... Só que temos dois batalhões, com esse número, o BCAÇ 4610/72 e o BCAÇ 4610/73... Cada batalhão (c. de 600 homens)  tinha 4 companhias (três de quadrícula e uma companhia de comando e serviços)... A Inês tem que reconfirmar os dados... E perguntar ao Luís Fanda por onde andou e quando e com quem... Se ele era natural de Jabadá, pode ter andado noutras regiões (Cacheu, Tombali, Gabu...). A Guiné-Bissau é grande, do tamanho da Holanda ou do nosso Alentejo... No nosso tempo, no tempo da guerra, era muito maior... Muitos de nós só conhecíamos o "buraco" onde fomos colocados... Enfim, não conhecemos, aqui no blogue,  nenhuma "Companhia 8", nem Companhia de Caçadores 4610...

Boa sorte... Talvez possa falar pelo Skype um dia destes com estes camaradas que lhe indico, ou então falar com eles quando regressar em junho. Disponha do nosso blogue... Eles vão ficar com os seus contactos... Mande-nos também fotos da região... E notícias, claro, de si e das gentes de Quínara. (**)
LG
___________________

Notas do editor:

(*) Descrição do projeto de doutoramento da Inês Gouveia:

Este projecto visa investigar as relações de conjugalidade na Guiné-Bissau face à polémica sobre a poligamia e os casamentos «arranjados», ditos «forçados» ou «precoces», e face aos debates sobre emancipação e subalternidade feminina. Integradas estas questões no âmbito mais alargado do parentesco e da política de género, a pesquisa tomará as populações identificadas sob o etnónimo balanta como âncora empírica. Através da exploração histórico-etnográfica do campo de litígio gerado em torno destes casamentos e do estudo de práticas de rejeição dos mesmos, considerar-se-ão conexões com processos sociais mais vastos, como aqueles movidos pela expansão da economia capitalista, pela implementação do Estado colonial e pós-colonial, bem como pelo contacto entre distintos modelos de conjugalidade e casamento. Este projeto é apoiado pela Bolsa FCT referência SFRH/BD/94769/2013.

(**) Último poste da série > 20 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15771: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (34): É crocodilo ou jacaré ? Caros leitores, corrijam as legendas, se for caso disso...

6 comentários:

Inês disse...

Obrigada, Luís! Verificarei os dados do Luis (Mbunhe) Fanda quando regressar a Jabada. Mantemos contacto. Abraço!

Luís Graça disse...

Jorge Pinto,Leão Varela, Santos Oliveira, António Correia Rodrigues,
António Rodrigues Pereira...

Camaradas que estiveram na região de Quínara... Vejam o que podem fazer por esta jovem portuguesa que está na Guiné-Bissau a fazer o "trabalho de campo" para a sua tese de doutoramento em antropologia...Oscarbravo (OBrigado). Alfabravo (ABraço). LG

Anónimo disse...

Não sei até que ponto posso ajudar. Estive em São João, passei por Tite e tenho alguns dados de Bissássema. Posso acrescentar que o Luís Fanda não fez parte dos Grupos de Milícias adidos há CCaç 3327. O único nome que me chamou a atenção foi o do Amadu Fanta. Até que ponto poderá haver uma relação familiar?
Os pelotões 56 e 66, sedeados em São João, eram de tropa regular. Não havia nenhum militar com o nome de Luís Fanta ou mesmo apelido, isto no tempo em que lá estive, ano de 1971/1972.
Cumprimentos.
José Câmara

Luís Graça disse...

José Câmara, vou por-te em contacto com a Inês, se não te importas... Lidaste com balantas, em São João, ou nos pelotões de caçadores nativos ?... Pelo menos conheces a região de Quínara, onde eu nunca estive... Estive perto mas nunca na margem esquerda quer do Rio Corubal, quer do Rio Geba... Jabadá via-se da LDG ou do "barco turra" quando descíamos ou subíamos o rio Geba... Boa noite. LG

Anónimo disse...

José Câmara
18 mar 2016 22:53


Claro que não me importo. Terei todo o gosto em poder ser útil.
Boa noite e um abraço.
José Câmara

Antº Rosinha disse...

Sabemos tão pouco sobre os países que a Europa provocou em África, que continuam estudantes, Universidades, Unesco e Ong's mundiais, principalmente um tal "eurocentrismo" a desenvolver estudos sobre África e continua-se a não perguntar aos próprios africanos, porque não são eles a contar ao mundo quem são ou quem querem ser.

Enquanto não forem os próprios africanos a pôr tudo cá para fora, não adianta tentarem estranhos desvendar os segredos, porque os africanos só deixam ver o que eles entendem.

Antigamente, e (ainda hoje) viam-se freiras de missões católicas portuguesas a pedir ajuda para africanos.

E mostravam fotos de crianças pretas nuas em frente a rudimentares palhotas.

As senhoras da missa dominical nas velhas paróquias, caso fosse inverno, ofereciam o sobretudo de lã mais quente, que já não servia ao seu último filho.

Não é que após 100 anos aparecem voluntários à porta dos supermercados, cá, com uma foto a preto e branco com uma freira a dar de comer a uma criança preta?

Pedem alimentos para o Centro Social e Paroquial de(não digo o nome da paróquia), só que agora subentende-se que a criança já não estará na palhota africana, onde seria bem mais feliz, sem casacão de lã, do que cá, de kispo, num subúrbio da grande Lisboa.

Também se vêm alguns africanos naquela paróquia da Avenida da Liberdade a comprar kispos, mas isso é fruto também de segredos africanos.

Não quero com isto desanimar quem queira desvendar os segredos de África, pois na América ainda há egiptólogos a interpretar ieroglifos e ainda não acabaram, quanto mais sabermos os segredos de papeis e balantas que nem gramática têm da sua língua.

Mas é que os africanos conhecem toda a história europeia, tim tim por tim, usos e costumes, idiomas, dialectos e leis e integram-se, mas não desvendam a estranhos as suas particularidades étnicas, na totalidade.

Cumprimentos