quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17804: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (4): 3.º Dia: Bissau, Safim, Bula, Có, Pelundo, Canchungo, Bachile e Cacheu (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)


1. Continuação da publicação das "Memórias Revividas" com a recente visita do nosso camarada António Acílio Azevedo (ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72, Bula e da CCAÇ 17, Binar, 1973/74) à Guiné-Bissau, trabalho que relata os momentos mais importantes dessa jornada de saudade àquele país irmão.

AS MINHAS MEMÓRIAS, REVIVIDAS COM A VISITA QUE EFECTUEI À GUINÉ-BISSAU ENTRE OS DIAS 30 DE MARÇO E 7 DE ABRIL DE 2017

AS DESLOCAÇÕES PELO INTERIOR DA GUINÉ-BISSAU (4)

3.º DIA: DIA 01 DE ABRIL 2017 - BISSAU, SAFIM, BULA, CÓ, PELUNDO, CANCHUNGO (EX-TEIXEIRA PINTO), BACHILE E CACHEU

Depois de uma noite bem dormida e tomado um bom pequeno-almoço, eis-nos a sair, manhã cedo, do aparthotel Machado e a dirigirmo-nos aos 4 jeeps, para passarmos o nosso primeiro dia fora de Bissau, tendo a opção feita sido a do percurso acima indicado e com regresso pelo mesmo itinerário, no final do dia, com a excepção do pessoal de um dos jeeps que preferiu irem para a zona de Bissorã.

Passada a localidade de Safim, encaminhámo-nos para a povoação de João Landim, lado sul da nova ponte, denominada Amílcar Cabral, que atravessa o Rio Mansoa, em direcção ao norte do País, para o que tivemos que pagar por jeep uma portagem de 500 francos guinéus, a que correspondem, mais ou menos 75 cêntimos.

Antes de entrarmos em Bula, virámos para poente em direcção à cidade de Canchungo, não sem que antes passássemos pelas povoações de Có e Pelundo, locais onde, no tempo em que lá estivemos, havia um destacamento de tropas portuguesas em cada uma delas, mas onde decidimos parar somente no regresso.
A cidade de Canchungo, recebeu-nos em dia de feira local, que se estendia desde o seu largo a quase toda a avenida principal que, desse largo se dirige para sul até às instalações do antigo nosso quartel, parte do qual se encontra actualmente ocupado por tropas do exército da Guiné e onde logo fizemos uma pequena passeata a pé, para conhecer e apreciar o constante movimento de pessoas, procurando vender e comprar os produtos expostos, que iam desde as roupas, até aos produtos alimentares, onde sobressaía o arroz.
Cidade pequena, com o piso das ruas e do largo a ser quase todo em terra batida, apesar de num ou noutro ponto se avistarem pequenos indícios de já ter passado por ali algum asfalto, o passeio deu-nos ainda tempo para marcarmos o almoço num restaurante local, que alguns colegas já conheciam de outras idas anteriores.

Concluído esse pequeno passeio, decidimos avançar para norte em direcção à cidade do Cacheu, situada na margem sul do rio com o mesmo nome, passando pela povoação do Bachile, localidade que também decidimos visitar só no regresso.
A maioria dos edifícios da cidade do Cacheu, onde alguns dos colegas, que connosco viajavam, tinham cumprido parte da sua vida militar na Guiné, encontram-se bastante degradados e alguns até em ruínas, principalmente os que as nossas tropas tinham ocupado, realidade que todos nós pudemos confirmar e ver repetida na maioria das povoações onde há 44 e mais anos, também existiram aglomerados populacionais com outra dimensão e outro estilo de vida.
O edifício da antiga messe de oficiais, ainda se apresenta minimamente apresentável, bem como a fortaleza construída junto ao Rio Cacheu e em frente à qual está a ser concluído um edifício de 4 andares que, ao que lá nos informaram se destinará a um hotel!!
Outro edifício, recentemente construído e que visitamos, é o Museu da Escravatura e do Tráfico Negreiro, local onde estão expostas peças e objectos relativos a esse tráfico de escravos nos séculos XVIII e XIX e que dali eram enviados, principalmente, para a América do Sul, mas também para a América do Norte e a Europa.

Bebida uma cervejita num pequeno e modesto bar, situado junto ao cais e no qual se encontra abandonada uma Lancha de Desembarque Média (LDM) da Marinha Portuguesa, que foi utilizada pelas nossas tropas para os movimentos de transferência de militares entre os diversos locais que nós defendíamos nas margens do Rio Cacheu, concluímos a visita a esta pequena cidade do norte da Guiné.

Saídos do Cacheu, dirigimo-nos novamente para Canchungo, parando alguns minutos na pequena povoação do Bachile, onde no meu tempo se encontrava instalada a Companhia de Caçadores 16 (CCAÇ 16), comandada por um meu colega, Capitão Miliciano (do qual não me recordo o nome), com quem convivi, durante alguns dias em Bissau por alturas do dia 25 de Abril de 1974 e dias seguintes, Companhia esta que era composta por 24 militares brancos, a maioria graduados e por cerca de 140 soldados guineenses.

Arrancámos para o Canchungo, onde chegámos cerca das 13,00 horas, cumprindo a hora que na ida tínhamos combinado para o almoço.
Para que conste, o nosso almoço constou de anho assado, mas eu e outro colega optamos por frango à cafrial, que mais não era que meio e pequeno frango assado, acompanhado por batatas fritas.
Uma curta paragem e visita ao Pelundo e a Có, completaram o nosso circuito, que terminaria no final do dia no Aparthotel Machado em Bissau.

Foto 23 - Safim (Guiné-Bissau): Foto desta vila tirada em 1973 e de costas para Bissau, com a capela de Safim, quase tapada pela placa com a indicação da estrada que segue em direcção a Bula (para a esquerda), indo a rua da direita, rumo às povoações do leste e sul da Guiné. Passados 44 anos, esta configuração rodoviária, ainda se mantém
Foto: Com a devida vénia ao camarada António Rogério Rodrigues Moura

Foto 24 - Safim (Guiné-Bissau): Mercado de rua, junto à estrada que, de Bissau, que aqui diverge para o norte (Bula, Binar, Bissorã, S. Domingos, Susana e vizinho Senegal), para nascente (Mansoa, Bafatá, Gabu, Mansabá, Farim e vizinho Guiné-Conaky) e para sul (Buba, Quebo (ex-Aldeia Formosa), Catió, Cufar,…)

Foto 25 - Bachile (Guiné-Bissau): Um dos nossos jeeps, com pessoal a bordo, atravessando a ponte metálica “Alferes Nunes”

Foto 26 - Bachile (Guiné-Bissau): Antigo quartel desta localidade, actualmente reconstruído e adaptado a salas escolares

Foto 27 - Canchungo (ex-Teixeira Pinto): Grupo de colegas almoçando num restaurante local e constituído, em rotação, da esquerda para a direita: Isidro, Samouco, Leite Rodrigues, Ferreira, Rebola, Vitorino, Barbosa, Cancela e os braços do Rodrigo. O lugar vazio, à esquerda, é o meu e o prato é o tal “Frango à Cafrial”. O outro é o do fotógrafo Monteiro.

Foto 28 - Canchungo (ex-Teixeira Pinto) (Guiné-Bissau): O Leite Rodrigues e eu, com 3 dos quatro motoristas dos nossos jeeps: O Didji, o Armando e o Jorge, antes do almoço no mesmo restaurante

Foto 29 - Canchungo (ex-Teixeira Pinto): Casas da avenida que liga a Praça Principal ao antigo Quartel. Repare-se no mau estado do pavimento do arruamento, em terra, e na degradação de algumas casas
Foto: Com a devida vénia a Panoramio

Foto 30 - Canchungo (ex-Teixeira Pinto): Foto de uma das muitas carrinhas de transporte público de pessoas e de mercadorias

Foto 31 - Cacheu (Guiné-Bissau): Fortaleza da cidade onde se encontram “armazenados”, nos quatro cantos, alguns dos antigos descobridores portugueses
Foto: Com a devida vénia a Triplov.com

Foto 32 -Cacheu (Guiné- Bissau): Foto aérea da Fortaleza e da marginal da cidade junto ao Rio Cacheu
Foto: Com a devida vénia a Guiné-Bissau TV

Foto 33

Foto 33A  - Cacheu (Guiné-Bissau): Os colegas de jornada: Barbosa, Vitorino, Rodrigo, Azevedo, Isidro e Monteiro, em frente às instalações da antiga Messe de Oficiais do Batalhão do Cacheu

Foto 34 - Cacheu (Guiné-Bissau): O Rodrigo, o Angelino e o Barbosa, num pequeno e único bar local

Foto 35 - Pelundo (Guiné-Bissau): Torre de defesa do quartel, à entrada da localidade

Foto 36 - Có (Guiné-Bissau): À sombra da mangueira, nesta pequena aldeia entre o Pelundo e Bula

Fotos: A. Acílio Azevedo

(Continua)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 27 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17802: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (3): 2.º Dia, a cidade de Bissau - continuação (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

3 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Acílio, no fim quero saber quanto é que ficou a viagem... em "patação", "per capita"..

A conceituada agência de viagens "Pinto Lopes", do Porto, tem um programa de 11 dias, de visita à Guiné, com passagem por alguns sítios do vosso percurso, mas que custa qualquer coisa como 3500 euros por cabeça... Visita guiada com um conhecido jornalista (Luís Pedro Nunes) e o nosso grande fotojornalista Alfredo Cunha:

http://www.pintolopesviagens.com/viagens/guine-bissau/

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Acílio, há muita malta nossa que quer voltar à Guiné mas que faz contas... Vida de reformado obriga a isso... Em muitos casos tem-se que se ir ao mealheiro... Seria útil, e interessante, para os nossos leitores, em geral,e para os potenciais turistas, em particular, saber coisas concretas, para além das "dicas" sobre percursos, locais a visitar, etc., o seguinte:

- quanto custa a diária nos hostéis e pensões;

- como se aluga um jipe e quanto se paga por dia;

- sugestões de restaurantes e bares, menus, preços...

- cuidados a ter (em termos de segurança rodoviária, alimentar, pessoal...), etc.

Obrigado, Luís

Abranco disse...

Camarada Acílio, que bem me soube desfrutar do seu texto referente á visita que efectuou a Guiné Bissau e nomeadamente a recordação de lugares que também conheci e que decorridos tantos anos ainda me deixam saudades.
Estive entre Junho de 1972 e Março de 1974 no Bachile na C CAÇ 16 e na impossibilidade de fisicamente lá poder ir, procuro tudo o que aqueles lugares dizem respeito.
No seu texto faz referência a um capitão miliciano que comandou a C CAÇ 16 e que penso ser o ex capitão Luis Carlos Queirós da Silva Fonseca que tanto quanto sei é da zona de Montemor O Velho e que apesar de temos o seu contacto ,ainda não tivemos oportunidade de o reencontrar nos almoços anuais que os resistentes da companhia organizam.
Continuarei através do blogue a acompanhar tudo o que nos recorde alguns dos momentos mais importantes das nossas vidas, até lá um obrigado pela partilha e um abraço
António Branco
1º cabo Reabastecimento de Material C CAÇ 16 BACHILE 1972-1974