quarta-feira, 16 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22287: Facebok...ando (64): O transporte de gado vivo: embarque de vacas no porto fluvial de Bambadinca, em 1973 (João Lourenço, ex-alf mil, cmtd PINT, Cufar, 1973/74)

 

Guiné > Zona Leste > Região Bafatá > Bambadinca > Rio Geba Estreito > Porto Fluvial > 1973 > "Transporte de carne" (sic)... com as vacas em grupo de três presas pelos chifres, erguidas pela autogrua Galion.  Como se pode, ver por comparação com a foto a seguir, de 1968/69, o transporte de gado vivo parece que não melhorou muito, em 4/5 anos... Bem pelo contrário... Foto da  
página do Facebook do João Lourenço, com a devida vénia.

Foto (e legenda): © João Lourenço (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O  João Lourenço, membro da nossa Tabanca Grande desde 7 de maio de 2009, foi alf mil int, cmdt do trágico PINT 9288, Cufar, 1973/74. Tem 12 referências no nosso blogue

Esta imagem (a de cima) fala por si... Era nestas condições (hoje, chocantes) que se fazia o transporte de animais vivos...

Bambadinca era um importante porto fluvial, no rio Geba Estreito, entre o Xime e Bafatá. Tinha um destacamento de intendência desde junho de 1966. Por terra e por rio, chegavam aqui os abastecimentos para todo o Leste (regiões de Bafatá e de Nova Lamego). A sua importância era absolutamente estratégica, mas nunca foi posta em causa pelo PAIGC.


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Porto fluvial de Bambadinca, no Rio Geba Estreito... Embarque de vacas, utilizando a cilha (técnica mais morosa)... (Do outro lado do rio,  era a bolanha de Finete e o caminho para Missirá, o destacamento mais avançado do Setor L1 na região do Cuor.)

Foto do álbum do nosso camarada José Carlos Lopes, que era fur mil, amanuense do Conselho Administrativo (CA) da CCS... Não se percebe muito bem se é um embarque ou desembarque de vacas no porto fluvial de Bambadinca...  É mais provável tratar-se de um embarque. A zona leste fornecia gado vacuum para outras partes da Guiné, incluindo o "ventre" de Bissau (onde o bifinho com batatas fritas e ovo a cavalo era o prato favorito da tropa que vinha do "Vietname", sinónimo de "mato & porrada".) (***)

Foto: ©  José Carlos Lopes (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Ficha de unidades > Batalhão de Intendência da Guiné

Identificação: BINT  (Tem 6 referências no nosso blogue)

Crndt: Maj SAM Carlos Gonçalves Ferreira
Maj SAM António Monteiro
Maj SAM Augusto Soares Pinheiro
Maj SAM José Maria Teixeira
Maj SAM António Monteiro Alves dos Santos
Maj SAM António Avelino de Abreu Parente
Maj SAM António Madeira Peste
Maj SAM António Alberto Bravo Ferreira
Maj SAM Emídio José Brandão dos Santos Marques

2.° Cmdt (, só  a partir de 1Ago67): 
Cap SAM Manuel de Oliveira Rego
Cap SAM José Luís de Sousa Jorge
Cap SAM António José Calvo de Almeida Pereira
Cap SAM Manuel António Duran dos Santos Clemente
 
Início: lJun64 | Extinção: 140ut74

O BlNT  foi criado com base em QO aprovado por despacho ministerial de 21Nov63 e englobou uma Companhia de Intendência, uma Companhia de Depósito, então constituídas, e os destacamentos de Intendência (4), então existentes em Bissau, Tite, Bula e Bafatá, este depois instalado em Bambadinca, a partir de 2Jun66, e, mais tarde, outro pelotão instalado em Farim, a partir de 1Jan67, sendo considerado uma unidade da guarnição normal.

Em 1Abr68, as funções da Companhia de Depósito passaram a ser executadas por um novo órgão, então criado, o Depósito Base de Intendência e a partir de 1Set68, o batalhão passou a ser constituído pelas subunidades designadas por Companhia de Intendência de A/D, Companhia de Intendência de A/G, e Pelotões de Intendência, tendo ainda sido instalado outro pelotão em Cufar, a partir de 01Ago73.

Nesta situação, forneceu o apoio logístico às unidades e subunidades em serviço na Guiné, efectuou a reparação dos meios de frio, máquinas de escritório e de bobinagem, entre outros, para o que dispunha também de equipas itinerantes.

Ministrou também instrução de formação de especialistas de intendência de padeiros, magarefes, caixeiros e outras. Manteve ainda as reservas de combustíveis e lubrificantes e accionou o funcionamento dos centros de fabrico de pão e de abate.
Em 140ut74, após entrega das instalações e equipamentos ao PAIGC, o batalhão foi desactivado e extinto.

Observações - Não tem História da Unidade.

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da Actividade Operacional: Tomo II - Guiné - Livro I (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2014), pp. 675/676
_________________


(***) Vd. poste de 8 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10774: Álbum fotográfico do ex- fur mil José Carlos Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (1): Embarque de vacas no porto de Bambadinca

10 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Agora percebe-se por que era um "pequeno luxo", para um "tuga", comer um bifinho de vitela, com batatas fritas e ovo a cavalo, naquele tempo, naquelas paragens... Era três "ingredientes"raros: bife de vitela, ovo e batatas...LG

António Graça de Abreu disse...

BOA, lOURENÇO, MEU COMPANHEIRO DE QUARTO DURANTE MEIA DÚZIA DE MESES EM cUFAR. Com a morte à distância do nosso respirar, foi a sobrevivência exaltante e possível.

Abraço forte.

António Graça de Abreu

Anónimo disse...


eduardo francisco (by emil)
16 jun 2021 18:00


Boa tarde Luís!

Na visita que hoje fiz ao blog e vendo coisas publicadas há algum tempo, deparei com uma lista que o Humberto Reis em determinada altura lá colocou e que se referia a companheiros que estavam em Bambadinca no tempo da vossa estada na zona.

Na mesma, está mencionado o António Manuel Lapa Carinhas, que foi Alf Mil do pelotão da Intendência. Mais tarde ele foi para Farim e tratava de se preocupar com a alimentação da malta do meu sector.

Fomos colegas na actividade seguradora e ele foi Director da zona do Alentejo, da Companhia onde trabalhámos.

Deixou-nos há cerca de 3 semanas.

Era um bom homem.

Um abraço para ti com desejos de muita saúde e outras coisas boas.

Eduardo Estrela

Carlos Vinhal disse...

Não se pense que isto acontecia só na Guiné, sítio mais ou menos recôndito, também aqui, na "civilização", refiro-me ao Porto de Leixões, foi descarregado muito gado vivo, vindo dos Açores. Os bichos faziam a viagem amarrados nos porões, aos encontrões, e eram descarregados pelas gruas que os guindavam para terra através de uma cinta que lhes passava por baixo da barriga. Chegavam subnutridos e sequiosos, e constava até que alguns não resistiam à viagem.
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Eduardo:

Tens razão... Lá está o Carinhas com morada em Évora

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2007/02/guin-6374-p1544-lista-do-pessoal-de.html

Lamento a sua morte... Tens alguma foto dele ? E mais dados sobre o seu currículo militar ? Podemos fazer um "In Memoriam"...

Não me lembro dele, confesso. O destacamento de intendência ficava junto ao porto fluvial de Bambadinca.

Vou perguntar à malta. Para estar nesta de lista, o Carinhas deve ter ido a um ou mais convívios do pessoal de Bambadinca (1968/71)...

Os nossos camaradas não podem ficar na "vala comum do esquecimento"...

Mantenhas. Luís

Anónimo disse...

eduardo francisco (by email)
16 jun 2021 18:31

Não, Luis, infelizmente não tenho nenhuma fotografia e também pouco mais sei do seu tempo de militar.

Cheguei a coincidir com ele em presenças nos convívios do Bat Caç 2879, nomeadamente no de Abrantes. Talvez o Carlos Silva saiba mais alguma coisa ou tenha fotografias.

Mantenhas para ti e os teus,
Eduardo

Anónimo disse...

Humberto Reis (by email)

21 jun 2021 18:32
Oi Luís


Tenho uma vaga, mas muito longínqua, imagem dele, do alferes Carinhas. Vivia lá em baixo no cais onde estava instalado o Pelotão de Intendência. Vinha cá acima poucas vezes. Não sei adiantar mais nada sobre ele.

Um abraço
Humberto

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Assisti à carga de batelões em Bambadinca e recordo-me do 2.º Cmdt do BArt. me dizer que embora houvesse cilhas para transportar os animais, os proprietários que os traziam para o cais achavam que era mais rápido pendurá-los pelos cornos na engrenagem da "Gallion". Parece que aquela coisa de pôr e tirar a cilha demorava muito tempo. Eram, realmente poucos segundos em que o animal ia pelo ar e, como defesa, encolhia-se, como podia.
Os animais não morriam. O pior seria a viagem para Bissau.

Um Ab.
António J. P. Costa

Valdemar Silva disse...

As imagens dos animais pendurados fazem-me lembrar uma situação muito engraçada.
Na empresa onde trabalhei havia uma sala de espera que era muito utilizada por colegas do sector de vendas. Duma vez no placard dos recados apareceu uma fotografia, muito parecida com estas do poste, em que se via três vitelos a serem descarregados num porto africano.
Escrito no fotografia 'Manuel de A. e seus guitarristas numa digressão por África'.
Este Manuel de A. era um finório irritante com os colegas que assim foi gozado e até o próprio comentou 'fdp esta teve piada'.

Pois, um bifinho, batatas fritas e ovo a cavalo era receita certa até para quem tivesse a barriga cheia.

Abraço
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...


Carlos Silva
17 junh 2021 20:02
para mim

Olá Luís

Estive a ver as minhas fotos dos convívios nomeadamente as do almoço que o Estrela fala, mas não tenho fotos do Carinhas.
Abraço
Carlos Silva