terça-feira, 23 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25430: Meu pai meu velho meu camarada (69): Henrique Gonçalves Vaz (1922-2001), último Chefe do Estado Maior do CTIG/CCFAG, foi também um cavaleiro com classe (Luís Gonçalves Vaz) - Parte I



Cor cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (Barcelos, 1922- Braga, 2001)



Elvas > Setembro de 1954 > Concurso Hípico de Elvas, Capitão
Henrique Vaz


Porto > 26 de Julho de 1950 > Concurso Hípico do Porto,  Tenente Henrique Vaz

Lisboa > 17 de Março de 1947 > Concurso Hípico de Lisboa,  Alferes Henrique Vaz


Mafra > CIE > s/d > Tenente Henrique Vaz e "Rovuma"


Lisboa > s/d > Concurso Hípico de Lisboa, Federação Equestre Portuguesa, 
Alferes Henrique Vaz



Torres Novas > Escola Prática de Cavalaria > Março de 1945 > 
 Aspirante Henrique Vaz na descida das Ferrarias, montando o "Vapor"


Fotos (e legendas): © Luís Gonçalves Vaz  (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O Luís Gonçalves Vaz mandou-nos, com data de 18 do corrente, 16:32, um trabalho sobre o seu pai, Henrique Gonçalves Vaz, último Chefe do Estado Maior do CTIG/CCFAG, que foi também um distinto cavaleiro.  (Tem 26 referências,  no  nosso blogue,  o pai; e 77, o filho.)

Como o Luís Gonçalves Vaz, nosso tabanqueiro, também foi militar (e de cavalaria), faz todo o sentido publicar este artigo, na série "Meu pai, meu velho, meu camarada", em dois postes (*).

O Luís Filipe Beleza Gonçalves Vaz tem uma publicação com a biografia do seu pai (Barcelos, 2004, 21 pp.).

 Luís, Boa tarde:

Conforme combinado, segue em anexo o Artigo para publicação. Podes rever o Artigo e corrigires o que entenderes. Acabei por enquadrar a fase de cavaleiro do meu falecido pai, com a fase de oficial superior do Estado Maior. 

Quando faleceu, a sua farda tinha apenas os símbolos de cavalaria , não os símbolos de oficial do Estado Maior, de acordo com as suas instruções em vida ao seu filho Comandante da Marinha Portuguesa, o meu irmão comandante Gonçalves Vaz. 

Depois diz alguma coisa.

Abraço, Luís Gonçalves Vaz

Anexo - Artigo "Henrique Gonçalves Vaz, último Chefe do Estado Maior do CTIG/CCFAG, foi também um cavaleiro com classe"


Henrique Gonçalves Vaz, último Chefe do Estado Maior do CTIG/CCFAG, 
foi também um cavaleiro com classe

por Luís Gonçalves Vaz


1.  A carreira profissional do Coronel Henrique Gonçalves Vaz tem duas grandes etapas, a primeira como cavaleiro, enquanto oficial subalterno de Cavalaria, e a segunda como Oficial do Quadro do Corpo do Estado-Maior, tendo desempenhado funções nos Quarteis Generais da Região Militar do Norte, na Região Militar de Angola,  e no CTIG /CCFAG,   na Guiné Portuguesa.

Na primeira, como cavaleiro, virá a demonstrar ser um excelente praticante de Hipismo, talvez um dos melhores do seu tempo a nível militar. Para além de ter sido, durante cinco anos 1947-48-50-52 e 53, o 1º classificado da Arma de Cavalaria em Provas de Hipismo Regimentais, participou também em muitos concursos hípicos nacionais e internacionais onde obteve também boas classificações, principalmente com dois cavalos, o “Fiado” e o “Fantoche”, cavalos do Exército Português.

Desde alferes até capitão, de 1945 a 1957, dedica-se ao Hipismo com participação em concursos hípicos, na cidade do Porto, em Pedras Salgadas, em Espinho, em Mafra, em Elvas, em Évora e mesmo participando no concurso Hípico de Lisboa.

Neste período foi contemporâneo de grandes cavaleiros portugueses como Pimenta da Gama, Henrique Callado, Jorge Mathias, Fernando Cavaleiro, Ribeiro de Carvalho, Ivens Ferraz e mesmo o cavaleiro António de Spínola, entre muitos outros. Henrique Vaz manteve por muitos anos a prática de equitação, mesmo depois de deixar de competir em provas de hipismo com obstáculos.

Como exemplo de bons resultados em Provas Nacionais de obstáculos, poderemos apontar as seguintes (vd. imagens em baixo):

  • Um segundo prémio numa prova hípica em Mafra, no mês de setembro do ano de 1951;
  • Um terceiro e nono lugar com cavalos distintos (o "Fantoche" e o "Fiado") na prova “Omnium - 1ª série”, no Concurso Hípico de Espinho em 1949; nesta Prova o capitão Gonçalves Vaz consegue mesmo dar luta ao cavaleiro Henrique Callado;
  • Em agosto de 1952, Henrique Gonçalves Vaz disputou em Pedras Salgadas a Prova “Hotéis Pedras Salgadas”, onde concorreram 46 cavaleiros, e obteve com o “Fiado”, um prestigiado 6º lugar, à frente de um grande cavaleiro como Ivens Ferraz, cavaleiro que representou Portugal nos jogos Olímpicos.


Revista de Cavalaria, setembro de 1951



Classificação (2º lugar, prémio monetário 200$00, equivalemte hoje a c. 550 euros), para Henrique Vaz, prova "Caça", 1ª série, Escola Militar de Equitação, setembro de 1951


Como jovem oficial de cavalaria nunca deixará de praticar desportos, tendo-se dedicado também à prática de esgrima na Região Militar do Norte. Posteriormente, após concluir o Curso Geral do Estado-Maior em 1955 e o Curso Complementar do Estado-Maior em 1959 ingressa, em 1960, no Quadro do Corpo do Estado-Maior, começando a segunda fase da vida profissional onde virá a demonstrar ser um excelente e distinto oficial do Estado-Maior, como comprovam todas as suas nomeações profissionais e todos os louvores e condecorações quelhe foram concedidas.

(Continua)


Braga, 18 de abril de 2024
Luís Beleza Gonçalves Vaz
(filho do biografado)
____________

Nota do editor:

(*) Último poste da série > 24 de agosto de  2022 > Guiné 61/74 - P23552: Meu pai, meu velho, meu camarada (68): Lembrando, no centenário do seu nascimento, a popular figura do lourinhanense Luís Henriques, o “Ti Luís Sapateiro” (1920-2012) - Parte VII

9 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Luis, mereces o nosso apreço pelo carinho que dedicasa honrar a memória do homem que, antes de ser um distinto cavaleiro e brilhante oficial CEM, foi teu pai... Bem hajas. LG

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Spinola sempre teve uma grande paixão pela cavalaria e o hipismo, tendo estado ligado à redação da Revista de Cavalaria, aos órgãos sociais da Federação Portuguesa de Hipismo e também à direção da Arma de Cavalaria. Terá ganho muitas provas hipicas...

A partir dos anos 50 liga-se aos negócios e ao Champalimaud: o ordenado de oficial do exército era uma miséria... O pai chega a meter diversas cunhas ao Salazar mas em vão...

Em 1968 os papeis invertem-se: é o Salazar a pedir batatinhas ao Spinola. .. Como a História é cruel...






Abilio Duarte disse...

Boa tarde a todos,

Agradecia que me explicassem, esta história de Oficial do Quadro do Estado-Maior !

Era negativo, era positivo, só era para quem era fiel ao Salazar!

Estou confuso, se houver por aí uma alma que me esclareça, agradeço.

Abraço.

Abílio Duarte

C.Art.2479/C.Art.11

Luís Gonçalves Vaz disse...

Olá Luís, olá amigos Tabanqueiros:

Obrigado pela publicação de mais este meu artigo para o nosso Blog, que já atingiu a idade adulta, é sem dúvida um lugar especial e uma rede social que agrega muitas "Memórias e afetos", pois o serviço militar obrigatório e a participação numa guerra, cria sem dúvida laços e memórias para a vida inteira ... Em suma este meu artigo é uma forma de Honrar a Memória do meu Pai, que já perdi há alguns anos (23 anos), desde então, sinto sua falta todos os dias. Mas guardo com um carinho especial, todas as memórias que criamos juntos. Ele merece estas lembranças aqui no Blog e muito mais, já que para mim sempre foi um exemplo de caráter, honestidade e amor pela família....

Um grande AB para todos

Luís Gonçalves Vaz

Visite: https://listologia.com/frases-para-pai-falecido/

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Luís, já agora responde ao Abílio Duarte: acho que o pdoerás esclarecer... em relação à sua dúvida sobre o oficial CEM, como era o teu pai...

O Abílio esteve comigo, menos de 2 meses, em Contuboel, a norte de Bafatá, na altura um Centro de Instrução Militar, onde se formou a CART 11 e CCAÇ 12, da "nova força africana", tão acarinhada pelo Spínola... Em junho / julho de 1969.

Luís Gonçalves Vaz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luís Gonçalves Vaz disse...

Olá Camarigo Abílio;

À pergunta "Agradecia que me explicassem, esta história de Oficial do Quadro do Estado-Maior !
Era negativo, era positivo, só era para quem era fiel ao Salazar!"

A resposta que lhe posso dar é que de facto era um corpo elitista, que não era para todos, para quem queria, era só para alguns... a partir de 1960 os oficiais que entravam neste Corpo do Estado Maior, já tinham que estudar estratégias e táticas para combater a chamada de "guerra de guerrilha", aprendendo em guerras como a da Argélia e outras. Tiravam até especialidades em países com essa experiência. Se era positivo ou negativo... seria positivo pois ajudava no conflito dos três teatros de guerra que o governo de então nos obrigava a aguentar. Relativamente se eram oficiais conotados com o Salazar???? Deveriam existir alguns como no resto da sociedade portuguesa da altura, mas outros não , apenas eram Militares de carreira de grande profissionalismo ( como existem noutras profissões). Neste curso ministrado no Instituto de Altos Estudos Militares ( em Pedrouços), alguns eram mesmo contra continuar com a colonização, e pagaram por isso. Exemplo desta afirmação é um antigo professor deste curso nos anos cinquenta, o general Beleza Ferraz que chegou mesmo a ser Chefe do Estado Maior do Exército (CEME), foi afastado por Salazar por defender ideias contrárias à "ideologia Salazarista", pois subscrevia ideias parecidas com as do General Norton de Matos, preparar para entregar paulatinamente as nossas Colónias de então.

Em suma e como nota da sua história : O Corpo de Estado-Maior (CEM) constituía um serviço e um quadro do Exército Português, composto apenas por oficiais, criado em 1834 e extinto em 1974. Entre 1899 e 1938, teve a designação de Serviço do Estado-Maior (SEM). Considerado muito elitista, o CEM foi extinto a seguir à Revolução dos Cravos. Atualmente existe o curso como o mesmo nome, mas é para todos os oficiais do Exército Português.
Espero ter ajudado no esclarecimento.

AB

Luís Gonçalves Vaz

23 de abril de 2024 às 18:35 Eliminar

Abilio Duarte disse...

Camarada Luiz Gonçalves Vaz,

Os meus agradecimentos pela sua explicação.

Abílio Duarte

Luís Gonçalves Vaz disse...

Olá camarada Abílio:

De nada, é um prazer estar aqui no nosso Blog novamente e partilhar o pouco que sei com todos os tabanqueiros. Mas apesar de em 73/74, os anos vividos na Guiné ter apenas 13 / 14, marcou-me também para avida, ....

Até breve

L.G. Vaz