quarta-feira, 29 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25575: (De) Caras (208): António Baldé, ex-1º cabo , CIM Bolama (1966/69), Pel Caç Nat 56 (São João, 1969/70), e CART 11 (Paunca, 1970/71): "Eu tinha um sonho: ser apicultor no Cantanhez"...





















Guiné- Bissau > s/l > 2024 > O senhor apicultor e formador em apicultura, António Ussumane Baldé, membro da Tabanca Grande, desde 2013...


Fotos: © António Baldé (2024). Todos Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. De há muito que o António Baldé, nosso grão-tabanqueiro, tinha um sonho, ser apicultor.... Acaba de o realizar. (Ao fim de, pelo menos, vinte e tal anos, ou trinta. ) Fiquei muito feliz em sabê-lo. E prometi-lhe que publicava a notícia no blogue. Ele de vez em quando telefona-nos de Bissau, à Alice e a mim. Mandou-me mais de 70 fotos, pelo Whatsapp. Sem legendas.  Selecionei umas tantas. 

O Baldé, como lhe chama a Alice, foi 1º cabo art, CIM Bolama (1966/69), Pel Caç Nat 56 (São João, 1969/70) e  CART 11 (Paunca, 1970/71). 

Recapitulemos a sua história de vida, tal como eu a contei quando foi apresentado à Tabanca Grande em 25 de março de 2013 (*):

(i) António Ussumane Baldé nasceu em  Contuboel, em 1944;

(ii) foi educado, até aos 12 anos, pelo chefe de posto adinistrativo local, o português José Pereira da Silva, ainda vivo em 2013 (morava em Oeiras);

(iii) fez a 4ª classe e isso abriu-lhe outras portas que outros miúdos da sua tabanca não puderam franquear;

(iv) lembrava-se bem da serração do Albano, que ainda existia no meu tempo (junho/julho de 1969, quando Contuboel foi Centro de Instrução Militar, donde saíram, de entre outras, as futuras CART 11 e a CCAÇ 12);

(v) em 1966, foi chamado para a tropa: fez a recruta e a especialidade no CIM de Bolama ficou lá dois anos; promovido a 1º cabo, de artilharia, foi instrutor; lá se formaram diversos Pel Caç Nat;

(vi) em 1969 é transferido para o Pel Caç Nat 56, sediado em S. João, frente a Bolama;

(vii) em 1969 casou-se: será o primeiro de quatro casamentos; teve ou tem 15 filhos, o último dos quais a Alicinha do Cantanhez, filha da nalu Cadi Indjai (1985-2013) (por sua vez, filha de um antigo "combatente da liberdade da Pátria", que perdeu uma perna, na zona do Xitole, ao pisar uma mina dos "tugas", tendo estado na Alemanha de Leste, em reabilitação);

(viii) desse tempo, e do tempo do Pel Caç Nat 56, lembra-se com saudade dos furriéis Gil e Nuno, que gostaria de voltar a encontrar; não faz ideia do seu paradeiro; em São João esteve em 1969/70; 

(ix) será depois transferido para a CART 11, que estava em Paunca: esteve por lá em 1970/71: o comandante do seu pelotão era o alf mil Matos, que é de Ovar, e com quem ainda hoje convive e fala ao telefone: já foi a um (ou mais) dos convívios da companhia: esteve no destacamento de Sinchã Queuto [que eu só localizo a norte de Bafatá, e a sul de Contuboel, no mapa de Bafatá];

(x) saiu da tropa em finais de 1970 ou princípios de 1971; a mulher tinha ficado em Bolama;

(xi)  assistiu depois à independência; não tem boas memórias de Bambadinca desse tempo (teve de assistir a julgamentos populares selvagens e a execuções sumárias, bárbaras, pelo menos de um polícia administrativo e de um régulo, considerados "inimigos públicos nº 1 do PAIGC"); mas não teve, felizmente para ele,  quaisquer problemas com os novos senhores da Guiné-Bissau...

Ainda antes da independência tinha começado a trabalhar nos serviços agrícolas da província. Fez formação em floricultura, se não me engano. Foi ele e outros estagiários quem fez o jardim do Bairro da Ajuda, em Bissau, no tempo do administrador Guerra Ribeiro. 

Depois da independência começou a trabalhar com o engº agr Carlos Scwharz, no DEPA, na região de Tombali. Tem uma grande admiração pelo Pepito e pelo trabalho dele em prol do desenvolvimento da sua terra. (É cofundador, se não erro, e cooperante da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede no bairro do Quelelé, de que o Pepito  foi diretor executivo atà data da sua morte, em 2014).

No princípio deste século, veio a Portugal fazer um curso de apicultura, que era então (e continua a ser hoje)  a sua grande paixão. Acabou por ficar. Para sobreviver, trabalhou como segurança numa empresa de construção, no concelho de Cascais. Entretanto, obteve a nacionalidade portuguesa. Tinha, em 2013, um filho, de 13 anos, o Umaro Baldé, que vivia com ele e que estava a frequentar o 7º ano de escolaridade obrigatória, em Alfragide, e queria ser  informático (está neste momento em Inglaterra).

Em 2013, quando entrou para a Tabanca Grande estava desempregado. O seu sonho era voltar a Caboxanque onde tem casa, junto ao rio Cumbijã,  e desenvolver o seu projeto de apicultura no Cantanhez. Mas tinha dois filhos pequenos para criar (o Umaru e a Alicinha do Catanhez, que ele e a Alice quiseram trazer para Portugal). 

Muçulmano, ia todas as sextas feiras à mesquita central de Lisboa. Era um bom crente. Era uma homem afável, conhecia meio mundo, e pediu-me para ingressar na Tabanca Grande. Estava interessado sobretudo em partilhar os seus conhecimentos e a sua paixão como apicultor.

Conhecia-o nessa altura, em 2013.  Era o pai, biológico, da Alicinha do Cantanhez, filha da Cadi, a sua quarta mulher.  Ele vivia na zona de Cascais, onde era segurança. A empresa fechou, o Baldé ficou no desemprego. Um advogado, seu amigo, arranjou-lhe casa em Alfragide. Éramos,  pois, vizinhos de 'tabanca'.  Só conhecia a filha de fotografias e vídeos (que o Pepito mandava para a Alice) . Mas era um pai babado. Vivia em Portugal há já cerca de 10 anos. Éramos nós que lhe  dávamos notícias da mãe e da filha. Tinha casa em Caboxanque na margem esquerda do Rio Cumbijã.  Queria que lá fossemos um dia passar férias. Queria votar à sua terra com o diploma de apicultor (**).

A Alicinha e a mãe, nalu,
Cadi Indjai (1985-2013)

Infelizmente, tudo lhe correu mal. Estava a tentar aguentar-se cá 15 anos, fazendo descontos para a Segurança Social e contando com o tempo da tropa.  Nem o tempo de tropa lhe foi descontado nem a Segurança Social lhe garantiu uma pensão de reforma. Por outro lado, a Cadi morreu (em 2013)  e a filhota, a Alicinha do Cantanhez, não conseguiu chegar a Portugal nem perfazer os 5 anos (morreu em 2014). Vi-o chorar convulsivamente quando soubemos e lhe transmitimos a notícia, devastadora para todos. Adorávamos a Cadi e a Alicinha. E o Baldé passou também a fazer parte da família...  

Voltou para Bissau, com os sonhos desfeitos e sem o diploma de apicultor. Sem um tostão, sem a pequena reforma que seria fundamental para a concretização dos seus sonhos e poder alimentar uma família numerosa. 

Os primeiros anos forma difíceis. Em meados de 2019, passava-se fome em Bissau. Telefonou-nos um dia a dizer que estava em Caboxanque a passar mal.  São situações que nos destroçam o coração...  E depois veio a maldita pandemia de Covid-19. De tempos a tempos ia dando notícias. Tem cá uma filha e netos, em Massamá ou no Cacém.

 Finalmente há dias soubemos, por ele,  que as coisas estavam a correr melhor, em Bissau e em Caboxanque, e que para o ano ele ia a fazer a sua primeira grande colheita de mel. Tanto quando dá para perceber pelas fotos que nos enviou, sem legendas, tem o seu negócio, independente... Aos 80 anos (!), continua a perseguir o seu sonho de há muito!..."Com a ajuda do Criador", diz ele, humildemente, ao telefone. Faz formação (e ele próprio elabora os seus materiais pedagógicos) e monta colmeias. Tem já bastantes no Cantanhez.  Não sei se tem algum apoio de alguma OND. Enfim, uma história feliz, desta vez, mesmo que ainda não se possa dizer que terá um final feliz. Mas Oxalá, Enxalé, Insha'Allah!.... Parabéns, Baldé, tu mereces tudo de bom.  (***)

(**) Vd. poste de 7 de janeiro de  2014 > Guiné 63/74 - P12554: Ser solidário (157): O nosso camarada, luso-guineense, natural de Contuboel, desempregado, a residir em Alfragide, António U. Baldé, pai da Alicinha do Cantanhez, tem um sonho: ser apicultor em Caboxanque...
 
(***) Último poste da série > 4 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25478: (De) Caras (207): Homenagem póstuma da sua terra natal, Mealhada, ao ex-1.º Cabo At Inf do Pel Caç Nat 58, José da Cruz Mamede (1949-1970), morto na emboscada de Infandre, em 12/10/1970

14 comentários:

Eduardo Estrela disse...

Bom dia Luís!!
Li a história do António Baldé . É bom verificar que a sua luta acabou por concretizar os seus sonhos. Com ele devo ter-me cruzado em S. João em outubro de 1969, zona onde a 13 e a 14 fizeram operações.
Vou pedir-te um favor. Quando voltares a contactar com ele pergunta-lhe se sabe alguma coisa do António Quendin Sanhã que era da terra dele, foi militar da 14 e estava em Lisboa. Deixei de ter contacto com o Sanhã, o seu telefone está desligado e esta situação dura já há mais de um ano.
Obrigado pela atenção que te dignares prestar.
Grande abraço
Eduardo Estrela

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Nunca falei, em pormenor, sobre este "José Pereira da Silva" que o "apadrinhou" e ajudou-o a tirar a 4ª classe em Contuboel. O Baldé disse-me apenas que ainda era vivo, em 2013, e morava em Oeiras... Percebi que era o chefe de posto administrativo no final dos anos 40/princípios dos anos 50, quando o Baldé estava em idade escolar (nasceu em 1944)...

Seria metriopolitano ? Cabo-verdiano ? Guineense ?

Há um "tarrafalista" com esse nome... Natural da Guiné, esteve preso no Tarrafal, fase II ("Campo de Trabalho de Chão Bom", na altura da guerra colonial)

https://tarrafal-cdt.org/preso_perseguido/jose-pereira-da-silva

Anónimo disse...

Admirável a saga deste nosso combatente, exemplo de resiliência sem limites. Caiu vezes sem conta e levantou-se sempre. Imagino este homem a saltar de poiso em poiso, sempre em situações de absoluta precariedade, preocupado em distribuir um pouco que tem por várias mulheres camadas de filhos. Que tenha sorte, coisa rara de encontrar por aqueles sítios.

Carvalho de Mampatá

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tenho admiração por estes homens (e mulheres) que perseguem um sonho de longa data, não desistem (mesmo facerteza a grandes adversidades) e que o realizem (ainda que no ocaso ou até no fim da vida!)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Sei que ele tem cá uma filha, Amida, no Cacém ou Massamá , casada com um cabo-verdiano. Tenho o seu contacto. Mas era ele, sozinho, que tomava conta do filho adolescente. Tinha-o trazido da Guiné para poder estudar. Sabia que educação podia fazer a diferença...

Dei-lhe livros, almoçou em nossa casa várias vezes. Também andou com "más companhias", teve problemas na escola.... Acabaria por ir para Inglaterra, com o pai já de volta à Guiné - Bissau.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A vida nunca foi fácil para quem não nasceu em berço de ouro... E muito menos para quem é imigrante..., seja guineense, nepalês, brasileiro ou português.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

E depois ainda há para um africano o valor da família, cujo suporte ou apoio funciona como uma verdadeira "segurança social" na velhice, na doença, no desemprego...

Claro que as coisas estão a mudar muito rapidamente em África, em toda a parte... Recordo-me do Baldé me falar na esperança que tinha na filha pequena e na jovem esposa (também ela já viúva e com um filho de um anterior casamento prematuramente falecido)...

Mesmo na desgraça ele lutou sempre!

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Eduardo, posso mandar-te o nº de telemóvel. Comunicamos por WhatsApp.

Eduardo Estrela disse...

Manda então o número do telemóvel do António Baldé Luís.
Obrigado e um grande abraço.

Valdemar Silva disse...

António Baldé, já noutro poste referido como tendo pertencido à minha CART.11 "Os Lacraus".
Não me recordo dele, mas lembro-me de no início de Dezembro de 1970 começar a aparecer as rendições individuais para os vários oficiais, sargentos e praças metropolitanos da Companhia.
O primeiro oficial a chegar foi o alferes mil. para o meu Pelotão. O meu Pelotão não teve alferes praticamente desde o meio da comissão, devido a problemas de doença do alf. Pina Cabral. Eu e outras vezes o Macias comandamos o Pelotão. Não me lembro do nome no novo alferes do meu Pelotão, mas tenho a ideia que seria de Lisboa, falou no Vavá e disse-me 'não vou estar cá muito tempo'.

Ser apicultor tem ser uma actividade de grande dedicação amor/ódio. Forçosamente qualquer apicultor leva várias picadas das abelhas, mas depois fica o assunto resolvido com umas colheres de mel.
O António Baldé levou muitas "picadas" na sua vida, mas o seu apego para conseguir o que pretendia teve "colheres de mel" para os seus 80 anos e familiares.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, só agora, há uns anos atrás, é que eu também tento fazer a ponte entre as "três gerações" de graduados que integraram a CCAÇ 12, de 1969 a 1974...

Não é fácil, por uma razão ou outra fazem convívios anuais separados... às vezes até na memda terra (Coimbra, por exemplo, por duas vezes...).

Não sou muito assíduo, mas já tenho ido às duas "romarias"... Aqui a fidelidade ou lealdade é a dos afetos, da amizade, da camaradagem, e não a das "bandeiras"... Quem esteve em Bambadinca, no ano tal e tal, só lhe interessa o convívio da malta desse tempo... O "amor à Guiné e à sua gente" tem cores e sabores locais...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A Guiné-Bissau tem potencialidades neste domínio, a apicultura... Ver aqui:

ABELHAS, APIÁRIOS E MANGAL: IANDA ARRUS INVESTE NA DIVERSIFICAÇÃO PRODUTIVA
IG! ARRUS
Publicado em 5 de Outubro, 2021

https://iandaguine.org/abelhas-apiarios-e-mangal-ianda-arrus-investe-na-diversificacao-produtiva/


(...) "A Guiné-Bissau possui uma flora vasta e rica em diversidade de plantas importantes para a criação de abelhas, dita apicultura. A apicultura de mangal, implementada no quadro da Ação Ianda Guiné! Arrus, está inserida nas atividades de diversificação produtiva do projeto. Esta atividade consiste na incorporação de colmeias modernas do tipo queniano e americano para melhorar a atividade e, principalmente, a vida das comunidades, com pequenas ações e técnicas de melhoria dos métodos tradicionais, uma forma de valorização e incentivo para proteger a ecologia do mangal.

"A produção de mel no mangal tem sido cada vez mais importante para as comunidades devido às suas numerosas vantagens. Primeiro, pelo seu alto teor nutritivo e vitamínico para as crianças e demais faixas etárias. Também, pela diversificação alimentar, reduzindo assim a forte dependência do arroz e caju. Ainda em termos socioeconómicos, afigura-se como uma fonte de renda complementar para as famílias.

"Para concretizar o seu objetivo de aumentar os rendimentos e reduzir a insegurança alimentar dos produtores, A Ação Ianda Arrus prevê trabalhar com 30 grupos de apicultores até ao fim do projeto através de um programa de formação e acompanhamento específico, assim como a instalação de 30 apiários para criação de abelhas nas diferentes zonas de intervenção. Cada apiário instalado possui 10 colmeias e para cada colmeia forma-se um grupo de apicultores".

"Até ao momento, foram instalados 6 apiários, correspondente a 60 colmeias, nas comunidades com as quais a Ação trabalha. Em Tombali, no sul do país, as tabancas de Cafal e Cafine têm, cada uma, dois apiários, correspondentes a 20 colmeias cada. Em Encheia, no norte da Guiné-Bissau, as tabancas de N’Faide e N’Tchangue têm um apiário cada, correspondente a 10 colmeias por tabanca.

"Ao nível formativo, um total de 135 pessoas já beneficiou dos trabalhos de apicultura, das quais apenas 5 são mulheres, nos setores de Encheia e Tombali e no Setor Autónomo de Bissau (SAB).

"Espera-se continuar com a instalação dos apiários de mangal até ao final do projeto, em 2023, para melhorar a alimentação e as condições de vida das populações nas zonas de intervenção." (...)

Valdemar Silva disse...

A propósito de abelhas, apareceu um enxame de abelhas numa grande árvore na parada no Quartel de Baixo, em Nova Lamego, sede da minha CART.11 durante quase meia comissão.
Então as abelhas começaram a incomodar a tropa, principalmente na altura das refeições por o refeitório ficar à sombra dessa árvore e também a messe de oficiais e sargentos.
Eh rapazes eu vou tratar disso, adiantou o 2º. sargento Almeida.
E lá foi o "Velho Lacrau", como era conhecido o Almeida, árvore acima com qualquer coisa a arder para fazer fumo e assim desfazer o enxame das abelhas.
Depois de várias peripécias, com o Almeida a ser atacado pelas abelhas lá conseguiu afastar o exame, mas, sem querer, deixou cair a tocha no buraco "coração" seco da árvore, que passado algum tempo começou a deitar fumo.
O fumo não deixava de aparecer e até aumentou com indícios de fogo no interior da árvore.
Conclusão, foi necessário tentar apagar o fogo com a mangueira do carro da água e mesmo assim não se conseguia apagar e começando a por em perigo o pessoal, visto estar próximo do refeitório, cantina e armazém da companhia.
Tivemos que chamar o homem da cerração que foi de opinião deitar a árvore abaixo cortando/serrando os galhos principais e a serração total do grande tronco principal.
Pela fresca da manhã chegaram quatro homens com uma grande serra e cunhos metálicos para começarem a abater a árvore, levando quase o dia todo a suar, apenas com pequenas tangas e revezando-se no movimento com a grande serra.
Parece que o pagamento do serviço foi terem ficado com a madeira da árvore, com condição de arranjarem várias tábuas para a Companhia, que o 1º. Cabo Coutinho, carpinteiro de profissão, fez várias arcas de porão, mesas, cadeiras e um balcão para o bar da messa dos oficiais e sargentos.
Tá ver o que você arranjou, disse o 1º. Sargento Ferreira Júnior ao Almeida, anda sempre a meter-se em chatices, adiantou.
Assim, por causa de um exame de abelhas morreu um poilão e deixou de haver sombra no refeitório e cantina dos soldados.

Este acontecimento verdadeiro e outros fizeram parte d'"As aventuras do Velho Lacrau".

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Temos agora a praga das vespas asiáticas que dão cabo das nossas pobres abelhas de mel... Já chegaram, por certo, a África...

https://www.deco.proteste.pt/saude/doencas/noticias/vespa-asiatica-como-identificar-cuidados

E outra praga são os inseticidas e os incêndios...Já não vejo há muito as joaninhas... A nossa biodiversidade está cada vez mais em risco...