Metrópole–Biambe
2ª Parte
Biambe (I)
Entretanto o tempo foi-se passando em Bissorã até que por ter perdido a coluna militar para Bissau conforme relatei anteriormente no blogue e por conseguinte ainda ali me encontrar o meu Comandante aproveitou a minha estadia para me dizer que eu também ia participar na operação à base de Biambe e que o Gomes, meu substituto, não ia, pelo que não tive outro remédio que não fosse, como me foi ordenado, pedir-lhe que me devolvesse a G-3 e os carregadores.
Era costume estarmos presentes nos ”briefing" que antecediam às operações em que nos era permitido expor as nossas opiniões sobre os pormenores das mesmas, pelo que por norma era o único que alvitrava sempre outra alternativa à que era exposta, por me parecer que seria mais viável e menos perigosa, tanto mais que por hábito ia sempre no quarto ou quinto lugar da frente, dependia se levámos prisioneiro ou não, o que dava para perceber que era sempre do desagrado do comandante de Companhia que era Capitão de Artilharia, que não duvido seria óptimo naquela arma, mas não tanto a comandar pela primeira vez no terreno uma companhia de infantaria.
Neste curto “briefing” relativo ao golpe de mão àquela base, o Comandante indicou-nos que iam 4 africanos mas cujas funções não foram claramente mencionadas pelo que segui para a operação com a impressão de que eram 3 guias e 1 guia prisioneiro, por ser o único que se encontrava amarrado. Só depois de ler o relatório é que fiquei a saber que afinal eram 2 guias e 2 guias prisioneiros.
Embora a minha secção, a 1ª do 1º Pelotão, por norma seguisse sempre à testa da Companhia (da 2ª era o Cruz e da 3ª o Bragança), naquele dia, devido à ausência do meu comandante de Pelotão, o Alferes Ferreira que tinha sido ferido, tal como eu na operação em Cancongo mas com mais gravidade e encontrava-se hospitalizado, parti do princípio que no final da reunião o Comandante da Companhia ia dar ordem para um oficial seguir à frente com o respectivo pelotão.
Estava enganado pois deu-me instruções para seguir igualmente à frente da coluna levar um dos guia e o prisioneiro que estava amarrado acrescentando que quando chegasse a altura devia tomar as decisões que fossem necessárias.
Assim partimos para a operação às 23.15h.
Furriéis da CART 730 – Da esq. para a dir. Venda, Vira, Alcides, Cruz (minas e armadilhas -à frente), Almeida, Passos (transmissões) Parreira (operações especiais), Reis (manutenção auto) e Ribeiro (sapador).
Esta operação, embora o resultado esteja correcto, não foi exactamente, nem podia ser, como consta no relatório abaixo.
Na realidade apenas 5 homens incorporados na Companhia estiveram nas 12 casas de mato que faziam parte da referida base, conforme passo a descrever.
Seguíamos há várias horas pelo trilho em direcção ao que pensávamos ser o objectivo quando num certo ponto o guia que ia à frente da coluna, precedido pelo prisioneiro que ia amarrado com uma corda pela cintura e estava ao cuidado do Leitão, colocou-se ao lado do prisioneiro, trocou umas breves palavras e depois disse-me que nos estávamos a aproximar de uma Tabanca.
Dei ordem para prosseguir e quando a mesma estivesse visível que me avisasse.
Passado algum tempo apontou-me na direcção de uma enorme tabanca que se podia avistar não muito ao longe e disse-me que devia estar abandonada. Nesse momento parei e por conseguinte a coluna também, pelo que não querendo assumir a responsabilidade que me tinha sido dada por não se tratar da Base de Biambe disse ao soldado que seguia atrás de mim para ir rapidamente informar o Capitão que se estava a avistar uma Tabanca que pelo silêncio devia estar deserta pois não houve reacção nem fuga apressada à aproximação da Companhia e assim ficava a aguardar instruções, no pressuposto que o Comandante me ia chamar para trocar impressões ou então mandar dizer para evitar a Tabanca e seguir por outro trilho na direcção do objectivo.
Fiquei algum tempo à espera das instruções quando para minha surpresa sou ultrapassado por soldados que se encontravam atràs, pensando possívelmente que aquele era o objectivo e por ordem não sei de quem avançaram na direcção da Tabanca. Por outro lado, não compreendi a razão pela qual o Cruz e o Bragança também avançaram com as suas secções.
Continuei no mesmo sítio com os homens da secção até que, juntamente com os camaradas que passavam por mim dirigindo-se à Tabanca, apareceram os outros 2 guias que vinham algures na coluna (e que afinal um era guia prisioneiro, muito embora se encontrasse com liberdade de movimentos) que não avançaram e ficaram também ali parados a meu lado.
Tendo pela primeira vez no mato os 4 africanos na minha presença disse aos guias que perguntassem aos prisioneiros onde ficava a base. Falaram brevemente entre eles no dialecto local e de seguida disseram-me que um dos prisioneiros lhe garantira que a base de Biambe ficava a pouca distância dali, mas numa direcção diferente.
Na posse desta informação, e inconformado com a atitude do pessoal e perante a pacifidade dos restantes graduados perante a distorção da missão, disse à minha secção que aguardasse pois ia atrás falar com o Capitão Garcia.
Naquela altura já ele tinha começado a avançar e acompanhando-o disse-lhe que ali à frente não devia haver nada, conforme o tinha mandado informar, e que o objectivo inimigo que era a razão da missão que ele nos tinha indicado no quartel eram as casas de mato, na base de Biambe que ficavam noutra direcção segundo tinha acabado de dizer o prisioneiro e não aquelas palhotas, e que por conseguinte poderia ser mais conveniente e proveitoso esquecer a Tabanca e seguir.
No entanto não ligou às minhas palavras, que lhe foram dirigidas com boas intenções e disse-me irritado que ele é que era o Comandante da Companhia e que quem ordenava o que se devia fazer era ele. E de facto não estava errado, mas então não me desse instruções específicas antes de sairmos do aquartelamento e iniciarmos a progressão. Simplesmente a sua resposta seca, dura e autoritária na presença dos camaradas que estavam a seu lado tirando-me assim autoridade, suou-me como se tivesse sido atingido por uma chicotada pelo que como uma reacção silenciosa e com o espírito ainda desconhecido de quero, sei, posso, imediatamente me passou pela cabeça, que ia mesmo aventurar-me à procura do acampamento inimigo, apoiado por quem me quizesse acompanhar. Animado com a ideia que me tinha acabado de ocorrer acompanhei-o até ele ter chegado ao lugar onde eu tinha deixado os africanos e a secção.
O Capitão e os militares que com ele seguiam continuaram em frente eu fiquei ali e disse aos africanos para me levarem à Base e eles concordaram. Falei brevemente com os meus soldados que ainda ali continuavam no sentido de tentar persuadi-os para avançarmos para a base inimiga mas não se mostraram entusiasmados, dizendo-me que preferiam seguir também para a Tabanca o que me causou imensa frustração, contudo reconheci que estavam no seu direito de recusarem. Nestas condições e para não perder mais tempo pois deviam ser já perto das 4 horas da manhã disse ao João Maria Leitão a quem tinha sido entregue o prisioneiro amarrado, se se sentia com coragem para aquela digressão e ele disse-me que sim.
Foto com dois camaradas que sairam da minha secção na CART 730 e depois do 2º Curso ficaram na 1ª Equipa do Grupo Cmds Vampiros: António Paixão Ramalho 'Monte Trigo' e o João Maria Leitão ao lado do Alf Mil António Joaquim Pereira Vilaça (OE da CCAÇ 726), o Djamanca e o Justo. O João Leitão nos Comandos foi agraciado com a Medalha de Mérito Militar – 4ª Classe.(Da minha secção também saiu o Cândido Perna Tavares, o 'República' que ficou no mesmo Grupo mas noutra equipa).
Da Companhia sairam ainda o Furriel Joaquim Prates (que acabou por não frequentar o Curso e foi transferido para a CCAÇ 763 em Cufar, onde foi substituir outro Furriel que, por se encontrar doente, foi transferido para o QG em Bissau); o 1 Cabo Faustino dos Santos Viegas, dos 'Centuriões, que foi ferido em Jolmete em 3Ago65 e evacuado para o HMP e os soldados Jacinto da Conceição Venâncio e José de Oliveira Gonçalves, dos 'Apaches').
Desconheço os motivos pelos quais quizeram sair da CART 730 para frequentarem o 2 º. Curso de Comandos uma vez que todos nós os que o fizemos não tinhamos qualquer problema disciplinar, antes pelo contrário, o Comandante da Companhia exerceu alguma pressão para nos desencorajar, pelo que não sendo para seguirem as minhas pisadas deduzo que deva ter sido, como todos os que foram para os Comandos, pelo espírito mais acentuado de aventuras.
No meu caso não só foi pelo facto de ter sido ferido numa operação anterior - juntamente com outros camaradas e o Alf Ferreira, meu Cmdt Pelotão, ex-seminarista, que depois de ter sido também instruendo no CIOE onde era um dos melhores, uma vez chegado à Guiné desinteressou-se totalmente do exército, de tomar qualquer decisão ou dar qualquer opinião sobre as operações - mas também por ter sido abordado alguns dias antes pelo Capitão de Artilharia Aníbal Celestino Rocha, Oficial de Operações do Batalhão que eu não conhecia e que se tinha deslocado a Bissorã por razões que desconheço, que me veio falar dos Comandos, dizendo-me também que um dos Grupos em Brá precisava de pessoal.
Falso comando
É curioso mencionar que no almoço-convívio da Companhia realizado o ano passado encontrei um soldado que tinha no braço uma tatuagem a dizer Comandos-Guiné.
Como nunca o tinha visto em Brá perguntei-lhe a que Grupo pertencia, disse-me que tinha mandado fazer a tatuagem convicto que ia fazer provas para os Comandos e que iria ser aceite mas que o Capitão Garcia não o tinha deixado ir, dizendo-lhe que se deixasse ir todos os que queriam ficava com a Companhia desfalcada.
3º Curso Grupos - 3ª CCmds
Houve ainda um 3º Curso formado na Guiné que terminou em 28 de Abril de 1966. Em 30 Junho de 1966, ou seja menos de 2 meses depois de terminarem, chegou a Brá vindo da Metrópole a 3ª Companhia de Comandos.
Biambe (II)
Embrenhados num dos trilhos do mato a caminho do acampamento inimigo no último dia do mês de Fevereiro de 1965 fiquei convencido que os africanos não me estavam a enganar e que o guia prisioneiro que melhor sabia a localização não ia fugir, e que por isso iamos encontrar a Base que segundo a minha perspectiva o inimigo devia ter abandonado ao tomar conhecimento que a tropa andava por ali perto, e não teria tempo de se organizar para nos montar uma emboscada.
Naquele momento a adrenalina estava ao rubro, e pelo sim pelo não, dei instruções rigorosas aos guias para que a principal preocupação fosse a de avançarmos com todos os sentidos alerta e concentrados em pequenos pormenores que nos dessem a conhecer com a devida antecedência se o inimigo se encontrava mais à frente à nossa espera, e assim com os outros participantes iniciámos uma lenta e cuidadosa progressão.
Segundo me tinham dito a Base situava-se perto o que me fez pensar que me dava
tempo para ir e regressar à Companhia antes de terminarem de vasculhar e eventual-mente incendiarem a tabanca o que obviamente ia demorar algum tempo, ou que pelo menos não os faria esperar muito.
Estava redondamente enganado, pois por experiência própria fiquei a saber, durante os cerca de 20 anos que andei por países africanos, que para eles africanos era tudo perto, independentemente das distâncias.
Todavia há sempre um senão, e a operação não correu exactamento como tinha previsto, já que perto da madrugada mas ainda escuro vi repentinamente um vulto que em frente do único soldado que ia à minha frente saiu do trilho e correu para o mato. Apercebi-me de imediato que era o guia prisioneiro que tinha conseguido libertar-se da corda que tinha atada à cintura pelo que estando totalmente fora de questão tentar abatê-lo a tiro, como levava no bolso uma navalha espanhola instintivamente puxei por ela, abria-a o mais depressa que pude e atirei-a com toda a força na direcção onde ele tinha entrado no mato, mas claro que não lhe acertei.
Felizmente passado pouco tempo chegámos à base turra de Biambe que segundo contámos era composta por 12 casas de mato que de facto tinham sido abandonadas, possÍvelmente quando o inimigo tomou conhecimento onde a tropa se encontrava devido às labaredas das 26 palhotas que compunham a Tabanca que começavam a subir para o céu e se avistavam jà àquela distância.
Perante este panorama mandava a prudência que saissemos dali o mais rapidamente possível tanto mais que um prisioneiro que conhecia aquela zona tão bem como as palmas da mão tinha fugido e caso entrasse em contacto com os seus camaradas, que devia ser a sua intenção, iria pela certa denunciar a nossa presença com o intuito de nos capturarem ou abaterem e assim revistámos sumàriamente apenas algumas delas e encontrámos:
1 GMO-RG34;
4 carregadores de PM;
munições de 9mm (que depois de contadas mais tarde se veio a verificar que eram 134);
1 bolsa de pano;
1 sabre;
1 cinto de cabedal;
1 grade para GMO e vários documentos.
Para não alertar a nossa presença ao inimigo que andaria na zona e que sabia onde a tropa se encontrava mas não o nosso pequeno grupo pelo que o perigo poderia vir de um possível contacto do ex-prisioneiro dei instruções aos africanos para regressarmos com as mesmas precauções mas por um trilho diferente. Se tivessemos mais tempo e mais homens, sobretudo homens pois eramos apenas 2 militares, já que era de prever que os africanos mesmo que encontrassem não nos deviam dizer nada, teria sido possível efectuar uma busca meticulosa a todas elas e provàvelmente teriamos encontrado mais material.
Tendo a Companhia acabado de revistar e incendiar a Tabanca e querendo assim regressar, conforme vim a saber mais tarde, o Capitão mandou procurar os guias e os prisioneiros e então deu também pela minha falta, altura em que lhe disseram que
tinha seguido com eles para a base inimiga.
Dada a demora em regressarmos começaram a fazer conjecturas sobre o que nos teria acontecido, tendo então decidido dar ordem para 4 Secções irem à nossa procura. Sem nos terem encontrado pelo facto de terem seguido por uma direcção diferente, as Secções regressaram ao seio da Companhia primeiro do que nós, e òbviamente foram comunicar ao Capitão.
Quando passadas várias horas chegámos à zona da Tabanca já queimada onde a Companhia estava estacionada a aguardar o nosso eventual regresso, soldados da minha secção foram ao meu encontro, pelo que lhes perguntei onde se encontrava o Capitão para assim ir falar com ele e entregar-lhe o material capturado, e apontaram uma árvore que se situava do lado oposto onde tinhamos entrado. Quando me dirigia para a referida árvore vi de relance dois ou três soldados junto a outra árvore a apalparem uma bajuda já um pouco crescidita que talvez tivesse sido capturada na Tabanca, mas naquela altura era o que menos me interessava saber.
Postal com bajuda balanta - Mansoa
Durante o curto trajecto alguns soldados da minha secção acompanharam-me e aproveitaram para me informar que um dos assunto badalados durante a longa espera que tiveram que fazer era que o Furr. Parreira tinha saído com os guias e ninguém sabia em que direcção.
Um deles que estava bastante agitado referiu que esteve perto do Capitão que estava furioso e ouviu-o dizer aos outros oficiais que me ia levantar um processo discipinar.
Perante este facto, e devido ao perigo em que estávamos envolvidos, nem sequer me tinha passado pela cabeça essa possibilidade pelo que me deu então para perguntar se na Tabanca tinham apanhado algum material de guerra ou documentos e foi-me dito que não.
Almoço convívio em 5Mai07 em que o Cmdt. CArt 730 nos honrou com a sua presença, JP, Alf Orlando Valdez (Cmdt 2º Pelotão) Capitão Garcia e outros camaradas.
Biambe (III)
Quando, acompanhado pelo Leitão pelos três africanos e também por soldados da secção que por curiosidade deveriam querer saber em primeira mão qual o vaticínio final, me abeirei do Capitão que juntamente com os outros oficiais ainda se encontrava encostado à àrvore que me tinham referenciado pude constatar como é natural, que a sua expressão não era nada agradável. Sem o deixar falar perguntei-lhe de chofre se tinham apanhado algum material nas palhotas da tabanca e ele que não devia estar à espera que lhe perguntasse fosse o que fosse, muito pelo contrário, respondeu-me laconicamente que não.
Não lhe dando igualmente oportunidade para falar pois não estava para ouvir da sua boca qualquer reprimenda, sem lhe dar pormenores do que tinha acabado de fazer, disse-lhe calma e respeitosamente: “meu Capitão afinal esta operação não foi de todo infrutifera, pois trouxemos-lhe este material de guerra”.
Foi com tristeza que de seguida lhe tive que comunicar que o prisioneiro tinha fugido, porém ignorou tal facto e por conseguinte não fez qualquer comentário.
O material foi o mencionado no relatório, mas foi a Tabanca que foi incendiada pela Companhia e não as casas de mato, que eram 12 e não 8 conforme mencionou quem não esteve presente.
Foi reconfortante verificar que sendo um oficial amável no trato era todavia um militar exigente, mas também compreensivo pelo menos a meu ver,já que não me criticou e foi bastante benevolente pois a sua atitude mudou radicalmente, apesar de não me dirigir a palavra, limitando-se a dar de imediato ordem para a Companhia se pôr em movimento.
Seguidamente a este episódio fizemos uma batida à área de Chumbume onde localizámos um grupo com cerca de 25 elementos inimigos fardados de caqui amarelo novo, cambando a bolanha e armados de ESP Aut, PM e 1 LGF. etc.
Ataque IN a Bissorã
No dia seguinte das 00h05 as 03h00 o nosso aquartelamento e a vila de Bissorã sofreram fortes ataques IN. O IN atacou de todas as direcções excepto do lado de Binar (tabanca “da outra banda”). O IN fez uso de quase todos os tipos de armamento: P, PM, GM, Esp.aut. e repet,, ML, LGF, Mort 60 e 82. Caíram na área do aquartelamento várias granadas de morteiro e de LGF felizmente sem consequências. A forte reacção e posterior perseguição levaram o combate para longe das posições,
principalmente do lado da granja e bolanha entre as estradas de Bissorã-Mansoa e Bissorã-Binar. De madrugada consegui, a muito custo, convencer alguns soldados do pelotão para irem comigo fazer uma busca ao exterior do arame farpado, e apanhámos uma granada e um frasco de tintura. De manhã saíu um pelotão que apanhou mais material. Devido ao ataque recebemos nos nossos quartos uma bazooka e um telefone, e na parte da tarde fomos nas Mercedes buscar palmeiras para os abrigos.
Dois dias depois deslocou-se a Bissorã, o Tenente-Coronel Braancamp Sobral (conhecido como o 'Cavalo Branco') que Comandava o Quartel de Mansoa, e dava ordem de Operações. Contava depois de Biambe que mais dia menos dia houvesse coluna militar para Bissau e assim não ia fazer mais operações com a Companhia todavia assim não aconteceu.
Deste modo por ordem do meu Capitão que mais uma vez não me livrou de ir para o mato, apesar de ter um substituto, pelo que levei com mais duas operações, uma em Passe e outra em Binar.
Biambe – IV
Camaradas da m/secção da CART 730, no 4º Almoço-convívio realizado a 5Mai07, no Portal do Infante, na Marina de Lagos (de boné o 'República', GR Comds Vampiros)
No HMP e Anexo
Falando agora um pouco da secção que era composta pelos seguintes militares:
Nos 273/64 - 1º Cabo Francisco Dias
Sold 274 José Maria de Oliveira
292 António Paixão Ramalho
293 João Maria Leitão
294 Francisco José Pires
295 Armindo Jerónimo Barrelas
296 Cândido Perna Tavares
298 Jacinto Manuel Guerreiro
317 Custódio António Dias
Durante o período que dei instrução passou-se um episódio que nunca poderei esquecer.
A alegria dos soldados!!
Aquele dia estava destinado a um dos treinos de rastejar e decidi que o mesmo fosse efectuado em cima de vários objectos nada aconselháveis quando o mesmo teve que ser Interrompido devido a uma dôr súbita e muito aguda que senti na virilha direita e em que foi necessário chamarem um jipe para me levar de urgência para o Hospital Militar.
Perante o inesperado, estava eu a torcer-me com dores, mas mesmo assim não pude deixar de reparar no grande júbilo dos instruendos que se levantaram imediatamente e começaram a bater palmas de contentamento por a instrução ter terminado e, penso eu, não terem por uns tempos instrução tão árdua. A operação cirúrgica a que fui submetido decorreu bem pelo que fui transferido para o Anexo.
Estava quase a ter alta quando fui abusivamente provocado por outro dos internados pelo que, como reacção, saltei da cama e entrei numa vigorosa “guerra” de almofadas o que provocou que os pontos tivessem rebentado e como tal voltei à estaca zero. Foi durante o tempo que estive internado que se apresentaram do RAL 1 (Unidade Mobilizadora) em primeiro lugar o Alferes Ferreira e que iria ser o meu comandante de pelotão e mais tarde o Capitão Garcia Comandante da Companhia.