segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10318: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (8): Porto de Bissau: ponte-cais... (Luís Calafate, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto)



Guiné > Bissau > 1907 > Vista do  porto e ponte cais (Imagem cedida por Luís Calafate)





Guiné > Bissau > Ponte cais > 1908  > Desembarque de tropas metropolitanas, no âmbito das 'campanhas de pacificaçao'. Fonte: desconhecida. Disponível em: Transpress nz: world transport history



1. Mensagem  de Luís Calafate [, foto à esquerda, retirada da sua página no Facebook], biólogo de formação de base, professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. especialista em ecossistemas urbanos e sustentabilidade ("Interesso-me pela exploração das dimensões da sustentabilidade urbana. O estudo dos ecossistemas urbanos contribui para a compreensão do papel dos seres humanos como 'ecosystem engineers' ". Fonte: FC/UP)


De: Luís Calafate
Data: 31 de Agosto de 2012 18:08
Assunto: Porto de Bissau: ponte-cais

Estimado Luís Graça,

1- Quando procurava informação relacionada com a ponte-cais do porto de Bissau, encontrei uma imagem no vosso Blog, datada de 1969.

2- A imagem mais antiga que tenho do cais do porto de Bissau é datada de 1907 e parece tratar-se do mesmo cais (Anexo: Occ_N1041_1907).

3- Como estou a realizar uma investigação sobre a construção desse cais, venho perguntar se é possível obter mais fotografias.

Cumprimentos,
Luís Calafate
Faculdade de Ciências do Porto





Guiné > Bissau > 30 de maio de 1969 > Desembarque do pessoal da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, transportado pelo T/T Niassa. Foto do álbum fotográfico de Arlindo Roda, ex-fur mil at inf (CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71).

Fotos: © Arlindo T. Roda (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados





Guiné > Bissau > Cais de Bissau >  Álbum fotográfico do nosso camarada Manuel Caldeira Coelho (ex-fur mil trms  da CCAÇ 1589/BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68).

Fotos: © Manuel Caldeira Coelho (2011). Todos os direitos reservados. 



Guiné > Bissau > 1974 > Ponte cais de Bissau com duas Lanchas de Fiscalização Pequenas (LFP) e uma de desembarque ( LDM ) ao fundo do lado direito, no mês de Setembro de 1974. Algumas destas lanchas foram deixadas na Guiné.  Fotografia do marinheiro radio-telegrafista, Manuel Beleza Ferraz, membro da nossa Tabanca Grande.

Foto  © Manuel Beleza Ferraz (2012). Todos os direitos reservados.  




Guiné > Bissau > Edifício da capitania dos portos, Anos 50. Foto do nosso camarada Mário Dias.


Foto:  © Mário Dias  (2006). Todos os direitos reservados.  




Guiné > Bissau > s/d  [Anos 60] > Vista aérea da Ponte Cais, Bissau. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 119" . (Edição Foto Serra, COP 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte -
 Publicações e Artes Gráficas, SARL).

Colecção: Agostinho Gaspar / Digitalização: Bogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010).

Foto: © Agostinho Gaspar /  Bogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010). Todos direitos reservados



Guiné > Bissau > s/d [ Anos 60] > Ponte-cais, Bissau. Em primeiro, vê-se o monumento a Diogo Cão. Bilhete Postal, colecção "Guiné Portuguesa, 110". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte - Publicações e Artes Gráficas, SARL). Colecção: Agostinho Gaspar / Digitalizações: Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010).

Colecção: Agostinho Gaspar / Digitalização: Bogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010)

Foto: © Agostinho Gaspar /  Bogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010). Todos direitos reservados


Guiné > Bissau > s/d  [ Anos 60] > Vista aérea parcial e Ilhéu do Rei. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 142". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte - Publicações e Artes Gráficas, SARL). 

Colecção: Agostinho Gaspar / Digitalização: Bogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010) 

Foto: © Agostinho Gaspar /  Bogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010). Todos direitos reservados


 Guiné-Bissau > Bissau > 1984 > Porto: Projecto da TECNIL, de construção do novo cais...

Foto: © António Rosinha (2006). Todos os direitos reservados.
 .

2. Comentário de L.G.:

Meu caro colega,

Aí vão algumas das fotos que temos sobre Bissau, o seu porto e a sua ponte cais...  É apenas uma amostra. Foi um sítio que todos (ou quase todos) conhecemos, quando as nossas tropas aí desembarcavam, vindas da metrópole, e voltavam a embarcar, de regresso a casa... Temos inúmeras descrições desse primeiro contato com aquela terra "verde e vermelha"... No final da guerra, a partir de 1973, o transporte de pessoal era já feito pelos TAM -  Transportes Aéreos Militares.

Durante anos, o porto de Bissau não tinha infraestruturas modernas de modo a permitir o desembarque direto das NT em navios de grande calado... O leito do canal do Geba  tinha, de resto, como tem hoje, problemas de assoreamento, entre a cidade de Bissau e o Ilhéu do Rei.

Em 30 de Maio de 1969, eu (e os meus camaradas da CCAÇ 2590/CCAÇ 12)  já desembarquei diretamente no porto de Bissau, mas durante os primeiros anos da década de 60 (não sei exactamente até que ano, meados da década, segundo creio) tanto passageiros como mercadorias tinham que ser transportados para terra em batelões, ficando o navio ao largo da cidade de Bissau...  

Outros contributos dos amigos e camaradas da Guiné, reunidos neste blogue, serão bem vindos: fotos, outros documentos, história da construção do porto de Bissau... Desejo-lhe boa sorte para o seu trabalho de investigação. Disponha do nosso blogue como uma boa, plural, rica, diversificada fonte de informação e de conhecimento sobre a Guiné, ex-colónia portuguesa e hoje país da CPLP. Este é também um contribuinte que os ex-combatentes dão ao seu país, à lusofonia, à historiografia da guerra colonial, à historiografia da presença portuguesa em África, e ao estreitamente de relações entre os dois povos, o português e o guineense.

Pode utilizar os nossos materiais, dentro da observânciA dos nossos princípios que procuram: (i) respeitar (e fazer respeitar) os direitos de autor, e ao mesmo tempo (ii) promover o livre acesso à informação e ao conhecimento. Recorde-se aqui o essencial do que defendemos neste capítulo:

"Qualquer texto ou imagem publicada no nosso blogue pode ser reproduzida, desde que:  (i) não se destine a fins comerciais;  (ii) seja pedida a devida autorização por mail ao(s) editor(es) do blogue; e, por fim,  (iii) seja feita a citação expressa da fonte (blogue e autor do documento). Somos defensores da via verde da sociedade da informação e conhecimento... mas com respeito pelo trabalho intelectual de todos os produtores de conteúdos".
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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10187: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (7): Fotos do Marcelino da Mata, ten cor ref, precisam-se para projeto editorial da Oficina do Livro / Grupo Leya

domingo, 2 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10317: Efemérides (109): Leiria vai homenagear os seus combatentes em 23 de Setembro de 2012 (José Marcelino Martins)


1. O nosso camarada José Marcelino Martins* (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviou-nos a seguinte mensagem. 

Caros Camaradas, 

 De posse do cartaz acerca da Homenagem a realizar em Leiria, obséquio do nosso amigo Agostinho Gaspar, elaborei um texto que anexo, para publicação, caso vejam interesse, dados haver muitos camaradas que podem desconhecer. 

A inscrição no evento termina a 5 de Setembro (QUARTA FEIRA).

LEIRIA VAI HOMENAGEAR OS SEUS COMBATENTES 
23 de Setembro de 2012 

Anteriormente já nos havíamos referido à cidade de Leiria, pela apresentação de vários monumentos militares existentes em Leiria. Esse Post foi publicado no dia 21 de Setembro de 2010 - http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2010/09/guine-6374-p7020-monumentos-militares.html - no blogue de Luís Graça e Camaradas da Guiné. 

Um camarada de armas, amigo, leiriense e também combatente na Guiné, fez-nos chegar o cartaz abaixo, única informação disponível, para nós, no momento em que “alinhamos estas frases”. 


Pelo teor do cartaz que nos foi disponibilizado, a jornada iniciar-se-á pelas 14h30 com a celebração de uma Missa Solene, na Sé de Leiria, templo mandado construir pelo segundo Bispo, desta diocese, D. Frei Gaspar do Casal (bispado de 1557 a 1579), tendo sido lançada a primeira pedra em 11 de Agosto de 1550. “ O Bispo D. Gaspar do Casal deu principio à nova Sé, e a acabou, para a qual se passou o Cabido no ano de 1574; ficou com a cidade, somente, por Paróquia; …” [O Couseiro, capítulo 123º, página 130 – Edição Textiverso Dez.2011]. 

Durante a cerimónia, chegado o momento de Invocação dos Defuntos, será o tempo de lembrar todos os combatentes da cidade que, desde 1135, data da fundação do castelo, até aos nossos dias, participaram nas diversas guerras e combates em que Portugal esteve envolvido. 

Pelas 15h30, será prestada homenagem aos Combatentes Tombados em defesa da Pátria, sendo descerrada placa alusiva ao acto. 

Pelas 16h00 será prestada a homenagem aos Combatentes do Concelho. A cidade já assistiu, em 1 de Dezembro de 1919, a uma homenagem a todos os militares do extinto Regimento de Infantaria nº 7, que participaram na Grande Guerra. 


  
Diploma atribuído a José Marcelino (3 de Fevereiro de 1881 † 21 de Setembro de 1937) 2º Sargento de Infantaria, do Batalhão do Regimento de Infantaria n º 7, ferido em combate e dado com incapaz para todo o serviço militar. Também prestou serviço em Moçambique, entre 5 de Julho de 1899 e 24 de Junho de 1900, integrado na força expedicionária do BC 6/RI 7. Acervo documental de José Marcelino Martins.
© Foto José Martins

A cerimónia ficou, também, gravada na pedra. A lápide inaugurada no acto, está incrustada na entrada do Quartel da Cruz da Areia, onde está aquartelado o RA 4. Este quartel foi entregue ao RI 7 em 6 de Maio de 1955, pela Comissão Administrativa das Novas Construções para o Exército. 

Ás 16h20 haverá um desfile integrando antigos combatentes e actuais militares, desfile esse que se realizará no Largo 5 de Outubro, junto ao Jardim Luís de Camões. 

Terminadas estas cerimónias, no centro da cidade, haverá, pelas 17h00 um lanche-convívio nas instalações militares da Cruz da Areia (Regimento de Artilharia nº 4).


Placa, em três lápides, com o nome de todos os Combatentes que tombaram em África entre 1961 e 1974. © Foto José Martins
                                       
            Este evento é organizado pela Câmara Municipal de Leiria e pelo Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes. Tem o apoio do Regimento de Artilharia nº 4, Base Aérea nº 5 e Juntas de Freguesia do Concelho. 

  • Informações:
  • Inscrições;
    • Juntas de Freguesia de naturalidade do combatente até 5 de Setembro
  • Os Combatentes podem-se inscrever para três situações:
    • Para serem homenageados;
    • Também, para participarem no desfile. Neste caso terão de participar num treino antes da cerimónia e de, no desfile, irem de fato escuro.
    • Também participarem no lanche convívio. Neste caso deverão pagar 5 € por cada pessoa (podem levar amigos e familiares) no momento da inscrição.
    • Caso se trate de um Combatente que seja associado do Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes e não pertença ao concelho, então poderá inscrever-se no Núcleo de Leiria.
Esperamos que seja uma jornada de confraternização de Leirienses e Camaradas de Armas com a população e amigos e, porque não, antigos colegas de escola, já que na cidade houve escolas de referência: Jardim Escola João de Deus; Escolas Primárias de Santo Estêvão e Amarela: e Liceu de Leiria e Escola Industrial e Comercial.

25 de Agosto de 2012
José Marcelino Martins
Leiriense, residente em Odivelas
Combatente na Guiné
Membro LC, núcleo de Lisboa
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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 


Guiné 63/74 – P10316: Memórias de Gabú (José Saúde) (24): Morte estúpida na pista de aviação



1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabú) - 1973/74, enviou-nos mais uma mensagem desta sua série.


Camaradas,


Não obstante o silêncio entretanto constatado, eis-me de regresso ao blogue com mais um pequeno apontamento das “Minhas Memórias de Gabu”. 

Hoje, centro atenções na morte do soldado Damásio. 

Um militar exemplar, amigo, educado e que encontrou a morte em plena pista de aviação. 

Coube-me a missão de acompanhar a derradeira partida do soldado Damásio para a viagem sem regresso, fazendo o espólio dos seus haveres. 

Aqui fica, pois, os pormenores do sucedido. 

Morte estúpida na pista de aviação 
Damásio, soldado exemplar 

Diz-nos o teor da veracidade do BART 6523 que nos 14 meses de comissão em território da Guiné, o seu efetivo registou apenas uma baixa. É certo que o período normal de incumbência das nossas tropas naquela antiga província ultramarina, ia para além deste ciclo, porém a Revolução de Abril de 1974 acelerou o regresso do nosso exército das três frentes de guerra – Angola, Moçambique e Guiné - com as quais Portugal estava envolvido.  

O meu Batalhão, sediado em plena região de Gabu, não obstante os ataques noturnos, designadamente às companhias destacadas no mato – Madina Mandinga e Cabuca -, teve a sorte em não se deparar com eloquentes baixas resultantes de confrontos diretos com o IN, tão-pouco deparar-se com rebentamentos das famigeradas minas antipessoais ou anticarros que originavam efetivos para abater nas contas do exército português. As operações feitas no terreno passaram isentas de eventuais baixas que serviam para engrossar a lista de infelizes que perderam a vida no campo de batalha. 

Em parte incerta da obra “AS MINHAS MEMÓRIAS DE GABU”, tive o cuidado em expressar, com enfâse, que houve mortes que nada tiveram a ver com o conflito. Sou testemunha de uma morte estúpida, e única, de um soldado da CCS do meu Batalhão na pista de aviação, numa situação considerada aparentemente normal e quando nada o fizesse prever. Mas infelizmente aconteceu. 

Coube-me a tarefa para tratar o assunto de perto. Chamava-se simplesmente Damásio e era um dos soldados do meu grupo. Numa manhã, perfeitamente vulgar, o soldado Damásio integrou um grupo cujo objetivo único passava por descarregar bens alimentícios originários de Bissau e que vinham a bordo de um avião. Fez-se o habitual cordão para facilitar o serviço, sendo que o Damásio se colocou entre as duas viaturas destinadas ao carregamento. 

Num ápice, uma das viaturas tentou a aproximação a outra que se encontrava estacionada por perto e numa manobra arriscada – marcha atrás – embateu na traseira da outra viatura, sendo que o embate ficou marcado, infelizmente, pela morte imediata do Damásio que naquele momento se encontrava entre as duas viaturas. Foi horrível. Morreu esmagado. 

Como um dos líderes do grupo, tive a missão de organizar o espólio do infeliz Damásio e enviá-lo depois para a família. Não foi fácil lidar com toda a situação. O Damásio era um moço educado. Fazia amigos, facilmente. E eu fui um deles. Sei que guardei durante vários anos um documento onde tinha descriminado todas as suas pertenças pessoais que na altura mandei para os seus familiares. Nada faltou. Lembro-me do derradeiro adeus. As lágrimas dos camaradas que viram partir para a eternidade – a tal viagem sem regresso – um jovem que vivia, certamente, um mundo de sonhos. 

Senti, na altura, o vazio nas almas que se abateu sobre os seus familiares. Como explicar-lhes tamanha fatalidade! E nós, homens que convivíamos com ele diariamente, lá longe sem nada podermos transmitir aos seus entes queridos. Impunha-se aconchegar o seu profundo desespero, todavia a distância ditava, apenas, o carpir mágoas pelo seu infeliz último adeus. Ficavam as amarras do silêncio. O Damásio ficou-me eternamente na memória. Até sempre, camarada! 


Damásio (à esquerda) com o enfermeiro Alfredo Dinis, no navio Niassa a caminho da Guiné (foto do saudoso Dinis, membro da nossa Tabanca) 

Um abraço camaradas deste alentejano de gema, 
José Saúde 
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 

Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados. 
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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 


Guiné 63/74 - P10315: CCAÇ 3325, Cobras de Guileje (1971/73): Parte IV: Atividade operacional, de maio a julho de 1971 (Orlando Silva)




Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 &gt  Um dos poucos momentos de descanso no Bar de Oficiais: Alf Rodrigues, Alf Cunha, Cap Parracho e Alf Cristina. 


 .

Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Vista aérea do quartel, tabanca e pista de aviação.

Fotos (e legendas): © Orlando Silva (2009). Todos os direitos reservados. (Editadas por L.G.)



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 &gt > Foto nº 17 - "O Furriel Noronha quando tentava o levantamento de uma mina A/Carro TMD na picada que vai de Guileje a Gadamael" (Legenda: Orlando Silva).

Foto: © Jorge Parracho / AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Continuação da publicação da história da CCAÇ 3325, que esteve eem Guileje, de janeiro a dezembro de 1971, reproduzida aqui com a devida autorização do autor, José Orlando Almeida e Silva, ex-alf mil, residente em Aveiro (*). 

Actividade operacional:

De 1 a 29 de Maio de 1971:

Realizámos mais 16 patrulhas.

Neste período há a assinalar especialmente o facto dos poços onde as NT se abasteciam de água na Bolanha terem secado, o que originou até mais de meados do mês sérios problemas. Procedemos então à abertura de uma picada até ao Rio Caconde que permitiu o trânsito de viaturas, ficando assim o assunto solucionado.

A actividade operacional das NT foi orientada no sentido de manter livre o itinerário Guileje-Gadamael, atendendo às colunas de reabastecimento que se iam realizar antes da época das chuvas.

Já no fim deste período, foi descoberto uma nova Base de Fogos do IN. O moral do nosso pessoal foi no entanto afectado pelo suicídio do Furriel de Transmissões. Os tempos livres dos nosso militares continuaram a ser, a limpeza do Quartel, o seu melhoramento exterior (embora lento por falta de materiais) e a prática de algum desporto. 


De 01 a 30 de Junho de 1971:

Realizámos mais 21 patrulhas.

Neste período, há a assinalar o corte de comunicações com Gadamael em virtude das chuvas torrenciais que caíram, ficando a Companhia totalmente isolada e ùnicamente com ligações aéreas, situação esta que se iria manter até fins de Novembro.

Entretanto fomos informados, de que o IN tinha sido reforçado na nossa Zona de Acção por um pelotão de Sapadores Cubanos, o que nos veio alertar para a possível montagem de Minas e Armadilhas, uma vez que o IN não nos enfrentava por medo da nossa actuação.

E na continuação da picagem da estrada Guileje-Gadamael para a realização das colunas de reabastecimento, foi detectada pelo meu Grupo uma Mina Anti-Pessoal PMD-6. Procedi ao seu levantamento e mais à frente, quando já tínhamos passado 17 pelo mesmo local, o 18º (Soldado Vera Cruz) calcou uma mina A/P, ficando gravemente ferido, tendo sido transportado para o Hospital Militar de Bissau.

No dia seguinte, imediatamente realizámos outra acção ao mesmo itinerário, tendo-se levantado mais 7 minas do mesmo tipo, o que contribuiu para uma elevação do moral da Companhia.

Através da Artilharia, o 15º PELART bateu por diversas vezes o “Corredor de Guileje ” tendo causado muitas baixas ao IN o que, segundo informações recebidas, causou grandes problemas às suas colunas.
O período foi essencialmente caracterizado por um intenso esforço logístico, tanto no aspecto de transporte como no de um melhoramento, aumentos e construções de depósitos e paióis, conseguindo-se com grande esforço do pessoal uma sensível melhoria na armazenagem, de géneros, artigos de cantina e munições. Em outros sectores, também se fizeram beneficiações como seja no Centro de Transmissões, Centro de Cripto, Sala do Soldado e Padaria.


 De 1 a 31 de Julho de 1971:

Foram realizadas mais 18 acções de combate.

A actividade do IN aumentou durante o período, principalmente no que se refere à implantação de Engenhos Explosivos, visando cortar ou pelo menos dificultar as ligações entre Guileje e Gadamael, confirmando-se assim as informações que havia sobre as possíveis acções sobre aquele itinerário. O esforço do IN teve lugar porém quando já não se realizavam mais colunas auto, em virtude das más condições da estrada. E pela primeira vez o IN aplicou,  na nossa Zona de Acção, Minas Anti-Carro.

Verificámos pois que o IN pretendia fixar as NT, imobilizando-as, também à custa de minas Anti-Pessoal e Armadilhas que ia implantando em grande percentagem na ZA. Assinale-se que desde princípio de 1970 até Junho de 1971, nunca tinham sido detectadas minas na ZA da Companhia.
De assinalar também o volume de fogo usado pelo IN na flagelação ao Aquartelamento no dia 29, e que a mesma tinha sido dirigida por Cubanos, conforme conversas captadas pelos nossos rádios e posteriores declarações de um prisioneiro.

Numa outra acção realizada àquela estrada, e embora devidamente avisados para não saírem da picada, um soldado, nas minhas costas, saiu para se instalar à sombra e infelizmente calcou uma mina, ficando gravemente ferido, vindo a falecer já em Bissau, o que afectou o moral do pessoal. No dia seguinte, de imediato foi realizada outra acção ao mesmo local, tendo sido encontradas e levantadas então 5 Minas A/P PMD-6, 3 Minas Plásticas, 2 Armadilhas A/P e 1 Mina A/C TMD.

De salientar que só com uma picagem muito criteriosa, conseguimos descobrir a primeira Mina Plástica. Passava pois despercebida, com uma picagem normal. Pelo seu interesse militar, foi tentada a desmontagem de uma dessas minas, o que se conseguiu. O estudo foi feito com esquema, e difundido de imediato por todo o TO da Guiné. Salienta-se que estas minas A/P Plásticas (cor verde) foram as primeiras a serem detectadas e levantadas no TO da Guiné. Destruíram-se também 3 Minas A/C TMD que se encontravam armadilhadas.

Estas acções e principalmente a acção sobre o “Corredor de Guileje” na Zona de Intervenção do Comando Chefe (ZICC) visando a implantação de Minas A/C e A/P, fizeram subir consideravelmente o moral do nosso pessoal.

Como se tratava de uma zona onde só costumavam actuar as tropas especiais, e onde todas as noites e dias andava a nossa aviação a bombardear, era uma zona totalmente desconhecida das NT. No entanto, como queríamos demonstrar ao IN que quem mandava na nossa Z.A. éramos nós, solicitámos a devida autorização e,  embora admirados, a Rep-Oper em Bissau autorizou-nos.

E com o auxílio de uma bússula conseguimos por fim atingir o objectivo. Na picada, viam-se sinais de rodados recentes, prova da utilização no “Corredor de Guileje” de viaturas. Quando o pessoal se encontrava a montar as Minas, apareceu vindo da Rep da Guiné um Grupo de cerca de 20 elementos camuflados e armados. As nossas tropas abriram fogo, pondo o IN em fuga depois de trocar alguns tiros. O IN abandonou no local várias peças de vestuário, comida, utensílios vários e correspondência, alguma dela do Chefe da Base de Kandiafara e de elementos Cubanos.

Continuaram neste período a realizar-se beneficiações nas instalações dos Oficiais, Sargentos e Praças, além de se comprarem gira-discos, violas e vários jogos para entretenimento do pessoal. Lutou-se porém, com grande dificuldade no que respeita a alimentação e transportes, como consequência do isolamento.

(Continua)

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Nota do editor:


Último poste da série > 19 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10278: CCAÇ 3325, Cobras de Guileje (1971/73): Parte III: Atividade operacional, de 31 de janeiro a 29 de abril de 1971 (Orlando Silva)

sábado, 1 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10314: Convívios (467): Almoço convívio do pessoal que esteve no HM241 entre os anos 1967 e 1972, Setúbal - 5 de Outubro de 2012 (Manuel Freitas)



1. O nosso Camarada Manuel Freitas, que foi 1º Cabo Escriturário no HM 241 - Bissau - 1968/70, solicita-nos a divulgação do próximo convívio do Almoço/Convívio do pessoal que esteve no HM241 entre os anos 1967 e 1972 


Almoço convívio do pessoal que esteve no HM241 entre os anos 1967 e 1972

5 de Outubro de 2012 - Setúbal 

Caro amigo Luís Graça, 

Pedia-te o favor de anunciares no nosso blogue o almoço/convívio que organizo há 11 anos. 

Este ano vai decorrer em Setúbal, no dia 5 de Outubro de 2012. 

A concentração vai efectuar-se junto ao Estádio do Bonfim, a partir das 10h30 e o almoço será em Palmela no restaurante Dª Isilda. 

 Este convívio destina-se aos ex-militares que estiveram no HM241 entre os anos 1967 e 1972. 


Contactos: 
manuel.freitas@equicontas.com 
ou 964498832 - telemóvel. 

Agradeço-te e envio-te um grande abraço, 

Manuel Freitas 
1º Cabo Escriturário do HM 241 
____________ 
Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 



Guiné 63/74 - P10313 Efemérides (108): No dia em que o primeiro homem pisou a lua... Neil Armstrong (1930-2012), um herói do nosso tempo, visto de Samba Cumbera, tabanca fula a sudoeste de Galomaro, longe do Vietname, a 400 mil km de distância do nosso satélite (Rui Felício / Luís Graça)



Neil Armstrong (1930-2012), antigo combatente da guerra da Coreia, astronauta da NASA, o primeiro homem a pisar a lua... Foto da NASA, tirada a 1 de julho de 1969. (Fonte: Wikipédia).


1. Ontem foi um dia especial, 6ª sexta-feira, 31 de agosto de 2012... Dia de lua cheia, a "lua azul" (nome da lua quando ocorre duas luas cheias no mesmo mês: tinha ocorrido uma primeira lua cheia a 2 de agosto e a agora ocorreu a segunda: é um fenónemo com alguma raridade, acontece em cada  dois anos e picos...  A lua azul anterior ocorreu em dezembro de 2009, e a próxima será em julho de 2015).

Por estranha coincidência ou não, o primeiro homem que pisou a lua, Neil Armstrong, foi ontem a enterrar, numa cerimónia privada. Tinha morrido dias antes, a 25 de agosto de 2012. Com 82 anos. Na Grécia antiga, seria um herói, um semideus. Para os norte-americanos, e para todos os habitantes do planeta, o dia 20 de julho de 1969 foi uma datas mais memoráveis do séc. XX, e o comandante da missão Apolo 11 tornou-se um "ícone global", A família definiu-o como um "herói americano relutante"...Milhões de pessoas viram-no, pela televisão, em direto, descer na superfície lunar. Ele e Edwin Aldrin foram os primeiros humanos a descer no satélite da terra e explorar, durante 2 horas e meia, a sua superfície.

Nascido em 1930, Neil Armstrong começou por servir o seu país, na marinha de guerra, foi piloto e combateu na guerra da Coreia. Entrou para a NASA em 1962 e em 1965 comandou a missão Gemini VIII, indo pela primeira vez para o espaço.

Em 20 de julho o nosso camarada Rui Felício estava com o seu grupo de combate reforçando o sistema de autodefesa de uma tabanca, Samba Cumbera,  a sudoeste de Galomaro. Ele era um dos "baixinhos de Dulombi", alf mil da CCAÇ 2405, adido ao BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). Eu. por minha vez,  tinha chegado Bambadinca, sede do setor L1, em 18 de julho, vindo de Contuboel. A minha companhia, CCAÇ 2590 (mais tarde, CCAÇ 12), passava a estar às ordens do comando daquele batalhão.

Em 20 de julho de 1969, domingo, não soube lamentavelmente desse grande acontecimento, de imediato reconhecido como um marco na história da humanidade. Ou se soube, não me lembro. Alguns dias depois, a 24 de julho, 3 grupos de combate da minha companhia tiveram o seu batismo de fogo, em farda nº 3, ainda nem sequer tinham chegado os camuflados para os nossos  soldados africanos. Em Madina Xaquili, a sudeste de Galomaro... na Guiné, longe do Vietname, a menos de 400 mil km da lua... 

Sobre esta efeméride o Rui Felício, um, homem sábio, escreveu um poste de antologia, na I Série do nosso blogue (nº 640, de 19 de março 2006).  Muitos leitores não o conhecem, nem ao poste nem ao autor. É da mais elementar justiça reeditá-lo. É ao mesmo tempo quádrupla homenagem, (i) ao Rui Felício, português, ecuménico, tolerante, sábio;  (ii) ao seu companheiro daquela noite, o Samba, chefe da tabanca de Samba Cumbera, um outro homem sábio, fula, guineense, muçulmano;   (iii)  ao primeiro homem que pisou a lua e que acaba de nos deixar, um herói do nosso tempo; e  ainda, e porque não, (iv) à lua, ora azul, ora vermelha, ora prateada, o satélite do nosso planeta que nos fascina, emociona, inspira, intriga, interpela, provoca, desafia...e a quem os cães ladram...LG


A lua, nosso satélite... Foto da NASA


Aldrin, da missão Apolo 11, na superfície lunar, em 20 de julho de 1969. Foto da NASA.



31 de agosto de 2012 > A minha "lua azul", tirada de Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, Portugal... (Foto de Luís Graça)




2. O dia em que o homem foi à lua
por Rui Felício


Era domingo… Durante todo o dia a rádio ia noticiando a chegada do homem à Lua… A célebre frase do astronauta [, Neil Armstrong] afirmando que o passo que acabara de dar em solo lunar era um passo de gigante para a humanidade, era escutada repetidamente nos pequenos transistores que nos mantinham ligados ao mundo.

Claro que não havia televisão na Guiné e, mesmo que houvesse, jamais seria vista em Samba Cumbera, pequena tabanca onde a luz nos era fornecida através de garrafas de cerveja cheias de petróleo, nas quais se embebiam torcidas de desperdício que, depois de acesas, nos enchiam os pulmões de fuligem e fumo.

Mas nos confins da mata, longe de toda a civilização, a importante notícia precisava de ser partilhada e divulgada... Os soldados se encarregariam de o fazer à sua maneira, junto das bajudas. Por mim, preferia meditar sobre o assunto, silenciosamente... Afinal os nossos avós jamais imaginariam que alguma vez o homem pudesse chegar à Lua, apesar de Júlio Verne, o visionário do século anterior, já o ter previsto…

E, longe das mais modernas evoluções da ciência e da tecnologia, os naturais da Guiné que nasciam e morriam na sua aldeia da selva sem nunca sairem do pequeno perímetro onde viviam, muito menos sonhariam com essa utópica possibilidade de o homem chegar à Lua.

Como muitas vezes fazia, depois de jantar, sentei-me numa cadeira de fula, onde descansava semi deitado, olhando o céu, nessa noite muito limpo e estrelado…Bem alto, a luz branca da lua, em quarto crescente, derramava-se pela orla da floresta e pelos cones de capim dos telhados das tabancas, desenhando sombras fantasmagóricas pelo terreno limpo do centro da aldeia.

E mantive-me assim deitado, o olhar fixo na lua, tentando perscrutar o mais pequeno sinal da presença do homem que eu sabia estar ali vagueando, em qualquer lugar do Mar das Tempestades…

Não sei quanto tempo assim me mantive, absorto, atento e quieto… Despertei e voltei à realidade com a voz do meu simpático amigo Samba, Chefe da Tabanca de Samba Cumbera, que me perguntava se podia sentar-se a meu lado, para o qual arrastara uma cadeira semelhante à minha…

Era um homem de grande cultura árabe, que conhecia muito da história do islamismo, que sabia com um estranho rigor a exacta direcção de Meca, que lia e escrevia árabe, que conhecia em pormenor toda a história dos Fulas e da razão de ser da sua permanência na terra da Guiné… Para onde, dizia, foram empurrados em sucessivas lutas tribais com os seus rivais Mandingas…

As nossas conversas eram normalmente muito agradáveis e, posso dizer, sempre aprendi mais com ele do que ele comigo…Temos a tendência e o preconceito de avaliar os outros pelos nossos parâmetros e pela nossa cultura, catalogando-os de bárbaros e analfabetos só porque não têm o conhecimento e a instrução, medidos pelos nossos padrões.

Aprendi que no meio daquela gente existiam homens com conhecimento mais vasto e aprofundado que muitos dos nossos soldados… O Samba era um deles…Perguntou-me porque estava tão pensativo e quieto… Respondi-lhe que aquela noite era muito especial para o mundo, porque estava se passando algo que nunca antes tinha acontecido…

Franziu o rosto, comentando que, pelo meu ar, não devia ser coisa boa… Sorri, dizendo-lhe que era exactamente o contrário…E, embora sabendo de antemão a resposta, perguntei-lhe apenas como forma de iniciar a revelação do que estava acontecendo:
- Sabes que neste preciso momento um homem como nós caminha na lua que está ali em cima diante dos nossos olhos?

A reacção foi inesperada e contrária a tudo o que eu teria imaginado:
- Alfero! Não é um homem como nós, não! É o profeta Maomé que, juntamente com Alá, dali nos vigia a todos, para nos proteger, nos ensinar o caminho justo e para nos castigar quando dele nos desviamos…

E prosseguiu:
- Como é possível que homem grande e instruído como o Alfero, só hoje soubesse isso? Não entendo mesmo!...

Pensei durante uns segundos se devia argumentar, puxar dos meus galões de homem civilizado, e demonstrar-lhe a minha superioridade, provando-lhe que não era nada daquilo que ele dizia. Desisti de o fazer…

Afinal, ambos nos estávamos alimentando de sonhos… e, cada um à sua maneira, sentíamo-nos felizes pela beleza insubstituível de um luar africano em noite calma e limpída…Independentemente de quem lá estava caminhando naquele momento…

Rui Felício,
Ex-Alf Mil Inf,
3º Gr Comb
CCAÇ 2405
(Dulombi, 1968/70)

P.S. - Passados dias, com a chegada de um jornal de Lisboa, mostrei-lhe as fotografias do astronauta pisando a Lua. E, então expliquei-lhe o que realmente se tinha passado naquela noite… Pelo seu ar meio trocista, ainda hoje não sei se o convenci… Mas como ele também não me convenceu que por lá andavam Alá e o Maomé, ficamos quites, cada um na sua... em paz!

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Notas do editor:


Último poste da série > 10 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10246: Efemérides (107): Dia 10 de Agosto de 1972 - Naufrágio no Rio Geba de um sintex com pessoal da CART 3494 (Jorge Araújo)

Guiné 63/74 - P10312: Parabéns a você (467): Manuel Joaquim, ex-Fur Mil da CCAÇ 1419 (Guiné, 1965/67)

Para aceder aos postes do nosso camarada Manuel Joaquim, clicar aqui
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 28 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10304: Parabéns a você (463): António Barbosa, ex-Fur Mil Cav, Pel Rec Panhard 1106 (Guiné, 1966/68) e José Corceiro, ex-1º cabo trms. CCAÇ 5 (Guiné, 1969/71)

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10311: (Ex)citações (193): Telefono regulamente ao Armor Pires Mota e a outros camaradas do BCAV 490 (1963/65)... mas somos cada vez menos (Jaime Segura)

1. Mensagem do Jaime Segura, nosso leitor (e camarada da CCAV 488/BCAV 490, 1963/65), com data de 27 do corrente, a propósito do poste P10302:

Viva, boa tarde.

O Armor Mota continua a ser um velho amigo, que vive na Oiã, e com quem eu troco mails e telefonemas assíduos, e vemo-nos de vez em quando. Também convivo regularmente com o ex-alferes Fernando Correia, da minha companhia, e que vive em V.N.Gaia.

Convivo telefonicamente e por mail, com diversos elementos do BCAV 490, a maioria do Alentejo. Também falo por telefone regularmente com o ex-alferes Rui Ferreira, que vive no Algarve. Enfim, não há mês nenhum que eu não telefone para uma série de ex-combatentes do BCAV 490. Se calhar a idade avança e... a saudade aumenta! E cada vez somos menos!...

Também convivo regularmente com ex~furriel Manuel Coelho, que embora não pertencendo ao BCAV, esteve na Guiné na mesma altura que eu, e pertencia ao Batalhão do ten-cor. Hélio Felgas.

Vou digitalizar as fotos pedidas e enviá-las, muito em breve.

Entretanto, aqui fica um abraço,

Jaime Segura

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Nota do editor:

Último poste da série > 13 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10259: (Ex)citações (192): Ainda as afirmações do senhor René Pélissier àcerca do nosso blogue (António Melo)

Guiné 63/74 - P10310: Memória dos lugares (191): O quartel de Guileje, visto dos céus, ao tempo da CCAÇ 2617, "Magriços de Guileje" (Março de 1970 / fevereiro de 1971) (José Crisóstomo Lucas)



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 2617, Magriços do Guileje, Março de 1970 / Fevereiro de 1971  > Vistas aéreas do quartel e da tabanca.

Fotos © José Crisóstomo Lucas (2012).Todos os direitos reservados 


1. Mensagem, com data de 30 de agosto, envaiada pelo nosso camarada José Crisóstomo Lucas,
que foi Alf Mil na CCAÇ 2617 (Magriços de Guileje) que esteve em PiradaPauncaGuileje:


Vi em algures no blogue alguns sketches / rascunhos do quartel de Guileje. Para quê ter esquemas se pudermos  ter algumas imagens aéreas ?

Aproveito ainda para enviar o orgulhoso galo de Barcelos ou como ouso dizer " Galo dos Magriços de Guileje "

Ao dispor

J.C.Lucas,
ex alferes miliciano ranger
 CCac 2617

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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10199: Memória dos lugares (190): Quinhamel e a sua piscina (Manuel Carvalho)

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10309: Décima terceira (e última) carta: O pior estava para vir: parte II: A morte do meu neto Tomás (J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil, CCAÇ 728, Bissau, Cachil e Catió, 1964/66)

A. Fim da publicação da série Cartas do meu avô, da autoria de J.L. Mendes Gomes, membro do nosso blogue, jurista, reformado da Caixa Geral de Depósitos, ex-Alf Mil da CCAÇ 728, que esteve na região de Tombali (Cachil e Catió) e em Bissau, nos anos de 1964/66.

As cartas, num total de 13, foram escritas em Berlim, onde vivem três dos seus netos, entre 5 de março e 5 de abril de 2012. (*)  


B. Décima terceira carta > O pior estava para vir > Parte II > Meu Neto Tomás

No dia 25 de Novembro de 2011, esmagado em dor, escrevi no meu diário:

Já sabia o que era perder os pais e a única irmã. O que era perder avós e os tios todos. O que eu não sabia nem nunca imaginara era a dor tamanha de perder, dum dia para o outro, um netinho de dois anos e quatro meses! Fulminado por um tumor benigno sobre o cérebro!…Não deve haver dor maior…

Mafra, 2 de Dezembro de 2011:

Meu coração sangra de dor pelo meu Tomás….Apenas dois anos e quatro meses…Um volumoso tumor esmagou-lhe o cérebro, fatalmente, dum dia para o outro. Meus ouvidos rebentam de saudade das ricas gargalhadas sempre acesas do Tomás e do constante desafio para a brincadeira. Começou a falar, apenas há pouco mais de um ano. Com uma precisão, clareza e oportunidade espantosas. Nasceu para falar português, dizia eu.

Uns olhinhos pintados dum azul tão celestial…Uma cabeleira cor de mel caia-lhe em brandos caracóis até aos ombros e um sorriso perene e doce lhe iluminava um rosto angélico, de linhas tão suaves…

Sua voz era firme e harmoniosa.

- Avô!?…Avô!?…Avô Luís!?…- exclamava-me ele, vezes sem conta, para a brincadeira. No baloiço…no escorrega…

-Mais!… Mais!…É bom!…É bom!…Mais carne!…Chocolate!…Tomás não gosta de peixe!…

Meus olhos não param de sangrar, dia e noite, tão ácidas, dolorosas, estas lágrimas, não as quero a ninguém…

Foi dele que disse, no dia em que nasceu:

Armei meus braços
Em jeito terno de regaço.
Fitei teu rosto,
De linhas doces,
Tão perfeitas.
Dormias sereno.
Boquinha em arco,
Sob um narizinho
comedido.

Cabeleira farta,

Longas pestanas negras
E finas sobrancelhas.

Último raminho tenro,
Carregadinho de esperança,
Nascido do meu tronco.

Apertei-te ao peito.

Cerrei meus olhos.
Olhei o Céu.

Para a viagem,
Oxalá lhe seja longa...


Agradeci a Sua bênção
E pedi-Lhe a protecção...

Matosinhos, 14 de Julho de 2009
O Avô Luís.


Todo mundo à sua volta ficou atónito…com a perda do Tomás. Sobretudo, seus pais e seus avós, dum e doutro lado. Como entender uma fatalidade destas…as tais que não acontecem só aos outros…!?

Por momentos, chegamos a pensar que poderia ter sido o preço tão elevado, para travar um processo, desconhecido ainda, de divórcio dos seus pais, que estava em marcha, também doloroso e inesperado…

E parece, tudo em vão: mês e meio depois, o divórcio dos pais…deflagrou.

Porquê, meu Deus?... Que seja feita sempre a Sua vontade!...


Berlim, 5 de Abril de 2012, 01h e 04m- 5ª feira

FIM

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 15 de agostod e 2012 > Guiné 63/74 - P10265: Cartas do meu avô (17): Décima terceira: O pior estava para vir: parte I: o cancro da próstata!... (J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil, CCAÇ 728, Bissau, Cachil e Catió, 1964/66)

Guiné 63/74 - P10308: Tabanca Grande (357): Francisco Gomes, 1.º Cabo Escriturário Francisco Gomes da CCS/BCAÇ 2834 (Buba, Aldeia Formosa, Guileje, Cacine, Gadamael 1968/69)

1. Mensagem do nosso novo grã-tabanqueiro Francisco Gomes (*):

De: Francisco Gomes [fragom@outlook.com ]

Data: 29 de Agosto de 2012 17:14

Assunto: 1º. Cabo Esferográfica/G3, presente!

Olá, camaradas!

Por um acaso, dei com o vosso Blogue e já estou em correspondência activa com o camarada Traquina. Também estou, ao fim de tantos anos, a construir um Blogue com algumas recordações (as menos penosas) que passámos na Guiné desde Jan/68 a Nov/69, para deixar às minhas netas como uma recordação. Pertenci à CCS/BCaç 2834 e estive em Buba, Aldeia Formosa, Cacine, Guileje, Gadamael Porto, voltei a Buba de regresso a Bissau à espera do Uíge que já estava ao largo...

Perdi centenas de fotos que tinha desta comissão, inclusive slides... uma desgraça,  pois era fotógrafo da Companhia e no Natal de 68 fiz centenas de postais de Boas Festas com a imagem de cada um de nós (encostados a uma parede branca como cenário de estúdio) para enviarmos às famílias!

Gostaria de pertencer à Tabanca Grande, eu, um jubi que adorava mancarra, Stolichnaya, Martell's, Buchannan's ou White Horse, além da Coca Cola americana que arranjávamos...

Gostava de poder encontrar mais camaradas da CCS/BCaç 2834, de recolher histórias e fotos desse tempo para poder inseri-las no meu Blogue, por isso, se souberem de alguém... chutem por favor! O endereço é: http://inforgom.pt/guine6869/

Um abraço
F. Gomes

PS - Junto envio uma foto actual e uma desses tempos de (in)glória...  


Blogue criado recentemente pelo Francisco Gomes, disponível aqui.

2. Comentário do editor:

Camarada Francisco, foste célere em responder ao nosso convite para ingressares na Tabanca Grande (*). Ficas bem entre tantos camaradas (e amigos) da Guiné.  Como já te disse, aprecio o teu bom humor e valorizo o teu empenho em reencontrar e reunir o pessoal do teu batalhão (que, além da CCS, integrava as CCAÇ 2312, 2313 e 2314). Vamos juntar esforços. Parabéns pela criação do teu blogue, do qual cito os seguintes excertos com a tua autoapresentação para um melhor conhecimento da pessoa que foste e és, por parte dos restantes membros da nossa Tabanca Grande:

(...) "A minha história, como ex-combatente da guerra colonial, arrumei-a na zona cerebral destinada ao esquecimento. Primeiro, porque fui obrigado a ir para uma guerra que não me dizia nada, absolutamente nada; segundo, porque quando fui mobilizado, estava casado e já tinha uma filha com dois anos de idade; terceiro, porque nunca gostei de tropa, fardas, etc..

"Feita a recruta na Serra da Carregueira, em Abril de 1967, segui para o RAL 4, em Leiria para tirar a especialidade de escriturário, profissão que já exercia na vida civil desde 1960. Aí, tive como companheiros de caserna o fadista João Braga e o guitarrista José Pracana. (...) Naquele tempo, as cantorias do João Braga e do Zé Pracana na caserna, davam para ir passando os tempos livres depois das aulas… Nunca mais os vi ou tive qualquer tipo de contacto com eles, finda a especialidade.

(...) "Fui [depois] colocado em Lisboa na Administração Militar, no Lumiar  (...) e logo de seguida, colocado na Secretaria da Escola Militar de Electromecânica em Paço Arcos (parte Exército, parte Força Aérea), onde estive menos de dois meses e onde recebi a ordem de mobilização para o Ultramar. 

"A Unidade mobilizadora foi o R.I. 15 em Tomar para onde fui fazer o I.A.O. em Nov/Dez/67 e a 10 de Janeiro de 1968 embarquei no Uíge rumo à Guiné-Bissau tendo chegado cinco dias depois. A minha Companhia ficou 5 dias em Bissau para receber a logística, armamento e ordens de operacionalidade e seguimos por LDG até Buba onde, meia hora depois, ainda estávamos a arrumar a tralha e a instalar-nos, sofremos o primeiro ataque (banho de fogo aos piriquitos) com roquetes, canhão sem recuo e morteiro 120. A primeira reacção foi mergulho para as valas escavadas ao longo do perímetro e depois agarrar na G3 e distribuir-nos pela área do arame farpado e pelos 4 abrigos, um em cada canto do aquartelamento que era uma espécie de quadrado rodeado de arame farpado e projectores de 150W alimentados por um gerador.

(...) [O] brasão do BCaç 2834 (...) foi da autoria do então Tenente Esteves, Chefe da Secretaria da CCS do Batalhão, mas foi integralmente acabado e pintado por mim, primeiro em papel vegetal e depois em papel normal para enviar à empresa que fabricava esse tipo de galhardetes. Um trabalho de dias e dias seguidos" (...).

Camarada Francisco Gomes, sê bem vindo. Uma vez lidos e aceites por ti os "nossos 10 mandamentos"   (constantes da coluna do lado esquerdo do nosso blogue), passas a ser o grã-tabanqueiro nº 574 (**). 

Um Alfa Bravo para ti. 
Luís Graça, editor, em férias.

(**) Último poste da série > 23 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10293: Tabanca Grande (356): Adelino Barrusso Capinha, ex-1.º Cabo Operador Cripto da CCS/BART 1904 (Bissau e Bambadinca, 1967/68)

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10307: Estórias cabralianas (73): O Conde de Bobadela (Jorge Cabral)

1. Mensagem do nosso alfero Cabral, através do seu representante na terra, o nosso camarigo Jorge Cabral:

Amigos!

Após achaques vários e um grande susto. o Alfero estoriador está de volta.

Abraços.

J. Cabral

PS - Não liguem ao Que Fazer!


2. Estórias cabralianas > O conde de Bobadela

Estou no Tribunal de Mafra à espera de um Julgamento, quando uma mulher me  interpela:
-É o Senhor Conde, não é?

Hesito, mas para evitar mais conversa, respondo:
 -Sou sim. Como vai a senhora?
 -Ai, que já não se lembra da Aurora! Eu trabalhava em casa do Senhor D.Ilídio. O Senhor Conde ia lá muito, quando estava na tropa.
 -Pois ia. Claro que já morreram, o senhor D.Ilídio e a esposa, a Dona  Florípedes. E a menina Francisca ainda lá habita?
 -Oh não.A casa ficou ao abandono.A Menina vive no estrangeiro.

Chamam-me para a Sala de Audiências. Despeço-me.
  
No regresso a Lisboa, qual arqueólogo, colo os cacos da memória.Foi  há quarenta e quatro anos, no início de Junho, que o meu  velho vizinho Alvarenga, coronel reformado, me procurou. Sabendo que eu ia para Mafra, pediu-me que levasse uma encomenda ao seu amigo, Coronel Ilídio Montez, que morava na Achada, perto da Ericeira.
-Nem precisas de ir à casa. Vais ao CMEFD., mesmo ao lado do Convento. Ele passa lá os dias a montar a cavalo.

E assim,poucos dias depois de apresentado na EPI., fui procurar o Coronel. Logo no portão recebi uma reprimenda do 1º  Cabo de serviço:
- Dobre a língua, nosso Cadete! O  Coronel Montez é Dom! Dom Ilídio, está bem !?

Conduziu-me ao picadeiro e conheci D. Ilídio. Um velho pequenino, sem dúvida já octogenário, de bigode branco, pose altiva, mas simpático. Abriu à minha frente a encomenda e rejubilou: umas bonitas esporas prateadas.
 -Hoje vais jantar a minha casa - ordenou.  - A minha mulher deve estar a chegar.

Pouco tempo depois, eis-me metido no carro conduzido por Dona Florípedes, a mulher.Uma senhora muito branca, talvez triste, com ar de tédio e algo de snobe.Jantei nessa noite e em muitas outras.

Bebia os conhaques do Coronel. Declamava para a Dona Florípedes. Comentava o Maio francês com a filha Francisca, mas à noite no quartel, era com a empregada Aurora, que sonhava.

Dona Florípedes sentia-se exilada em terra de saloios.Trocar o Estoril pela Achada. E tudo por culpa dos cavalos…E logo ela.  neta do Marquês de  Pintéus, sobrinha do Barão da Marateca. Para não destoar, confessei-lhe que também eu era Conde. Mas não usava o título, nem aliás o nome completo - D. Almeida Cabral y Athouguia De Vasconcelos, Conde da Bobadela.

Às vezes discutia-se o meu futuro militar. D. Ilídio tinha esperança que eu fosse parar a Santarém, à Cavalaria. Possuia perfil e estatura de grande combatente dizia, contra a opinião de Dona Florípedes:
-Um rapaz tão sensível. Até faz versos..-
- E daí? - retorquia o Coronel- - Camões também andou na Guerra!

D. Ilídio tinha uma teoria, segundo a qual os mais valentes são  sempre  os Homens mais pequenos:_
- Olha o Napoleão, para não falar no nosso Marechal Carmona!

Ele nunca fora  a África, mas falava das savanas de Angola, com tal propriedade, que era fácil imaginá-lo à frente do Esquadrão a galope, perseguindo o inimigo.

Conhaque e cavalos.Cavalos e conhaque constituíam os interesses do Coronel. Nos conhaques ainda o ia acompanhando:
- Prova-me este Courvoisier!  Que achas do Remy Martin?  Gostas do Henri IV ? 

Mas nos cavalos….Bem, convidou-me muitas vezes a ficar em Mafra, um fim de semana, para montar e escusei-me sempre. A apendicite da mana….. A úlcera do Avô…A apoplexia do tio Gilberto…O certo é que nunca cheguei a demonstrar os meus dotes equestres.

Acabou a recruta. Deixei Mafra e rumei a Vendas Novas. Estou, ainda nem passaram quinze dias, sou chamado ao Comandante da Bateria.
 -Qual é o seu nome completo,n osso Cadete?
- Jorge Pedro de  Almeida Cabral, meu Capitão.
 -Então esta carta é ou não é para si? - E entrega-ma.

Está endereçada a Jorge D. Almeida Cabral y Athouguia de Vasconcelos, Conde da
Bobadela.
 -Alguma brincadeira, meu Capitão.
 - Brincadeiras estúpidas, nosso Cadete!

 A carta era de Dona Florípedes. Trazia um poema, com muitas açucenas, tardes amenas e até metia o pão de ló da avó.. Bem, rimar, rimava... Não respondi.

Embora tivesse ficado como Aspirante em Vendas Novas, nunca o Capitão, depois Major, me voltou a tocar no assunto. Escrevi-lhe da Guiné. E assinei:  Jorge Alfa  Mamadú Cabral de Embalo Balde, Conde de Missirá e Barão da Bolanha de Finete.

Jorge Cabral

3. Comentário do editor: Falei ontem ao telefone com o Jorge, de quem não tinha notícias há uns bons tempos. Andou por aí um mês e tal na "mão dos médicos", a "checar" a anatomia e a fisiologia. Felizmente, está bem. E "manda estória", sinal de que está vivo da costa, como a sardinha, e vai-nos continuando a fazer sorrir "com meia cara"... Gostei do seu "post scriptum": Não liguem ao Que Fazer!... Eu descodifico: Vivam a vida, rapazes!
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Nota do editor:

Último poste da série > 9 de maio de 2012 >  Guiné 63/74 - P9873: Estórias cabralianas (72): Ressonar... à fula (Jorge Cabral)

(...) Além de ressonar, sempre falei a dormir. Um dia em Missirá propus-me descobrir, de que falava, o que dizia.  Ora, havia lá um velho gravador de fita, máquina pertencente a não sei quem, enfim nossa, pois viviamos numa espécie de “economia comum”. Resolvi pois gravar uma das minhas noites.  (...)

Guiné 63/74 - P10306: In Memoriam (125): Cor inf cmd ref Jaime Abreu Cardoso (1936-2012)

1. Mensagem,  de 19 do corrente, do nosso leitor (e camarada, pára,  Guiné, 1969) Salvador Nogueira:

Morreu [ontem]  o Cor [inf cmd  ref] Abreu Cardoso, num estúpido acidente, quando voava um histórico Paulistinha do Aero Clube de Braga.
O Cardoso [, de 75 anos,] era um entusiasta da aviação e tinha uma vasta experiência de actividade de voo, em DO27, em autogiros (uma inexistência para os iluminados do INAC) e em ultraleves. Também saltava em páraquedas.
Que me lembre, impulsionou a formação de tropas 'Comando' na Guiné, comandou a 7ª CComandos, em Moçambique e, acrescente-se que não é demais 

"Alvará OFICIAL DA TORRE E ESPADA  TEN-COR CMD JAIME ABREU CARDOSO  [1969]

"Considerando que o Tenente de Infantaria, graduado em capitão, Jaime Rodolfo de Abreu Cardoso, após oito anos de campanha contra a subversão no Ultramar, pela coragem constante em presença do inimigo, pelas suas virtudes militares, alto espírito de sacrifício, decisão, alheamento consciente do perigo, prestígio pessoal sobre as tropas comandadas ou entre os seus camaradas e superiores, impôs-se como um alto valor moral da Nação; 

"Considerando que em acções militares heróicas em Angola e feitos praticados em combate em Moçambique – que lhe deram jus a uma Medalha de Prata de Valor Militar e proposta para a Cruz de Guerra de 1ª Classe – revelou personalidade, em cujo carácter estão bem vincados o valor, a lealdade e o mérito; Américo Deus Rodrigues Thomáz, Presidente da República e Grão-Mestre das Ordens Honoríficas Portuguesas, faz saber que, nos termos do Decreto - Lei n.º 44 721 de 24 de Novembro de 1962, confere ao Tenente de Infantaria, graduado em Capitão, Jaime Rodolfo de Abreu Cardoso, sob proposta do Presidente do Conselho, o Grau de Oficial da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito".

 
2. Comentário do editor:

Obrigado, Salvador, por nos teres feito chegar a triste notícia da morte de mais um camarada nosso. Pelo que pude entretanto apurar, o cor inf  cmd ref Jaime Abreu Cardoso, natural de Vieira do Minho, pai de 3 filhos, era "um dos 20 em Portugal inteiro distinguidos com o Grau Oficial da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito", segundo notícia do Correio do Minho ("Comandos despediram-se do seu Herói Nacional", 22/8/2012).  Sobre o seu currículo militar, ver também notícia publicada no Portal Ultramar Terraweb. Temos, seguramente, entre nós, camaradas que o conheceram e que com ele conviveram  na altura da formação dos comandos da Guiné (Brá, 1964).  As nossas condolências à família e aos camaradas comandos.
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Nota do editor:

Último poste da série > 14 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10263: In Memoriam (124): Dia 24 de Agosto de 2012, em Valbom - Pinhel, homenagem póstuma a José António Mata da CART 6250, falecido em Bolama no dia 10 de Julho de 1972 (José Manuel Lopes)