1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Junho de 2013:
Queridos amigos,
As tentativas de sublevação ocorridas em 1931 tiveram a especificidade de procurar o levantamento dos republicanos nas Ilhas Adjacentes e colónias. Foram revoltas efémeras, prontamente sufocadas. Mas na Guiné os revoltosos depuseram o governador e de Abril para Maio de 1931 intitularam-se membros da “Revolução Triunfante”, como se depreende da leitura deste artigo houve apoios de militares e civis e a classe dirigente local também fez a sua profissão de fé republicana.
Finda a revolta, comerciantes e funcionalismo declaram estar do lado da Ditadura e procuraram demonstrar ter sido coagidos pelos republicanos.
Histórias que já ouvimos mil vezes. Nada ficou como dantes após as revoltas na Madeira, Açores e Guiné, em 1931. As nomeações passam a ser de pura confiança política e a polícia do regime ficou mais desperta, infiltrou-se nas próprias Forças Armadas.
Em 1933, desaparecia formalmente a Ditadura, entrava-se em período constitucional sob a égide da União Nacional. Salazar tornava-se incontestável. E admirado, com o “milagre financeiro” e a forma como irá gerir os interesses do regime face à Guerra Civil de Espanha.
Um abraço do
Mário
A “Revolução Triunfante”, Guiné, 1931
Beja Santos
Nem tudo foi pacífico, como é sabido, com a implantação da Ditadura Nacional, a seguir ao 28 de Maio de 1926. A Ditadura impôs-se com um conjunto de proibições que, progressivamente, jugularam a movimentação popular. Seja como for, ao nível das Forças Armadas e da oposição política eclodiram várias revoltas, todas elas abafadas. Uma delas, teve como palcos a Madeira, os Açores e a Guiné, com bons resultados imediatos, ainda que efémeros, noutras regiões, como S. Tomé e Moçambique, foram abafadas no embrião. A sublevação veio na sequência da Revolta da Farinha, numa conjuntura extremamente negativa ditada pelas sequelas da crise iniciada em 1929.
Mário Matos e Lemos, na altura adido cultural na embaixada de Portugal na Guiné-Bissau, deu à estampa no número especial “Do Estado Novo ao 25 de Abril”, da Revista de História das Ideias, publicação anual do Instituto de História da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (Vol. 17 – 1995), o artigo "A Revolução Triunfante”, Guiné – 1931. Questão em análise: o que se passou na Guiné, nessas três semanas revoltosas de 1931?
Quando na colónia foi conhecida a notícia da sublevação na Madeira, o governador Leite de Magalhães, ordenou a prisão de três elementos que, em seu entender, deveriam apresentar maior grau de risco: o capitão e advogado Dr. Marcial Pimentel Ermitão e os Srs Amílcar Dias e José Mota.
Acontece que os republicanos de Bissau e Bolama, alguns deles deportados por motivos políticos e eventualmente já contatados pelos revoltosos da Madeira, reuniram-se imediatamente e tomaram a decisão de se revoltarem. O capitão e engenheiro Júlio Lapa deslocou-se em 9 de Abril a Bissau a fim de conferenciar com o governador Leite de Magalhães, dando conta das razões e intenções dos sublevados. O capitão Lapa teria mesmo pedido ao governador que, uma vez que o seu mandato praticamente terminara, entregasse o cargo, assim se evitaria a sublevação armada.
Leite Magalhães pediu uma moratória de 24 horas, a fim de telegrafar para Lisboa a solicitar indicação da pessoa a quem deveria entregar o governo. Não veio resposta e ele então pediu aos revoltosos que desencadeassem a ação para o dia 20, com o propósito de embarcar imediatamente para Lisboa. Sucede que Leite de Magalhães foi reconduzido; a revolução estalou na madrugada do dia 17. Civis que tinham chegado de Bissau, acompanhados pelo capitão Lapa e Almeida Júnior dirigiram-se para um local previamente combinado, aqui se fez a junção de civis e militares. Entraram na residência do Governo e comunicaram a Leite de Magalhães que a revolução triunfara. Recusada a intimação, os revoltosos declararam o governador destituído. Os oficiais que não aderiram foram conduzidos sob prisão para o Armazém da Alfândega. Isto em Bolama. Em Bissau, o propósito era tomar a fortaleza de S. José, o comandante do Corpo de Polícia foi convidado a aderir ou a entregar-se, preferiu entregar-se. Os capitães Marcial Pimental Ermitão e José Joaquim de Oliveira Pegado e o tenente Oliveira Lima tomaram conta da fortaleza. Escrevia-se em O Comércio da Guiné de 18 de Abril: “os populares que em grande número se agrupavam no largo fronteiro irromperam em vivas vibrantes à Pátria e à República Constitucional enquanto a força apresentava armas”.
O Comité Revolucionário de Bissau mandou afixar em lugares públicos uma proclamação dirigida “ao povo da Guiné”, dando conta que ia ser constituída uma junta governativa de que fariam parte as individualidades mais prestigiosos da colónia. Enviaram-se telegramas a Carmona e aos outros governadores coloniais bem como aos governos militares da Madeira e dos Açores. Informaram-se dos cônsules da França e da Bélgica em Bissau de que se ia manter a ordem e o tráfego marítimo decorreria sem alterações. Constituiu-se a Junta Governativa, da qual se escolheu um Comité Executivo. Surgem medidas legislativas respeitantes à nova ordem política e o Boletim Oficial irá publicar o termo de posse do Dr. Monteiro Filipe, tenente-coronel médico, a mais destacada personalidade do Comité Executivo, teriam assistido ao evento funcionários portugueses, membros da pequena burguesia local, o ato fora firmado por ascendentes de várias famílias ainda hoje importantes ou conhecidas da Guiné, caso dos Cabral d’Almada, os Davyes, os Évora, os Pinto Bull bem como o funcionário e escritor Fausto Duarte. Abriu-se um crédito extraordinário de 100 mil escudos para custear as despesas do Movimento Revolucionário. Foram demitidos funcionários, mandou-se prender o gerente do Banco Nacional Ultramarino, o governador e outros oficiais que não tinham aderido iriam ser mandados para a Madeira. Leite Magalhães foi reencaminhado para Lisboa, recebido por Armindo Monteiro, ministro das Colónias, este informou-o que iria reembarcar para a Guiné, na Madeira e nos Açores os revoltosos já tinham deposto armas.
Entretanto, o Governo em Lisboa tomou disposições para dominar a revolta na Guiné: foi nomeado um novo encarregado do Governo, major Soares Zilhão, encetaram-se conversações com o representante dos revoltosos, Dr. Santos Monteiro, para que os rebeldes abandonassem a colónia com liberdade assegurada. Os revoltosos, na sua maioria, não aceitaram esta proposta e escreveu-se mesmo: “nós, os oficiais que retiramos, somos acima de tudo portugueses e ser-nos-ia muito penoso que, após a nossa saída e por virtude dela, se praticassem atos que poderão pôr em risco a nossa integridade e a soberania em África”. E escrevem ao major Soares Zilhão assumindo completa e plena responsabilidade dos seus atos, apelando a que não fossem responsabilizados nem alvo de qualquer sanção vários militares e civis. Como escreve Matos e Lemos, avultou o caráter do Dr. Santos Monteiro que, nada tendo a ver com a preparação, nem a eclosão do movimento, mas como republicano que era, aceitou a hora da desgraça. Os revoltosos começaram a abandonar a Guiné a partir de 1 de Maio, a 6 já estava nomeado como encarregado do Governo José Alves Ferreira, a 8 o major Soares Zilhão tomava posse do seu cargo. Era o fim da revolta, foram anulados todos os diplomas dos revoltosos. Muitos deles não tiveram problemas, caso de Fausto Duarte ou de Caetano Filomeno de Sá. Houve tratamentos de benevolência, outros foram encarcerados, outros partiram para o exílio e outros foram deportados. Monteiro Filipe, Santos Monteiro e Gabriel Teixeira foram demitidos das funções públicas.
Em finais de 1932, foi publicado o Decreto nº 21.943 que concedia uma amnistia a muitos dos implicados em crimes políticos, mas que não se aplicava “àqueles que vão indicados na lista anexa a este Decreto e que dele fica fazendo parte integrante”. Essa lista continha 50 nomes de homens aos quais o regime não perdoava. Entre eles, quatro dos revoltosos da Guiné: comandante Gonçalo Monteiro Filipe, comandante de engenharia Júlio Carlos Faria Lapa, capitão Dr. Marcial Pimentel Ermitão e Dr. João dos Santos Monteiro.
O autor reproduz o rosto dos suplementos do Boletim Oficial da Colónia da Guiné com os principais atos da Junta Governativa.
____________
Nota do editor
Último poste da série de 8 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12128: Notas de leitura (524): (Mário Beja Santos): Reportagem do enviado especial do Diário de Lisboa, Avelino Rodrigues, CTIG, agosto de 1972
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
domingo, 13 de outubro de 2013
Guiné 63/74 - P12147: Agenda cultural (286): Tertúlias Fim do Império, a levar a efeito na Messe dos Oficiais - Porto; Palácio da Independência - Lisboa e Livraria-Galeria Municipal Verney/Colecção Neves e Sousa - Oeiras
Publicação de Convites/Programas das tertúlias Fim do Império, enviados ao nosso Blogue pelo Coronel Ref Manuel Júlio Matias Barão da Cunha que foi CMDT da CCAV 704/BCAV 705, Guiné, 1964/66.
Os programas referem-se à apresentação de livros com a presença dos seus autores, nos seguintes locais e datas:
- Messe dos Oficiais, sita na Praça da Batalha - Porto, nos dias 10 de Outubro, 14 de Novembro, 12 de Dezembro e 9 de Janeiro de 2014, às 15 horas.
- Palácio da Independência, no Largo de S. Domingos, 11 em Lisboa, nos dias 23 de Outubro, 27 de Novembro, 4 de Dezembro e 29 de Janeiro de 2014, às 15 horas.
- Livraria-Galeria Municipal Verney/Colecção Neves e Sousa, Oeiras, nos dias 15 de Outubro, 19 de Novembro, 17 de Dezembro e 21 de Janeiro de 2014, às 15 horas.
____________
Nota do editor
Último poste da série de 2 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12110: Agenda cultural (285): GUINÉ-BISSAU AS MINHAS MEMÓRIAS DE GABU 1973/74 (José Saúde)
Os programas referem-se à apresentação de livros com a presença dos seus autores, nos seguintes locais e datas:
- Messe dos Oficiais, sita na Praça da Batalha - Porto, nos dias 10 de Outubro, 14 de Novembro, 12 de Dezembro e 9 de Janeiro de 2014, às 15 horas.
- Palácio da Independência, no Largo de S. Domingos, 11 em Lisboa, nos dias 23 de Outubro, 27 de Novembro, 4 de Dezembro e 29 de Janeiro de 2014, às 15 horas.
- Livraria-Galeria Municipal Verney/Colecção Neves e Sousa, Oeiras, nos dias 15 de Outubro, 19 de Novembro, 17 de Dezembro e 21 de Janeiro de 2014, às 15 horas.
____________
Nota do editor
Último poste da série de 2 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12110: Agenda cultural (285): GUINÉ-BISSAU AS MINHAS MEMÓRIAS DE GABU 1973/74 (José Saúde)
Guiné 63/74 - P12146: O pós-Guiné (Veríssimo Ferreira) (10): O meu umbigal mau feitio
1. Em mensagem do dia 9 de Outubro de 2013, o nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3, 1965/67) enviou-nos mais um episódio, o décimo, da sua série Pós-Guiné 65/67:
O PÓS-GUINÉ 65/67
10 - E A SAGA UMBIGAL CONTINUA
O MEU UMBIGAL MAU FEITIO
15 DE SETEMBRO DE 2013
Assentei-me no meu sofá de peles, de cabra e bode, qu'até já está roto aqui no apoio do braço direito devido ao uso, tal qual como acontece ali em cima onde encosto a cabecinha mas aí porque o redemoínho eriçado o pica, como é próprio do cabelo assim estilo porco espinho, com que nasci.
E A GUINÉ SEMPRE PRESENTE
É o dia 15 de Setembro e sempre dedico uns minutos para relembrar aquela manhã desta mesma data mas de 1965, em Bissorã.
É que quando em treino operacional, com uma Companhia ali estacionada e que nos ia mostrar como era aquela guerra, mas em local menos perigoso (se é que os havia) fomos, o pelotão dos velhinhos e o meu, surpreendidos por uma feroz emboscada em local onde nunca até então se tinham atrevido incomodar as NT.
Recordo que atravessámos para lá um rio com pouca água, mas que no regresso e por mor da maré, estava cheio e alguns não sabiam nadar. Tudo correu bem, as coronhas das G3 serviam de amparo a esses enquanto nós os puxávamos segurando no cano. Lembro-me que um Fur Mil do meu pelotão aprendeu nesse dia a nadar, dizia-o ele depois já no quartel.
Só passou por essa, pois que logo a seguir foi para a Rádio em Bissau.
Foi a primeira vez debaixo de fogo, baptismo lhe chamavam, mas não gostei. Muito menos que nos tenham perseguido.
Recordo sempre com muita saudade os locais por onde passei e de alguns más recordações também. Duns também as memórias que me mantém vivo, apesar da dor, como sucede com quase todos nós que fomos lá por imposição e estivemos debaixo do fogo IN, e perdemos até amigos de coração.
22 DE SETEMBRO DE 1965
Da dor que falei atrás, tenho esta bem grande que não me abandona, bem como a revolta que cada vez aumenta mais.
Nesta mesma data mas de 1965... saímos de Mansabá com destino a MANHAU, noite chuvosa... operação a iniciar-se... e mesmo à saída do aquartelamento... uma "bailarina" e... O HORROR... O HORROR.
É então que a raiva nasce em mim.Alguma permanece ainda.
21 DE ABRIL DE 1967
Desembarque em Lisboa.
Estive quase a ficar no Exército, e até aliciado fui por emissários que sondaram alguns de nós, no sentido de virmos a preparar tropas d'outros Países. Mercenários nos ficaríamos a chamar mas receberíamos acima do que seria possível imaginar.
A Pátria Portuguesa ao que parecia, não estimulava, não permitia, mas fechava os olhos. Da minha CCAÇ 1422, houve um rapaz que enveredou por aí e passados poucos meses, visitou-me, trazia nova proposta e as condições monetárias que me propunham, eram excepcionais. Andei baralhado e quase a aceitar, mas contive-me e se calhar fiz mal, mas o que lá vai lá vai.
Li muito desde novo, e porque até nem havia televisão, que nasce já tenho 16 anos. Na minha terra para além da Biblioteca Municipal, ia também semanalmente a carrinha da Gulbenkian.
Desde Emilio Salgari e o seu Sandokan, Hall Caine, Júlio Dinis, Eça, Camilo, Camões, Bocage... enfim tudo o que de bom havia e que me ajudou a ter uma diferente visão do que era o Mundo dado que o meu se resumia ao rame-rame duma terra da Província que todavia tinha caminho de ferro e carreiras bissemanais para a capital do distrito.
Até que já quase nos 20 de idade, descobri Sven Hassel, que escrevia com fino humor, sobre a II Grande Guerra mais especificamente e tendo como protagonistas os alemães.
Deste, "O Regimento da Morte" serviu-me de Bíblia na Guiné. Influenciou-me, até que um dia descobri outro Senhor que é ainda hoje o meu preferido, chamado Hans Hellmut Kirst e que para além de várias obras vendidas em Portugal, tem outras que foram adaptadas para o cinema.
O seu, "Os Lobos", representam o máximo do que gosto e escolho. Incontáveis direi, as vezes que já o reli, e sublinhei. Tem frases que bem dão para pensar.
Motivado por tais leituras, decidi-me um dia escrever um conto infantil, com ele concorri e foi-me comunicado que só não ganhara porque o fim não se adequava bem às idades para quem se destinava. Na realidade a narrativa era ternurenta demais e o próprio título era bem interessante.
Chamei-lhe a "HISTÓRIA DUM PASSARINHO QUE ESTAVA, TADINHO, TODO MOLHADINHO EM CIMA DUMA ÁRVORE", inspirado que fui por aquele jagudi sacana que na Guiné me quis debicar quando adormeci à sombra dum poilão, no K3.
Conforme reparam está tudo dito na capa, só que depois no desbobinar, acrescentei várias peripécias entre as quais: "Subi à árvore; apanhei o jovem pardal de telhado; aconcheguei-o ao peito; cheguei a casa e embrulhei-o num cobertor quente; acendi o lume para que se secasse e no fim, quando a minha mãe chegou disse-lhe:
- Mãe, se fizer o favor ponha aí uma frigideira a jeito, que vou depenar este petisco".
(continua)
____________
Notas do editor
Jagudi - Foto: © de João Santiago
Último poste da série de 29 DE SETEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12101: O pós-Guiné (Veríssimo Ferreira) (9): Continuação do balanço - Usos e costumes
O PÓS-GUINÉ 65/67
10 - E A SAGA UMBIGAL CONTINUA
O MEU UMBIGAL MAU FEITIO
15 DE SETEMBRO DE 2013
Assentei-me no meu sofá de peles, de cabra e bode, qu'até já está roto aqui no apoio do braço direito devido ao uso, tal qual como acontece ali em cima onde encosto a cabecinha mas aí porque o redemoínho eriçado o pica, como é próprio do cabelo assim estilo porco espinho, com que nasci.
E A GUINÉ SEMPRE PRESENTE
É o dia 15 de Setembro e sempre dedico uns minutos para relembrar aquela manhã desta mesma data mas de 1965, em Bissorã.
É que quando em treino operacional, com uma Companhia ali estacionada e que nos ia mostrar como era aquela guerra, mas em local menos perigoso (se é que os havia) fomos, o pelotão dos velhinhos e o meu, surpreendidos por uma feroz emboscada em local onde nunca até então se tinham atrevido incomodar as NT.
Recordo que atravessámos para lá um rio com pouca água, mas que no regresso e por mor da maré, estava cheio e alguns não sabiam nadar. Tudo correu bem, as coronhas das G3 serviam de amparo a esses enquanto nós os puxávamos segurando no cano. Lembro-me que um Fur Mil do meu pelotão aprendeu nesse dia a nadar, dizia-o ele depois já no quartel.
Só passou por essa, pois que logo a seguir foi para a Rádio em Bissau.
Foi a primeira vez debaixo de fogo, baptismo lhe chamavam, mas não gostei. Muito menos que nos tenham perseguido.
Recordo sempre com muita saudade os locais por onde passei e de alguns más recordações também. Duns também as memórias que me mantém vivo, apesar da dor, como sucede com quase todos nós que fomos lá por imposição e estivemos debaixo do fogo IN, e perdemos até amigos de coração.
22 DE SETEMBRO DE 1965
Da dor que falei atrás, tenho esta bem grande que não me abandona, bem como a revolta que cada vez aumenta mais.
Nesta mesma data mas de 1965... saímos de Mansabá com destino a MANHAU, noite chuvosa... operação a iniciar-se... e mesmo à saída do aquartelamento... uma "bailarina" e... O HORROR... O HORROR.
É então que a raiva nasce em mim.Alguma permanece ainda.
21 DE ABRIL DE 1967
Desembarque em Lisboa.
Estive quase a ficar no Exército, e até aliciado fui por emissários que sondaram alguns de nós, no sentido de virmos a preparar tropas d'outros Países. Mercenários nos ficaríamos a chamar mas receberíamos acima do que seria possível imaginar.
A Pátria Portuguesa ao que parecia, não estimulava, não permitia, mas fechava os olhos. Da minha CCAÇ 1422, houve um rapaz que enveredou por aí e passados poucos meses, visitou-me, trazia nova proposta e as condições monetárias que me propunham, eram excepcionais. Andei baralhado e quase a aceitar, mas contive-me e se calhar fiz mal, mas o que lá vai lá vai.
************
Li muito desde novo, e porque até nem havia televisão, que nasce já tenho 16 anos. Na minha terra para além da Biblioteca Municipal, ia também semanalmente a carrinha da Gulbenkian.
Desde Emilio Salgari e o seu Sandokan, Hall Caine, Júlio Dinis, Eça, Camilo, Camões, Bocage... enfim tudo o que de bom havia e que me ajudou a ter uma diferente visão do que era o Mundo dado que o meu se resumia ao rame-rame duma terra da Província que todavia tinha caminho de ferro e carreiras bissemanais para a capital do distrito.
Até que já quase nos 20 de idade, descobri Sven Hassel, que escrevia com fino humor, sobre a II Grande Guerra mais especificamente e tendo como protagonistas os alemães.
Deste, "O Regimento da Morte" serviu-me de Bíblia na Guiné. Influenciou-me, até que um dia descobri outro Senhor que é ainda hoje o meu preferido, chamado Hans Hellmut Kirst e que para além de várias obras vendidas em Portugal, tem outras que foram adaptadas para o cinema.
O seu, "Os Lobos", representam o máximo do que gosto e escolho. Incontáveis direi, as vezes que já o reli, e sublinhei. Tem frases que bem dão para pensar.
Motivado por tais leituras, decidi-me um dia escrever um conto infantil, com ele concorri e foi-me comunicado que só não ganhara porque o fim não se adequava bem às idades para quem se destinava. Na realidade a narrativa era ternurenta demais e o próprio título era bem interessante.
Chamei-lhe a "HISTÓRIA DUM PASSARINHO QUE ESTAVA, TADINHO, TODO MOLHADINHO EM CIMA DUMA ÁRVORE", inspirado que fui por aquele jagudi sacana que na Guiné me quis debicar quando adormeci à sombra dum poilão, no K3.
Conforme reparam está tudo dito na capa, só que depois no desbobinar, acrescentei várias peripécias entre as quais: "Subi à árvore; apanhei o jovem pardal de telhado; aconcheguei-o ao peito; cheguei a casa e embrulhei-o num cobertor quente; acendi o lume para que se secasse e no fim, quando a minha mãe chegou disse-lhe:
- Mãe, se fizer o favor ponha aí uma frigideira a jeito, que vou depenar este petisco".
(continua)
____________
Notas do editor
Jagudi - Foto: © de João Santiago
Último poste da série de 29 DE SETEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12101: O pós-Guiné (Veríssimo Ferreira) (9): Continuação do balanço - Usos e costumes
Guiné 63/74 - P12145: Convívios (537): Fotos do almoço convívio do pessoal que esteve no HM241 entre os anos 1967 e 1972, que decorreu em Viseu em 5 de Outubro último (Manuel Freitas)
1. O nosso Camarada Manuel Freitas, que foi 1º Cabo Escriturário no HM 241 - Bissau - 1968/70, enviou-nos algumas fotos do convívio do Almoço/Convívio do pessoal que esteve no HM241 entre os anos 1967 e 1972.
Almoço convívio do pessoal que esteve no HM241 entre os anos 1967 e 1972
Viseu
5 de Outubro de 2013
Caro Luís Graça,
Conforme o combinado envio algumas fotos do encontro do pessoal que esteve no HM 241, durante os anos de 1967 a 1972, e decorreu no passado dia 5 de Outubro, em Viseu.
A concentração foi no Palácio do Gelo, tendo-se seguido o almoço no Restaurante Perdigueiro.
Foi um êxito e correu tudo bem. A malta ainda mantém algum vigor o que é bom.
Com um grande abraço do,
Manuel Freitas
1º Cabo Escriturário do HM 241
____________
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
2 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12109: Convívios (535): O 1º encontro dos bedandenses em Peniche: 28 de setembro de 2013..., sob a batuta do Belmiro da Silva Pereira (Parte II) (Hugo Moura Ferreira)
Guiné 63/74 - P12144: Álbum fotográfico do Luís Nascimento, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71 (Parte III): O dono da bola...
N/M Niassa > Viagem para o CTIG, de 24 a 30 de maio de 1969... As condições deploráveis em que os bravos heróis de Portugal eram acomodados e transportados em navios mistos (carga e passageiros), adaptados às circunstâncias... Todavia, e pelo que li, vi e ouvi, não tenho ideia de algum vez ter havido um levantamento de rancho a bordo, ao longo dos muitos anos que durou a guerra colonial (1961-1975)...
Viana do Castelo > sem mais legenda... A foto faz parte do álbum fotográfico do Luís Nascimento que levou para a tropa e para a Guiné a sua paixão pela bola...
Farim > Sem mais legenda... Presume-se que seja uma equipa de futebol da CCAÇ 2533, e a foto seja de 1970...
Camjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > O Luís dando uns toques na bola com um puto da tabanca
Camjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > O "dono da bola"...
Camjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > O Luís, sempre desportista e em boa forma... Aqui a treinar volei
Guiné > Região do Oio >Canjambari > CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 19679/71) > o 1º cabo cripto Luis Nascimento em Camjambari. Ao fundo, o depósito da água
Fotos (e legendas) : © Luís Nascimento (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]
1. Continuação da publicação de uma seleção de fotos do álbum do nosso camarada, Luis Nascimento, o ex-1º Cabo Operador Cripto Nascimento (também conhecido, na tropa por Assassan, do francês "assassin", assassino, alcunha que ganhou no tempo em que era júnior do Académico de Viseu...
Pertenceu à CCaç 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71. As fotos foram-nos enviadas pelo email da sua neta, Jessica Nascimento em 1/10/2013. É um exemplo a registar, a aplaudir e a seguir. É um exemplo para todos nós, camaradas da Guiné, e para os nossos netos.
(Continua)
___________
Nota do editor
(Continua)
___________
Nota do editor
Último poste da série > 4 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12117: Álbum fotográfico do Luís Nascimento, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71 (Parte II): No N/M Niassa, com a CCAÇ 2590/CCAÇ 12, do Gabriel Gonçalves (GG), com a CPM [, Companhia de Polícia Militar,] 2537, do Jerónimo de Sousa...E depois Canjambari!
Guiné 63/74 - P12143: Parabéns a você (639): Mário Ferreira de Oliveira, 1.º Cabo Condutor de Máquinas Ref (Guiné, 1961/63)
____________
Nota do editor
Último poste da série de 12 de Outubro de 2013 > Guiné 63/74 . P12140: Parabéns a você (638): Cátia Félix faz hoje 30 aninhos, e está em Vila Nova de Foz Coa, sua terra natal...A Tabanca Grande alegra-se e está presente na festa!...
Nota do editor
Último poste da série de 12 de Outubro de 2013 > Guiné 63/74 . P12140: Parabéns a você (638): Cátia Félix faz hoje 30 aninhos, e está em Vila Nova de Foz Coa, sua terra natal...A Tabanca Grande alegra-se e está presente na festa!...
sábado, 12 de outubro de 2013
Guiné 63/74 - P12142: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (1): Comunicado do comandante do setor 2 da Frente Leste, de 27/1/1971, relatando duas ações: (i) A instalação de 2 minas A/C em Nhabijões, acionadas pelas NT em 13/1/71; e (ii) Flagelação ao aquartelamento do Xime, no dia seguinte
Página de rosto do portal Casa Comum, desenvenvolvido pela Fundação Mário Soares, e de que se transcrever a seguir uma sinopse sobre "Arquivos e Memórias:"
"Com este projeto, sublinhamos a importância da conservação dos documentos para as gerações futuras, a confiança que os arquivos devem inspirar em matéria de preservação da autenticidade e da fiabilidade da informação de que são guardiães e a sua relevância enquanto elementos de identidade da memória e da história individual e coletiva."
Sobre o Arquivo Amílcar Cabral, disponível na Net desde 20/1/1973 (40º aniversário do assassinato do líder histórico do PAIGC), pode ler-se o seguinte:
"Constituído por mais de 10.000 documentos (com cerca de 27.600 páginas), incluindo 1.300 fotografias, o âmbito cronológico dos Documentos Amílcar Cabral situa-se entre 1956 e 1976, com excepção de alguns documentos posteriormente incorporados por sua Filha, Iva Cabral, que se referem a actividades profissionais de Cabral e, também, a acontecimentos posteriores à sua morte. O Arquivo Amílcar Cabral, essencialmente organizado em Dakar e em Conakry, é constituído por documentação de cariz político, militar e diplomático produzida pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e pelo seu fundador, Amílcar Cabral." (...)
Meu caro Alfredo Caldeira:
(i) Fotografias: cedemos cópia das fotografias com 72dpi de resolução e a dimensão máxima de 400 pixels;
Todos estes elementos devem ser devidamente referenciados, conforme consta do campo "Fundo" na descrição que encontra no site.
Espero que entendas a solução proposta, que resulta de compromissos e equilíbrios com outras instituições.
Um grande abraço,
Alfredo Caldeira
Administrador
Arquivo & Biblioteca
Fundação Mário Soares
Rua de São Bento, 176
1200-821 - Lisboa
Tel: (+351) 21 396 4179
Fax: (+351) 21 396 4156
www.fmsoares.pt
www.casacomum.org
1. Em 23 de setembro passado, mandeio o seguinte email para a o portal Casa Comum, ao cuidado do administrador do arquivo e biblioteca da Fundação Mário Soares, o dr. Alfredo Caldeira:
Antes de mais, boa saúde e bom trabalho. Como já em tempos te manifestei verbalmente, tenho particular apreço pela paixão e rigor com que foram salvos, recuperados, tratados e disponibilizados, aos estudiosos e ao grande público, os documentos (ou parte deles) do Arquivo Amílcar Cabral. Esse trabalho é mérito da Fundação Mário Soares e dos seus dedicados e competentes técnicos, sob a a tua direção.
Esse trabalho merece ser melhor conhecido e reconhecido pelos antigos combatentes portugueses, mas também pelos guineenses que têm acesso à Net. É nesse sentido, e celebrando-se amanhã a efeméride dos 40 anos da independência da Guiné-Bissau, que eu te venho pedir a competente autorização, na tua qualkdiade de coordenador do projeto, para reproduzir, de acordo com as vossas normas técnicas e legais, alguns ou a totalidade dos documentos (na a maior parte fotos, incluindo as da Bruna Polimeni) a seguir listados, no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné de que, como sabes, fui o fundador, e sou o principal administrador e editor. Publica-se há mais 9 anos, tem mais de 5 milhões de visualizações, possui um espólio de dezenas de milhares de fotos e documentos.
Se assim o entenderes, contiunua a dispor do nosso blogue para os devidos efeitos, como fonte de informação e conhecimento,
Um Alfa Bravo (Abraço),
Luís Graça
Um Alfa Bravo (Abraço),
Luís Graça
2. A resposta veio a 2 do corrente:
Caro Luís Graça,
Obrigado pela tua mensagem e, como sempre tenho referido, pelo trabalho fantástico que tens feito no blog.
Quanto às imagens solicitadas, levantam-se alguns problemas, que temos procurado evitar. Por isso, proponho a seguinte solução:
(i) Fotografias: cedemos cópia das fotografias com 72dpi de resolução e a dimensão máxima de 400 pixels;
(ii) Documentos: podem ser referenciados com um thumbnail (dimensão máxima 200 pixels) que serve de link para o documento em www.casacomum.org.
Todos estes elementos devem ser devidamente referenciados, conforme consta do campo "Fundo" na descrição que encontra no site.
Espero que entendas a solução proposta, que resulta de compromissos e equilíbrios com outras instituições.
Um grande abraço,
Alfredo Caldeira
Administrador
Arquivo & Biblioteca
Fundação Mário Soares
Rua de São Bento, 176
1200-821 - Lisboa
Tel: (+351) 21 396 4179
Fax: (+351) 21 396 4156
www.fmsoares.pt
www.casacomum.org
3. Transcrição de comunicado do PAIGC sobre acções levadas a cabo em Nhabijões (13/1/1971) e Xime (14/1/1971), referidas no poste P12139 (*), com revisão/fixação de texto pelo editor L.G. O comunicado é manuscrito em papel de carta, com linhas.
Comunicado
No dia 13/1/71, um grupo de 5 camarada[s] armados estalaram [instalaram] 2 minas anti-carro na estrada entre Nhabions [Nhabijões] e Bambadinca, causou os [causando aos] inimigos de grandes perdas em vidas humanas, e destruiu [destruindo] 2 viaturas cheio[as] de tropas tugas que tinham ido [iam] pra [para] Bambadinca buscar comida para aqueles que ficaram na[em] Nhabions [Nhabijões].
Os Inimigos sofreram grandes percas em vidas humanas, entre mortos e feridos.
No dia 13/1/71, um grupo de 5 camarada[s] armados estalaram [instalaram] 2 minas anti-carro na estrada entre Nhabions [Nhabijões] e Bambadinca, causou os [causando aos] inimigos de grandes perdas em vidas humanas, e destruiu [destruindo] 2 viaturas cheio[as] de tropas tugas que tinham ido [iam] pra [para] Bambadinca buscar comida para aqueles que ficaram na[em] Nhabions [Nhabijões].
Os Inimigos sofreram grandes percas em vidas humanas, entre mortos e feridos.
Por no [nosso] lado não houve nada mau.
Dirigido por [pelos] camaradas:
Mário Mendes e Mário Nancassá.
No dia 14/1/71, os nossos artilheiros bombardiaram [bombardearam] guarnição fortificada de militares tugas no Xim[e], com canhões e morteiros 82, causou os [causando aos] inimigos estagionados [estacionados ] de grandes percas em vidas humanas, entre mortos e feridos.
Por nosso lado, não houve nada mal.
Bombardiamento [bombardeamento] foi dirigido por [pelos] camaradas:
Djambu Mané, António da Costa e Bicut Iula [ou Tula] [?]
[Assinatura ilegível]
Sector 2 da Frente Leste, 27/1/71
Fonte:
(1971), "Comunicado - Frente Leste", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40689 (2013-10-12)
Instituição: Fundação Mário Soares
Pasta: 07200.170.117
______________
Nota do editor:
(*) Vd. poste de 11 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12139: A minha CCAÇ 12 (29): 1 morto e 6 feridos graves em duas minas A/C, no reordenamento de Nhabijões, Bambadinca, em 13/1/1971, aos 20 meses de comissão (Luís Graça)
Resumo: Em 13/1/1971, às 11h24, na estrada Nhabijões-Bambadinca um Unimog 411 que ia buscar a comida para o pessoal do destacamento, accionou uma mina A/C, causando um morto e 3 feridos graves.
O gr comb da CCAÇ 12, que estava de piquete em Bambadinca, dirigiu-se de imediato ao local... No regresso, duas horas depois, cerca das 13h30, a GMC que transportava duas secções, accionou outra mina A/C, não detectada, na berma da estrada, a 10 metros da anterior. As NT sofreram mais cinco feridos graves, de imediato evacuados para o HM 241.
No dia seguinte, em 14/1/1971, o IN flagelou o Xime, da direcção de Ponta Varela, com morteiro 82, "à distância, sem consequências".
Dirigido por [pelos] camaradas:
Mário Mendes e Mário Nancassá.
No dia 14/1/71, os nossos artilheiros bombardiaram [bombardearam] guarnição fortificada de militares tugas no Xim[e], com canhões e morteiros 82, causou os [causando aos] inimigos estagionados [estacionados ] de grandes percas em vidas humanas, entre mortos e feridos.
Por nosso lado, não houve nada mal.
Bombardiamento [bombardeamento] foi dirigido por [pelos] camaradas:
Djambu Mané, António da Costa e Bicut Iula [ou Tula] [?]
[Assinatura ilegível]
Sector 2 da Frente Leste, 27/1/71
(1971), "Comunicado - Frente Leste", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40689 (2013-10-12)
Instituição: Fundação Mário Soares
Pasta: 07200.170.117
Título: Comunicado - Frente Leste
Assunto: Comunicado da Frente Xitole Bafatá sobre as acções militares do PAIGC em Nhabiam, Bambadinca e Xime.
Assunto: Comunicado da Frente Xitole Bafatá sobre as acções militares do PAIGC em Nhabiam, Bambadinca e Xime.
Data: Quarta, 27 de Janeiro de 1971
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Diversos. Guias de Marcha. Relatórios. Cartas dactilografadas e manuscritas. 1960-1971.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos
4. Comentário do editor:
Segundo informação do António Duarte, nosso camarada, membro da Tabanca Grande, ex- furriel miliciano da 3ª terceira geração de quadros metropolitanos da CCAÇ 12, o "Mário Mendes, comandante de bi-grupo na zona do Xime, foi morto numa acção da CCaç 12 no final de 1972: numa deslocação feita para lá de Madina Colhido, foi abatido pelo apontador de HK21 do 4º pelotão".
4. Comentário do editor:
Segundo informação do António Duarte, nosso camarada, membro da Tabanca Grande, ex- furriel miliciano da 3ª terceira geração de quadros metropolitanos da CCAÇ 12, o "Mário Mendes, comandante de bi-grupo na zona do Xime, foi morto numa acção da CCaç 12 no final de 1972: numa deslocação feita para lá de Madina Colhido, foi abatido pelo apontador de HK21 do 4º pelotão".
O Mário Nancassá era, por seu turno, o chefe do grupo de sapadores do setor 2 (Xime/Xitole). Foi ele que montou as minas em Nhabijões. Foi ele que matou o sold cond auto Manuel Costa Soares, da CCAÇ 12... A guerra também tem rostos!
Cotejando as versões dos acontecimentos, do nosso lado e do lado do PAIGC, é óbvio que eram diferentes as preocupações de rigor factual, bem como a literacia dos combatentes de um lado e doutro. Mas fica aqui, para informação e conhecimento dos nossos leitores, o que sobre nós diziam e escreviam os homens que. no passado, foram nossos inimigos e contra os quais combatemos,
Cotejando as versões dos acontecimentos, do nosso lado e do lado do PAIGC, é óbvio que eram diferentes as preocupações de rigor factual, bem como a literacia dos combatentes de um lado e doutro. Mas fica aqui, para informação e conhecimento dos nossos leitores, o que sobre nós diziam e escreviam os homens que. no passado, foram nossos inimigos e contra os quais combatemos,
______________
Nota do editor:
(*) Vd. poste de 11 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12139: A minha CCAÇ 12 (29): 1 morto e 6 feridos graves em duas minas A/C, no reordenamento de Nhabijões, Bambadinca, em 13/1/1971, aos 20 meses de comissão (Luís Graça)
Resumo: Em 13/1/1971, às 11h24, na estrada Nhabijões-Bambadinca um Unimog 411 que ia buscar a comida para o pessoal do destacamento, accionou uma mina A/C, causando um morto e 3 feridos graves.
O gr comb da CCAÇ 12, que estava de piquete em Bambadinca, dirigiu-se de imediato ao local... No regresso, duas horas depois, cerca das 13h30, a GMC que transportava duas secções, accionou outra mina A/C, não detectada, na berma da estrada, a 10 metros da anterior. As NT sofreram mais cinco feridos graves, de imediato evacuados para o HM 241.
No dia seguinte, em 14/1/1971, o IN flagelou o Xime, da direcção de Ponta Varela, com morteiro 82, "à distância, sem consequências".
Marcadores:
Abílio Duarte,
Arquivo Amílcar Cabral,
Fundação Mário Soares,
Mário Mendes (Comandante de bigrupo),
minas e armadilhas,
Nhabijões,
PAIGC,
propaganda
Guiné 63/74 - P12141: (Ex)citações (227): Nas duas Açções Garlopa em que participei, com a CART 3494 e a CCAÇ 12, não tenho ideia de termos capturado elementos pop mas destruímos dois acampamentos e outros meios de vida (António J. Pereira da Costa, ex-cap art, CART 3494, jun/nov 1972)
1. Mensagem de António J. Pereira da Costa, cor art ref, com data de ontem:
Assunto - Operação Garlopa 2
Olá Camaradas
Reporto-me ao Poste P12135.
Mas vamos ao que interessa, e corroborando o que tu escreves: se consultares as cartas do Xime e de Fulacunda, e refrescares a memória, vais ver que era difícil chegar à Ponta do Inglês, a penantes... Concordo contigo. Por isso é que se usava a "helicolocação"... Sei não estiveste lá muito tempo, por aquelas bandas: de qualquer modo foram quase seis meses, o tempo de um gajo deixar de ser periquito...
Aliás, nem a nossa artilharia (o obus 10.5) lá chegava... Eu, que levei bastante porrada, ao longo da antiga estrada (ou picada) Xime-Ponta do Inglês, nunca tive o privilégio de lá chegar, mesmo à ponta... da Ponta do Inglês. Nunca vi o famoso Corubal, nem os seus hipopótamos nem os seus crocodilos... Hoje, julgo que desapareceram, pelo menos os hipopótamos... Devem-nos ter caçado e comido durante a "guerra de libertação". O mesmo aconteceu ao pobre do macaco-cão, que era abundante nas florestas do Corubal...
De resto, era quase impossível chegar, por terra, à Ponta do Inglês sem ser detectado pelos gajos de Baio ou da Ponta Varela e, depois, mais à frente, do Poindom... Aquilo era um ratoeira... Entrava-se naquela pensínsula, para levar porrada, se levássemos intenções (agressivas) de chegar ao Poindom... onde havia núcleos populacionais que o PAIGC procurava defender com unhas e dentes...
A última vez que as NT chegaram mesmo à Ponta do Inglês deve ter sido na Op Lança Afiada (março de 1969), a tal megaoperação que envolveu 1300 militares e carregadores civis...e em que 15% do pessoal foi helievacuada (por insolação, esgotamento, ataque de abelhas, etc.).
Quanto às "inexactidões" das histórias das nossas unidades... bom, temos que saber viver com elas, despistá-las, remediá-las, remendá-las... Sempre é melhor do que não ter documentação nenhuma, por escrito... Temos que ver também o que os outros, do outro lado, diziam de (ou escreviam sobre) nós... O que infelizmente também foi pouco.
Em todo o caso, há alguns documentos interessantes no Arquivo Amílcar Cabral (disponível na Casa Comum, a tal comunidade de arquivos de língua portuguesa que a Fundação Mário Soares tem vindo a desenvolver, com diversas parcerias). Há documentos dos "outros" que vale a pena cotejar com os "nossos"... Só com o contraditório e a triangulação das fontes podemos avançar no conhecimento histórico. Vou fazer isso, um dia destes, a propósito das duas minas A/C que accionámos em Nhabijões, em 13/1/1971... Numa nova série que terá como título qualquer coisa como "Taco a taco... A guerra vista do outro lado"... Para já tenho curiosidade em saber quem foram os filhos da mãe que puseram as duas minas, uma das quais matou o nosso (da CCAÇ 12) Manuel da Costa Soares, aos 20 meses de comissão (. Infelizmente não chegou a conhecer a filha que nasceu e cresceu na metrópole. Era natural de Oliveira de Azeméis).
Boa noite, Tó Zé, um abraço. E que os fantasmas da antiga picada do Xime-Ponta do Inglês não te assombrem. LG
PS - Junto se anexa a pag 75 da Hustória do BART 3873 (Bambadinca, 1971/74), onde se faz referência à Acção Garlopa, de 19/7/1972, e na qual participaram, além da CART 3494 e da CCAÇ 12, dois gr comb da CCP 121/BCP 12, que foram largados de helicóptero no objetivo.
Nota do editor:
Último poste da série > 4 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12116: (Ex)citações (226): Não me lembro do Oh! Alexandre... mas é muito natural que ele se lembre de mim: afinal, em dois terços do tempo de comissão, fui eu que comandei a CCAÇ 798... Também se deve lembrar do alf mil Pinheiro, que comandava o destacamento de Ganturé e que foi evacuado com 14 perfurações no corpo, na sequência de uma emboscada na estrada para Gandembel (Manuel Vaz, Gadamael, 1965/67)
Assunto - Operação Garlopa 2
Olá Camaradas
Reporto-me ao Poste P12135.
É pena que se tenham "perdido" a História e restante documentação das unidades.
No caso da CArt 3494 posso garantir que participei em duas acções de nome Garlopa enquanto estive no Xime e sempre com CCaç 12 a proteger o flanco esquerdo da CArt que progredia em direcção ao Poindom, deixando o Geba no seu flanco direito.
Em nenhuma das duas [acções] foram capturados elementos da população, mas apenas destruídos dois acampamentos e restantes meios de vida.
Na primeira, não houve contacto e o mato era muito denso, de tal modo que o DO-27 teve dificuldade em nos localizar e só quanto o acampamento começou a arder é que nos viu.
Na segunda, continuámos a destruição, mas com dificuldade. Tinha chovido e não nos forneceram granadas de mão incendiárias. Destruímos a pontapé alguns Irãs que existiam a descoberto.
Demorámo-nos e, no momento em que as duas companhias, se reuniam, sofremos uma curta emboscada, sem consequências.
Em nenhuma das acções pedi fogo de artilharia e não fomos à Ponta do Inglês [, na foz do Rio Corubal].
A CArt 3494, no meu tempo, recolheu um Companhia de Paraquedistas que fora colocada (?) na Ponta do Inglês, mas não actuámos juntos.
Os dez elementos da população [, referidos no poste,] foram recolhidos no Geba, depois da LDG lhes ter afundado a canoa.
A História da Unidade contem inúmeras inexactidões, a começar na minha apresentação, que foi a 22 de junho de 1972, e não em Agosto de 1972.
Um Ab.
António J. P. Costa
2. Comentário de L.G. [, foto à esquerda, em Bambadinca, 1969]
Tó Zé, tome-se boa nota das tuas observações e apontamentos... Infelizmente, eu só tenho a história dos dois batalhões anteriores, o BCAÇ 2852 (1968/70) e BART 2917 (1970/72), além da história da CCAÇ 12 (de maio de 1969 a março de 1971), que eu próprio escrevi. Pode ser que apareça mais algum camarada com elementos novos, de memória ou documentais. Pelos vistos, o Sousa de Castro possui uma cópia da história do BART 3873.
A esta distância, de mais de quatro décadas, a memória atraiçoa-nos. Valha-nos ao menos a existência dos preciosos mapas que o Humberto Reis em boa hora comprou, digitalizou e ofereceu à Tabanca Grande! (Ainda tenho alguns mais, "guardados", que só disponibilizo a pedido, nomeadamente os dos arquipélagos dos Bijagós)...
Já agora, fiquei a saber o que era uma... garlopa: substantivo feminino. Instrumento de carpinteiro, semelhante à plaina, mas maior do que esta. "garlopa", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/garlopa [consultado em 11-10-2013].
No caso da CArt 3494 posso garantir que participei em duas acções de nome Garlopa enquanto estive no Xime e sempre com CCaç 12 a proteger o flanco esquerdo da CArt que progredia em direcção ao Poindom, deixando o Geba no seu flanco direito.
Em nenhuma das duas [acções] foram capturados elementos da população, mas apenas destruídos dois acampamentos e restantes meios de vida.
Na primeira, não houve contacto e o mato era muito denso, de tal modo que o DO-27 teve dificuldade em nos localizar e só quanto o acampamento começou a arder é que nos viu.
Na segunda, continuámos a destruição, mas com dificuldade. Tinha chovido e não nos forneceram granadas de mão incendiárias. Destruímos a pontapé alguns Irãs que existiam a descoberto.
Demorámo-nos e, no momento em que as duas companhias, se reuniam, sofremos uma curta emboscada, sem consequências.
Em nenhuma das acções pedi fogo de artilharia e não fomos à Ponta do Inglês [, na foz do Rio Corubal].
A CArt 3494, no meu tempo, recolheu um Companhia de Paraquedistas que fora colocada (?) na Ponta do Inglês, mas não actuámos juntos.
Os dez elementos da população [, referidos no poste,] foram recolhidos no Geba, depois da LDG lhes ter afundado a canoa.
A História da Unidade contem inúmeras inexactidões, a começar na minha apresentação, que foi a 22 de junho de 1972, e não em Agosto de 1972.
Um Ab.
António J. P. Costa
2. Comentário de L.G. [, foto à esquerda, em Bambadinca, 1969]
Tó Zé, tome-se boa nota das tuas observações e apontamentos... Infelizmente, eu só tenho a história dos dois batalhões anteriores, o BCAÇ 2852 (1968/70) e BART 2917 (1970/72), além da história da CCAÇ 12 (de maio de 1969 a março de 1971), que eu próprio escrevi. Pode ser que apareça mais algum camarada com elementos novos, de memória ou documentais. Pelos vistos, o Sousa de Castro possui uma cópia da história do BART 3873.
A esta distância, de mais de quatro décadas, a memória atraiçoa-nos. Valha-nos ao menos a existência dos preciosos mapas que o Humberto Reis em boa hora comprou, digitalizou e ofereceu à Tabanca Grande! (Ainda tenho alguns mais, "guardados", que só disponibilizo a pedido, nomeadamente os dos arquipélagos dos Bijagós)...
Já agora, fiquei a saber o que era uma... garlopa: substantivo feminino. Instrumento de carpinteiro, semelhante à plaina, mas maior do que esta. "garlopa", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/garlopa [consultado em 11-10-2013].
Mas vamos ao que interessa, e corroborando o que tu escreves: se consultares as cartas do Xime e de Fulacunda, e refrescares a memória, vais ver que era difícil chegar à Ponta do Inglês, a penantes... Concordo contigo. Por isso é que se usava a "helicolocação"... Sei não estiveste lá muito tempo, por aquelas bandas: de qualquer modo foram quase seis meses, o tempo de um gajo deixar de ser periquito...
Aliás, nem a nossa artilharia (o obus 10.5) lá chegava... Eu, que levei bastante porrada, ao longo da antiga estrada (ou picada) Xime-Ponta do Inglês, nunca tive o privilégio de lá chegar, mesmo à ponta... da Ponta do Inglês. Nunca vi o famoso Corubal, nem os seus hipopótamos nem os seus crocodilos... Hoje, julgo que desapareceram, pelo menos os hipopótamos... Devem-nos ter caçado e comido durante a "guerra de libertação". O mesmo aconteceu ao pobre do macaco-cão, que era abundante nas florestas do Corubal...
De resto, era quase impossível chegar, por terra, à Ponta do Inglês sem ser detectado pelos gajos de Baio ou da Ponta Varela e, depois, mais à frente, do Poindom... Aquilo era um ratoeira... Entrava-se naquela pensínsula, para levar porrada, se levássemos intenções (agressivas) de chegar ao Poindom... onde havia núcleos populacionais que o PAIGC procurava defender com unhas e dentes...
A última vez que as NT chegaram mesmo à Ponta do Inglês deve ter sido na Op Lança Afiada (março de 1969), a tal megaoperação que envolveu 1300 militares e carregadores civis...e em que 15% do pessoal foi helievacuada (por insolação, esgotamento, ataque de abelhas, etc.).
Quanto às "inexactidões" das histórias das nossas unidades... bom, temos que saber viver com elas, despistá-las, remediá-las, remendá-las... Sempre é melhor do que não ter documentação nenhuma, por escrito... Temos que ver também o que os outros, do outro lado, diziam de (ou escreviam sobre) nós... O que infelizmente também foi pouco.
Em todo o caso, há alguns documentos interessantes no Arquivo Amílcar Cabral (disponível na Casa Comum, a tal comunidade de arquivos de língua portuguesa que a Fundação Mário Soares tem vindo a desenvolver, com diversas parcerias). Há documentos dos "outros" que vale a pena cotejar com os "nossos"... Só com o contraditório e a triangulação das fontes podemos avançar no conhecimento histórico. Vou fazer isso, um dia destes, a propósito das duas minas A/C que accionámos em Nhabijões, em 13/1/1971... Numa nova série que terá como título qualquer coisa como "Taco a taco... A guerra vista do outro lado"... Para já tenho curiosidade em saber quem foram os filhos da mãe que puseram as duas minas, uma das quais matou o nosso (da CCAÇ 12) Manuel da Costa Soares, aos 20 meses de comissão (. Infelizmente não chegou a conhecer a filha que nasceu e cresceu na metrópole. Era natural de Oliveira de Azeméis).
Boa noite, Tó Zé, um abraço. E que os fantasmas da antiga picada do Xime-Ponta do Inglês não te assombrem. LG
PS - Junto se anexa a pag 75 da Hustória do BART 3873 (Bambadinca, 1971/74), onde se faz referência à Acção Garlopa, de 19/7/1972, e na qual participaram, além da CART 3494 e da CCAÇ 12, dois gr comb da CCP 121/BCP 12, que foram largados de helicóptero no objetivo.
Cópia da pág. 75 da História da Unidade, BART 3873 (Bambadinca, 1971/74), gentilmente cedida pelo Sousa de Castro.
______________Nota do editor:
Último poste da série > 4 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12116: (Ex)citações (226): Não me lembro do Oh! Alexandre... mas é muito natural que ele se lembre de mim: afinal, em dois terços do tempo de comissão, fui eu que comandei a CCAÇ 798... Também se deve lembrar do alf mil Pinheiro, que comandava o destacamento de Ganturé e que foi evacuado com 14 perfurações no corpo, na sequência de uma emboscada na estrada para Gandembel (Manuel Vaz, Gadamael, 1965/67)
Marcadores:
(Ex)citações,
Acção Garlopa,
António J. Pereira da Costa,
BART 3873,
CART 3494,
CCAÇ 12,
CCP 121,
história da unidade,
Op Lança Afiada,
Sold Cond Manuel Soares,
Sousa de Castro,
Xime
Guiné 63/74 - P12140: Parabéns a você (638): Cátia Félix faz hoje 30 aninhos, e está em Vila Nova de Foz Coa, sua terra natal...A Tabanca Grande alegra-se e está presente na festa!...
A nossa jovem e querida amiga, hoje farmacêutica, Cátia Félix, é natural de Vila Nova de Foz Coa e faz... 30 aninhos!... Sei que vai ter uma surpresa nesta sábado!... E mais não se pode dizer!....
Recorde-se que a Cátia é amiga da Cidália, viúva do nosso malogrado camarada António Ferreira, 1º Cabo Trms, CCAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74), morto em 17 de Abril de 1972 na emboscada do Quirafo. A Cidália é mãe da filha que que o António nunca chegou a conhecer. A Cátia ajudou a Cidália a fazer o luto... 40 anos depois! Uma história extraordinária de solidariedade humana e de amizade!
____________
Nota do editor:
Último poste da série > 11 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P12137: Parabéns a você (637): Benito Neves (ex-fur mil at cav, CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67) e Eduardo Campos (ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar. Nhacra, 1972/74)
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Guiné 63/74 - P12139: A minha CCAÇ 12 (29): 1 morto e 6 feridos graves em duas minas A/C, no reordenamento de Nhabijões, Bambadinca, em 13/1/1971, aos 20 meses de comissão (Luís Graça)
Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS / BART 2917 (1970/72) > Janeiro de 1971 > Cemitério de viaturas de Bambadinca... O estado em que ficou o "buirrinho", o Unimog 411, conduzido pelo sold cond auto, da CCAÇ 12, Manuel da Costa Soares, que teve morte imediata, aoaccionar uma mina A/C, à saúda de Nhabijões, aglomerado populacional, em fase de reordenamento, e que era de maioria balanta, com parentes no "mato", sendo considerado sob "duplo controlo"... A sua proximidade ao Rio Geba e à grande bolanha de Sambasilate davam-lhe um valor estratégico...
Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. (Editada e legendada por L.G.)
Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Nhabijões > CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) > Um grande aglomerado populacional, de maioria balanta, com parentes no "mato", e que era considerada sob "duplo controlo"... A dispersão das diversas tabancas (1 mandinga e 4 balantas: Cau, Bulobate, Dedinca e Imbumbe), sua proximidade ao Rio Geba, fazendo ponto de cambança para a margem direita (Mato Cão, Cuor...) e as duas grandes bolanhas (um delas a de Samba Silate, uma enorme tabanca destruída e abandonada no início da guerra), foram motivos invocados para começar a construir, a partir de novembro de 1969, um dos maiores reordenamentos da Guiné no tempo de Spínola. A aposta era também a conquista da população, fugida no mato e sob controlo do PAIGG, vivendo ao longo da margem direita do Rio Corubal (desde a Ponta do Inglês até Mina/Fiofioli)
Fotos: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.)
Guiné > Zona leste < Setor L1 > Carta de Bambadinca (1955) > Escala 1/50 mil > Posição relativa dop agloemrado populacionalde Nhabijoes, a oeste de Bambadinca
Infografia: Blogue Luís Graça & camaradas da Guiné (2013)
1. Em homenagem (póstuma) ao sold cond auto Manuel da Costa Soares, da CCAÇ 12, morto; em homenagem ao Luis R. Moreira (da CCS/BART 2917), ao Joaquim Fernandes, ao António Fernando Marques, felizmente todos vivos e membros da nossa Tabanca Grande; ao Ussumane Baldé, ao Tenen Baldé, ao Sherifo Baldé, ao Sajuma Baldé (todos da CCAÇ 12, soldados do recrutamento local, provavelvelmente já falecidos); e ainda ao soldado cond da CCS/BART 2917, Ribeiro Silva... todos eles gravemente feridos em duas minas anticarro que explodiram no dia 13 de Janeiro de 1970, à saída de Nhabijões (um dos reordenamentos que era a menina dos olhos de Spínola).
Eu também nunca mais esquecerei aquela data e aquele topónimo, Nhabijões. Nunca mais esquecerei a correria louca que fiz com um Unimog 404, carregado de feridos, pela estrada fora, de Nhabijões até Bambadinca, até ao nosso aeródromo aonde nos esperava o helicóptero para uma série de evacuações ipsilon.
Ainda hoje não sei explicar por que fui eu, além do condutor, o único do meu gr comb (, o 4º que estava de piquete,) que fiquei praticamente incólume mas inoperacional: umas contusões na cabeça (por projecção contra a parte inferior do tejadilho da GMC), e na perna direita; a G-3 danificada; tonto e cego de tanta poeira; etc.
Nhabijões era considerado um centro de reabastecimento do IN ou pelo menos da população sob seu controle. Iam a Bambadinca, mas calmas, fazer compras... As afinidades de etnia e parentesco, além da dispersão das tabancas, situadas junto à bolanha que confina com a margem esquerda do Rio Geba, tornavam impraticável o controle populacional, pelas autoridades administrativas e milçiatres.
Impunha-se, pois, reagrupar e reordenar os 5 núcleos populacionais, dos quais 4 balantas (Cau, Bulobate, Bedinca e Imbumbe) e 1 mandinga, e ao mesmo tempo criar "polos de atracção" (sic) com vista a quebrar a muralha de hostilidade passiva para com as NT, por parte da população que colaborava com o IN (desde o início da guerra, em 1963).
Impunha-se, pois, reagrupar e reordenar os 5 núcleos populacionais, dos quais 4 balantas (Cau, Bulobate, Bedinca e Imbumbe) e 1 mandinga, e ao mesmo tempo criar "polos de atracção" (sic) com vista a quebrar a muralha de hostilidade passiva para com as NT, por parte da população que colaborava com o IN (desde o início da guerra, em 1963).
A partir de nvembro de 1969, um gr comb da CCAÇ 12 passou a patrulhar quase diariamente as tabancas de Nhabijões cujo projeto de reordenamento estava então em estudo, a cargo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70).
A CCAÇ 12 participaria diretamente neste projeto de "recuperação psicológica e promoção social" (sic) da população dos Nhabijões, fornecendo uma equipa de reordenamentos e autodefesa, constituída pelo alf mil op esp António Manuel Carlão, fur mil Joaquim A. M. Fernandes, 1º cabo at Virgilio S. A. Encarnação e sold arv Alfa Baldé que foram tirar o respetivo estágio a Bissau, de 6 a 12 de Outubro de 1969; e ainda 2 carpinteiros, ps 1º cabos aux enf Fernando Andrade de Sousa [, vive na Trofa], e Carlos Alberto Rentes dos Santos [, vive em Amarante]. E indiretamente, criando as condições de segurança aos trabalhos.
Numa primeira fase fez-se a desmatação do terreno, a fabricação de blocos (de adobe) e a construção de cerca de 300 casas de habitação e 1 escola. Durante este período a CCAÇ 12 realizou várias ações, montando nomeadamente linhas descontínuas de emboscadas entre os 5 núcleos populacionais de Nhabijões, além de constantes patrulhas de reconhecimento e/ou contacto pop.
A partir de janeiro de 1970 seria destacado um pelotão da CCS/BCAÇ 2852 a fim organizar a autodefesa de Nhabijões. Admitia-se a possibilidade do IN tentar sabotar o projeto de reordenamento, lançando acções de represália e intimidação contra a população devido à boa colaboração prestada às NT.
A partir de abril de 1970, o reordenamento em curso passou a ser guarnecido por 1 gr comb da CCAÇ 12. Na construção de novo destacamento estiveram empenhados o Pel Caç Nat 52 e a CCAÇ 12, a 3 gr comb, durante vários dias.
A segunda fase do reordenamento (colocação de portas e janelas, cobertura de zinco em todas as casas, abertura de furos para obtenção de água, etc.) começou quando o BART 2917 passou a assumir a responsabilidade do Setor L1 (em 8 de junho de 1970), após terminar a comissão do BCAÇ 2852.
A CCAÇ 12 participaria diretamente neste projeto de "recuperação psicológica e promoção social" (sic) da população dos Nhabijões, fornecendo uma equipa de reordenamentos e autodefesa, constituída pelo alf mil op esp António Manuel Carlão, fur mil Joaquim A. M. Fernandes, 1º cabo at Virgilio S. A. Encarnação e sold arv Alfa Baldé que foram tirar o respetivo estágio a Bissau, de 6 a 12 de Outubro de 1969; e ainda 2 carpinteiros, ps 1º cabos aux enf Fernando Andrade de Sousa [, vive na Trofa], e Carlos Alberto Rentes dos Santos [, vive em Amarante]. E indiretamente, criando as condições de segurança aos trabalhos.
Numa primeira fase fez-se a desmatação do terreno, a fabricação de blocos (de adobe) e a construção de cerca de 300 casas de habitação e 1 escola. Durante este período a CCAÇ 12 realizou várias ações, montando nomeadamente linhas descontínuas de emboscadas entre os 5 núcleos populacionais de Nhabijões, além de constantes patrulhas de reconhecimento e/ou contacto pop.
A partir de janeiro de 1970 seria destacado um pelotão da CCS/BCAÇ 2852 a fim organizar a autodefesa de Nhabijões. Admitia-se a possibilidade do IN tentar sabotar o projeto de reordenamento, lançando acções de represália e intimidação contra a população devido à boa colaboração prestada às NT.
A partir de abril de 1970, o reordenamento em curso passou a ser guarnecido por 1 gr comb da CCAÇ 12. Na construção de novo destacamento estiveram empenhados o Pel Caç Nat 52 e a CCAÇ 12, a 3 gr comb, durante vários dias.
A segunda fase do reordenamento (colocação de portas e janelas, cobertura de zinco em todas as casas, abertura de furos para obtenção de água, etc.) começou quando o BART 2917 passou a assumir a responsabilidade do Setor L1 (em 8 de junho de 1970), após terminar a comissão do BCAÇ 2852.
A partir de julho de 1970, a CCAÇ 12 deixou de guarnecer o destacamento de Nhabijões, tendo-se constituído um pelotão permanente da CCS/BART 2917 enquadrado por graduados da CCAÇ 12. Passei lá algumas "boas noites", com os gajos do PAIGC a comer e a beber nas nossas barbas,,, Nunca se atreveram a atacar-nos, à malta do destacamento à noite... mas no dia 13/1/1971 deixaram-nos dois "presentes envenenados", à saída no destacamento, na estrada (de terra batida) para Bambadinca, que ficava a escassos quilómetros...
A. Continuação da séria A Minha CCAÇ 12, por Luís Graça (*) (**)... Estávamos com cerca de 20 meses de Guiné, e de intensa atividade operacional, desde que na segunda metade do mês de julho de 1969 tínhamos sido colocados em Bambadinca, como subunidade de intervenção ao serviço do comando do BCAÇ 2852 (até maio de 1970) e depois do BART 2917 (a partir de junho de 1970)... Éra previsível que, a partir de fevereiro/março, começasse - para os quadros especialistas metropolitanos, pouco de mais de meia centena, que formavam a extinta CCAÇ 2590 e anova CCAÇ 12 - a tão desejada rendição individual.
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 9 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11077: A minha CCAÇ 12 (28): Dezembro de 1970: Flagelação ao pessoal e às máquinas da TECNIL, na nova estrada em construção, Bambadinca-Xime (Luís Graça)
13 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10936: Efemérides (115): Nhabijões, 13 de Janeiro de 1971, morte na picada (Luís Rodrigues Moreira)
22 de janeiro de 2011> Guiné 63/74 - P7655: A minha CCAÇ 12 (11): Início do reordenamento de Nhabijões, em Novembro de 1969 (Luís Graça)
Fonte: Excertos da História da Unidade - CCAÇ 12/CCAÇ 2590 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71), cap II, pp. 44/45.
______________
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 9 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11077: A minha CCAÇ 12 (28): Dezembro de 1970: Flagelação ao pessoal e às máquinas da TECNIL, na nova estrada em construção, Bambadinca-Xime (Luís Graça)
(**) Vd. postes relacionados
13 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10936: Efemérides (115): Nhabijões, 13 de Janeiro de 1971, morte na picada (Luís Rodrigues Moreira)
4 de março de 2011 > Guiné 63/74 - P7895: Álbum fotográfico de Vitor Raposeiro (Bambadinca, 1970/71) (2): O fatídico dia 13 de Janeiro de 1971
Marcadores:
António Fernando Marques,
CCAÇ 12,
Humberto Reis,
José Carlos Lopes,
Luís Graça,
Luís R. Moreira,
Manuel da Costa Soares,
minas e armadilhas,
Nhabijões
Guiné 63/74 - P12138: FAP (75): Queda, recuperação e destruição, pelas NT, de um T6G, acidentado na região do Boé, com proteção dos paraquedistas (Vitor Oliveira, ex-1º cabo melec, BA 12, Bissalanca,1967/69)
Foto 1 > Este é T6G 1791 que um alferes periquito mandou para o capim perto de Madina do Boé.
Foto 2 > Aqui é pessoal a desmontar o todo o material que foi possivel. Esta operação foi feita sob a indispensável protecção de tropas paraquedistas [BCP 12].
Foto 3 > Já não me lembro deste pessoal a não ser do sargento ajudante Manuel Matacão
Foto 4 > Este é o avião que o brigadeiro Hélio Felgas [, na altura coronel,] viu quando da retirada de Madina de má memória e que eu assisti [, em 6 de fevereiro de 1969]. Mas através destas fotos também se pode analisar a capacidade técnica dos mecânicos da FAP, apesar da sua tenra idade.
Fotos (e legendas): © Vitor Oliveira (2009). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]
1. Esta sequência fotográfica já foi publicada no nosso blogue, aquando da apresentação do Vitor Oliveira à nossa Tabanca Grande em 13/5/2009. Também foi publicada no blogue dos nossos amigos Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74. Na altura, em formato reduzido e sem o devido enquadramento.
Não encontrei até agora mais nenhuma referência a este acidente que custou uma aeronave à FAP. E nem sabemos em que ano é que foi (1967 ? 1968? 1969 ?). Sabemos que no ano de 1968 o Vitor Oliveira voava muito com o sargento Honório, em missões de proteção de colunas de Lamego para Beli (, destacamento cuja guarnição é mandada retirar por Spínola, em 15/7/1968). Talvez estas fotos sejam dessa altura, de meados do ano de 1968, o que está por confirmar). Todavia, nada melhor do que esperar um esclarecimento adicional, da parte do Vitor. Fico-lhe desde já obrigado, a ele ou qualquer outro dos nossos camaradas que tenham informações sobre este acidente da FAP.
É natural que o PAIGC tenha, posteriormente, fotografado os restos da aeronave e tenha reclamado, como mérito seu, o seu abate. No Arquivo Amílcar Cabral, disponível "on line" no portal Casa Comum, desenvolvido pela Fundação Mário Soares, há diversas fotos de aviões "abatidos"... Um deles poderia ser este T6G,,, Obviamente que era um grande trunfo, em termos de propaganda, interna e externa, independentemente da verdade dos factos... Muitas das fotos do arquivo (que está integralmente tratado pela FMS) não tem legendas com datas e lugares precisos. Ou muito simplesmente carecem de legenda. LG
2. Sobre este assunto, o Vitor Oliveira mandou-me o seguinte esclarecimento (com conhecimento também ao Vitor Barata, editor do blogue Especialistas da Base 12, Guiné 65/74:).
Amigos Vitor e Luis:
Deram-me um livro sobre a Guiné que é Batalhas da História de Portugal: Guerra de África: Guiné, em que na página 120 aparece uma foto de um T6G a ser reparado em MADINA DE BOÉ... Isso não era possível porque a pista mal dava para aterrar uma DO27. A pista ficava no fundo dos montes.
Eu devo ser dos especialistas que mais vezes esteve em Madina e uma vez mais o meu grande amigo HHonório estivemos metidos dentro de um abrigo uma hora e tal até que acabasse o tiroteio entre as nossas tropas e o inimigo.
Tenho estes voos registados na minha caderneta de voo.
Sem mais um grande abraço.
Vitor Oliveira
1º Cabo Melec.
Eu devo ser dos especialistas que mais vezes esteve em Madina e uma vez mais o meu grande amigo HHonório estivemos metidos dentro de um abrigo uma hora e tal até que acabasse o tiroteio entre as nossas tropas e o inimigo.
Tenho estes voos registados na minha caderneta de voo.
Sem mais um grande abraço.
Vitor Oliveira
1º Cabo Melec.
3. Comentário de L.G.
Vitor, o livro de que falas é o do Fernando Policarpo (Batalhas da História de Portugal, Guerra de África, Guiné, 1963-1974, Vol. 21, Academia Portuguesa de História, Matosinhos, QuidNovi Editores,2006). A legenda da p. 120 só pode estar errada. Quando vir o Fernando Policarpo (e até pode ser já na próxima segunda feira, se ele for ao mesmo almoço-convívio, a que eu vou, em Ribamar, Lourinhã).De qualquer modo, ficamos sem saber quando (dia, mês e ano) se deu este acidente com o T6G, nas imediações de Madina do Boé. Um abraço. LG
_______________
Nota do editor:
Último poste da série > 20 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11737: FAP (74): A instrução do AL III no meu tempo: em Janeiro de 68, eu e mais cinco pilotos do P1 de 67, juntamente com quatro pilotos da Academia Militar e o Senhor Dom Duarte de Bragança, iniciamos com o Al II o curso de helis... Saí de Tancos com um total de 291 horas de voo, e no dia 1 de Outubro de 68 fazia uma evacuação (TEVS) em Cabuca.... (Jorge Félix)
_______________
Nota do editor:
Último poste da série > 20 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11737: FAP (74): A instrução do AL III no meu tempo: em Janeiro de 68, eu e mais cinco pilotos do P1 de 67, juntamente com quatro pilotos da Academia Militar e o Senhor Dom Duarte de Bragança, iniciamos com o Al II o curso de helis... Saí de Tancos com um total de 291 horas de voo, e no dia 1 de Outubro de 68 fazia uma evacuação (TEVS) em Cabuca.... (Jorge Félix)
Guiné 63/74 - P12137: Parabéns a você (637): Benito Neves (ex-fur mil at cav, CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67) e Eduardo Campos (ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar. Nhacra, 1972/74)
O Benito Neves (ex-Fur Mil Atirador da CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67) é membro da nossa Tabanca Grande desde Abril de 2007.
O Eduardo Campos (ex-1.º Cabo trms, CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar. Nhacra, 1972/74) é nosso grã-tabanqueiro desde 21 de maio de 2008.
______________
Nota do editor:
Último poste da série > 10 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12134: Parabéns a você (636): Manuel Resende (ex-Alf Mil At, CCaç 2585 / BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71)
Nota do editor:
Último poste da série > 10 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12134: Parabéns a você (636): Manuel Resende (ex-Alf Mil At, CCaç 2585 / BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71)
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Guiné 63/74 - P12136: Efemérides (144): o macabro espetáculo dos corpos a boiar no Rio Corubal, em Cheche, visto por mim, de cima, da DO 27 3329, nesse trágico dia 6/2/1969 (Vitor Oliveira)
1. Mensagem do Vitor Oliveira,e x-1º cabo melec, FAP, BA12,
Último poste da série > Guiné 63/74 - P12052: Efemérides (143): Passados 41 anos o reencontro com o camarada d’armas Eduardo Ferreira do 1º Pelotão da CART 3494 (Sousa de Castro)
é membro da nossa Tabanca Grande desde 13/5/2009]:
Camaradas, tendo recentemente lido no site Tabanca Grande diversas versões ácerca do triste acidente junto ao Cheche [, no Rio Corubal], quando as nossas tropas abandonaram Madina de Boé [, Op Mabecos Bravios], devo dizer que algumas delas não são as verdadeiras.
Camaradas, tendo recentemente lido no site Tabanca Grande diversas versões ácerca do triste acidente junto ao Cheche [, no Rio Corubal], quando as nossas tropas abandonaram Madina de Boé [, Op Mabecos Bravios], devo dizer que algumas delas não são as verdadeiras.
Isto porque nesse terrível dia 6 de Fevereiro 1969 estava a sobrevoar a coluna no avião T6G 1724 com outro T6 no tempo 3h 10m. A Força Aérea tinha, em Nova Lamego, 6 T6 uma DO e um Heli .Estavam sempre dois T6 a fazer protecção. Este pormenor não li em parte nenhuma.
Quero dizer o seguinte:
1º O acidente deu-se por excesso de peso na jangada.
2º Não houve nenhum ataque do inimigo.
3º O Heli que se encontrava lá não era o Heli canhão, o piloto era 1º Sargento Ribeiro.
4º Passado umas horas apareceu, de Heli, o General Spínola que acompanhou a companhia até Canjandude.
Para terminar quero vos dizer que é para nunca mais esquecer o que se passou no dia 12 de Fevereiro. Eu, com o Tenente Coronel Piloto Costa Gomes e um Tenente Piloto do qual não me recordo do nome, sobrevoámos o rio na DO27 3329 no total de 4h 05m, onde vimos o triste espectáculo, os crocodilos de volta dos corpos que estavam a boiar.
Para provar tenho estes voos registados na minha caderneta de voo.
1º O acidente deu-se por excesso de peso na jangada.
2º Não houve nenhum ataque do inimigo.
3º O Heli que se encontrava lá não era o Heli canhão, o piloto era 1º Sargento Ribeiro.
4º Passado umas horas apareceu, de Heli, o General Spínola que acompanhou a companhia até Canjandude.
Para terminar quero vos dizer que é para nunca mais esquecer o que se passou no dia 12 de Fevereiro. Eu, com o Tenente Coronel Piloto Costa Gomes e um Tenente Piloto do qual não me recordo do nome, sobrevoámos o rio na DO27 3329 no total de 4h 05m, onde vimos o triste espectáculo, os crocodilos de volta dos corpos que estavam a boiar.
Para provar tenho estes voos registados na minha caderneta de voo.
Sem mais um grande abraço.
Vitor Oliveira (Pichas)
1º Cabo Melec
Vitor Oliveira (Pichas)
1º Cabo Melec
______________
´
´
Nota do editor:
Subscrever:
Mensagens (Atom)