terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12498: Efemérides (148): Bambadinca, messe de sargentos, almoço de Natal de 1969, ao tempo da CCS/BCAÇ 2852 e da CCAÇ 12... Pede-se ao Pai Natal para completar as legendas (Humberto Reis / Luís Graça)


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) >  1969 > Messe de sargentos >  Almoço de Natal > Maioria dos presentes eram sargentos e furriéis milicianos da CCS do BCAÇ 2852, da CCAÇ 12 e de outras subunidades adidas. Para a malta da CCAÇ 12, o primeiro de dois Natais passados na Guiné... Como se vê, pela mesa farta, não faltavam os espumantes (Raposeira), os rosés (Mateus) e os verdes brancos (Três Marias, Lagosta, Gatão)...

Em dezembro de 1969, estavam ainda em Bambadinca as seguintes subunidades, adidas ao BCAÇ 2852, para além da CCAÇ 12: (i) Pel Caç Nat 52 (vindo de Missirá, comandado pelo alf mil Mário Beja Santos); Pel Rec Daimler 2046 (comandado pelo alf mil Jaime Machado): e Pel Mort 2106 (, que, na altura, era  comandado pelo fur mil Manuel Fernando Rosado Lopes)... A CCAÇ 12, no final do ano de 1969, tinha um secção destacada em Sansacuta... Não me recordo quem era o desgraçado que lá estava desterrado: na foto, parecem faltar os furriéis mil at inf Arlindo Teixeira Roda e José Luís Vieira de Sousa, do 3º Gr Comb da CCAÇ 12.



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) >  1969 > Messe sargentos >  Almoço de Natal >

Legenda (incompleta):

 1= 1º sargento cav Fernando Aires Fragata (CCAÇ 12; deixou-nos ao fim de algum tempo, para seguir o curso de oficiais, em Águeda, ficando o 2º sargento Piça a "comandar" a secretaria da CCAÇ 12; sei que lhe dei explicações de português, e o Humberto Reis, explicações de matemática... Será que ainda é vivo ? Tivemos alguns desaguisados, era um homem de personalidade forte, e para mais de cavalaria);

2= 2º sargento inf José Martins Rosado Piça (CCAÇ 12; vive atualmente em Évora; tem 80 anos; ainda há dias falei com ele, ao telefone; um alentejano castiço de quem ficámos bons e grandes amigos);

6= António Eugénio da Silva Levezinho (Tony, para os amigos, fez parte dos quadros da Petrogal, vive na Ponta de Sagres, com o amor da sua vida, a Isabel, com quem se casou,  nas férias de 1970, tinha ela 17 anos; encontrei-os há dias, no Jumbo de Alfragide, foi uma alegria, para mim e para a Alice estar com eles, na véspera da quadra natalícia);

7= Humberto Simões dos Reis (ex-fur mil op esp, CCAÇ 12; meu vizinho, de Alfragide, engenheiro técnico; reformado; encontro_os agor mais vezes na Lourinhã, "terra de amores na costa"; um alfabravo para ele e a para a Joana);

8= Luís Manuel da Graça Henriques (ex-fur mil armas pesadas inf, CCAÇ 12; vive em Alfragide; foi o fundador deste blogue).




Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) >  1969 > Messe de sargentos > Almoço de Natal >

Legenda (incompleta):

12= [Se não me engano] Rui Quintino Guerreiro Daniel (2º srgt mecânico auto, CCS/BCAÇ 2852),

13= José Carlos Lopes (ex-fur mil, amanuense do conselho administrativo, CCS/BCAÇ 2852;  vive em Linda a Velha, Oeiras);

16= José Fernando Gonçalves Almeida (ex-fur mil trms, CCAÇ 12; , reformado da RDP, vive em Óbidos);

17= Jaime Soares Santos (Fur Mil SAM, vulgo vagomestre) (formou-se em economia e trabalhou na TAP; nunca mais o vi).



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) >  1969 > Messe de sargentos > Almoço de Natal >

Legenda (incompleta):

16= José Fernando Gonçalves Almeida (ex-fur mil trms, CCAÇ 12; reformado da RDP, vive em Óbidos);

17= Jaime Soares Santos (fur mil SAM, vulgo vagomestre).




Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) >  1969 > Messe de sargentos >  Almoço de Natal >


Legenda (incompleta)


17= Jaime Soares Santos (Fur Mil SAM, vulgo vagomestre; formou-se em economia e trabalhou na TAP; nunca mais o vi).

20= João Carreiro Martins (ex-fur mil enfermeiro, CCAÇ 12;  reformou-se como enfermeiro chefe do Hospital Curry Cabral, foi meu aluno, tem dois filhos médicos;: era vítima de "bullying" em Bambadinca: leia-se, brincadeiras estúpidas por parte dos operacionais);

21=  Joaquim João dos Santos Pina (ex-fur mil, CCAÇ 12;  natural de Silves, onde ainda hoje vive; tocava viola, era hipnotizador e ilusionista);

22= Joaquim A. M. Fernandes (ex-fur mil at inf, CCAÇ 12;  foi destacado para o reordenamento de Nhabijões; engenheiro técnico; vive ou vivia no Barreiro):

 23= Luciano Severo de Almeida (ex-fur mil at inf, CCAÇ 12; já falecido; vivia no Montijo).


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) >  1969 > Messe de sargentos > Almoço de Natal >

Legenda (incompleta):

30= António Manuel Martins Branquinho (ex-fur mil, CCAÇ 12; vive em Évora; reformado do Centro Regional Segurança Social; não tenho notícias dele);

31= António Fernando R. Marques (ex-fur mil, CCAÇ 12; DAF, comerciante reformado; vive em Cascais,  na Quinta da Marinha).


Fotos (e legendas): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: L.G.]

Observações - Mais nomes de sargentos e fur mil do Comando e da CCS/BCAÇ 2852, que poderão nesta mesa do Natal de 1969,. e que eu já não consigo identificar (LG):


Manuel António Rodrigues (fur mil amanuense,  do CA do Comando do BCAÇ 2852, colega do José Carlos Lopes);

José António Lima de Carvalho (fur mil reabastecimentos, Comando do BCAÇ 2852) [, juklgo que já apareceu num ou mais  convívios anuais do pessoal de Bambadinca, 1968/71; falei há tempos com ele, ao telefone]; 

José Duarte Martins Pinto dos Santos (fur mil op e info, Comando do BCAÇ 2852 [, costuma aparecer nos convívios anuais do pessoal de Bambadinca, 1968/71; vive ou tem casa em Resende]; 

João José de Jesus Correia (2º sargento corneteiro/clarim, CCS/BCAÇ 2852)

Silvino Aires Lopes Carvalhal (fur mil, SAM, CCS/BCAÇ 2852); 

Herculano José Duarte Coelho (fur mil mec auto, CCS/BCAÇ 2852);

Henrique Manuel dos Santos (2º srgt mecânico de armas ligeiras, CCS/BCAÇ 2852);

Sérgio Fernandes Velho (fur mil, trms, CCS/BCAÇ 2852);

Carlos Domingos A. O. Pinto (fur mil radiomontador, CCS/BCAÇ 2852);

Alfredo Sebastião Nunes (fur mil enf, CCS/BCAÇ 2852);

António Gonçalves Pereira (fur mil, pel rec info, CCS/BCAÇ 2852);

Fernando Jorge da C. Oliveira ((fur mil, pel rec info, CCS/BCAÇ 2852);

José Manuel Amaral Soares (fur mil, sapador, CCS/BCAÇ 2852) [, costuma aparecer nos convívios anuais do pessoal de Bambadinca, 1968/71].

 Ainda havia um outro  2º srgt inf, na CCAÇ 12, que trabalhava com o Piça, na secrataria... Era o Alberto Martins Videira [, que vivia, há uns atrás, em Vila Real].
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Nota do editor:

Último poste da série >16 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12305: Efemérides (147): Dia 9 de Novembro de 2013, data em que se assinalaram os seguintes aniversários: 95 Anos do Dia do Armistício da Grande Guerra, 90 Anos do Dia da Liga dos Combatentes e 39 Anos do Fim da Guerra do Ultramar (José Marcelino Martins)

Guiné 63/74 - P12497: Parabéns a você (670): João Rebola, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2444 (Guiné, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12490: Parabéns a você (669): Albano Costa, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 4150/73 (Guidaje, 1973/74); Carlos Pinheiro, ex-1.º Cabo TRMS do STM/QG (Bissau, 1968/70) e Felismina Costa, nossa amiga Grã-Tabanqueira

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12496: Conto de Natal (16): Oh nosso Cabo, o que é o Natal? (Juvenal Amado)

1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 7 de Novembro de 2013:

Carlos, Luís,Magalhães, Briote e restante Tabanca Grande
Venho por este meio desejar um bom Natal e um Ano Novo Próspero a todos os camaradas e suas famílias.

Um abraço para todos
Juvenal Amado


Oh nosso cabo, o que é o Natal?

Em Galomaro crianças da população faziam os possíveis e impossíveis para entrar no quartel, poderem trabalhar na padaria ou no refeitório, pois tinham assim acesso às sobras do rancho que aproveitavam e levavam para as famílias.
Só uma pequeníssima minoria era bafejada pela sorte do livre de trânsito que a isso dava direito.
Mas os que entravam, faziam a troco de algo talvez, distribuição pelos irmãos e primos, que do lado do campo de futebol e da pista a horas combinadas se acercavam do arame farpado com latas ferrugentas de conserva de fruta. A distribuição era feita de forma que os nossos oficiais superiores não vissem. O assunto não era nada de cuidado, mas estava-lhes no sangue incomodarem-se com essas ninharias.

Os djubis e as bajudas, quando espantados por alguém, assemelhavam-se a bandos de pardais que fogem assustados e regressavam rapidamente ao mesmo sitio, para receberem mais umas migalhas. Costuma-se dizer que Deus dá a roupa conforme o frio e assim, para eles o pão era uma guloseima à falta de bolos e outras.
Penso que se passava o mesmo por toda a Guiné onde houvesse destacamentos.

Raramente encontramos quem não reaja favoravelmente ao pão, sendo este um poderoso e celebrado alimento até pelas conexões religiosas que no seu acto de repartir e comer encerram. A minha mãe, quando deixava cair ao chão um pedaço de pão que assim ficava impróprio para o consumo, dava-lhe um beijo, dizendo “Deus te acrescente,” como quem pedia perdão pelo sacrilégio. Sempre me lembro das minhas avós dizerem o mesmo e a minha mulher, acabou por transmitir esse hábito à minha filha. Habituado que fui a reverenciá-lo, reagia sempre mal quando a malta no refeitório lhe tirava o miolo, fazia uma bola e arremessava uns aos outros.

O pão é como o Natal nunca é igual para todos.

Quando eu era criança de escola, vi meninos frequentemente levarem para a escola da Vestiaria um pouco de broa de milho e um bocadinho de pão alvo, que lhes servia de conduto.
Esses dificilmente tinham Natal de alguma espécie.

Lá para o meio da comissão fartíssimo que estava da ração de combate, era frequente trocar quase tudo o que a dita trazia por laranjas e mangas, com miúdos que à passagem pelas aldeias que de nós se acercavam. Houve casos de grande burburinho por parte dos homens grandes, pois viam assim as suas árvores de frutos assaltadas e nós a sugarmos avidamente as laranjas, e eles a verem passar o patacão por um canudo.

Não foi uma nem duas vezes que nos tivemos de impor, quando eles pretendiam sovar os meninos e meninas que se aproximavam de nós com intuito de receberem doce, pão e latas de cavala. A porrada era uma espécie de tratamento profilático, mesmo antes de roubarem alguma coisa para trocar connosco.

Mas voltemos aos meninos do quartel.
Quando chegava o Natal ficavam admirados com os parcos festejos mas mesmo assim festejos.
Se pudessem sonhar o que era o Natal nas nossas aldeias e cidades, ficariam abismados.

O rancho melhorado com frescos largados de paraquedas pelos Noratlas, eram alguns bolos e encomendas que chegavam de casa via SPM, enfim notava-se uma euforia e todos os serviços de linha como patrulhas, reforços e colunas eram encarados com redobrada má vontade. Nessa época do ano sentíamos mais a distância, lembrávamos sem descanso o que era a nossa casa com a família reunida, os presentes e os brinquedos para os mais novos.

Quem não se lembrou quando lá estava, dos fritos de abóbora e rabanadas acompanhados com café forte pela manhã. O meu pai dizia: “agora de manhã é que estão mesmo boas”!!

Esse foi um tempo doloroso que se combateu com muito álcool e com muita irreverência com que nos queríamos mostrar fortes e assim de certa forma escondíamos a saudade.
Passei lá três Natais, o que senti só foi suportável pois se encarava aquele como sendo o último e que o próximo já estaria em casa.

Presépio do Santuário de Fátimada de autoria do escultor José Aurélio, filho de Alcobaça


- O que é o Natal nosso cabo?

Não consegui responder à pergunta porque dificilmente conseguiria transmitir o sentido, porque o Natal não tem explicação, sente-se e transmite-se como quem respira.
São gerações que nos antecederam e passaram o testemunho, são sentimentos debaixo da nossa pele, são os cheiros mas acima de tudo é o calor que se transmite pela História comum passada de avós para filhos e netos, memória que se perde no nosso passado.

Como que eu podia explicar ao menino, que esperava o resto da bianda e pão ao arame farpado, o que era o Natal, se 500 anos de convivência não tinham sido suficiente para lhes transmitir a magia?

Feliz Natal para todos os camaradas e famílias.
Juvenal Amado
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Nota do editor

Último poste da série de 20 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12480: Conto de Natal (15): O Menino Jesus era negro (Armor Pires Mota)

Guiné 63/74 - P12495: Boas Festas (2013/14) (11): António Paiva, Albino Silva, Abel Santos, António Eduardo Ferreira, Sousa de Castro e Júlio Abreu


1. Mensagem do nosso camarada António Paiva, ex-Soldado Condutor Auto no HM 241, Bissau, 1968/70:

A toda esta família desejo
UM FELIZ E SANTO NATAL
com saúde, paz e alegria.

António Paiva



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2. Mensagem do nosso camarada Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845,Teixeira Pinto, 1968/70:


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3. Mensagem do nosso camarada Abel Santos, ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69:

Aos camaradas e editores do nosso Blogue, assim como aos meus camaradas da CART 1742, que no próximo ano comemora os 45 anos da chegada da Guiné, desejo um Santo Natal e um bom ano 2014.

Abraço
Abel Santos


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4. Mensagem natalícia do nosso camarada António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493/BART 3873, MansamboFá Mandinga e Bissau, 1972/74: 




É NATAL

Estamos a poucos dias da celebração do nascimento de Jesus, tempo que desde muito novo fui habituado a viver de maneira diferente.
Talvez por pertencer a uma família pobre, como era a maioria da gente da minha aldeia, não era hábito receber presentes, e aqueles que os recebiam entendiam isso como uma dádiva muito especial…
Os tempos hoje são outros e a oferta de prendas que era feita a alguns dos mais pequenos, generalizou-se entre todos, dos mais novos aos outros…
O social tomou conta da tradição, ao ponto de alguns darem a quem não precisa, mesmo que amanhã lhe venha a fazer falta. A instituição bancária, o dono da pequena loja, a grande superfície comercial, o café da esquina, o restaurante e outros, a todos os seus clientes desejam um Natal feliz e um próspero ano novo, ou então boas festas…
Depois na prática o que fazem? O banco se a pessoa precisa mesmo, é quase certo que não empresta, as grandes superfícies comerciais provavelmente sobem os preços, o café da esquina, o restaurante e outros com menos capacidade de intervenção no mercado, não os alteram, mas se pudessem… mas todos desejam o melhor aos seus clientes. É o marketing… como tal temos que aceitar.

Agora entender isso como interessante para lembrar um acontecimento bíblico, não consigo perceber.
Mais me custa entender quando por vezes algumas pessoas ligadas à igreja pactuam com tais comportamentos. Outros apoiam a construção de presépios com centenas de figuras e, mais alguns figurantes… mais se parecendo com uma feira.
Reconheço que talvez não seja a pessoa mais certa para falar destes assuntos, em que a religião a política e outros interesses se misturam, mas digo aquilo que penso. Alguns pensam o mesmo… mas preferem o silêncio.
Para que muitas pessoas pudessem ter um Natal melhor, bastava receber uma palavra amiga, de incentivo àquele que luta contra as mais variadas adversidades.
Uma palavra de esperança a quem já deixou de acreditar…
Estender a mão que ajuda a levantar aquele que um dia tropeçou e caiu…
Tentar abrir uma janela para que a luz possa entrar naquela casa, onde tudo é escuridão… e com menos palavreado. Talvez assim, muita gente tivesse um Natal mais feliz.
Para terminar, permitam-me que deseje a todos um Natal com muita saúde e esperança, porque com ela a vida se torna mais fácil.
António Eduardo Ferreira

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5. Mensagem natalícia do nosso camarada Sousa de Castro, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74:

Para toda família da Tabanca desejo que tenham um Natal e um novo Ano cheio de coisas boas!
A. Castro


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6. Mensagem do nosso camarada Júlio Abreu, Chefe da 2.ª Equipa do Grupo de Comandos "Os Centuriões" (Guiné, 1964/66).

Caro Amigo Luís Graça,
Não apenas para ti, mas sim para toda a equipa do nosso Blogue assim como para todos os nossos camaradas que estiveram na Guine e lambem para todos que não estiveram lá, mas se interessam pelos antigos e modernos problemas desta ex-Província Portuguesa, desejo um NATAL MUITO FELIZ E UM ANO NOVO 2014 MUITO FELIZ, são os meus votos que vos envio deste frio Pais (Holanda) onde me encontro radicado.

Júlio Abreu
Grupo de Comandos Centuriões
Ex-Guiné Portuguesa

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7. Comentário do editor

Este poste é último desta série de Natal 2013.
Outros camaradas se nos dirigiram em mensagens para conhecimento, mas que não cabem aqui por não serem directa e objectivamente dirigidas ao Blogue ou à tertúlia. Outros ainda nos enviaram trabalhos em Power Point, repassados, que tecnicamente não é possível publicar.
A todos agradecemos os votos formulados.

Para toda a tertúlia, em meu nome pessoal e no Luís e do Eduardo, deixo aqui os votos de Boas Festas Natalícias com saúde, vividas no quentinho da família.

Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12489: Boas Festas (2013/14) (10): Luís Fonseca, José Teixeira, Benito Neves, Mário Beja Santos, Albano Costa, Domingos Gonçalves, Francisco Palma e José Carlos Mussá Biai

Guiné 63/74 - P12494: O que é que a malta lia, nas horas vagas (22): Autores como: Jorge Amado, Ernest Hemingway, Aquilino Ribeiro, André Maurois, Urbano Tavares Rodrigues, Marguerite Duras, James Hilton e outros (Armor Pires Mota)

1. Mensagem do nosso camarada  Armor Pires Mota (ex-Alf Mil da CCAV 488/BCAV 490, Bissau e Jumbembem, 1963/65), ele próprio escritor e autor do livro de crónicas o "Tarrafo", entre outros, com data de 14 de Dezembro de 2013, com a sua colaboração para a série "O que é que a malta lia nas horas vagas":


Livros, bons companheiros

Se perdia algum tempo a escrever, para além das crónicas de guerra, eram aerogramas, sobretudo para a Lili, mas, de quando em vez, também para uma segunda madrinha, da Luz de Tavira, a Celita (Maria do Céu Batalha), que me foi proposta pelo bem alegre furriel algarvio, Júlio Santos, mas também dedicava algum tempo à leitura dos livros que tinha levado (poucos) ou era possível comprar em Bissau. Não havia qualquer espécie de biblioteca na companhia. Claro, na questão da troca de correspondência, não esquecia a famíla e alguns amigos.

Em Dezembro de 1963, em Bissorã, além de sair para o mato, nervos tensos e alma arrepanhada, embora até ao fim desse mês, ou melhor, até à véspera de Natal, a metralha não me tivesse mordido o ouvido e os nervos, lia “Os velhos marinheiros”, de um dos meus escritores de referência, o brasileiro Jorge Amado, autor de obras eternas, como “Gabriela, Cravo e Canela”.

Um que não me sai da lembrança era um que estendia o sangue, o suor e as lágrimas dos americanos na guerra do Vietnam, cujo terreno pantanoso se assemelhava muito com o da Guiné, que no tempo das cheias reduzia o território a 2/3. O título era exactamente “Pântano ao amanhecer”. O nome de autor não o fixei. Era o seu terrível tarrafe.

Quem era meu fornecedor de livros, por empréstimo, era o médico, Dr. Hipólito de Sousa Franco, de Lisboa, bom homem e pacifista, filho único, que os ia recebendo de casa, bem como revistas e jornais. Era por assim dizer, o médico que nos colocava a par do que ia acontecendo no país ou no mundo. Ainda que com algum atraso. Também nos chegavam revistas através do Movimento Nacional Feminino, mas contavam-se pelos dedos.

Apetrechei-me também com alguns livros (monografias) sobre a Guiné, com informações de carácter histórico e outras, que adquiri no Centro Cultural de Bissau. Sempre que ia à capital da província, não deixava de passar por ali. Era quase obrigatório para quem tinha outros horizontess para além da guerra e do sangue. Para quem uma asa de luz é um voo além do transitório e indescoberto tempo.

No final de 1964, o romance “Adeus às Armas”, de Ernest Hemingway, que considero um mestre na arte do romance. O tema é a II Grande Guerra. A par de “Por quem os sinos dobram”, romance vivenciado na guerra de Espanha, e do sempre inesquecível “O Velho e o Mar”, é uma das suas obras primas.

No dia 27 de Janeiro (domingo) de 1965 lia, de fio a pavio, o pequeno romance “Beijo ao Leproso”, de que também não recordo o autor que mostrava o fracasso de um casamento, arranjado por um padre, que era um grande saieiro. O rapaz era um mentecapto, um pobre diabo enfezado; a rapariga era demasiado tímida e não sabia nada do que era a vida.

Aroveitei a minha passagem pelo Hospital Militar de Bissau e li (Março de 1965), com muito interesse, o comovente “Diário”, de Anne Frank, que o foi escrevendo entre os 13 e os 15 anos, refugiada numa casa antiga, tentando escapar à perseguição dos judeus, movida pelos alemães na II Guerra Mundial, bem como, no meado desse mesmo mês, devorei o romance “A rebelião dos perdidos”, de que não lembro o autor.

Todavia, nos dias que antecederam o regresso à pátria, matei, de alguma forma, a fome de leitura. No primeiro caso (Março de 1965), está o romance de Aquilino Ribeiro, proibido, “Quando os Lobos Uivam”, publicado no Brasil pela Editora Anhambi Sa; no segundo caso, estão os romance “As Rosas de Setembro” (Julho/1965), de André Maurois, autor de uma vasta obra de repercussão universal, uma das glórias da literatura francesa e “Uma pedrada no charco”, (5/8/1965), de Urbano Tavares Rodrigues, autor que marca grande presença nas minhas estantes. E ainda “À Margem do Tempo” (era a nossa situação), de Michel Siffre, (Julho/1965), um pouco diferente. Já não se tratava de ficção, mas de relatos de viagens ao interior da terra.

Outros livros que li foram recolhidos nos acampamentos, atacados ou incendiados. Foram os casos de “Hiroxima, meu amor”, de Marguerite Duras, Publicações Europa-América, de 1963; “E agora, Adeus”, de James Hilton, Livros do Brasil, Limitada, com a assinatura de posse de Maria Fernanda da Costa Pinheiro, datado de Farim, 15 da Abril de 1959; e, já noutra área, da formação e enriquecimento humano, o livro “Nós e os nossos filhos”, Publicadora Atlântico, Ld.ª, da autoria de W. Raymond Beach, com a indicação na primeira página: “da Biblioteca dos Turras, Canjambari, 23 Março” e com uma simpática nota de oferta: “Para o Mota com um grande abraço do amigo Varajão”. [Alberto Varajão Gonçalves, alferes da CCS e comandante do pelotão de Sapadores do Batalhão de Cavalaria 490, também nortenho, julgo que do Porto].

Guardo estes três exemplares como os melhores despojos de guerra. Hoje, sei que poderia ter lido bem mais, ainda que ficasse a léguas do escritor e camarada de guerra, na região do Cuor, Beja Santos, que trazia atrás de si um malão, como se fosse caixa de remédios, e era-o em certa medida. Era o alimento espiritual de que tanto gostava para recarregar baterias. A terapia necessária para afrontar os difíceis e loucos dias.

Num cômputo geral, os soldados liam bem os rótulos das cervejas ou da Laranjina C, também as marcas do tabaco, as cartas da família e dos amigos, das madrinhas de guerra e namoradas. Isso lhes bastava. Já na classe dos sargentos, havia um ou outro interessado em ler, debicavam este ou aquele livro, mas não muitos.
Mas também estoirados, quem tinha força para essa suave e pacífica missão? Descansar era preciso.
E era mais ou menos isto que sucedia também com os alferes.
Quem mais dava alimento dava ao espírito era, efectivamente, o médico da companhia.
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Nota do editor

Último poste da série de 19 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12473: O que é que a malta lia, nas horas vagas (21): Valentim Oliveira: a Plateia, livros e a correspondência; João Rebola: corridas de burros, futebol, fados, bailes com lindas "bajudas", andar de mota, saborear uns franguitos, etc.

Guiné 63/74 - P12493: In Memoriam (174): "Toni, Sempre!", homenagem singela e comovida a um grande amigo e camarada, o António Teixeira (1948-2013), pelo Joaquim Pinto Carvalho (ex-alf mil, CCAÇ 6, Bedanda, 1972/73)




Vídeo (1' 18'') . Alojado no You Tube > Hugo Moura Ferreira. (Reproduzido com a devida vénia...)


Vídeo (3' 51'') . Alojado no You Tube > Hugo Moura Ferreira. (Reproduzido com a devida vénia...)

Homenagem ao Tony Teixeira (ex-alf mil, CCaç 6, Bedanda, 1972/73) - 1ª e 2ª partes. De seu nome completo, António Henriques Campos Teixeira (21-6-1948 / 15-112013). Realização e apresentação: Joaquim Pinto Carvalho, grande amigo e camarada do Toni, de há 41 anos.












Amadora, Venda Nova > Restaurante "O Gomes" > 19 de dezembro de 2013 > O Joaquim Pinto Carvalho em ação...


Fotos:  © Manuel Lema Santos (2013). Todos os direitos reservados.

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Nota do editor:

Último poste da série > 27 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12355: In memoriam (173): Adolfo Barbosa, ex-fur mil, Pel Caç Nat 65 (Piche, Buruntuma, Bajocunda, 1968/70) (João Pereira da Costa, ex-fur mil op inf CCS/BART 2857, Piche, 1968/70)

Guiné 63/74 - P12492: Notas de leitura (546): "O Conhecimento Etnológico da Guiné-Bissau. Uma Perspectiva de Género", de Manuela Borges e "Perspectivas para o Estado da Evolução das Representações dos Africanos nas Escritas Portuguesas de Viagem: O Caso da Guiné e Cabo Verde - Séculos XV a XVII", por José da Silva Horta (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Julho de 2013:

Queridos amigos,
Continua a ser moeda corrente apreciar a investigação científica no período colonial como se fosse possível isolar a experiência colonial portuguesa das demais, no seu tempo.
A investigação científica deu um grande salto no período em que Sarmento Rodrigues foi governador da Guiné, ocorreram missões, estudos e criaram-se infraestruturas que marcaram indelevelmente o saber e os conhecimentos nas terras da Guiné.
Pôr em causa inquéritos etnográficos e trabalhos de etnólogos só porque não tiveram em conta a mulher e as representações do género parece-me pura insensatez ou uma outra forma de fundamentalismo. Foi por isso que vim a terreiro, em função de um caso preciso.

Um abraço do
Mário


Acerca da crítica à antropologia colonial da Guiné

Beja Santos

O Centro de História de Além-Mar, onde estão envolvidas a Universidade dos Açores e Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, publicou em 2011 um importante número dedicado às representações de África e dos africanos. No conjunto dos documentos ali inseridos, cumpre destacar os artigos de que são autores Manuela Borges com o intitulado “O Conhecimento Etnológico da Guiné-Bissau. Uma Perspetiva de Género” e o de José da Silva Horta intitulado “Perspetivas para o Estudo da Evolução das Representações dos Africanos nas Escritas Portuguesas de Viagem: O Caso da ‘Guiné do Cabo Verde’ Séculos XV-XVII”.
Vejamos os termos como a investigadora Manuela Borges trata a antropologia colonial.

Refere que o conhecimento etnológico da mulher e das relações de género estiveram presentes na última era do colonialismo, desde o fim da II Grande Guerra até à independência, mas em termos manifestamente residuais. Vejamos o pano de fundo. O governador Sarmento Rodrigues lançou as bases da Guiné como uma colónia-modelo. No âmbito das suas iniciativas culturais, é de realçar o Boletim Cultural da Guiné Portuguesa (BCGP), 110 números normais e 1 número especial, além de 24 monografias, bem como trabalhos inéditos, entre 1946 e 1973. Para a autora, chegara agora o momento de equacionar a antropologia e a etnografia como grandes vetores da política colonial, tratava-se de uma nova conquista da Guiné em que os guineenses iriam ser estimulados para a civilização e para a ciência. Para dar suporte, foi criado assim o Centro de Estudos da Guiné Portuguesa, que se propunha promover a cultura, organizar uma biblioteca e um museu, o que veio a acontecer. Assim se procurava criar uma instância intelectual constituída por funcionários da administração colonial e oficiais das instituições militares.

Os investigadores lançaram-se ao estudo, deram testemunho das etnias que melhor conheciam, procuraram um discurso moderno. Diga-se lateralmente que é uma época em que vários cientistas, geógrafos, antropólogos, sociólogos, acorrem à Guiné para a estudar e inventariar conhecimentos, basta recordar Orlando Ribeiro e Mendes Corrêa. Por exemplo, Mendes Corrêa, à luz dos conhecimentos do seu tempo, andou a medir crânios e as alturas das diferentes etnias guineenses, segundo as escolas antropológicas do seu tempo tratava-se de um procedimento correto, hoje está banido todo e qualquer estudo que procure catalogar raças segundo padrões de inteligência.

A investigadora Manuela Borges procurou conhecer a representação da mulher nos textos publicados no BCGP, refere que esta representação foi construída por agentes da administração colonial, que era constituída exclusivamente por homens. O conhecimento etnológico colonial, observa a autora, era dominado por homens que ouviam, em primeira instância, nativos e nunca as nativas. Assim irá acontecer nos múltiplos estudos e inquéritos, estes eram encarados como pontos de partida para novas investigações. Por exemplo, na resposta aos inquéritos não se regista qualquer informação sobre as mulheres, nas poucas respostas em que as mulheres são referidas verifica-se que as informações são erráticas. São raríssimas as considerações em que a mulher foi ouvida e posta em primeiro plano. No entanto, sabe-se que nos Bijagós há a liderança religiosa das mulheres, cabe a estas as escolhas dos parceiros masculinos, e o que acontece é que o estudioso trata estes dados como “curiosidades”. Para a investigadora, andava-se à procura de um “indígena autêntico” e da identidade essencial às diversas tribos ou etnias. A autora considera que esta perspetiva antropológica era justificada pelo olhar do colonizado como “selvagem”, “primitivo”, “atrasado” e “exótico”. Acontece que a própria investigadora reconhece que os informantes eram masculinos, como hoje continuam a ser masculinos, ninguém pode ter a veleidade de estudar um comunidade e querer começar por inquirir mulheres, a estrutura social repudia ainda hoje tal atitude, ninguém pode entrar numa comunidade sem falar previamente com as autoridades. A antropóloga Tina Kramer contou-me que percorreu toda a Guiné falando sempre em primeiro lugar com os régulos, chefes de tabanca, conselhos de anciãos, estes depois é que autorizavam entrevistas com os antigos militares e as suas famílias. A mulher-objeto não foi só uma realidade de colonialismo, não é por acaso que ainda hoje prosseguem interminavelmente as discussões sobre a amputação genital das mulheres, com resultados por ora ínfimos.

A autora diz acertadamente que “Os agentes coloniais projetaram as suas perspetivas androcêntricas das representações das relações de género da sua própria sociedade, na perceção das relações de género africanas, o que teve significantes repercussões na produção etnológica colonial”, resta saber se à luz dos conhecimentos da época teria sido possível agir de outra maneira, negligenciando-se a realidade e vivências femininas. Noutro patamar, na literatura, é bom não esquecer “Auá”, de Fausto Duarte, obra premiada da literatura colonial, Auá é uma jovem que irá pôr termo à vida devido ao pai a querer casar com um velho régulo, ela amava um jovem e tornou-se intolerável, a seus olhos, manter a ditadura do direito consuetudinário.

Os estudos destes administradores-etnólogos foram e são tão importantes que ainda hoje se mantêm como bibliografia de referência, praticamente todos eles.

Não chega dizer que “a antropologia colonial foi produzida num contexto assimétrico de relações de dominação entre os colonizadores e os colonizados, sendo as representações reproduzidas pelos primeiros de forma hegemónica e etnocêntrica”, o investigador tem que demonstrar se se trata de uma aberração no contexto das ciências sociais e humanas do tempo. Nenhum antropólogo, sob pena de risota, iria hoje medir cabeças e alturas, para identificar raças, são procedimentos banidos. Os inquéritos do tempo, por toda a África, andaram relativamente próximos dos praticados pelos outros países colonialistas. Todos eles tiveram um discurso próprio de europeus, possuíam um sentido de missão, era preciso rastrear as diferentes raças até para politicamente saber lidar com elas.

É evidente que a nova República da Guiné-Bissau trazia um elevado repúdio face aos trabalhos dos colonialistas. No campo da agronomia ou da zoologia ou no estudo das doenças do sono, por exemplo, esses estudos impuseram-se, eram irrefutáveis, a investigação fora fundamental para a cultura do arroz, para intervir nas doenças tropicais, para mapear as diferentes culturas agrícolas possíveis. Extinguiram-se o museu, a biblioteca e o Centro de Estudos da Guiné Portuguesa. A Guiné-Bissau não tem nenhum museu digno desse nome, não há bibliotecas e o seu arquivo histórico, no INEP, foi praticamente destruído na guerra civil de 1998-1999. Quando a autora diz que a investigação científica na Guiné-Bissau, em 1984, entrou numa fase inteiramente nova, é de lamentar que não pese as consequências desta afirmação. A investigação científica anda ao sabor de projetos subsidiados, quando não há projetos não há investigação. Grande parte do património salvou-se graças a instituições como a Fundação Mário Soares. E os investigadores da era pós-colonial pegam nos trabalhos dos administradores-etnólogos como bússola, usando, claro está, das mais elementares cautelas. Acresce que há estudos publicados no tempo colonial que ainda hoje são referências obrigatórias. A título de exemplo, “Direitos Civil e Penal dos Mandingas e dos Felupes da Guiné-Bissau”, de Artur Augusto da Silva.
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de Dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12479: Notas de leitura (545): "Guiné - Guerra e Poesia - Canjadude e Bolama", de José Martins Gago (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P12491: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (11): Fotos nºs 13 (estrada para Geba e Bafatá), 14 (Ponte Nova) e 15 (tabanca da Ponte Nova)



Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > 

FOTO 13 > Bafatá vista da estrada para Geba e Mansabá.

1 – Tabanca da Ponte Nova.

2 – Parte colonial da cidade.




Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 >

FOTO 14 > Ponte Nova (ao tempo, ponte Salazar), vendo-se do lado direito a guarda à ponte [, assinalada com uma seta], cujos elementos costumavam apanhar camarão que depois vendiam ao pessoal.




Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 >


FOTO 15 > Grande parte da Tabanca da Ponte Nova – Bafatá.

1 – Rio Colufe.

2 – Rio Geba.

3 – Piscina.

4 – Zona das lavadeiras.

5 – Local da casa do ourives Tchame [, que já morreu, sendo a sua arte continuada pelo seu filho]


Fotos (e legendas): © Fernando Gouveia (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


1. Continuação da publicação do "roteiro de Bafatá", organizado pelo Fernando Gouveia[, ex-alf mil rec inf, Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70; autor do romance Na Kontra Ka Kontra, Porto, edição de autor, 2011; arquiteto, residente no Porto; foto atual à esquerda]

Guiné 63/74 - P12490: Parabéns a você (669): Albano Costa, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 4150/73 (Guidaje, 1973/74); Carlos Pinheiro, ex-1.º Cabo TRMS do STM/QG (Bissau, 1968/70) e Felismina Costa, nossa amiga Grã-Tabanqueira


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Nota do editor

Último poste da série de 22 de Dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12482: Parabéns a você (668): Miguel Vareta, ex-fur mil cmd, 38ª CCmds (1972/74)

domingo, 22 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12489: Boas Festas (2013/14) (10): Luiz Fonseca, José Teixeira, Benito Neves, Mário Beja Santos, Albano Costa, Domingos Gonçalves, Francisco Palma e José Carlos Mussá Biai





1. Mensagem do nosso camarada Luiz Fonseca, ex-Fur Mil Trms da CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73, com o seu postal natalício:





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2. Mensagem natalícia do nosso camarada José Teixeira, ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, QueboMampatá e Empada, 1968/70:

O tempo do Natal é tempo de paz.
É tempo de desafio à mudança interior,
Para que haja Natal todos os dias do ano
E depende do homem.
De cada um de nós também,
A sua concretização.
Não te deixes ficar pelo caminho.

Para todos os camaradas e seus familiares um Feliz Natal.

Relembro com carinho as famílias dos camaradas que ficaram pela caminho naquele chão vermelho; e os que partiram depois, para o eterno aquartelamento.

Para todos um Natal possível com paz e esperança
Zé Teixeira


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3. Mensagem do nosso camarada Benito Neves, ex-Fur Mil da CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67:

Para toda a equipa, bem como para todos os tabanqueiros, familiares e amigos, com muita amizade envio os meus sinceros votos de




Benito Neves
CCAV 1484

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4. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70:

A todos os meus amigos,
Votos sinceros de mil alegrias natalícias.
Sendo a circunstância propícia a dar-vos notícias, há que confessar que o ano me vai deixar gratas recordações. Nada de insólito ocorreu no campo da saúde, são 68 anos com algumas artroses, algumas dores crónicas controladas graças ao expedito médico de família.

Mantenho-me como falso reformado, procuro ser útil em várias direções. Escrevo com intenso prazer, colhi as recordações do Vasco de Castro, um artistas plástico que ficará na história como grande desenhador de humor; saiu em janeiro um livro com questões de saúde, lancei-me com o meu amigo Henriques da Silva na empreitada de um roteiro que vai da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau, já está em poder do editor; é sempre com satisfação que mando a minha colaboração para o blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné; leio avidamente, faço recensões que alguma imprensa regional acolhe, bem como blogues e revistas digitais; aqui e acolá sou chamado a palestrar e o prazer é sempre intenso; tenho uma neta a caminho dos três anos, rabitesa e com fulgurantes olhos azuis, singulares e muito belos; gosto do meu ambiente doméstico, ler repimpado, a ouvir Pergolesi e a ver os meus desenhos, aguarelas e óleos; continuo a não ter inimigos e a desprezar com normas cívicas os contabilistas que nos regem a existência, sem qualquer desígnio profundo; já estou a mexericar nos novos livros, coisas que dão pelo nome de “O Fedelho Exuberante” e “Os Consumidores contra a Crise”.

Não peço mais a Deus que tem sido pródigo comigo, dá-me bem-estar e a muita consideração dos amigos e conhecidos.

Desejo saúde a todos, votos de esperança e tranquilidade.
Tenho dificuldade em falar na crise, nasci com o racionamento, usei a roupa dos outros, malhei na guerra, esforcei-me por levar uma vida íntegra, assim se consumaram 48 anos de serviço público.
Aceitei uma condecoração pela simples razão de que considerei que era um indicador para uma causa porque tenho batido – a cidadania no consumo.

Recebam a gratidão e a estima de quem vos quer bem,
Mário




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5. Mensagem do nosso camarada Albano Costa (ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150, Bigene e Guidaje, 1973/74), com data de 12 de Setembro de 2013:

Caros Amigos
Mais um final de ano está à porta, e como é hábito desdobramo-nos nas palavras e nas frases muito bonitas a pensar sempre num futuro melhor, e eu não quero fugir à regra e por isso, mesmo sentindo as nuvens bem negras para o futuro do nosso país, desejo a todos os meus amigo e não só, assim como para os meus familiares um Natal Feliz e que o 2014 possa ser um ano cheio de esperança.

Um abraço,
Albano Costa


Magnífica foto do Porto de Leixões - Terminal de Petroleiros e Molhe Sul
Foto: © Albano Costa (2013) Direitos Reservados - Legenda de Carlos Vinhal

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6. Mensagem de Natal do nosso camarada Domingos Gonçalves, ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68:

Prezado Dr. Luís Graça:
Ao aproximar-se mais uma quadra festiva, para todos nós de grande importância, venho por este meio desejar-lhe um alegre e Santo Natal, e um ano de 2013 cheio de saúde, e de muitas coisas boas que aprecie.
Este meu sincero desejo é extensivo, também, a todos quantos, abrigados à sombra da velha e frondosa árvore, que cobre a Tabanca Grande, compartilham tranquilamente antigas memórias que a Guiné lhes deixou impressas na alma.
Aproveito a oportunidade para enviar um poema, datado de 24 de Dezembro de 1966, em Bissau, que recentemente descobri entre os meus velhos papéis, que poderá inserir no Blog, caso lhe pareça interssante. 

Com um abraço amigo, para os navegantes no Blog,
Domingos Gonçalves

O céu é baço, e o calor sufoca.
Só vejo rostos tristes, andar na rua.
Toda a esperança, em alegria, é oca,
Minha alma, de consolos, está nua.

Levanta-se no ar, sobre a cidade,
Um lasso ambiente de tristeza.
Há na alma de quem passa a saudade,
Um brilho estranho em toda a natureza.

É dia de Natal. A gente passa
Pelas montras enfeitadas, e não pára.
O brilho destas montras não tem graça.
A lembrança da família, é muito amara.

Ao longe, sob as telhas do meu lar,
Sentado num escabelo, à lareira,
Eu sei que há um anjo a chorar,
Por eu não estar, também, junto à fogueira.

Eu sinto a tua mágoa, anjo que choras,
E oiço-te, aqui tão longe, a rezar,
Pedindo ao Menino, para eu voltar,
E sei a dor que te invade nestas horas.

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7. Mensagem do nosso camarada Francisco Palma, ex-Soldado Condutor Auto Rodas da CCAV 2748 / BCAV 2922, Canquelifá, 1970/72:

Amigas/Amigos e Camaradas
Na impossibilidade de enviar individualmente os meus Sinceros Votos de Boas festas, venho por esta via enviar para todos em conjunto, esses mesmos e meus melhores desejos de BOM NATAL E FELIZ 2014

Francisco Palma


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8. Mensagem do nosso Grã-Tabanqueiro Eng.º José Carlos Mussá Biai, natural do Xime, a viver em Portugal, que exerce funções na Direcção-Geral do Território, em Lisboa:

Caro Luís, Caros editores e amigos,
Mais um ano que está a terminar e outro que se avizinha...

Desejo a todos um SANTO NATAL e UM FELIZ ANO 2014.
Que o próximo ano seja melhor, com muita saúde e felicidade.

Um abraço,
José Carlos Mussá Biai
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de Dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12483: Boas Festas (2013/14) (9): Patrício Ribeiro (Impar Lda, Bissau): Empada em Dezembro

Guiné 63/74 - P12488: Inquérito online: Como é que a malta ocupava os 'tempos livres' no mato... As respostas dos primeiros 74 leitores, quando ainda faltam dois dias para terminar...


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Foto nº 91 >  O repouso do guerreiro... O fur mil Arlindo Roda descansando no seu quarto, enquanto escreve  uma carta ou aerograma... Como se pode ver, em Bambadinca não se usava rede mosquiteira... As instalações do comando, messes e quartos de oficiais e sargentos  eram ainda recentes (, tendo cerca de um ano). No caso dos argentos,  havia cinco a seis camas, no máximo, por quarto (espaçoso)...

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legenda: L.G.]

A. Resultados parcelares da sondagem, em curso, sobre a ocupação dos tempos livres no mato. Total de respostas, até às 17h de hoje: 74. A pergunta é de resposta múltipla e admite mais do que uma resposta. 

Assinalam-se, abold e a sublinhadas a amarelo,  as 5 mais frequentes formas de ocupação dos tempos livres  (a 9ª e a 11º aparecem em 5º lugar, ex-aequo). A sondagem (ver coluna do lado esquerdo ao alto, no nosso blogue) está ainda a decorrer até a meio do dia 24 do corrente. (LG)


1- Havia uma pequena biblioteca com livros > 5 (6%)

2. Eu lia jornais/revistas com alguma regularidade  > 26 (35%)

3. Eu lia livros com alguma regularidade  > 33 (44%)

4. Não tinha tempo para ler  > 6 (8%)

5. Não tinha disposição para ler  > 10 (13%)

6. Não tinha nada para ler  > 9 (12%) 

7. Levei livros para a Guiné  > 22 (29%)

8. Assinava revistas/jornais  > 12 (16%) 

9. De preferência ouvia música  > 32 (43%)

10. De preferência jogava à bola  > 23 (31%)

11. De preferência jogava às cartas  > 32 (43%)

12. De preferência ia à pesca ou caça  > 5 (6%) 

13. De preferência convivia com os meus amigos  > 39 (52%)

14. De preferência convivia com a população da tabanca  > 23 (31%)

15. De preferência petiscava e/ou bebia uns copos  > 35 (47%)

16. De preferência dormia (por ex., a sesta)  > 10 (13%)

17. Tinha um diário onde escrevia  > 9 (12%)

18. Lia e escrevia cartas e aerogramas  > 42 (56%)

19. Fazia trabalho comunitário (escola, saúde, igreja...)  > 7 (9%)

20. Não sei / já não me lembro > 0 (0%)

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Nota do editor:

Vd. poste de 18 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12470: Sondagem: ocupação dos tempos livres no mato... A decorrer até à véspera de Natal... Os primeiros depoimentos: J.F. Santos Ribeiro, Francisco Palma, Xico Allen, João Martins

Guiné 63/74 - P12487: Fragmentos de Memórias (Veríssimo Ferreira) (7): A minha ida para Bissau


1. Em mensagem de 17 de Dezembro de 2013, o nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3, 1965/67) enviou-nos o sétimo episódio da sua série Fragmentos de Memórias.


FRAGMENTOS DE MEMÓRIAS

7 - A minha ida para Bissau

O ter de afastar-me e goss goss, da minha CCAÇ 1422, passados que tinham sido 11 meses após a chegada à Guiné, não foi nada fácil.
Havia criado amizades sinceras, dera a minha também, mas motivos poderosíssimos não permitiam que por ali devesse ficar, salvo se resolvesse abandalhar-me e esquecer toda a minha educação. Daí que me tenha proposto, ir combater para Bissau já que havia pedidos indicando que cada Companhia Operacional deveria "deixar" dois elementos com experiência, oferecerem-se para tal. Estávamos em finais de Junho de 1966, após testes fui admitido, só que houve quem decidisse acabar-me com a mama e vai daí... abdicaram dos meus préstimos.

Mandaram-me aguardar na CCS/QG, que novas ordens receberia.
Desconfio que me não quiseram, porque não convinha que eu ganhasse já a guerra, sabendo-se que na Metrópole, milhares de mancebos ansiavam para vir conhecer este pedacinho d'África.
E óspois... acabei mesmo colocado na cidade só que na chefia duma Secção chata com'ó caraças.

Cumpri mais do que se me era exigido mas com a plena consciência de que teria de fazer-se.
Sofri que nem um cão abandonado e assim me senti com a falta da sã camaradagem do mato... sem o uso da G3 agora substituída pela Walter 9mm... pela falta da adrenalina diária... e até pela saudade dos combates onde não atirava contra, tão somente a meu favor e dos camaradas ao lado.

Nas tarefas quotidianas, mais fáceis, competia-me zelar pelas, beleza e limpeza, do cemitério.
As difíceis... desde o reconhecimento de camaradas falecidos, os contactos com Lisboa, a organização dos processos fúnebres, a entrega dos corpos nos embarques para a Metrópole.
Era pesaroso, complicado demais, mas fez-se à custa de quebrar com os sentimentos tomando uns cálices inebriantes, que me conduziram quase aos alcoólicos anónimos mas doutra forma não poderia exercer a função.


Conheci novas pessoas nas vidas civil e militar, alguns... bêbados com'a mim.
A urbe continuava ausente do conflito e com pouco interesse do que se passava para além da sua fronteira e pior... ausente no respeito devido aos combatentes, ali presentes forçadamente e por demasiado tempo, lutando por causas que não eram suas, mas cumprindo com o derramamento do seu sangue... com muito suor... lágrimas.
Doía-me ver esse desapego civil embora as excepções também existissem.
Só nós militares, mantínhamos uma atitude generosa, não deixando transparecer o que nos ia na alma.

Com instalações soberbas em Sta. Luzia, resolvi em comunhão de despesas com dois elementos do Conjunto das Forças Armadas, alugar um apartamento ali na baixa de Bissau, por cima do Pintosinho e bem perto do cais e da Amura. Vista para o Geba, limpeza a tudo bi-semanal, lavagem da roupa e etc, etc, incluídas no preço, qu'até nem era caro: cem pesos a cada um e por mês.

Quando liberto, acidentalmente, do cargo qu'agora desempenhava, ali estava eu olhando a azáfama portuária.
Apercebi-me então de coisas deveras estranhas e que me deixaram estupefacto, como por exemplo o verificar que os trabalhadores se desunhavam para conseguirem ser dos que podiam transportar as sacas de farinha... é que ficavam brancos !!!

E as ostras, pàzinhos? Quem as não comeu?
Descobertas que foram por mim, degluti-as senão todos os dias... quase.
Abertas ou fechadas, aquilo foi cá uma garganeirice !!! Mas que culpa tinha eu de gostar manning? E depois... ainda não houvera provado nada semelhante que lá no rio Sôr não tínhamos.
Foi um regabofe à moda antiga ou com limão ou sem ele, e regadas convenientemente com tinto gelado... verde e carrascudo.

Até ao jantar na messe, não comia mais nada. Para aí me deslocava em transporte particular (um mini-moke) posto ao meu serviço e as horas para trabalhar eram conforme e consoante.
Ficava depois na minha 1ª REP/QG a corrigir e aperfeiçoar os processos pendentes e, quando não e porque tinha livre acesso via passe em meu nome, nos navios que transportavam de e para a Guiné, as nossas tropas, aproveitava também algumas das benesses oferecidas, bem como a permanência no bar sempre aberto.
Contactei in loco com quem viera prá festa e com quem saíra do Inferno.
Para os primeiros tive de mostrar alguma complacência, calando-me, pois que vinham cheios de força ingénua, igual àquela com que eu mesmo chegara... nada de temores... com elevado moral, salvo num ou outro caso isolados.

Havia ENTÃO, uma juventude Portuguesa para quem as palavras HONRA E DEVER não eram palavras vãs.
Os mariquinhas pé-de-salsa, fugiam para França.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 15 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12453: Fragmentos de Memórias (Veríssimo Ferreira) (6): O Higino Arrozeiro e as lições de francês

Guiné 63/74 - P12486: O nosso livro de visitas (173): C. Carmelino, da CCAÇ 2701 (1970/72), a companhia do Saltinho... Esteve sempre no QG, em Bissau, na Amura, onde foi condutor do major Carlos Fabião

1. Mensagem de hiojem, do nosso leitor e camarada C. Carmelino:

Data: 22 de Dezembro de 2013 às 13:11
Assunto: Camarada da Guiné

Um ex combatente revoltado...

Bom  dia amigo, cheguei até aqui porque,  ao conversar com um amigo,  aconselhou-me a pesquisar na Net, pois andava  há muito tempo para obter informações da minha companhia do serviço militar da Guiné.

Estive na Guiné desde maio de 1970, tendo regressado em maio de 1973.

Pertenci à companhia 2701 que esteve em Saltinho, mas eu estive sempre em Bissau, ma Amura onde estava a policia militar, fui condutor do major Fabião, pertencia ao Comando-Chefe. Em todo este tempo nunca soube nada do meu batalhão nem da minha companhia... Fui sempre um militar perdido.

Hoje sinto-me uma pessoa revoltada, pois deixei mulher e filhos para ir defender aquilo que agora deram por não me darem o devido valor, assim como a tantos outros. Hoje sou um ex-combatente que só sei dizer, que por onde Portugal passou só deixou miséria. Vejamos só um bocadinho: chegou ao Brasil,  hoje é o que se vê,  um país pobre; chegou às colónias,  deixou lá miséria; agora chegou à Europ, UE,  e é o que se vê,  o país na penúria...Já fomos governados pelos Filipes de Espanha, hoje somos governados pelos troikanos (os da troika);  enfim,  o nosso país tem uma carreira,  ao longo da sua história,  de miséria!

Foram três anos de serviço obrigatório, não por castigo, mas por falta de transporte, que quando acabei a comissão, miserável este governo,  nem transporte tinha para um militar que deixou mulher e dois filhos para ir defender o nada... Sim,  o nada que em nada acabou... Acabou em miséria.
Hoje sou um português revoltado,  a olhar para o passado miserável deste país... que com a ganância de alguns políticos nunca chega a lado nenhum.

Sem mais,  por agora um abraço de um abraço de um ex-combatente revoltado pelo passado  e mais pelo presente que não terá futuro!

2. Comentátrio de L.G.:

Carmelino, obrigado pela tua visita, revolta e desafo... Ainda conheci a tua companhia, a CCAÇ 2701. Aliás, fomos nós, a  CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71), a dois grupos de combate, quem, em maio de 1970, fez uma coluna logística, de Bambadinca ao Saltinho, escoltando os "periquitos" da CCAÇ 2701 e levando reabastecimentos até ao local de destino.

Gostava que, cumprindo as regras do nosso blogue, aceitasses o meu convite para te sentares debaixo do poilão da Tabanca Grande. Basta, para isso, acrescentares à foto (antiga) que mandaste, mais uma, atual... e falares um pouco dos teus tempos de QG, como condutor do major Carlos Fabião. 

Enfim, junta-te aos teus antigos camaradas da Guiné, que já são mais do que um batalhão. Entre amigos e camaradas (veteranos da guerra colonial  na Guiné)  somos 635, dos quais infelizmente quase 3 dezenas já faleceram. O melhor Natal possível para ti e para os teus, Luís Graça.
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Nota do editor:

Último livro da série > 13 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12441: O nosso livro de visitas (172): Pedido de informação de Djarga Seidi, guineense da diáspora, com esclarecimento prestado pelo nosso colaborador José Martins