sábado, 18 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13755: Convívios (636): Já lá vão mais de 9 anos de almoços/convívos semanais da tertúlia da Tabanca de Matosinhos (José Teixeira)

1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), com data de 16 de Outubro de 2014:

Estávamos no princípio de Maio de 2005.
Três carolas ex-combatentes, regressados de uma visita à Guiné, meteram os pés debaixo da mesa num restaurante em Matosinhos, para saborearem umas sardinhas assadas, enquanto faziam o balanço da viagem.

Depois de bem almoçados e bem avinhados, decidiram voltar na semana seguinte, à mesma hora, no mesmo local, com a mesma ementa. E continuaram porque as suas conversas sobre a Guiné não tinham fim.

Assim nasceu a Tabanca de Matosinhos, já lã vão mais de 9 anos.

A notícia espalhou-se e como por encanto começaram a surgir novos convivas a alimentar o sonho. Ao fim de algum tempo tivemos de mudar de poiso. Não cabíamos no Restaurante.

Da Casa Teresa passámos para o Restaurante Milho Rei, na Rua Heróis de França em Matosinhos. Umas largas centenas de ex-combatentes, vindos de todo o País e até do estrangeiro, têm transformado as Quartas-Feiras neste restaurante, num espaço de convívio, de crescimento e partilha de amizades.

Uns são um “ferrinho” todas as semanas, outros vêm de vez em quando, outros de longe a longe e outros gostavam de vir, mas… as finanças ou a distância são o grande impeditivo. Outros, desconhecem, mas quando aparece um “periquito” chamado por um camarada ou por ter tomado conhecimento, fica encantado e volta, sempre.

A Tabanca de Matosinhos é uma autêntica caserna em pleno funcionamento onde, semanalmente, oficiais, sargentos e praças de outrora se irmanam num projeto comum de viver a vida que vai restando.

No dia 15 de Outubro juntou perto de quarenta convivas, numa alegria contagiante de quem se conhece e se identifica numa base comum – a passagem pela guerra colonial na Guiné.

Entre os convivas registamos o Manuel Vidal – um emigrante que todos os anos nos visita. Emigrou com 17 anos e regressou para o serviço militar e logo enviado para a Guiné. Ao fim de catorze meses é apanhado pelo PAIGC em Catió e fica retido entre Conakry e Madina de Boé durante trinta longos meses, fazendo companhia ao nosso António Baptista – o “morto vivo”, tendo sido libertado em 23 de Setembro de 1974. Emigrou de novo e por lá anda pela França. Quando vem de férias a Viana do Castelo, a sua terra, aproveita uma vinda ao Porto para visitar em Santa Cruz do Bispo o seu companheiro de infortúnio e vem abraçar os amigos da Tabanca de Matosinhos e trouxe a família.

Como quase sempre acontece, tivemos a presença de mais um “periquito” o Mário Marinho que andou pelo Xime e por Encheia, entre 1970 e 1972, com estórias tristes como quase todos nós os que por lá passamos. Registamos a tristeza com que contou o episódio do GC - o quarto pelotão da sua Companhia, quando se deslocava para Encheia, viu, 10 dos seus homens serem engolidos no Geba pelo macaréu.

Dos restantes convivas, já se conhecem as suas estórias, mas há sempre uma que ficou por contar para enriquecer as horas do convívio.

Na próxima quarta-feira, lá estaremos de novo para comer e conviver sadiamente.

Deixamos um convite a todos os ex-combatentes e familiares – Venham daí e não darão o tempo como perdido.

José Teixeira

 Aspecto geral do Convívio

O Manuel Vidal contando um pouco da sua história

O Pires com a tia que sempre o acompanha, pois é ele que está a apoiá-la na velhice.

O Mário Marinho a apresentar-se à Tabanca e a contar um pouco do que foi a sua vida na Guiné.

Um brinde aos presentes do casal Basto.

Aspecto geral com o Manuel Vidal e os seus familiares

Um aspecto geral do Convívio

Aspecto geral do Convívio
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Notas do editor:

Podemos visitar a Tabanca de Matosinhos na sua página Tabanca Pequena ONGD
e no Facebook em: Tabanca de Matosinhos Tertúlia

Último poste da série de 12 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13725: Convívios (635): XX Encontro do pessoal da CART 566 (Cabo Verde e Guiné, 1963/65), dia 18 de Outubro de 2014 em Vila Nova de Gaia (José Augusto Miranda Ribeiro)

Guiné 63/74 - P13754: Bom ou mau tempo na bolanha (71): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (11) (Tony Borié)

Septuagésimo episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.



Resumo do dia onze

O dia tinha iniciado muito bem, pois no tal hotel onde dormimos, com “preço de amigos”, trataram-nos com uma dignidade um pouco fora do vulgar, pois além de nos servirem um pequeno almoço para “pessoas ricas”, como dizia a minha querida avó, ainda nos deram uma pequena embalagem com comida para o resto do dia, desejando-nos, “boa viagem” e que um dia iam visitar-nos na Florida.

Cá fora caía aquela “chuva miudinha’, que nós quando jovens dizíamos ser “chuva de molha tolos”, estava tudo em ordem, tanto no Jeep, como na caravana, tanques extras cheios de gasolina, muita água, tanto para beber como para qualquer lavagem, na caixa frigorífica ia muita comida, pelo menos daquela a que chamamos “finger food”, ou seja, boa para se comer com os dedos, não necessitando de prato ou talheres e GPS em ordem. Deixámos a cidade de Fairbanks, o nosso destino era o norte, era o “Dalton Highway”, estava no nosso “roteiro”, queríamos viajar nesta estrada, fazia parte do nosso “projecto” que é uma estrada construída para ligar Fairbanks e outras cidades com Prudhoe Bay, que não é mais do que onde termina a célebre “Estrada Panamericana”, onde também se pode ver o Oceano Ártico, o “sol da meia noite” e, com uma certa frequência, a “Aurora Boreal”, que fica um pouco ao lado do maior campo de petróleo dos USA.

Tínhamos informação de que a estrada, que começa mais ou menos a 100 milhas ao norte da cidade de Fairbanks, na cidade de Livengood e, também é conhecida como AK11, tem também mais ou menos 420 milhas de distância, aproximadamente 25 por cento da estrada, tem algum alcatrão, o resto é terra, lama e pedra, depende do estado em que o último inverno a tenha deixado e do sucesso das suas obras de reparação e, claro, do clima que faça na altura.


No dia anterior, no Centro de Turismo, explicaram-nos que a estrada era, “gravel, dirt or mud, depending on the weather”, também nos disseram que era muito recomendável que se carregasse quatro pneus extras, mas quem não puder, que leve pelo menos dois, assim como gasolina extra, para pelo menos 240 milhas. A estrada segue e foi construída, quase naturalmente, sempre ao lado do “Alaska Pipe Line”, que dizem ser um dos maiores “pipeline systems”, em todo o mundo, que vulgarmente se designa por oleoduto, com o diâmetro de 48 polegadas, (122 cm.), que transporta o crude do óleo, por uma distância de aproximadamente 800 milhas, (1287 Km.), com 11 estações de bombagem, desde o campo petrolífero de Prudhoe Bay, até ao porto marítimo da cidade de Valdez, que infelizmente já tem sido notícia por diversos incidentes durante a sua curta vida, pois começou a operar por volta do ano de 1977 e, pelos diversos “leaks” de óleo, derivado a alguns erros de manutenção, transporte ou sabotagem e, até por aventureiros ou caçadores mal intencionados, que disparam contra ele, fazendo-lhe alguns buracos, apesar do seu sotisficado sistema de vigilância.


Esta estrada, é uma das mais isoladas dos USA, tem somente três povoações com algumas facilidades, ao longo da estrada, que são Coldfoot, na milha 175, Wiseman, na milha 188 e Deadhorse, na milha 414. Dizem que a gasolina está disponível na povoação de E. L. Patton Yukon River Bridge, mais ou menos na milha 56, e às vezes nas povoações que já mencionámos, de facto havia na primeira povoação, pois era mais ou menos na região do “Hot Spot Cafe”, que é como designam aquela região, por haver por ali alguma civilização.

Até à cidade de Livengood, com chuva miudinha e algum nevoeiro, fomos seguindo, era alcatrão, passámos a cidade, tomando o desvio do norte, onde já havia alguma terra e lama, eis-nos na frente da placa que nos indicava o famoso “Dalton Highway”, já se fazia sentir o tal clima “polar”, onde em uma pouca área de  terreno pode existir neve, chuva, granizo, nevoeiro, vento, algum sol, mas sempre frio, muito frio mesmo. Nesta altura fazia alguma chuva, com “abertas”. Parámos, esperámos por outros veículos por aproximadamente uma hora, vinham alguns camiões com atrelados, tanto para um lado como para outro, mas veículos ligeiros ou caravanas não, decididos, avançámos sozinhos. Depois de umas tantas milhas encontrámos uma caravana abandonada, na beira da estrada, talvez o eixo estivesse partido ou danificado, pois a roda de trás, do lado esquerdo, estava em baixo e de lado, continuava a caír aquela chuva miudinha, junta com nevoeiro, mas, como já mencionámos, com algumas “abertas”.


A estrada estava muito perigosa, com lama, pedras, grandes buracos com água e, na região do “Hot Spot Cafe”, mais ou menos na “Milha 60”, foi onde chegámos, pois um pouco à frente estavam militares e trabalhadores do “Alaska Pipe Line”, que logo nos avisaram que se não levávamos equipamento de sobrevivência, um novo conjunto de pneus, próprios para esta perigosa estrada e, se continuávamos com a intenção de seguir em frente com este estado de tempo, era por nossa conta e risco e era muito difícil alguém nos socorrer em caso de acidente, pois com este tempo, viajando sozinhos, ajuda médica só era possível talvez na povoação de Deadhorse ou na cidade de Fairbanks. Tudo isto apesar de transitarem por dia nesta estrada mais de uma centena camiões, alguns com três atrelados, daqueles que não fazem manobra, que seguem sempre em frente, cujas rodas “atiram” pequenas pedras e lama, a uma distância que pode atingir meia milha, onde os condutores profissionais, desses camiões, falando entre si, dizem que esta estrada é para trabalhar, é uma via de “trabalho”, não para passear, portanto os “turistas”, não são, pelo menos para eles, muito bem vindos.




Viajávamos sozinhos, essa era a nossa maior dificuldade, pois com este clima, frio e chuvoso e, não havendo outros aventureiros que nos fizessem companhia, conformados, aproveitámos a ajuda que essas pessoas nos deram, nesta pequena estrada de lama, para voltarmos o Jeep e a caravana no sentido do sul. Estando a pouco menos de 50 milhas do “Artic Circle”, a tal latitude, 66° 33’, ficámos um pouco revoltados, vendo esta oportunidade única de tocar na água do Oceano Ártico, ou ver o “sol da meia noite”.


Queremos só mencionar um pequeno pormenor, quando atingimos a região do “Hot Spot Cafe”, cuja latitude é, 65° 52’, foi o local onde nos distanciámos mais, da nossa casa, na Florida, podendo dizer mesmo, que tínhamos realizado metade da nossa “aventura”.

Vamos continuar, agora rumo de novo a sul. Com poucas milhas andadas vimos um camião/tanque caído numa ravina, com as rodas no ar, ainda rolando, com dois camiões parados, que deviam já ter pedido socorros. Também parámos, vieram dois helicópteros que iniciaram as operações de resgate, sendo-nos mandado abandonar o local para facilitar as operações. Passando de novo na cidade de Fairbanks, que fica mais ou menos a 200 milhas de distância do local onde fomos avisados pela primeira vez, sempre com chuva, nevoeiro e, de vez em quando havia as tais “abertas”, o que nos fazia pensar em voltar e, seguir de novo rumo ao norte, mas o “bom senso” nos fazia seguir em direcção ao sul.

Assim continuámos sempre debaixo de chuva, “dia miserável”, como é costume dizer-se, parando no “Denali National Park”, onde se encontra o “Mount McKinley”, que é a montanha mais alta da América do Norte, cujo nome em língua “atabasca” é Denali. Este parque nacional foi inicialmente criado no ano de 1917, com a designação de “Parque Nacinal Monte McKinley”, apesar do cume propriamente dito não estar incluído na área do parque, desde 1976 que é considerado “reserva da biosfera”.

Nesta área, junto à estrada, é como fosse uma “amostra”, do que existe nas redondezas, pois existem muitos estabelecimentos de comércio, vendendo produtos regionais, alguns feitos por nativos “esquimós”, vários restaurantes e hotéis, alguns de luxo, os mais variados artigos para turistas, que visitam o local. O parque de estacionamento é em qualquer local onde não existam árvores, seja mais ou menos plano e onde se entenda que se possa sair, depois de alguma chuva ou neve, que é frequente nesta zona. Nós, depois de estacionar, também visitámos as lojas e comprámos algumas lembranças para familiares, seguindo viagem, sempre rumo ao sul, chovendo, com algum vento, mas sempre conduzindo com alguma segurança. Viemos até à cidade Wasilla, já perto de Anchorage, e como chovia, nem sequer procurámos parque de campismo, com muita sorte, dormimos num hotel da mesma rede, do que tínhamos dormido na cidade de Fairbanks, onde estava lá o nosso nome no computador, no tal espaço que dizia, “preço de amigos”.


Este foi, um dos dias mais duros da nossa viagem, o clima dificultou e, “tocou” um pouco, os já “velhos” nervos do nosso corpo, chegando por alguns momentos a questionar o nosso pensamento, porque nos metemos nesta aventura, mas, “como quem corre por gosto, não cansa”, continuámos, percorrendo 687 milhas, com o preço da gasolina, variando entre $4.27 e $4.38, o galão, que são aproximadamente 4 litros.

Tony Borie, Agosto de 2014
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13719: Bom ou mau tempo na bolanha (69): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (10) (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P13753: Inquérito online: Quem não apanhou o paludismo, que ponha o dedo no ar?!...

Foto: António Tavares (20014)
1. Não me lembro se tive paludismo  > 0 (0%)


2. Não me lembro do medicamento para o paludismo  > 1 (2%)


3. Sim, tive paludismo  > 24 (48%)


4. Não, nunca tive paludismo  > 10 (20%)


5. Não, nunca tomava o medicamento  > 0 (0%)


6. Sim, tomava sempre (ou quase sempre)  > 17 (34%)


7. Sim, tomava, mas só às vezes  > 8 (16%)


8. Tomava o medicamento e tive o paludismo  > 20 (40%)


9. Tomava o medicamento e nunca tive o paludismo  > 12 (24%)


10. Nunca tomei o medicamento nem nunca tive paludismo  > 2 (4%)

Votos apurados: 49
Dias que restam para votar: 5


[Imagem, acima à direita: uma relíquia farmacêutica: o célebre medicamento contra o paludismo, Pirimetamina, 25 mg,, LM (iniciais de Laboratório Militar)... Havia duas tomas por semana, às quintas e domingo, segundo o nosso camarada médico, Rui Vieira Coelho... A imagem é do António Tavares, ex-fur mil, CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72]

Foto: © António Tavares (2014). Todos os direitos reservados [Edição de L.G.]



O parasita Plasmodium,  ao atravessar o citoplasma de  uma célula epitelial
da fêmea do mosquito, na forma com que penetra no corpo do ser humano
e de outros vertebrados. Foto e legenda: Wikipédia (com a devida vénia)
A. Camaradas: eis os primeiros resultados (n=49), às 14h de hoje, da sondagem que está a deccorrer no nosso blogue.

É importante que respondam, dentro dos próximos  5 dias, E podem dar duas ou mais respostas, desde que sejam coerentes. Por exemplo: 

3. Sim, tive o paludismo; 
6. Sim, tomava sempre (ou quase sempre) [o medicamento]
8. Tomava o medicamento e tive o paludismo.

A "pastilha" (comprimido oral) antipalúdica, o "Primetamina", 25 mg,  da marca LM,  tomava-se se ás refeições 2 vezes por semana (em geral, às 5ªas feiras e aos domingos). Era um profilático. Não havia (nem há ainda hoje) vacina contra o paludismo, a doença que mais mata no mundo. E ainda por cima, os mais pobres nos países mais pobres (como a Guiné-Bissau),

Queremos saber quem apanhou o paludismo e tomava (ou não) a célebre "pastilha" que até a Maria Tura dizia que tirava a tusa ao pessoal: a "Primetamina"...

Camarada: a sondagem começa com a afirmação (que não é falsa nem verdadeira): " NO TO DA GUINÉ TIVE O PALUDISMO E TOMAVA O MEDICAMENTO"... 

Podes (e deves)  dar mais do que uma resposta, sincera e coerente... Obrigado, em nome dos editores, pela tua participação. Podes mandar textos e fotos sobre este tópico... LG


PS - Segundo o nosso camarada médico,do Porto, Rui Vieira Coelho, "nas crises palúdicas o tratamento era feito com Resochina em soro polielectrolítico e aplicação endovenosa e dava sempre uma incapacidade de alguns dias, sobrecarregando os colegas e diminuindo a capacidade operacional do grupo de combate a que pertenciam ou levando á substituição por outro pessoal o que moral e eticamente era reprovável no caso de serem feridos em combate" (...) (*)

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Nota do editor:

(*) Vd, poste de 16 de outubro de  2014 > Guiné 63/74 - P13743: Os nossos médicos (80): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (12): Até a Maria Turra dizia que o antipalúdico Pirimetamina, do Laboratório Militar, fazia mal à tusa...

Guiné 63/74 - P13752: Parabéns a você (802): avó Luís Nascimento, adoro-te, és o melhor avô do mundo (Jessica Nascimento, Viseu)


Luís Nascimento,  aniversariante de hoje. Foi 1º cabo cripto na CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71).  Foto de Jessica Nascimento (Editada por L.G.]


1. A Jessica Nascimento, que vive em Viseu,  é neta do Luís Nascimento e sua "secretária particular" (, é ela que nos manda, através do seu email,  a correspondência do avô). Veio ontem, na 23ª  hora, perguntar-nos se podia utilizar o blogue para fazer uma surpresa ao "melhor avô do mundo"...

Claro que pode, e deve, já que ela é também seguramente a "melhor neta do mundo"... E como os netos dos nossos camaradas nossos netos são, a Jessica já há muito conquistou o direito de se sentar à sombra do poilão da nossa Tabanca Grande... Ela é um exemplo para os filhos e netos dos nossos camaradas, antigos combatentes.

Basta mandar-nos uma foto sua (, que a gente não a conhece de vista nem de foto) , e dizer que aceita o o nosso convite.

Peço-lhe, à Jéssica,  que mande, em meu nome pessoal,  um alfabravo fraterno para o seu avô... que foi comigo para o TO da Guiné, no T/T Niassa, em 24/5/1969, e voltou para casa, também comigo, no T/T Uíge,  em 17/3/1971... omos os dois, integrados nas respetivas companhias. Mas... nunca nos "encontramos", até à data... (Quando um dia destes passar por Viseu, irei bater-lhe à porta...). Que tenha um grande dia, com saúde e alegria. (LG).


De: Jéssica Nascimento

Data: 17 de Outubro de 2014 às 23:40

Assunto: Aniversário


Boa noite,  Sr. Luís Graça,


Gostaria de saber se podia felicitar o aniversário do meu avô no seu blogue?

O meu avô faz anos, dia 18 de Outubro, já amanhã.

Jessica Nascimento

PS - Junto envio fotografia e um pequeno texto.


2. Texto de Jessica Nascimento:

Avô:

Hoje é dia de agradecer! Agradecer por mais um ano da presença de uma pessoa muito especial na minha vida. Mais um ano com a maravilhosa oportunidade de receber os teus carinhos, de ouvir as tuas histórias, mas antes de tudo, de te ter ao meu lado.

Parabéns,  és o melhor Avô do Mundo.

Adoro-te!

Obrigada.

Jessica

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P13751: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XIV: março de 1973: (i) uso, pela primeira vez no setor, de foguetões 122 mm, num ataque ao Xime; (ii) flagelada, também pela primeira vez, a coluna logística Bambadinca-Xitole; e (iii) mal estar, entre os pais fulas e mandingas, islamizados, pela excessiva orientação cristã dos textos didáticos usados nas escolas bem como pelos castigos corporais









Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca > Subsetor de Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > A aldeia de Samba Juli, em autodefesa. Pertencia oa regulado de Badora.

Foto: © Humberto Reis  (2005). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Continuação da publicação da história do BART 3873 (que esteve colocado  na zona leste, no setor L1, Bambadinca, 1972/74) a partir de cópia digitalizada da história da unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte.

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972/74; foi voluntário para a CCAÇ 12 (em 1973/74); economista, bancário reformado, foto atual à esquerda].

O grande destaque do mês de março de 1973, dois meses depois da morte de Amílcar Cabarl (1924-1973) vai para:


(i)  O uso, pela primeira, no setor, de foguetões 122 mm, num ataque ao Xime;

(ii) A saída de efetivos do PAIGC, da Frente Bafatá-Xitole, para o reforço do sul;

(iii) A transferência da CCÇ 12, para o Xime, como unidade de quadrícula, ao fim de 4 anos a atuar como unidade de intervenção, indo substituir a CART 3494 (que vai para Mansambo);

(iv) Mansambo continua sem ser atacado ou flagelado;

(v) Conclusão de 9 escolas no setor;

(vi) Suscetibilidade e mal-estar das populações islamizadas do setor (fulas e mandingas) em relação às escolas dos filhos, devido à orientação cristã dos livros e dos professores, mas também dos castigos corporais;

(vii) Flagelação, pela primeira vez, da coluna logística Bambadinca-Xitole;

(viiii) As NT auxiliam a população da bela tabanca de Samba Juli na reconstrução de moranças destruídas pelo fogo.

[Imagem à direita: capa do livro de leituras da 3.ª classe, o mais ideológico e etnocêntrico dos manuais escolares em vigor no Estado Novo. Os manuais escolares eram “especialmente elaborados pela Direcção – Geral do Ensino Primário, tendo em conta as necessidades culturais e profissionais dos meios populares” do Portugal europeu, continental e atlântico, mas não das populações da Guiné, por exemplo, que eram  na sua grande maioria animistas e muçulmanas.  O Livro da Terceira Classe, Ed. Domingos Barreira, 4ª Ed., 1958  esteve em uso durante décadas. E tinha, como os outros, uma segunda parte reservada ao ensino da "doutrina cristã". Cortesia do portal da Instuto de Educação da Universidade de Lisboa]


Março de 1973: Pela primeira vez, no tempo do BART 3873, o IN usa foguetões contra o Xime, e é flagelada a coluna de reabastecimento Bambadinca-Xitole.




Adicionar legenda



(Continua)
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Guiné 63/74 - P13750: Parabéns a você (801): Luís Nascimento, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 2533 (Guiné, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 13 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13726: Parabéns a você (800): Mário Ferreira de Oliveira, 1.º Cabo Condutor de Máquinas Reformado, da Marinha (Guiné, 1961/63)

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13749: Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (16): E agora, o desporto

1. Mensagem do nosso camarada Armando Pires (ex-Fur Mil Enf.º da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70), com data de 10 de Outubro de 2014:

Caro Luís Graça. Camaradas Editores. 
Eu sei que hei-de chegar ao fim. Ao fim dos episódios que me propus escrever. Mas não está fácil. Umas vezes por isto, outras por aquilo, chegada a hora de escrever, nem sempre os neurónios alinham duas ideias seguidas. Havemos de conseguir. 
Com uma pitada de humor e umas quantas fotos, o episódio n.º 15, que como é hábito segue em anexo, acrescenta ao …enfermeiro, ribatejano e fadista, um furriel desportista. 

Um abraço
Armando Pires


FURRIEL ENFERMEIRO, RIBATEJANO E FADISTA

14 - E agora, o desporto

Sim, não vá pensar-se que a vida de um furriel enfermeiro no mato, mesmo que ribatejano, entre diagnosticar malárias, combater gonorreias, ou secar micoses com "1214", fosse apenas cantar o fado. Eu fui um desportista.

Já o era, caramba, antes mesmo de ali chegar. Curiosamente, em todas as modalidades que pratiquei, as mãos eram o meu forte. Lá pela Guiné, tirando a sueca, a lerpa e o king, joguei voleibol, fui guarda-redes no futebol, a menina dos meus olhos era o ténis de mesa, e fui campeão de natação em Bissorã (o que será aqui contado em jeito de happy end…)

Com os pés, além do que creio ser uma habilidade inata para a escrita, ganhei várias provas de atletismo, quer em velocidade pura quer através de obstáculos, a cujo sucesso devo o facto de poder estar aqui a rememorar algumas das minhas vivências.

Escusado é dizer como a prática desportiva era inerente à condição militar. Não apenas como instrumento do fortalecimento físico mas também como meio de criar espírito de corpo e de grupo.

De todos os desportos é fácil compreender porque na Guiné o futebol foi rei de todos.

Um campo, do tamanho que fosse, uma bola, mesmo que não cientificamente redonda, onze homens de cada lado, ou os que se arranjassem, equipados com o que houvesse, ainda que o que houvesse fosse nada, duas marcas que marcassem o alvo a atingir, a baliza, e aí tínhamos a verdadeira, a única, jogatana de futebol.

Está aí para o comprovar o valioso acervo fotográfico da Tabanca Grande.
Pois na minha Companhia também se jogou à bola.
Mas o começo foi, com vossa licença, coisa mais fina.

Éramos uma Companhia de elite… perdão, éramos uma companhia de elites, elites desportivas, gente com vocação para várias práticas desportivas, a começar, desde logo, pelo nosso Doutor, o Dr. José Manuel Soares Oliveira, ou se quiserem, apenas o Dr. Oliveira, que foi jogador de voleibol do Leixões Sport Club e, mais tarde, para os matosinhenses que sabem, médico do clube.

O quartel de Bula tinha uma espécie de parada, cimentada, que dava para tudo. Para ser parada, para a prática de vários desportos, e para colocar as cadeiras onde assistíamos aos filmes que, de tempos a tempos, vinha uma equipa de Bissau projectar no ecran gigante.

Foi com os olhos postos nesse espaço que o Dr. Oliveira nos convenceu a formar umas equipas que se prestassem a um torneio de voleibol. Havia mão de obra que chegasse para escolher os que para a prática da modalidade tinham conhecimento e aptidões técnicas.

Além da minha CCS, estavam no quartel em Bula a CCAÇ 2466, mais um pelotão de morteiros e um outro de obuses. Isto sem contar com os rapazes do ESQ REC 2454, que moravam “lá mais em baixo”, em casa própria.

Lembro-me que o primeiro jogo foi democraticamente disputado entre uma equipa de oficiais e uma outra de praças, com direito a toques de honras militares enquanto se apresentavam as equipas, como o demonstra a imagem.

Bula – 1969 - Em primeiro plano a equipa de oficiais. Começando pela esquerda: de blusão, um alferes dos obuses, depois o Cap. Gaspar, Alf. Moura, o Dr. Oliveira, e os Majores Candeias e Lima. Em segundo plano: de camisolas às riscas verticais, a equipa de praças, dos quais a memória apenas retém os que à minha Companhia pertenciam, quais sejam, em segundo lugar “O Setubalense”, e mais à frente, de bigode, o Escriturário Rodrigues.

É preciso dizer que a nossa equipa, a equipa de furriéis, se fez apresentar à parte. Não íamos deixar-nos fotografar para a posteridade ao lado de gente tal mal vestida.

Bula – 1969 - De pé, a partir da esquerda: um furriel dos Morteiros, depois, Alf. Moura, eu, Vasques, Filipe, e o Major Candeias. Em baixo: Sarg. Costa, e os furriéis Martinho, Basso e Aviz Pires.

Vai longe o tempo e não me chega à memória quem foi o vencedor de tão difícil disciplina desportiva, como o voleibol. Mas não podemos deixar de ter sido nós, os furriéis da CCS, quer pela elegância com que equipávamos, quer pela qualidade técnica evidenciada, como o comprova a foto seguinte.

Bula – 1969 - Junto à rede, com classe e estilo, o Fur. Filipe finaliza um ataque cujo êxito se adivinha pelo ar tranquilo dos seus camaradas de equipa. Chamo a atenção para aquela grande mancha branca que se vê pelo lado esquerdo, por detrás dos espectadores. Era o ecran de cinema.

Pois bem, foi pelo voleibol que começámos, foi o voleibol que provocou o primeiro “movimento de massas”, mas o futebol estava lá, a chamar por nós, no campo do Clube de Futebol Nuno Tristão, de Bula, que confinava com o arame farpado do aquartelamento. E nós, CCS do BCAÇ 2861, até que nos podíamos gabar de ter nas nossas fileiras jogadores “com nome”, que podiam ter ido longe na modalidade, não fosse a guerra, agora noutro tom, fazer-lhes o que fez a tantos de nós. Comprometer promissores futuros.

Talvez tenha sido o caso do furriel Filipe, que jogou nos juniores do Belenenses, do João Nunes, cabo cripto, no Futebol Clube da Foz, do Miranda das Transmissões, que alinhou pelo Desportivo de Portugal, do Porto, e “O Russo”, no juniores do Varzim, tão bons de bola, os rapazes, que a equipa do Nuno Tristão os convidou a que por ele jogassem numas eliminatórias a duas mão com o Sport Bissau e Benfica, jogos a realizar em Bissau, de onde sairia o representante da Guiné na Taça de Portugal em futebol. Foi tal o comportamento dos nossos rapazes na primeira mão, que Nuno Tristão empatou a 3 bolas com o Bissau e Benfica. Na segunda eliminatória é que foi o diabo. Talvez devido ao cansaço, ou aos tremeliques daquelas malfadadas travessias do Rio Mansoa, em jangada, O certo é que o Benfica de Bissau venceu o Nuno Tristão, de Bula, por um concludente 7 a 1.
Um verdadeiro descalabro. Tão grande que nem existe registo fotográfico do acontecimento.

Ainda hoje sou dado a pensar se não terá sido também por isso, pela participação “dos nossos” naquela desgraça, que o nosso batalhão foi despachado para Bissorã.
Mas em boa hora que para lá fomos. Porque aí sim, aí demos asas há nossa veia futebolística. E não só.

É sabido, porque já o escrevi, que o nosso comandante Polidoro Monteiro não perdia uma oportunidade para desenvolver na prática o programa de Acção Psicossocial, através do “binómio” civis-militares. Para além das manifestações conjuntas do tipo cultural, patrocinou a realização de torneios de futebol, de voleibol e, até, de ténis de mesa.

No torneio de futebol participaram cinco equipas. Duas em representação da CCS, outras duas da CCAÇ 13 e a equipa do Sport Benfica e Bissorã.

Bissorã – 1970 - Não era o tempo das lentes grande angulares, mas é possível ter nesta imagem o que foi a apresentação das equipas no dia de abertura do torneio. De camisolas vermelhas, a equipa do Sport Benfica e Bissorã.

Ora bem. É preciso dizer que este torneio causou uma grave cisão do interior da CCS desportiva. Há falta de seleccionador, um espartalhaço qualquer, sem ser através daquela técnica, os passinhos, por nós muito usada no pátio das escolas para formar as equipas, chamou logo para si os que julgou serem os melhores, chamando-lhes, até, “O Real Macada”.

Bissorã – 1970 – A equipa do “Real Macada”. De pé, a partir da esquerda: Basílio, Bonito, João Nunes, Filipe, Berto, “Alentejano” e Gesteiro. Em baixo: Filipe, Miranda, Magina, Ramos e Barbosa.

Num gesto de rebeldia pura, formámos, isto é, eu formei uma outra equipa, a qual, como não podia deixar de ser, foi chamada de “Os Rebeldes”.Num gesto de rebeldia pura, formámos, isto é, eu formei uma outra equipa, a qual, como não podia deixar de ser, foi chamada de “Os Rebeldes”.

Bissorã – 1970 – A equipa de “Os Rebeldes”. De pé, a contar da esquerda: Moura, Pires, Martinho, Vaz, Cardoso e  Manuel Silva. Em baixo: Barbosa, Vasques, “Russo”, Santos e Agostinho.

Terminado este torneio de futebol, cujo vencedor só não revelo para não me ver obrigado a recordar as verdadeiras “macacadas” em que no bar se envolviam jogadores de uma certa equipa e os árbitros, arrancou um torneio de voleibol, disputado a três, seja uma equipa formada por civis, outra por oficiais, e a minha equipa, a dos furriéis, que foi chamada de “Os Celestinhos”, por ser de azul celeste a cor dos equipamentos.

Bissorã – 1970 - Equipa de voleibol de “Os Celestinhos”. Em pé, a contar da esquerda: Basso, Vasques e Martinho; em baixo: Ramos, Filipe e Pires (eu, obviamente).

Fomos nós os vencedores, através de uma salomónica decisão do Comandante Polidoro Monteiro.

Foi assim. Disputávamos a final com a equipa civil, vencíamos por 2-1 num jogo à melhor de cinco, quando caiu uma daquelas chuvadas que nós conhecemos. O árbitro interrompeu a partida, mandando-nos apresentar no dia seguinte, pela manhã. Chegámos nós, chegou a equipa civil, devidamente equipada, e chegou o Polidoro Monteiro que nos entregou a taça perante o ar estupefacto dos civis, os quais ainda indagaram se o combinado não tinha sido continuar o jogo nessa manhã.

- Esta manhã?!?! – perguntava, incrédulo, o Comandante – Mas vocês já viram algum jogo de voleibol continuar no dia seguinte?

E pronto, os civis regressaram a casa e nós levámos a taça.

Registe-se ainda o torneio de ténis de mesa onde eu e o Alfredo Khalil, um comerciante libanês de Bissorã, depois de termos despachado tudo quanto era adversários, disputámos uma renhida final no “Clube Social” da vila, ganha por mim, que não sou de me gabar por aí além.

Bissorã – 1970 - Eis o verdadeiro atleta, vencedor do Grande Torneio de Bissorã, em Ténis de Mesa.

Estas memórias desportivas perderiam todo o significado se aqui não trouxesse um documento que ainda hoje se encontra à guarda do furriel Filipe Santos, e que me o confiou para publicação. Trata-se do galhardete, que publico em verso e reverso, do jogo de futebol disputado no dia 22 de Novembro de 1970, entre a nossa CCS e a CCS do BCAÇ 2927, que nos foi render.

Repare-se no pormenor de no verso do galhardete constar a constituição da equipa da CCS do BCAÇ 2927, pelas posições ocupadas no terreno. Correia, Dias, Carneiro e Mendes. Sá e Machado. Lúcio, Fonseca e Tony. Leitão e Ferreira.

Para que conste, o jogo terminou empatado. No campo e depois à mesa.

- E a natação! Como é que foi isso da natação - perguntarão os que tiveram paciência para chegar até aqui.

Pois fiquem sabendo que eu também fui Campeão de Natação de Bissorã.

Bissorã - 1970 - Armando Pires, furriel enfermeiro, ribatejano e fadista, vencedor da prova de três metros livres, com o tempo de 4 segundos e 20 centésimos, disputada no tanque de rega da Estação Agronómica de Bissorã.

Eu não vos disse que isto terminava em grande?

Armando Pires
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de Junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13302: Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (14): Fadista e locutor, para cumprir o destino

Guiné 63/74 - P13748: Agenda cultural (342): Convite para assistir à apresentação do livro "Corredor da Morte", de Mário Vitorino Gaspar, dia 28 de Outubro de 2014, pelas 15h00, no Auditório Jorge Maurício, na ADFA, Lisboa (Mário Vitorino Gaspar)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Vitorino Gaspar (ex-Fur Mil At Art e Minas e Armadilhas da CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68), com data de 15 de Outubro de 2014:

Caros Camaradas e Amigos
Como vai a Tabanca Grande?
O meu filho está a enviar este Anexo visto não me ser possível, por enquanto, ir ao computador.

- Vai Presidir à Mesa o Presidente da Direcção Nacional da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), Comendador José Eduardo Gaspar Arruda

- A Apresentação do Livro vai ser feita pela Professora Ermelinda Caetano

- Mário Vitorino Gaspar como Autor do Livro.

Um abraço
Mário Vitorino Gaspar

Nota: Não tenho acompanhado o Blogue, a vista esquerda está um pouco turva.
Existiram algumas Sondagens? Gosto sempre de participar, nem que seja através de mensagens via telemóvel. Se existe alguma Sondagem em curso digam-me.
Embora o conheçam aqui vai o meu contacto: 93 621 42 84
 
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Nota do editor

Último poste da série de 15 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13740: Agenda cultural (341): Apresentação do livro do Prof. Doutor Valentino Viegas, "Goa, O preço da identidade", dia 21 de Outubro de 2014, pelas 15h00 horas, na Livraria-Galeria Municipal Verney/Colecção Neves e Sousa, em Oeiras (Manuel Barão da Cunha)

Guiné 63/74 - P13747: Notas de leitura (642): “Libertação Nacional - Manual Político do P.A.I.G.C.”, com intervenções de Amílcar Cabral, Edições Maria da Fonte, 1974 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Março de 2014:

Queridos amigos,
É um manual político altamente esclarecedor.
O pensamento de Amílcar Cabral é omnipresente, não há aqui uma linha de qualquer outro dirigente do PAIGC. Percebe-se como todos os colaboradores guineenses com os portugueses iam ser perseguidos ou destruídos, está taxativamente escrito; a pequena burguesia teria que fazer uma escolha decisiva: pôr-se ao lado do PAIGC e ganhar consciência revolucionária ou suicidar-se como classe; matraqueia-se, a propósito e a despropósito, a unidade da Guiné com Cabo Verde; o pendor socialista não é iludido, pelo contrário, é vangloriado.
Não se pode fazer a história da formação ideológica do PAIGC sem ler este manual, entre outras coisas dá para perceber que fora do pensamento de Amílcar Cabral havia o deserto de ideias.

Um abraço do
Mário


Manual político do PAIGC

Beja Santos

Em julho de 1974, as Edições Maria da Fonte davam à estampa o primeiro volume do manual político do PAIGC, documento do maior relevo nesta estrutura ideológica, já que era apresentado como de grande utilidade para os comissários políticos e para os quadros do Partido no seu trabalho junto das massas. Para que não houvesse margem para equívocos, é também esclarecido que a maior parte do documento se baseava em intervenções de Amílcar Cabral. O manual era apresentado sob a forma de perguntas e respostas, avançava-se com elementos de caráter económico quanto à economia da Guiné e Cabo Verde, explicava-se como funcionava a economia portuguesa e como esta, então, citamos, “está sob o domínio dos monopólios e de baixo da mão de ferro da grande burguesia nacional portuguesa, cujos interesses se identificam com o fascismo e o colonialismo”. A grande consigna para este manual, e aqui cita-se Amílcar Cabral, é a de “exigir aos responsáveis do Partido que se dediquem seriamente ao estudo, que se interessam pelas coisas e problemas da vida e da luta no seu aspeto fundamental, essencial, e não apenas nas suas aparências; devemos obrigar cada responsável a melhorar, dia a dia, os seus conhecimentos, a sua cultura, a sua formação política, convencer cada um de que ninguém pode saber sem aprender e que a pessoa mais ignorante é aquela que sabe sem ter aprendido”.

Este manual político ensinava muita coisa: a natureza da sua direção política; a sorte que estava destinada aos colaboradores dos colonialistas; a opção radical que cabe à burguesia guineense; a essência da luta de libertação nacional; a unidade da Guiné e Cabo Verde; a atitude do PAIGC face à unidade africana; do ponto de vista militar, como encarava o PAIGC a libertação de Cabo Verde, etc., etc.

Primeiro, o PAIGC é o instrumento de transformação da sociedade, para expulsar o colonialismo e para construir o progresso do país. A centralização política é indispensável. “É a direção do Partido que comanda verdadeiramente as coisas e, a cada nível, há uma direção estreitamente ligada ao nível superior”.

Segundo, há um número considerável de chefes, sobretudo da etnia fula, que se colocaram ao lado dos portugueses. Quando Amílcar Cabral afirma que aqueles que passam para o lado do inimigo, colaborando com os colonialistas portugueses, se destroem, quer dizer que eles deixam de ser gente do nosso povo, eles passam também a ser nossos inimigos e que os consideramos como colonialistas. E deixa-se um aviso seríssimo: “O destino dos colonialistas é serem destruídos na nossa terra. O mesmo acontecerá com aqueles que sendo africanos e gente do nosso povo resolveram trair os interesses do nosso povo. Não há qualquer dúvida de que uns e outros serão completamente destruídos”.

Terceiro, a pequena burguesia aceita impregnar-se do sentido revolucionário ou suicidar-se-á. Em Havana, Cabral procurara reformular a tese da classe revolucionária atendendo aos países que não dispunham de classe operária: “Os factos demonstraram que o único setor capaz de ter consciência da realidade da dominação imperialista e de dirigir o aparelho de Estado herdado dessa dominação é a pequena burguesia do país. A situação colonial, que não admite o desenvolvimento de uma burguesia autóctone e na qual as massas populares não atingem, em geral, o grau necessário de consciência política, antes do desencadeamento do fenómeno da libertação nacional, oferece à pequena burguesia a oportunidade histórica de dirigir a luta contra a dominação estrangeira. Para manter o poder que a libertação nacional põe nas suas mãos, a pequena burguesia só tem um caminho: deixar agir livremente as suas tendências naturais de emburguesamento e ligar-se necessariamente ao capital imperialista. Ora, tudo isto corresponde à situação neocolonial, isto é, à traição dos objetivos da libertação nacional. Para não trair estes objetivos, a pequena burguesia só tem um caminho: reforçar a sua consciência revolucionária. A pequena burguesia revolucionária deve ser capaz de se suicidar como classe para ressuscitar como trabalhador revolucionário”.

Quarto, por que razão nos devemos preparar para uma luta popular de longa duração? O manual respondia que a luta podia terminar depois de amanhã, talvez no próximo ano, daqui a 4 ou 5 anos. E Cabral responde: “O que nós garantimos é que vamos dar golpes mais duros, mais mortais aos portugueses. Temos homens para o fazer, temos e teremos material para o fazer”.

Quinto, a essencialidade de se conhecer a realidade histórica do povo guineense e cabo-verdiano. O manual trata estes dois povos indistintamente como um país e o nosso povo. O sucesso da luta decorria do profundo conhecimento da realidade histórica (política, sociocultural e económica) do nosso povo na Guiné e em Cabo Verde. Para Cabral Guiné e Cabo Verde era a união histórica incontornável. O PAIGC tinha uma única direção para a Guiné e Cabo Verde. Mas a luta do PAIGC aposta também na destruição das outras colónias portuguesas e na colaboração com os povos africanos, asiáticos e latino-americanos que lutam contra o colonialismo.

Sexto, do ponto de vista militar, como encara o PAIGC a libertação do conjunto das ilhas de Cabo Verde? Cabral insistia em que a luta em Cabo Verde e na Guiné estava intimamente ligada, dizendo que as ilhas de Cabo Verde tinham sido povoadas por escravos levados até lá pelos portugueses. E alertava: “Desde há muito que estamos ligados pela história e pelo sangue. É imperioso evitar que os portugueses explorem a separação que há entre a Guiné e Cabo Verde”.

Sétimo, em que princípio se baseia a aceitação da ajuda daqueles que se dispõem a ajudar-nos? Cabral responde: “A nossa ética de ajuda é a seguinte: recebemos a ajuda de qualquer um que deseje dá-la. Esperamos que cada qual que deseje ajudar-nos dê aquilo que puder dar. Não admitimos condições à ajuda que recebemos. A contrapartida à ajuda que nos dão é a garantia que damos de utilizar essa ajuda o melhor possível, com a maior eficácia, para a libertação do nosso povo”.

Oitavo, por que é que os países socialistas são os aliados naturais do PAIGC? Cabral, por tática ou convicção refere a revolução socialista e os acontecimentos da II Guerra Mundial, considerando que o mundo tinha definitivamente mudado de face porque surgira o campo socialista. É um texto apologético destacando a União Soviética. Cabral observa que não há nenhum país socialista no mundo que mantenha qualquer espécie de sistema colonial. É por isso que estes países socialistas são os aliados seguros dos povos em luta pela sua total liberdade.

Nono, questionam-se as possibilidades de desenvolvimento económico da Guiné e Cabo Verde. Mais uma vez e sempre Cabral responde falando das grandes possibilidades económicas da Guiné: mancarra, óleo de palma, curtumes, madeiras, borracha, pecuária, arroz, frutas, pesca, caça e turismo; quanto a Cabo Verde, refere a indústria da pesca, as culturas agrícolas como o milho, o feijão e a mandioca, as potencialidades em lacticínios, etc.

O manual é ainda mais extenso, fala do Biafra, das razões que impediam Portugal de fazer neocolonialismo, da unidade nos movimentos de libertação das colónias portuguesas, etc., etc.
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Nota do editor

Último poste da série de 13 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13727: Notas de leitura (641): “Para um conhecimento do teatro africano”, por Carlos Vaz, Ulmeiro, 1978 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P13746: Os nossos médicos (82): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (14): A mortalidade infantil tinha se vindo a reduzir drasticamente enquanto permanecemos no território, graças às campanhas de vacinação obrigatórias



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Subsetor de Mansambo > CART 2339 (1968/69) > Camdamã > 1969 > Fotos Falantes III > Os meninos de Candamã... Um aspecto da tabanca em autodefesa de Candamã. O 2º Gr Comb, comandado pelo alf mil Torcato Mendonça, vindo de Mansambo, foi destacado em Julho/Agosto de 1969, para o reforço do subsector de Galomaro, incluindo as tabancas em autodefesa de Cansamba e Candamã. O Gr Comb do Torcato Mendonça voltaria a Candamã, já no final da Comissão, em Outubro de 1969, no mês em que se realizaram as eleições para a Assembleia Nacional...

Foto: © Torcato Mendonça (2012). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


Alf mil med Rui Vieira Coelho.
Foto de Juvenal Amado
1. Continuação do texto sobre doenças e cuidados de saúde no TO da Guiné, no pessoal militar e na população civil, da autoria de Rui Vieira Coelho, médico reformado, ex-alf mil médico BCAÇ 3872 e BCAÇ 4518 (Galomaro, 1973/74, e subdelegado de saúde da zona de Galomaro-Cossé [, foto à esquerda, em 1973, em Galomaro, da autoria de Juvenal Amado] (*)


Na população africana além da malária, tinham inúmeras disenterias amebianas por inquinação da água pela Entamoeba Histolitica.

As desidratações nas crianças eram assustadoras dada a evolução rápida para estados críticos e era fundamental fazer a reposição forçada de líquidos e electrólitos . Gastávamos soros em grande quantidade principalmente polielectrolitico  e glicosado a 5 por cento.

O sarampo era outro flagelo epidémico que levava à morte muitas crianças com pneumonias pós-sarampo, mas bastava uma Penicilina de 400000 U.I intra-muscular para afastar qualquer infecção em corpos virgens de antibióticos e portanto sem qualquer resistência a este tipo de medicamentos.

Por vezes apareciam indígenas mordidos por cobras a quem lhes era imediatamente ministrado soro-antiofidico da África Ocidental,que fazia parte do arsenal farmacêutico militar.

A mortalidade infantil tinha se vindo a reduzir drasticamente enquanto permanecemos no território, graças ás campanhas de vacinação obrigatórias que foram implantadas como na metrópole.

 Hoje em dia os números voltaram a ser assustadores:

 (i) mortalidade infantil: 20 por cento das crianças morrem antes de atingirem os cinco anos de idade;

(ii) mortalidade materna  uma morte por cada 30 partos;

(iii) Indicador do PNUD [Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento]: 173 lugar em 184 países; (como é isto possível???)

(iv) Esperança de vida: 50 anos. (Verdadeiramente confrangedor!!!!) (**)

Enviado do meu iPad

(Continua)

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(**) Vd aqui o perfil da Guiné-Bissau, de acordo com a OMS (texto em inglês, mas também disponível em francês, espanhol... e russo)

Guiné 63/74 - P13745: Os nossos médicos (81): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (13): A população militar metropolitana estava vacinada com a célebre "Cavalar", administrada na recruta, contra o tétano, tosse convulsa, difetria, febre tifóide, paratíficas A e B, cólera e febre amarela... Estava bem protegido!


Uma relíquia farmacêutica: o célebre medicamento contra o paludismo, Pirimetamina, 25 mg,, LM (iniciais de Laboratório Militar)... Havia duas tomas por semana, às quintas e domingo, segundo o nosso camarada médico, Rui Vieira Coelho... A imagem é do António Tavares (ex-fur mil, CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72),


Foto: © António Tavares (2014). Todos os direitos reservados [Edição de L.G.]


1. Lancei ontem o seguinte desafio ao Rui Vieira Coelho, médico reformado, ex-alf mil médico BCAÇ 3872 e BCAÇ 4518 (Galomaro, 1973/74) [, foto à direita, em 1973, no mítico Rio Corubal, no Saltinho]

Rui: Vou fazer-te um desafio, descrever a farmácia militar de Galomaro (que devia ser igual à de Bambadinca e de tantas outras)... Quais eram os medicamentos essenciais de que tu dispunhas para acudir a uma doença aguda ou uma emergência médica... Por outro lado, havia a ação médica junto da população, os comprimidos LM, etc.

Um outro poste que te vou pedir é sobre as doenças do pessoal, do paludismo às afeções cutâneas... Um alfbravo. Luis


2. Resposta, imediata, passadas umas horas:


Data: 16 de Outubro de 2014 às 20:10

Assunto: Doenças no TO Da Guiné

 Caro Luis

Em resposta ao teu repto, aqui vai o referente às doenças mais frequentes com que o pessoal de Saúde era confrontado na Guiné.

Como Médico Militar, estava sediado em Galomaro,  na CCS do Batalhão,  e era também sub-delegado de saúde da zona de Galomaro Cossé. Tinha a cargo a saúde de cerca de 360 militares metropolitanos,  Companhia Comando e Serviços e Companhias Operacionais do Dulombi e de Cancolim;  e de Milícias Africanos que eram cerca de 400 distribuídos por 10 pelotões a 40 homens, sediados em aldeias reconstruídas, previamente atacadas pelo PAIGC e para as quais eram destinados à sua segurança.

E a acrescentar a tudo isto uma população civil que rondava, na área que me foi distribuída, cerca de 18.000 pessoas.

Tinha também a meu cargo a Missão de Sono, onde só tínhamos um doente internado com essa doença e o restante pessoal internado eram doentes tuberculosos e doentes com lepra, a fazerem tuberculostáticos (estreptomicina) e sulfonas,  respectivamente. Ambas as doenças se deviam a infestação por Mycobacterium Tuberculosis e por Mycobacterium Leprae.

A população militar metropolitana na Guiné estava vacinada com a célebre "Cavalar" que era administrada na recruta, e que era contra o tétano, tosse convulsa, difetria, febre tifóide,  paratíficas A e B, cólera, sem esquecer a febre amarela. O pessoal estava bem imunizado dado o carácter obrigatório para todo o Militar.

Raramente se via uma intoxicação alimentar, ou uma gastroenterite no pessoal militar metropolitano, pois também estava a meu cargo todos os dias a inspecção de alimentos. Á mínima suspeita de alimentos deteriorados ou com suspeita de infestação, mandava logo proceder a sua rejeição e queima imediata.

Comum à população metropolitana e à local o paludismo era com toda a certeza a doença que nos dava maior preocupação .

Os Guineenses não faziam qualquer tipo de prevenção anti-malária, os militares da metrópole tinham medicamentos para a fazer, mas evitavam pelas mais diversas razões, aparecendo crises agudas de paludismo.

Na região leste da Guiné,  o mais terrível era o plasmodium Falciparum, que originava uma hemólise (destruição de glóbulos vermelhos) por vezes enorme com  deposição de ferro no cérebro originando o tão falado paludismo cerebral. Também os outros dois Plasmodium existiam quer o Vivax quer o Ovale. O paludismo era recidivante e condicionava o aparecimento das chamadas febres terçãs e quartãs

Enviado do meu iPad

(Continua)
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Nota do editor: