quarta-feira, 12 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17571: Agenda cultural (572): Exposição "Manuel Ferreira, capitão de longo curso", Museu Malhoa, Caldas da Rainha. Convite para a inauguração, no próximo dia 22 de julho, sábado, às 15h00 (João B. Serra, comissário)


Caldas da Rainha. > Museu Malhoa. > Cartaz da exposição "Manuel Ferreira, capitão de longo curso", de  22 de julho a 17 de setembro de 2017



Caldas da Rainha. > Museu Malhoa. > 22 de julho de 2017 > Convite para a inauguração da exposição "Manuel Ferreira, capitão de longo curso",  às 15h00, seguida de mesa-redonda "Manuel Ferreira, quem és ?",. às 16h00, com a participação dos professores; (i)  Fátima Mendonça (Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique); (ii) Ana Paula Tavares (Centro de Literaturas Lusófonas e Europeias, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa); e (iii) Mário Tavares (Instituto Politécnico de Leiria). Comissário: João B. Serra.



1. Cortesia do nosso amigo João B. Serra,  que é o comissário desta exposição. Do senhor presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha,  o nosso blogue recebeu entretanto o seguinte convite, endereçado ao nosso editor Luís Graça:





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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P17570: Os nossos seres, saberes e lazeres (221): Poço Corga, Mosteiro e o meu jardim perfumado (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 23 de Março de 2017:

Queridos amigos,
Assim como há sugestões para a culinária, para fazer uma garrafeira ou passeios de fim-de-semana, venho fazer a apologia de um jardim que pode ser campestre ou a fazer numa porção de terra à beira de casa, em meio citadino.
É uma satisfação chegar a este cantinho de Pedrógão Pequeno e ver os efeitos de devotadas aplicações, de telefonemas regulares a um residente que aceitou o mister de cortar a relva e de regar nos tempos de quentura.
Chegar em Março e ver este colorido é como se estivesse a ser tocado num piano uma sonata à Primavera, ao renascimento da terra depois dos silêncios invernais.

Um abraço do
Mário


Poço Corga, Mosteiro e o meu jardim perfumado

Beja Santos

Depois de visitar a mais bela magnólia do mundo em Castanheira de Pera, foi até um arrabalde, a praia fluvial de Poço Corga, quando vivia em Casal de Matos trazia sempre aqui os amigos, mesmo com água fria no verão, as crianças exultam, a vegetação envolvente é acolhedora. Daqui segui para outra praia fluvial, já no concelho de Pedrógão Grande, Mosteiro, a Benedita está à espera do Verão para aqui bracejar. Mosteiro goza do caudal límpido da Ribeira de Pera, os passeios pedestres são encantadores outrora houve moinhos, lagares, hortas, levadas, ficaram os vestígios, quem gosta de um pouco de aventura e descoberta da natureza tem aqui imensas possibilidades.



Quando cheguei a Pedrógão Pequeno a casa era uma ruína e o jardim estava em estado caótico, o abandono da natureza paga-se caro. A casa foi refeita, manteve-se toda a traça original, escrupulosamente, reteve-se que o velho bairro da EDP (hoje bairro do Cabril) é uma pequena jóia arquitetónica, por aqui andou a mão de um dos maiores arquitetos modernistas, Jorge Segurado.
Falemos do jardim. O casario assenta em toneladas de granito, a terra era rala ou até inexistente. Ao tempo da fundação do bairro (inícios da década de 1950) houve o cuidado de trazer boa terra preta, fizeram-se aviários, preparam-se as videiras, plantaram-se árvores de fruto. Encontrei terra, o escombro do aviário, algumas curiosidades de vinha, a tangerineira e três laranjeiras a precisarem de cuidados. Arrancaram-se as ervas, muitas, escolheu-se o sítio certo para o chorão, guardaram-se algumas videiras, começou a saga experimental para flores e algumas árvores de fruto. As túlipas não se dão mal, os chorões andam felizes, tal como os catos, planta-se com sucesso bons dias, lilases, dálias, frísias, sardinheiras de várias cores, fúcsia, rododendro, japónica, glicínia, lírios roxos, brancos e violetas, às vezes despontam rosas, e os red hot poker crescem fluorescentes. Vamos ver o produto final, imagens de Março.


Coitada da túlipa amarela, com pintalgado tão bonito, está a dar as últimas, já não tem forças para fechar.


Gosto muito deste lírio roxo, parece que tem olhinhos penetrantes, está cercado de alfazema e de catos, dura pouco mas enquanto dura faz muita figura.



Temos sido muito bem-sucedidos com o osteospermo, os malmequeres, as azálias, a tibouchina, são manchas penetrantes de cor, andasse por aí um Van Gogh e não desdenharia de pôr o cavalete em frente de coloridos tão ardentes.


Uma boa parte o jardim está coberta com esta planta australiana cujo nome desconheço, expande-se, precisa regularmente de controlo. Dá uma flor estranhíssima, parece a cabeça de um abutre. Haja as reticências que houver, enche de verde largas manchas do jardim. Que continue a cumprir o seu dever.



Um jardim assente numa falda de colina, de onde se desfruta quilómetros de panorama à volta, quer mil cuidados, um desvelo perpétuo: endireitar as videiras, cuidar da japónica, ver como evoluem os dióspiros e a ameixoeira, e o muito mais que se sabe. Descanso a arrancar as ervas daninhas, a cortar, a regar e sempre a varrer. É uma atividade física que recomendo a qualquer septuagenário: ter um jardim perfumado lembra as linhas da vida, permite consolos e constantes dissabores, suspiros, gastos e a alegria impagável de ver crescer o que se pôs em semente. Desejo a todos um jardim perfumado como este. Por detrás, está o entusiasmo e a devoção e à frente a ciência certa de que não há jardins imóveis, o cuidado é constante.
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Nota de rodapé:
Felizmente que as áreas aqui retratadas não foram atingidas pelo fogo que devastou Pedrógão Grande e arredores
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17547: Os nossos seres, saberes e lazeres (220): São Miguel: vai para cinquenta anos, deu-se-me o achamento (9) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17569: Parabéns a você (1286): António Dâmaso, Sargento-Mor Paraquedista Ref (CCP 122 e 123/BCP 12 / Guiné)

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Nota do editor

Último poste da série de 9 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17560: Parabéns a você (1285): Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mecânico Auto da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70); Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 2412 (Guiné, 1968/70) e Joaquim Carlos Peixoto, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3414 (Guiné, 1971/73)

terça-feira, 11 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17568: In Memoriam (301): António Alves Ramos (Ramitos), ex-Radiotelegrafista da CART 3494 (Xime e Mansambo, 1871/74) (Sousa de Castro)

1. Em mensagem de hoje, 11 de Julho de 2017, o nosso camarada Sousa de Castro (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74) dá-nos conta de mais uma baixa no nosso Regimento de resistentes combatentes da Guiné, desta vez o António Alves Ramos (Ramitos), Radiotelegrafista da CART 3494.

IN MEMORIAM



Aos camaradas da 3494 e, especialmente, à família enlutada, a tertúlia deste Blogue apresenta as suas condolências.
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Nota do editor

Último poste da série de 9 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17562: In Memoriam (300): Virgínio António Gaspar José, ex-1.º Cabo Comando da 2.ª Equipa do Grupo Centuriões, Guiné, 1964/66 (Júlio Costa Abreu)

Guiné 61/74 - P17567: Inquérito 'on line' (121): O aerograma ?... "Era rápido mas não seguro" (José Brás)... "Acabou por justificar a existência do Movimento Nacional Feminino" (António J. Pereira da Costa)... "A malta chegava a solidarizar-se e fretar a avioneta civil para trazer o correio" (Henrique Cerqueira)



Foto nº1


Foto nº 2


Guiné > Região do Oio > Farim > Canjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) >

Foto nº 1 > Viagem de avioneta civil, até Bissau, para gozo de licença de férias na Metrópole. O Luís Nascimento é o mais alto, o segundo a contar da esquerda Não se consegue distinguir o logo do saco de viagem: se era o logo da TAP - Transportes Aéreos Portugueses, se era o da TAGP - Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa (voos internos). Mas devia ser da TAP, vi um exemplra, no  sábado passado no núcleo museológico da Tabanca dos Melros, oferta do nosso camarada Carlos Silva.

Recorde-se que a 2 de setembro de 1965 foi criado o serviço autónomo Transportes Aéreos da Guiné (TAG), visando a exploração dos transportes aéreos de passageiros, carga e correio naquela província ultramarina. Na realidade foi a criação da primeira companhia aérea da Guiné. O seu nome será posteriormente alterado para Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa (TAGP).

Foto nº 2 > Aqueles que se podiam dar ao luxo de uma escapadela até Bissau, ou gozar um mês de licença para férias (em Bissau ou na Metrópole), esqueciam,  por uns tempos, a dura e obscura vida no mato... Dura e obscura mesmo para um 1º cabo cripto, que mal podia ser sair do quartel e não era operacional... Na foto, o Luís Nascimento na "esplanada (sic) do centro cripto", escrevendo uma carta ou mais provavelmente um aerograma... O correio era tão importante que houve companhias que, em caso de atrasos excessivos, chegaram a fretar as avionetas dos TAGP... (*)

Fotos (e legendas) : © Luís Nascimento (2013). Todos os direitos reservados. [Edição  e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mais comentários sobre o SPM e o areograma (**)


(i) José Brás


Em Medjo, eram semanas! Ir de Medjo a Guiledje não era coisa que apetecesse, sobretudo quando o DO27 voava à vertical de Medjo abanando a asas. A mensagem dele nessa manobra não era lida apenas pela nossa tropa. o complexo de Salancaur ficava a "meia dúzia de passos" e havia ainda Xim-idari e outras aldeias no Corredor ainda mais perto de nós. Não conto aqui uma maluqueira de "uma vez", porque...

Quanto a mim o aerograma era tão rápido e tão seguro como o outro correio e, dadas as circunstância, sempre o achei rápido mas não seguro

7 de julho de 2017 às 08:27


(ii) António J. Pereira da Costa 


O Mê-Nê-Fê [Movimento Nacional feminino] aparece muitas vezes ligado aos aerogramas.
Contudo, se o respectivo transporte era uma "oferta" - justa e lógica - da TAP aos soldados de Portugal, a produção e distribuição dos aerogramas poderia ter sido feita por outra entidade, nomeadamente pela cadeia logística do Exército.

A rede do Mê-Nê-Fê era pouco densa, pelo que os aerogramas eram distribuídos pelas Juntas de Freguesia e entidades similares.

A "distribuição" de aerogramas era um maneira do Mê-Nê-Fê se sentir útil...

7 de julho de 2017 às 09:34


Havia a experiência da I Guerra Muidial em que o correio não funcionou assim tão bem... e com más consequências.Além disso o governo do tempo,  num dos seus (raros) momentos de lucidez,  descobriu que, sendo o correio um dos grandes sustentáculos do moral das tropas, se não o principal, não quis comprar uma fonte de revolta que não lhe daria popularidade.

E, no fundo, não era uma coisa que onerasse a guerra que era preciso embaratecer, especialmente através das PPP do tempo, a maioria delas retribuídas em género e não em dinheiro.

O Mê-Nê-Fê... associava-se,  justificava a sua existência.


8 de julho de 2017 às 09:57


(iii) Henrique Cerqueira

Na verdade até que o SPM funcionava muito benzinho , talvez melhor (olhando ás condições na época) que hoje,  pelo menos aqui na minha zona.(refiro-me à distribuição dos CTT ).

Reconheço também que o Estado da altura preocupava-se que não faltasse certos apoios "morais" e materiais aos militares destacados nas guerras do ultramar.

Dou o exemplo: tabaquinho, cerveja,whisky, comprimidos LM e o correio... Fosse de avião (DO 27) ou por coluna militar, o correio era das coisas mais indispensáveis em qualquer aquartelamento. Poderia haver fominha de certos alimentos,mas o correio não podia faltar nem que para isso a malta se solidarizasse e fretasse avioneta civil [dos TAGP]] .Era assim que funcionava na minha companhia do Biambe em 1972.

Assim sendo e com todas as condicionantes da altura o SPM era um bom serviço prestado às nossas tropas.

7 de julho de 2017 às 10:12 

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Notas do editor:

(**) Último poste da série > 10 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17565: Inquérito 'on line' (120): Mesmo com ficha na PIDE/DGS, nunca me inibi de escrever cartas e aerogramas, sem autocensura nem receio de represálias... E foram mais de 300!... Contei, a quem gostava, tudo o que acontecia no CTIG no meu tempo (António Graça de Abreu, ex-alf mil, CAOP 1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74)

Guiné 61/74 - P17566: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (4): Págs. 25 a 32

Capa da brochura "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra"

Gabriel Moura


1. Continuação da publicação do trabalho em PDF do nosso camarada Gabriel Moura, "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", enviado ao Blogue por Francisco Gamelas (ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 3089, Teixeira Pinto, 1971/73).



(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de Julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17553: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (3): 17 a 24

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17565: Inquérito 'on line' (120): Mesmo com ficha na PIDE/DGS, nunca me inibi de escrever cartas e aerogramas, sem autocensura nem receio de represálias... E foram mais de 300!... Contei, a quem gostava, tudo o que acontecia no CTIG no meu tempo (António Graça de Abreu, ex-alf mil, CAOP 1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74)



Guiné >Região de Tombali > Cufar> CAOP 1 > O António Graça de Abreu, no aeroporto de Cufar, em dezembro de 1973, posando junto a um heli, Allouette III. No mês anterior, o aquartelamento de Cufar tinha sofrido uma flagelação com foguetões 122, e um ataque com RPG [lança-granadas foguete] e armas automáticas, nas proximidades dos arame farpado... Dezete meses depois do início da comissão, o António recebia finalmente o tão desejado quanto temido baptismo de fogo. Recorde-se que o António Graça de Abreu foi Alf Mil, CAOP 1,Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar (1972/74)

Foto: © António Graça de Abreu (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


Capa do livro do António Graça de Abreu,
 "Diário da Guiné: lama, sangue água pura"
 (Lisboa,  Guerra & Paz, 2007)
1. Comentário do António Graça de Abreu ao 
poste P17558 (*):

Cada um fala do que sabe. No meu caso, CAOP 1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/1974, com aviões e helis a chegar todos os dias aos nossos aquartelamentos (sei do que falo), algumas vezes com o meu major de Operações, outras vezes sozinho, habituei-me, guiando os jeeps, a ir buscar o piloto e o correio à pista.

Eu era o alferes miliciano da pequena logística do CAOP 1. O correio não falhava. Era eu quem, muitas vezes, abria os sacos com o correio e juntava uma multidão à minha volta ansiosa pelas cartas e aerogramas que eu, carteiro de circunstância, distribuía aos meus soldados.

No que me diz respeito escrevi mais de trezentos aerogramas, sem autocensura, contando, a quem gostava, tudo o que nos acontecia na Guiné. A PIDE/DGS, que havia dado por mim antes da Guiné, nos tempos de Faculdade de Letras (tenho um lindo processo que consultei e fotocopiei, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo), desde que fui promovido a aspirante parece que me perdeu o rasto.

Tudo o que escrevi então chegou ao destinatário. Em 1972/1974 garanto que o correio, desde Lisboa, chegava a Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, quase todo, em menos de 24 horas.

Abraço,
António Graça de Abreu
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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P17564: "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é já hoje", da autoria do 2.º Sargento Ref António dos Anjos, Tipografia Académica, Bragança, 1937 (4): Págs. 33 a 42 (Alberto Nascimento, ex-Soldado Condutor Auto)63)


1. Quarta parte da publicação do livro "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é hoje", da autoria do 2.º Sargento António dos Anjos, 1937, Tipografia Académica, Bragança, enviado ao Blogue pelo nosso camarada Alberto Nascimento (ex-Soldado Condutor Auto da CCAÇ 84 (Bambadinca, 1961/63).


(Continua)
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Último poste da série de 6 de Julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17551: "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é já hoje", da autoria do 2.º Sargento Ref António dos Anjos, Tipografia Académica, Bragança, 1937 (3): Págs. 24 a 32 (Alberto Nascimento, ex-Soldado Condutor Auto)

Guiné 61/74 - P17563: Notas de leitura (976): “a Presença Portuguesa na Guiné: História Política e Militar 1878-1926”, Caminhos Romanos, 2016 (4) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Julho de 2017:

Queridos amigos,
No laborioso levantamento a que procedeu Armando Tavares da Silva ganha clareza, nos registos historicamente sequenciados, os lamentos dos governadores sempre a pedir mais efetivos, mais meios navais, mais dinheiro. Toda a década de 1890 é extremamente penosa: não é só a falta de meios, os grupos étnicos vivem em franca ebulição, caso clássico do Forreá, vai-se continuamente ao Oio sem sossego e na região do Geba não há descanso.
Armando Tavares da Silva refere ao detalhe a figura de Graça Falcão, pertence à galeria dos valentes que caem em desgraça, como Marques Geraldes já caíra.
Ao tempo, a questão da delimitação das fronteiras ainda tem pano para mangas.

Um abraço do
Mário


A presença portuguesa na Guiné: história política e militar 1878-1926,
Por Armando Tavares da Silva (4)

Beja Santos

Dentre os mais importantes trabalhos historiográficos referentes à Guiné, é da mais elementar justiça pedir a atenção de todos os interessados para uma investigação de grande fôlego: “a Presença Portuguesa na Guiné: História Política e Militar 1878-1926”, Caminhos Romanos, 2016.

Não posso deixar de enfatizar a profundidade da investigação, partindo de um professor catedrático que nada sabia de hermenêutica e heurística, que se lançou numa sequência cronológica quase sem folgas no que é político e militar, é difícil conceber um registo de acontecimentos tão completo, direi mesmo que doravante quem se dedicar ao levantamento deste período histórico, para efeitos de análise interpretativa, tem aqui um acervo inigualável.

Pedro Ignacio de Gouveia regressa à Guiné em que há graves desinteligências no Forreá. Criara-se na região um posto militar em Contabane, era grande a vontade de dilatar a presença militar e administrativa, pretendia-se até um posto militar no Xitole, mas viva-se em défice orçamental, no ofício que envia ao ministro adianta as suas razões: “É inquestionável a vantagem de um posto militar no Xitole para a facilidade dos transportes das caravanas que recolham a Buba fazer o comércio, evitando-se assim estar à mercê das intrigas entre régulos que repetidas vezes interrompem o comércio e prejudicam os réditos da província, não lhe permitindo o desenvolvimento de que é suscetível, sem grande esforço”. O governador procura evitar interferências nas guerras étnicas, recebe diferentes régulos, conversa com eles, parece que vai haver uma acalmia no Forreá e no Corubal. No rio Grande houve que prender um chefe Beafada e volta-se a entrar no Oio, onde a obediência à autoridade é mínima ou nenhuma. O governador anterior, Vasconcellos e Sá, criara um imposto de capitação, o governador sugere a prudência, quer que seja uma operação consistente e tolerável, fala num imposto de capitação de 240 réis para os adultos ou de 960 réis por palhota. O Ministro Barros Gomes não aciona este mecanismo. No fim de 1896 sai legislação fazendo cessar a circulação de prata estrangeira no território da Guiné. O ano seguinte não nasce com bons auspícios: os Manjacos de Caió assaltam embarcações, criam-se condições para uma resposta enérgica, numa parceria entre o Exército e a Marinha faz-se uma incursão e os rebeldes rendem-se. Temos depois a desastrada incursão de Graça Falcão no Oio, o autor detalha o que aconteceu, recorre ao testemunho de quem lá esteve, Graça Falcão será inquirido, corriam notícias que o tenente exerceria escravatura. O governador adoece e morre na viagem de regresso a Lisboa, há incidentes fronteiriços à volta do rio Cacine e novo incidente no Forreá.

Em 1897 é nomeado governador o 1.º Tenente da Armada Álvaro Herculano da Cunha. Inicia o seu mandato com visitas, deixou-nos relatos curiosos. Um deles:  
“Em Cacheu fui esplendidamente recebido. Ao fundear às 7h30 da noite começaram as danças, tiros e iluminações, que duraram até à meia-noite. Às 11h30 dirigi-me para terra levando no meu escaler, tripulado por quatro remadores, o meu ajudante. Ao aproximar-me de terra, os grumetes, entrando por água dentro, pegaram no escaler em peso e levaram-nos com todos dentro, depondo em terra a uns 50 metros da linha da preia-mar. Na praia estava toda a população masculina civilizada e todo o povo, homens e mulheres. Ouvidas duas palavras do comandante militar, do comércio e colónia estrangeira, a que respondi com breves palavras, dirigi-me para uma casa preparada para me receber, onde fui convidado a ser hóspede de Cacheu”.
Na sua epistolografia constam existências para aumentar os contingentes de oficiais e de praças da província, reclama mais lanchas-canhoneiras. Revela-se muito atento ao que se passa à volta, desta feita há indisciplina no destacamento de Geba, faltam oficiais, mas ele não pode colmatar a lacuna. Ganha mais intensidade o comércio de armas. Herculano da Cunha pretende ocupar o interior da província, concretamente a região do Gabu. Adoece o governador e vem até Lisboa mas regressa tempo depois. A par da muita instabilidade, o governador vai escrevendo ao ministro de que está a estabelecer novas relações e que cresce o clima de paz. Em 1899, os régulos, os chefes de tabanca e os grandes do Oio pedem ao governo paz.

Caminhamos para o dobrar do século, dão-se passos de ocupação militar e administrativa, obtém-se com os Balantas a paz de Encoche. Temos aqui outro texto sugestivo do governador:
“É o rio de Mansoa o de maior movimento da Guiné, posto que mais ricos sejam os de Geba, S. Domingos de Cacheu e Grande de Bolola, mas é das margens daquele que provém a maior parte do arroz consumido na Guiné e, presentemente, a maior parte da mancarra além de bastante borracha, cera, etc. Do rio Impernal para o Norte é habitado por povos Balantas até à povoação de Mansoa, e daí até à origem por Mansoancas e Mandingas. Os pontos mais importantes são, em primeiro lugar, a povoação de Mansoa, habitada por cristãos e Mansoancas, sendo estes pouco numerosos e que praticam como o cristão e o Mandinga, sendo, para assim dizer, a linha divisória entre os Balantas e Mandingas. Depois, pela sua origem, os povos de Encoche na margem do rio Encoche, afluente de Mansoa; Encheia e, por fim, Famby e Nhacra. Encoche é para Mansoa o que Bissau é para o Geba: o depósito. Por consequência, a paralisação do comércio no Encoche ressentia-se em todo o rio”.
Viajou até lá e escreve as suas impressões. Armando Tavares da Silva reporta estas digressões de Herculano da Cunha, um viajante que não desfalece.

Entra-se numa nova fase da delimitação da fronteira, os franceses estão relutantes sobre o traçado na fronteira Sul. Este período é dado por concluído em Maio de 1903, acordam-se diversas compensações territoriais, mas ainda há assuntos para resolver na fronteira entre o Casamansa e o rio Cacheu, será uma nova missão que iniciará trabalhos em Janeiro de 1904.

O novo governador é o 1.º Tenente da Armada Júdice Biker. Parece interessado em não perder tempo e lança-se numa expedição a Canhabaque, nos Bijagós. Bombardeia-se e incendeia-se, são processos de intimidação para régulos que tinham praticado assaltos e roubos às embarcações. E foi assim que se restabeleceram as relações comerciais com os Bijagós. Chega igualmente uma notícia que traz alívio: a morte de Mamadi Paté, alguém que há muito tempo marca a turbulência na região do Geba. Chegam novas lanchas canhoneiras, tenta-se de novo uma paz duradoura no Oio, castiga-se o gentio Balanta de Nhacra e finalmente procede-se ao ataque do Oio, com o governador no comando, o autor dá-nos uma elucidativa exposição. Ganha forma a cobrança do imposto de capitação. Em 1903 o novo governador é o 1.º Tenente de Armanda Alfredo Cardoso Soveral Martins, temos agora pela frente a resolução da “questão indígena”.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de Julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17554: Notas de leitura (975): “a Presença Portuguesa na Guiné: História Política e Militar 1878-1926”, Caminhos Romanos, 2016 (3) (Mário Beja Santos)

domingo, 9 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17562: In Memoriam (300): Virgínio António Gaspar José, ex-1.º Cabo Comando da 2.ª Equipa do Grupo Centuriões, Guiné, 1964/66 (Júlio Costa Abreu)



I N  M E M O R I A M

1. Mensagem do nosso camarada Júlio Costa Abreu, ex-1.º Cabo Comando, Chefe da 2.ª Equipa do Grupo Centuriões, com data de ontem, 7 de Julho de 2017:

Caro Amigo Vinhal, 
Acabo de saber do falecimento de um colega da equipa que eu comandava do Grupo de Comandos Centuriões. 

Trata-se de Virgínio António GASPAR José. 
Aproximadamente há 10/12 anos, quando estava a tentar encontrar os homens do meu Grupo, telefonei para ele e foi a esposa que me atendeu, quando eu lhe disse quem era, pediu-me imediatamente para não telefonar mais pois o marido não estava em condições psicológicas para falar de recordações da guerra. Assim fiz e nunca mais telefonei. 

Por acaso ontem no Facebook tive conhecimento da sua morte. 

Que descanse em paz. Era o segundo homem da minha equipa que era a segunda do Grupo.

Agradecia que mencionasses no nosso Site este acontecimento de mais um Combatente da Guerra do Ultramar que partiu para onde de nunca mais se volta. 

Júlio Abreu 
Chefe da 2.ª Equipa do Grupo de Comandos Centuriões 
Ex-Guiné Portuguesa

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2. Comentário do editor

Ao camarada Júlio deixamos o nosso abraço solidário pela perda deste seu camarada de armas.

À família do camarada Virgíno Gaspar endereçamos os nossos mais sentidos pêsames pela perda do seu ente querido.
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17511: In Memoriam (299): Dr. Alfredo Roque Gameiro Martins Barata (1938-2017), ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 675, Binta e Guidaje, 1964/66 (José Eduardo R. Oliveira)