Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Bolama > Ilha das Cobras > c. abril / julho de 1968 > Foto nº 1 > O farol
Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Bolama > Ilha das Cobras > c. abril / julho de 1968 > Foto nº 2 > Eu e os dois Cabos (um nortenho e outro guineense) almoçando
Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Bolama > Ilha das Cobras > c. abril / julho de 1968 > Foto nº 3 > À sombra do poilão lendo um livrinho acabado de chegar da livraria do Café Bento (em Bissau, junto à Amura)
Foto (e legenda): © José António Viegas (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Bolama > Ilha das Cobras > Mapa de São João (1955) > Escala de 1/50 mil > Posiçao relativa da Ilha das Cobras e do respetivo Farol, com Bolama a sul, e São João, a sudoeste, e mais abaixo, o rio Grande de Buba.
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)
1. Mensagem do nosso camarada José António Viegas, um dos régulos da Tabanca do Algarve, membro da Tabanca Grande, ex-fur mil do Pel Caç Nat 54, tendo passado por vários "resorts" turisticos erm 1966/68 (Mansabá, Enxalé, Missirá, Porto Gole, Bolama, Ilha das Cobras e, o mais exótico de todos, a Ilha das Galinhas, na altura, colónia penal); vive em Faro; tem cerca de 35 referências no nosso blogue
Data: quarta, 9/10/2019 à(s) 15:52
Assunto: Ilha das Cobras
Caro Luis:
Antes que a memória se vá apagando, aqui conto mais uma história daquelas "férias" na Guiné.
Depois de 19 meses em zona operacional, sou colocado na Ilha das Cobras, situado perto de Bolama e que tem um farol de sinalização.
Sou recebido pelo um 1º cabo nortenho de gema, de seu nome Xóreras, que me acolheu com o típico linguajar do Norte e a dizer que logo tinha que lhe calhar um furriel algarvio...
Foi um rapaz impecável. A guarnição era composta por pelotão de africanos, com o furriel e um cabo da metrópole e um cabo africano. A missão era fazer uns patrulhamentos e o controle do Farol. Todas as noites acho que não falhou nenhuma, era ouvir o ribombar de fogo do outro lado do rio, Tite, Nova Sintra, Jabadá e S. João.
Sou recebido pelo um 1º cabo nortenho de gema, de seu nome Xóreras, que me acolheu com o típico linguajar do Norte e a dizer que logo tinha que lhe calhar um furriel algarvio...
Foi um rapaz impecável. A guarnição era composta por pelotão de africanos, com o furriel e um cabo da metrópole e um cabo africano. A missão era fazer uns patrulhamentos e o controle do Farol. Todas as noites acho que não falhou nenhuma, era ouvir o ribombar de fogo do outro lado do rio, Tite, Nova Sintra, Jabadá e S. João.
Os abastecimentos eram feitos a partir de Bolama, por vezes com atraso. Organizei então umas caçadas ao cabritos de mato e umas pescarias onde se apanhavam boas raias, fazendo as delicias do rancho, para não ser só bianda.
Uma noite veio o sentinela acordar-me a dizer que ouvia vozes junto ao Farol, preparei a secção e fui ver o que se passava, era então o barco da [Casa] Gouveia que tinha dado em seco junto ao Farol, e vinham homens caminhando para o destacamento, tendo-se identificado o comandante por tenente Robles, da 15ª de Comandos [Fernando Augusto Colaço Leal Robles, ten inf 'cmd', na altura adjunto do comandante da 15ª CCmds; será promovido a capitão em maio de 1969, regressando em agosto à metrópole, e sendo colocado no CISMI, em Tavira]
Passado 2 semanas estavávamos a preparar o almoço, cabrito com ostras, quando paira sobre o destacamento um helicóptero: era o nosso brigadeiro Spinola [,chegado ao CTIG, em 20 de maio de 1968], o capitão Bruno e um tenente coronel de que já não lembro o nome.
O Com-chefe mandou formar o pessoal e deu uma preleção aos homens, que "nós, brancos, estavámos ali para dar uma ajuda, eles é que tinham que defender o seu chão"...
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O Com-chefe mandou formar o pessoal e deu uma preleção aos homens, que "nós, brancos, estavámos ali para dar uma ajuda, eles é que tinham que defender o seu chão"...
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O cheiro que vinha das panelas com o cabrito era tentador mas tiveram que levantar voo.
Foram 3 meses no destacamento, de abril 68 a junho 68.[O Viegas seria depois destacado para a Ilha das Galinhas, até setembro de 1968, quando sua comissão.]
Fotos
1- Farol da Ilha das Cobras
2- Eu e os dois Cabos almoçando
3- À sombra do poilão lendo um livrinho acabado de chegar da livraria do Café Bento (em Bissau, junto à Amura)
Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Bolama > Ilha das Cobras > Julho de 1966 > O nosso saudoso Jorge Rosales (1939-2019), no final da sua comissão, depois de ter passado 18 meses em Porto Gole... Recorde-se que ele, que era alf mil, pertenceu à 1ª Companhia de Caçadores Indígena, com sede em Farim. (Havia mais duas, uma Bedanda, a 4ª, CCAÇ, e outra em Nova Lamego, a 3ª CCAÇ). Ficou lá pouco tempo, em Farim, talvez uma semana. A companhia estava dispersa. Foi destacado para Porto Gole, com duas secções (da CCAÇ 556, do Enxalé) e outra secção, sua, de africanos. Tinha um guarda-costas bijagó. Ficou lá 18 meses. Passou os últimos tempos, em Bolama, no CIM, a dar recruta a soldados africanos.
Foto (e legenda): © Jorge Rosales (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Bolama > Ilha das Cobras > Julho de 1966 > O nosso saudoso Jorge Rosales (1939-2019), no final da sua comissão, depois de ter passado 18 meses em Porto Gole... Recorde-se que ele, que era alf mil, pertenceu à 1ª Companhia de Caçadores Indígena, com sede em Farim. (Havia mais duas, uma Bedanda, a 4ª, CCAÇ, e outra em Nova Lamego, a 3ª CCAÇ). Ficou lá pouco tempo, em Farim, talvez uma semana. A companhia estava dispersa. Foi destacado para Porto Gole, com duas secções (da CCAÇ 556, do Enxalé) e outra secção, sua, de africanos. Tinha um guarda-costas bijagó. Ficou lá 18 meses. Passou os últimos tempos, em Bolama, no CIM, a dar recruta a soldados africanos.
Foto (e legenda): © Jorge Rosales (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Nota do editor:
Último poste da série > 14 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20146: Memória dos lugares (393): Farim, uma cidade cristalizada no tempo (Joana Benzinho, fundadora e presidente da ONGD "Afectos com Letras")