segunda-feira, 13 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21167: Historiografia da presença portuguesa em África (218): Tratados, convenções e autos firmados entre as autoridades portuguesas e os representantes dos povos da Guiné (1828-1918) - Parte I (1828 -1855) (Armando Tavares da Silva)




Africa Ocidental Francesa > Senegal > Casamansa > Postal ilustrado > c.  1910 > Ziguinchor > A região de Casamansa, incluindo a sua atual capital , Ziguinchor, foi cedida à França em 13 de Maio de 1886. A sua origem (portuguesa) remonta ao princípio do séc. XVII.


Imagem: cortesia de Armando Tavares




1. Mensagem do nosso grã-tabanqueiro de Armando Tavares da Silva 

[ foto   à esquerda:  (i) engenheiro, historiador, prof catedrático aposentado da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra; 

(iii) "Prémio Fundação Calouste Gulbenkian, História da Presença de Portugal no Mundo" (, atribuído pelo seu livro “A Presença Portuguesa na Guiné — História Política e Militar — 1878-1926”); 

(iv) presidente da Secção Luís de Camões da Sociedade de Geografia de Lisboa]

Date: domingo, 12/07/2020 à(s) 23:42

Subject: Guiné - Tratados



Caro Luís,
Capa do livro
"A Presença Portuguesa na Guiné:
História Política e Militar: 1878-1926”

 Já várias vezes que tenho visto no blogue a afirmação que pouco se conhecia (e conhece) sobre a Guiné. 

Esta falta de conhecimento poderá levar-nos a interpretações ou juízos errados ou precipitados, os quais podem surgir dentro dos mais variados contextos, e que levem a concluir "que precisamos de mais e melhor investigação historiográfica sobre pontos de contacto comuns entre nós, Portugal e a Guiné".

Ora, os Tratados e Convenções que no decorrer dos tempos foram firmados entre as autoridades portuguesas e os representantes dos povos da Guiné inserem-se precisamente naqueles "pontos de contacto". 

 E é para melhor conhecimento daqueles contactos e melhor conhecimento da evolução histórica da relação estabelecida, que elaborei uma lista (que considero exaustiva) daqueles "Tratados e Convenções". 

São 76 no total e tiveram lugar durante quase um Século (entre 1828 e 1918). 

Segue em baixo a respectiva relação [Parte I, de 1828 a 1855]. Os seus textos estão disponíveis em referências conhecidas, e que poderão ser consultadas por quem se interessar por aprofundar aquele conhecimento.

Com um abraço

Armando Tavares da Silva
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Tratados, convenções e autos firmados entre as autoridades portuguesas e os representantes dos povos da Guiné (1828-1918):
lista organizada por Armando Tavares da Silva

Parte I (1828-1855)


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1828, 12 Julho                       S. José de Bissau
Declaração dos régulos de Canhabac [, Canhabaque,] e Rio Grande, Damião e Fabião, sobre a soberania da ilha de Bolama perante o coronel Joaquim António de Matos
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1829, 12 Março                    Bissau
Doação da ilha das Galinhas que fez o rei Damião de Canhabac, senhor da dita ilha, ao coronel Joaquim Antonio de Matos. Mais tarde, em finais de 1830, este faz entrega da Ilha à coroa portuguesa
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1830, 9 Maio                     Bolama                          


Auto da ocupação da Ilha de Bolama pela coroa de Portugal a 9 de Maio de 1830, perante o rei de Canhabac, Damião, e os enviados do rei do Rio Grande, Injorá Danfan 
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1831, 15 Fevereiro         Bolor                             
Contrato de aquisição da Praça de Bolor entre o 2.º tenente da Armada José Joaquim Lopes de Lima e Ambrósio Gomes de Carvalho e os reis de Bolor, Jaguló e Girambo
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1835, 8 Janeiro           Etame (Bolor)                   
Ratificação da aquisição da praça de Bolor entre Honório Pereira Barreto, provedor do concelho de Cacheu, e Jabudó, rei de Bolor
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1843, 5 Novembro                          Mata de Putama                 
Contrato por cessão de território entre o governador de Cacheu, tenente José Xavier Crato e o régulo da Mata de Putama, Gongobé
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1844, 11 Abril              Zeguichor                      
Contrato feito entre Honório Pereira Barreto, comerciante em Cacheu, e Francisco de Carvalho Alvarenga, comandante do presídio de Zeguichor [, Ziguinchor], com o gentio de Afinhame
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1844, 11 Abril                Zeguichor              

Contrato feito por Honório Pereira Barreto com o gentio de Jagobel, representado pelos principais Vicente, Boncante, Coujena, Bugunde, Jambali, Anheba, Jimpor e Cobungul
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1844, 21 Dezembro           Bissari                  
Contrato feito por Gregório José Domingues, em nome e como procurador de Honório Pereira Barreto, com os gentios de Bissari, representado pelo Rei Banhuna de Sangodogu, Ianhate
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1844, 29 Dezembro             Marraço                       
Contrato feito por Gregório José Domingues, em nome e como procurador de Honório Pereira Barreto, com os gentios banhunes de Marraço, representados entre outros por Tumane Sajo e Maçajumá
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1844, 29 Dezembro Gono                     
Contrato feito por Gregório José Domingues, em nome e como procurador de Honório Pereira Barreto, com os gentios banhunes de Gono e Cobone representados, entre outros, por Rangala e Biquidor 
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1844, 30 Dezembro Santaque                    
Contrato feito por Gregório José Domingues, em nome e como procurador de Honório Pereira Barreto, com o gentio felupe de Santaque, representado por Cabeça e Arungo
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1844, 30 Dezembro Nhamul                         
Contrato feito por Gregório José Domingues, em nome e como procurador de Honório Pereira Barreto, com o gentio de Nhamul (felupes) representado por Arungo e Uacha 
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1844, 30 Dezembro      Blandor                        
Contrato feito por Gregório José Domingues, em nome e como procurador de Honório Pereira Barreto, com o gentio felupe de Blandor,  representado por Cajaon, Sambali e Gimanjam
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1845, 2 Janeiro Nhesse                          
Contrato feito por Gregório José Domingues, em nome e como procurador de Honório Pereira Barreto, com os gentios banhunes de Nhesse e Bricama, representados por António Rei, Ugaga, Megentem e Gegen 
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1845, 3 Janeiro Ianho                            
Contrato feito por Gregório José Domingues, em nome e como procurador de Honório Pereira Barreto, com os gentios de banhunes de Ianho, representados por Cuncó, Ujarife, Budele e Core 
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1845, 4 Janeiro Bonbudá                            
Contrato feito por Gregório José Domingues, em nome e como procurador de Honório Pereira Barreto, com os gentios de banhunes de Bonbudá representados, entre outros, por Aminha e Bram 
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1845, 4 Janeiro Senguer                         
Contrato feito por Gregório José Domingues, em nome e como procurador de Honrio Pereira Barreto, com os gentios de Senguer,  representados por Quellé, Matambá e Galicó
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1845, 5 Janeiro Faracunda                             
Contrato feito por Gregório José Domingues, em nome e como procurador de Honório Pereira Barreto, com os gentios de Farancunda,  representados por Nhala, Sanhada, Galan, Damião e Ianpo
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1845, 9 Janeiro Sangaje                            
Contrato feito por Gregório José Domingues, em nome e como procurador de Honório Pereira Barreto, com os gentios de Sangaje representados, entre outros, por Uimate e Bagamba 
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1853, 18 Fevereiro Bolor                           
Convenção entre o governador interino de Cacheu, Honório Pereira Barreto, e os régulos de Bolor, Jougam  e  António Vermelho 
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1855, 8 Outubro Cacheu                           
Tratado feito entre Honório Pereira Barreto, governador da Guiné, e o régulo da aldeia papel de Bianga,    representado por Catempe e Nacancal. Tratado aprovado e ratificado pelo régulo Datarau em Bianga em 24.10.1855
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(Continua)

[Atualizámos a grafia de alguns topónimos comhecidos, como pro exemplo Ziguinchor, Canhabaque, Xime, Cossé, Cacine; vêm indicados entre parênteses retos. O editor LG]

Guiné 61/74 - P21166: Tabanca Grande (499): Raul Castanha, ex-alf mil PM, CPM 3335 (Bissau, jan 1971 / jan 1973): senta-se à sombra do nosso poilão no lugar nº 813


 Raul Castanha, ex-afl mil PM, CPM 3335 (Bissau, 1971/73)



Raul Castanho (2017)
1. Mensagem do nosso leitor e camarada Raul Castanha:

Data .quarta, 8/07, 09:45
Assuntio - Blog

Muito bom dia.

Sigo e consulto com frequência o seu blog e gostaria de saber como é possível enviar eventualmente comentários sobre alguns temas.

Também fui militar na Guiné Bussau e tenho algum conhecimento sobre eventos desse tempo.

Os meus agradecimentos.

Raul J.L. Castanha

2. Resposta do nosso editor na volta do correio

Caro Raul:

Temos muito gosto em que colabore, com a sua experiência, militar e humana da guerra da Guiné (1961/74), nesta comunidade virtual de antigos combatentes... Tratando-se de um blogue, a edição de textos, fotos e outros documentos tem de ser feita através da "mediação dos editores"... Pode usar o meu mail profissional: luis.graca.prof@gmail.com

A inserção de comentários é totalmente livre e instantânea; veja, na coluna (estática) do lado esquerdo do blogue como é que se pode comentar e qual é a nossa "política editorial"...

Mas o mais simples é o camarada "dar a cara" e juntar-se aos 810 [, à data de hoje, 812,] membros da nossa Tabanca Grande (tertúlia): para o efeito, basta mandar 2 fotos pessoais, uma antiga e outra atual, com duas linhas de apresentação (nome, posto, arma, unidade, locais por onde passou no CTIG, duração da comissão de serviço, etc.).

Nestes 810 [, hoje 812,]  membros (10 % dos quais infelizmente já morreram) há camaradas das 3 armas, e incluem-se nesta lista tanto antigos milicianos e militares do recrutamento local, como sargentos e oficiais do quadro.

Com 16 anos, e mais de 12 milhões de visualizações, 21 mil postes, mais de 100 mil comentários, e um espólio documental notável (mais de 100 mil imagens...), o nosso blogue é também uma valiosa fonte de informação e conhecimento. A sua missão principal é partilhar memórias...Também procuramos construir "pontes lusófonas".

Mantenhas. Um alfabravo, Luís Graça.

3. Resposta do Raul Castanham com data de 9 do corrente:

Aqui vai a informação solicitada:

(I) Nome: Raul José Lima Castanha

(ii) Posto; Alferes Miliciano PM

(iii) Arma: Cavalaria

(iv) Unidade: RL2, Lisboa e CPM 3335, Guiné

(v) Esteve em Bissau com esporádicas deslocações a Mansoa e Bula

(vi) Comissão:  desde Jan71 a Jan73

Espero que seja conforme. Saudações.
Raul Castanha

4. Comentário do editor LG:

Caro Raul, como antigos camaradas que fomos, no CTIG, tratamo-nos por tu, de acordo aliás com os usos e costumes da Tabanca Grande: Ès bem vindo à nossa tertúlia. Vais ficar sentado à sombra do poilão (mágico, simbólico, fraterno, protetor...), no lugar nº 813.

És o primeiro representante da tua CPM 3335 a integrar, formalmente, a Tabanca Grande.  De resto, a única referência que temos, no nosso blogue, a um companhia de polícia militar é a CPM 2537, cujo pessoal embarcou, comigo e os meus camaradas da CCAÇ 2590 (futura CCAÇ 12), no T/T Niassa, em 24 de maio de 1969.

E se a memória não me atraiçoa,  creio mesmo que és  primeiro oficial (miliciano) de uma companhia de polícia militar a integrar a nossa Tabanca Grande, ao fim destes anos todos.

Vejo que a CPM 3335 tem página de grupo no Facebook. criada por ti em 2013, e que estamos a seguir. Tens também página pessoal no Facebook desde 2014...

E fico a saber, a teu respeito, porque é público, que:

(i) és da colheita de 1949 (18 de maio);

(ii) és "alfacinha";

(iii) foste analista (informático) num grande banco;

(iv) tiraste gestão estratégica no ISLA - Instituto Superior de Línguas e Administração;

(v) passaste pelo Colégio Militar (Curso de 1959/66);

e, (vi) na tropa, pela EPC - Escola Prática de Cavalaria, Santarém (2º turno / 1970).

Ficas miminamente apresentado aos amgos e camaradas da Guiné. Temos muita malta do teu tempo, no CTIG. A tua comissão correspondeu a um período muito rico de acontecimentos, sendo então governador-geral e comandante-chefe o general António Spínola (1968.1973). Por certo que te cruzaste  por ele mais vezes do que eu, que sou de 1969/71, e que estava do interior do território.

Espero que te sintas bem,  entre antigos camaradas dos três ramos das Forças Armadas que passaram pelo TO da Guiné (1961/74). E que possas partilhar algunas das tuas histórias e memórias desse tempo e dos lugares que melhor conheceste (Bissau, Mansoa, Bula).

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Nota do editor:

Último poste da série >  13 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21164: Tabanca Grande (498): Manuel Rei Vilar, líder do projeto Kasumai, irmão do saudoso cap cav Luís Rei Vilar (Cascais, 1941 - Suzana, 1970)...Senta-se à sombra do nosso poilão no lugar nº 812

Guiné 61/74 - P21165: Notas de leitura (1293): “BC 513 - História do Batalhão”, por Artur Lagoela, edição de autor, Junho de 2000 (3) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Abril de 2017:

Queridos amigos,
Desta edição de autor, com uma tiragem de 300 exemplares, e havendo tanto esquecimento de que a região Sul conheceu a subversão em força a partir do segundo semestre de 1962, conta-se uma saga que muitos desconhecem, é a história de um batalhão que permaneceu no Sul a desbravar terreno, a fundar quartéis, como os de Guileje e Mejo, a confrontar-se com forças bem posicionadas no terreno, deram luta, foram à luta, intimidaram, e tudo isto se passou numa altura em que a guerra evoluía do abatis e da possibilidade de deslocar pelotões de reconhecimento FOX e Daimler até à chegada de armamento mais sofisticado, como os canhões sem recuo e a colocação de minas anticarro por todos os itinerários.
Documento indispensável para o estudo da guerra da Guiné numa região onde tudo nos foi acontecendo desfavoravelmente, sobretudo em 1973, muitas daquelas posições foram sendo abandonadas pela lógica da concentração de recursos, a partir de Spínola.

Um abraço do
Mário


BCAÇ n.º 513, a divisa era “Ceder Nunca” (3)

Beja Santos

BC n.º 513: uma unidade militar destinada a Moçambique, desviada à última hora para a Guiné. Primeiro constituída por uma CCS a que se juntaram Companhias de Artilharia, e depois outros, como Pelotões FOX e Daimler, de artilharia, de morteiros, e algo mais. Coube-lhes o Sul, um Sul ao Deus dará, estamos em 1963, é tudo difícil em Aldeia Formosa e nos seus amplos arredores, há regiões ricas em arroz cobiçadas pelo PAIGC, em Incassol, na região de Forriá, em Campeane, na orla de Cacine, por exemplo. Lê-se esta História do Batalhão BC 513, de Artur Lagoela, edição de autor, 2000, e fica-se com muitíssimo respeito pela sua atividade operacional: reocupação do Chão Fula e captação da população civil, já ocorreu a desarticulação daquela região Sul, com subversão, com instalação de corredores, com assaltos armados às casas comerciais, uma região totalmente controlada (Ganturé, Sangonhá, Cacoca, Cameconde e Campeane) abastecedora do Cantanhez. Ocupa-se Gadamael, cria-se da raiz Guileje, abrem-se itinerários, alguns em condições verdadeiramente épicas, como Cacine – Cameconde. Mas não só, montam-se emboscadas, uma delas dará brado, ocorreu na estrada Aldeia Formosa – Fulacunda no cruzamento de Buba, em Junho de 1964, afugentou-se a força inimiga e capturou-se muito material.

Instalados em condições precárias, conhecedores do modo como o PAIGC opera com agressividade, usando fornilhos e diferentes minas, procura-se intersetar transporte de material, patrulha-se Guileje – Gadamael, reconstroem-se pontões, reocupa-se Mejo, patrulha-se as estradas Mejo – Salancaur e Mejo – Bedanda. Fazendo o ponto da situação de ataques e flagelações entre Novembro de 1963 e Maio de 1965, desde a mais fustigada posição (Cameconde) até aquelas que esse momento tiveram a vida mais aliviada (como Guileje, Mejo, Gadamael-Porto, Cacoca e Colibuia) houve 53 de que resultaram 4 mortos e 15 feridos na tropa e 2 mortos e 10 feridos na população. São tempos irrepetíveis, em Maio de 1964 reage-se em Sangonhá a um ataque potentíssimo, a força atacante retira deixando material. Será assim em Cumbijã, aí viveram-se horas angustiantes. Escreveu-se no relatório: “Cercando a povoação de Cumbijã havia ainda vários grupos IN com metralhadoras e pistolas distribuídos por cerca de 10 grupos colocados na mata cerrada. O IN espalhava-se em leque desde Sul até Oeste. Cerca das 3h20 o ataque diminuíra intensidade até às 4h20. A esta hora recomeçou de novo, com maior intensidade com grandes gritos do IN dizendo: ‘É hoje que entramos, Cumbijã é nossa’. O inimigo proferiu ainda injúrias e asneiras sem fim ditas em português corretíssimo".

É um historial de flagelações, emboscadas sem descanso até ao fim da comissão, na região Sul: Guileje conhece a sua primeira grande prova de fogo de 29 para 30 de Novembro de 1964, o PAIGC ataca em Nhala, em Canturé, tem muita população aderente, como se escreve no relatório: “A população Beafada da região de Antuane desde cedo se ligou ao PAIGC e os Balantas que cultivam arroz nas bolanhas do rio Cumbijã seguiram-lhe os passos. Assim se estabeleceu e foi consolidando um grande conjunto de acampamentos na região de Antuane, apoiado logisticamente nas ricas tabancas existentes ao longo do rio Cumbijã. Tornou-se sempre muito difícil às nossas tropas atingir essas regiões, não só pelas grandes distâncias a percorrer como pela facilidade em impedir os movimentos, bloqueando o ponto de passagem obrigatória de Galo Bobola. Enquanto foi possível circular livremente as viaturas, confiou-se às unidades de reconhecimento da Cavalaria o patrulhamento destas áreas. Depois do aparecimento de minas em larga escala as tropas passaram a andar a pé. De igual forma a região Injassame – Incassol, foi ficando fora de controlo das nossas tropas por os acessos serem muito limitados e facilmente controláveis e a distância a percorrer foi sempre para cima dos 40 quilómetros, ida e volta”.

O histórico enfatiza a operação “Gira” que tinha por missão atacar as bases inimigas na região de Bantaela Silá – Bulel Samba – Dalael Balanta, seriam seguramente poderosas por requereram três colunas, decorreu entre 13 e 15 de Fevereiro de 1965. Temos meios aéreos alvejados, desde helicóptero a T6. No seu relatório o Comandante do BC 513, o Tenente-Coronel Luís Gonçalves Carneiro louva-se no notável comportamento de todos os Comandantes de Companhia, pela abnegação, sacrifício, serenidade e destemor exemplares de todos os militares. Com o BC 513 colaborou o Grupo de Comandos “Fantasmas”, numa operação deslocaram-se de Nhala para Incassol, percorreram a região de Canconté e Bojol Balanta, destruíram casas de mato e grandes depósitos de arroz.

Exerceram a ação psicossocial por intermédio das subunidades do Batalhão, com destaque para o setor de Buba, procurando dar confiança aos Fulas do Forriá, conquistar a confiança dos Nalus de Cacine e das populações dos regulados de Guileje e Gadamael, deu-se assistência a cidadãos da República da Guiné que passaram a procurar regularmente os postos de socorros de Cacoca e Sangonhá. Escreve-se no relatório que foram recuperados cerca de 580 indivíduos até Maio de 1965, estavam refugiados na República da Guiné.

Os últimos meses deste Batalhão foram passados na região de Nhacra, entre Maio e Agosto de 1965. Agradece a colaboração de muitos: às Companhias do BCAV n.º 705, na região de Buba, ao apoio dos paraquedistas em Guileje, aos comandos “Fantasmas” em Buba e Cacine. E assim termina o relatório: “Mas o BC 513 não poderia anunciar todos os êxitos que constam da sua história sem o extraordinário e valoroso auxílio que lhe foi prestado pela Força Aérea. Também as Forças Navais prestaram uma valiosa colaboração, tanto em ações de combate como nos reabastecimentos. A sua presença constante na fiscalização dos rios foi importante para se manterem as possibilidades de acesso a todas as Companhias do Batalhão, cuja ligação por terra foi durante muito tempo impossível”.
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21144: Notas de leitura (1292): “BC 513 - História do Batalhão”, por Artur Lagoela, edição de autor, Junho de 2000 (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P21164: Tabanca Grande (498): Manuel Rei Vilar, líder do projeto Kasumai, irmão do saudoso cap cav Luís Rei Vilar (Cascais, 1941 - Suzana, 1970)...Senta-se à sombra do nosso poilão no lugar nº 812

1. Mensagem de Manuel Rei Vilar, nosso leitor e amigo, líder do projeto Kassumai, presidente da direção da Associação Anghilau:

Date: sábado, 4/07/2020 à(s) 12:38

Subject: Luís Reis Vilar (1941-1970), o Projeto Kasumai e a Tabanca Grande

Caríssimo Luís Graça:

Obrigado pelo convite [, vd. ponto 2, mensagem, de 4 do corrente, do nosso editor LG]. 

Fico muito honrado por me sentar à sombra do vosso poilão e pertencer à vossa Tabanca que também representa um fantástico acto de Paz e de confraternização entre os povos, e em especial entre os povos assombrosos da Guiné e a nossa Pátria. Contem comigo! Agradeço muito o vosso honroso convite e aceito.

Também podemos dizer que a Tabanca Grande teve um grande papel no início da nossa Ação em Suzana pois, devido ao pedido inicial que vos transmiti pedindo informações sobre o nosso irmão Luís [Rei Vilar, Cascais, 1941 - Suzana, 1970], o meu nome ficou associado ao vosso Blog. (**)

Um outro Luís, mas esse Luís Costa,  [antropólogo,] há quatro anos esteve em Suzana durante vários meses e ouviu falar do nosso irmão e da recordação que ele deixou nessa Tabanca!

Por isso, também deixo aqui o meu agradecimento à Tabanca Grande!

Neste momento estamos precisamente a preparar a ficha de inscrição na nossa nova Associação Anghilau (criança em língua felupe). Podemos transmiti-la à Tabanca Grande.

De facto, estamos a ser solicitados por novos desafios agora noutra aldeia do Cacheu, Batau, que visitámos durante a nossa viagem e onde a população precisa de arranjos na Escola e de um debulhador de arroz. (*)

Neste momento temos 35 apadrinhamentos, o que começa a ser demasiado pouco para todas as solicitações de ajuda que nos foi pedida no decurso da nossa viagem. Obras na Escola secundária de Susana, construção de uma residência para Professores etc...

Talvez a Tabanca Grande nos possa dar uma ajuda nesta nova campanha de apadrinhamento. Seria possível?

Logo que tiver uma informação mais completa, posso-vos enviar. A vossa ajuda ser-nos-ia preciosa!

Se há uma coisa que nunca nos poderemos esquecer na vida, é o investimento educacional que damos para que estas crianças da Guiné possam ser os homens e mulheres que este magnifico Pais, um dos mais pobres do Mundo, precisa para desenvolver o seu futuro.

Um grande abraço... e, na linguagem dos nossos amigos felupes,

Kassumai!
Manuel Rei Vilar




Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Susana > 18 de fevereiro de 2020 > Os irmãos Rei Vilar (da esquerda para a direita, Manuel, Miguel e Duarte), em dia de homenagem ao seu irmão mais velho, o cap cav Luís Rei Vilar (1941-1970), ex-comandante da CCAV 2538 (Susana, 1969/71), morto em combate em 18/2/1970, no decurso da Op Selva Viva.



Foto ( e legenda): © Manuel Rei Vilar (2020). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



2. Mensagem do nosso editor LG:

Data - 04/07/2020 à 12:36,

Obrigado, Manuel, Miguel e Duarte:

publiquei e comentei no nosso blogue [os  Relatório de Atividades do Projeto Kassumai, a  constituição da Associação Anghilau, além de reportagem  da viagem dos irmãos Rei Vilar à Guiné-Bissau que se realizou no passado mês de fevereiro que teve como objetivo reinaugurar o Jardim-Escola de Suzana depois do restauro e dar a conhecer a realidade do Chão Felupe, de Suzana e também da Guiné-Bissau.] (*)

Bolas, que "inveja"!... Que grande exemplo!...

É a mais sentida e bela homenagem que uma família enlutada pode fazer a um dos seus entes queridos, vítima da insanidade mental da guerra, voltando ao "local do crime" para, através das crianças felupes, erigir um monumento à paz e à solidariedade humana, contra a estupidez, a violência gratuita, o ódio...
Luis Rei Vilar, enquanto
cadete da Academia Militar.
Foto: cortesia de cor Morais da Silva

Eu gostava que um dos irmãos, talvez o Manuel, por ser o mais velho, aceitasse o nosso convite para integrar, formalmente, a nossa Tabanca Grande, sentando-se à sombra do nosso poilão no lugar do seu saudoso irmão e nosso camarada Luís Rei Vilar... Faz todo o sentido, sendo ele para mais o presidente da nova associação Anghilau...

O nosso blogue (e a comunidade de amigos e camaradas da Guiné que o suportam) foi criado, há 16 anos, em 23/4/2004, justamente para construir pontes com uma terra e um povo que continuam no nosso coração, apesar de todos os erros e crimes ocorridos durante a nossa história comum.

Um grande abraço, Manuel, Miguel e Duarte... O vosso/nosso Luís estará sempre presente na nossa memória.

O editor Luís Graça


3. Comentário do editor LG:

Manuel, podemos tratar-nos por tu, mesmo não tendo sido camaradas de armas. Sou amigo e antigo colega de curso do teu mano mais novo. Somos académicos, eu já aposentado. Enfim, já nos conhecemos, ser pessoalmene, daqui, do blogue, desde há  uns largos anos e temos em comum o mesmo amor por aquela terra martirizada, que é a Guiné, e a mesma esperança de que o precioso sangue derramado por todos os antigos combatentes da guerra de 1961/74 não tenha sido em vão.  O teu mano Luís, que eu não conheci pessoalmente, foi meu comporâneo no CTIG, embora eu tenha estado no setor L1 (Bambadinca). 

Recordo-me bem do pedido que nos formulaste, publicado em 30/7/2007 (***):

(...) O  meu irmão foi morto em Fevereiro de 1970. Era Capitão de Cavalaria e chamava-se Luis Filipe Rei Vilar. Ele estava localizado em Susana.

Gostava de saber mais pormenores deste trágico acontecimento que a minha família viveu, além dos que nos foram transmitidos pelas vias oficiais.

Não sei quem me poderia ajudar. Pensei dirigir-me a si. Se me pudesse dar alguma informação ou então onde ou a quem me dirigir, agradecer-lhe-ia muito. Conto visitar a Guiné-Bissau para o ano e com os meus irmãos fazer uma romagem a Susana. (...)


 E a resposta que na altura eu te dei,  foi esta (***):


(...) Querido amigo e camarada, irmão de um camarada nosso: É de grande nobreza o seu gesto. Vamos seguramente ajudá-lo na pesquisa da informação que nos pede. De momento, não tenho grandes elementos na minha posse, para além da carta de Susana. É verdade que também não tem aparecido muita gente que tenha estado naquela zona do noroeste da Guiné. Mas nós temos aqui alguns especialistas na áerea do reconhecimento e informações... Seguramente que vamos encontrar alguma pista que nos leve ao conhecimento, mais detalhado, das circunstâncias em que morreu o seu irmão. Se souber qual era a sua unidade (companhia ou batalhão), melhor ainda. Até breve.(...)

Treze anos depois (!), vais-te tentar no lugar nº 812, à sombra do poilão da Tabanca Grande (****). E vais continuar a ter, tu e os teus irmãos, o nosso blogue à vossa disposição para divulgar as atividades solidárias da vossa Associação Anghilau (, criança, em felupe), e continuar a pesquisar, se for caso disso e se for essa a vossa vontade, as circunstâncias ainda não totalmente esclarecidas em que morreu o vosso irmão e nosso camarada. (Estranhamente, ainda não temos nenhum camarada da CCAV 2538, a  sentar-se aqui ao nosso lado, na Tabanca Grande, à sombra do nosso poilão.)

Deixo-te aqui um link com as nossas 10 regras editoriais que todos os membros da Tabanca Grande devem conhecer, aceitar e respeitar.

4. De acordo com a sua página no Facebook, Manuel Rei Vilar é ou foi:

(i)  presidente da direção da Associação Anghilau (*);

(ii) professor auxiliar no  Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisoa;

(iii) maître de conférence na Université Paris 7 - Denis Diderot;

(iv) ingénieur de recherche na Université Paris 6 - Pierre et Marie Curie;

(v) ingénieur de recherche no  Centre national de la recherche scientifique (CNRS);

(vi) diretor na Residência André de Gouveia_Cité internationale universitaire de Paris;

(vii) engenheiro química  pelo Instituto Superior Técnico;

(viii)  estudante nos Salesianos Estoril;

(ix) natural de  Cascais, vivendo em Paris;

(x)  o seu irmão, mais velho, Luis Rei Vilar, cap cav, comandante da CCAV 2538 / BCAV 2876 (Susana, 1969/71), foi morto em combate em 18/2/1970, no decurso da Op Selva Viva.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21138: Ser solidário (233): Viagem à Guiné-Bissau (de 15 a 28/2/2020), homenagem em Suzana ao cap cav Luis Filipe Rei Vilar (1941-1970), relatório e contas do projeto Kasumai, e a nova associação Anghilau (criança, em felupe) (Manuel Rei Vilar)


(**) Vd. postes de:


16 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4962: In Memoriam (31): Cap Cav Luís Rei Vilar, meu irmão e meu herói (Miguel Vilar)


14 de junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6592: In Memoriam (44): A última foto do Cap Cav Luis Rei Vilar e o agradecimento da família ao blogue (Duarte Vilar)


18 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20745: Ser solidário (229): Projecto Kasumai e homenagem ao cap Luís Rei Vilar (1941-1970), em Susana, 50 anos depois da sua morte (Duarte, Manuel e Miguel Rei Vilar)

4 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20703: Ser solidário (226): Projeto Kassumai: almoço de convívio, seguido de reunião para aprovar os estatutos e eleger os órgãos sociais da nova Associação AGNHILAU: Restaurante da Quinta de Stº António, Alcabideche, Cascais, domingo, 8 de março de 2020, às 12h30 (Manuel Rei Vilar)


14 de junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6592: In Memoriam (44): A última foto do Cap Cav Luis Rei Vilar e o agradecimento da família ao blogue (Duarte Vilar)

Guiné 61/74 - P21163: Parabéns a você (1838): António Tavares, ex-Fur Mil SAM do BCAÇ 2912 (Guiné, 1970/72) e Rogério Ferreira, ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2658 (Guiné, 1970/71)


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Nota do editor

Último poste da série de 12 de Julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21160: Parabéns a você (1837): António Dâmaso, SMor Paraquedista Ref das CCP 122 e CCP 123 (BCP 12 / Guiné)

domingo, 12 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21162: (Ex)citações (361): Lendas e narrativas: nós, os víquingues e os suecos (Manuel Luís Lomba / José Belo)



Mapa da expansão víquingue (séc. VIII - séc. XI), mostrando os assentamentos escandinavos nos séculos VIII (roxo), IX (vermelho), X (laranja) e XI (amarelo). O verde indica áreas sujeitas a frequentes ataques víquingues 

Fonte: Wikimedia  (com a devida vénia...)



1. Comentários aos poste P21155(*):
Manuel Luís Lomba


(i) Manuel Luís Lomba:

Enquanto amigo de portugueses "especiais", como Mário Soares e a sua malta (, Sá Carneiro preferiu a Snu), Olof Palm foi mais que adversário, foi inimigo de Portugal. Talvez por mágoa atávica dos suecos - digo eu.

No alvorecer da fundação da Nacionalidade, os suecos ou víquingues  (tanto vale o diabo como a mãe dele) começaram a desembarcar nas praias da minha região, entre as fozes do Ave e do Cávado, vinham pelas mulheres, pelo vinho e para assaltar e delapidar castelos e mosteiros. 

Esses bárbaros assaltaram Braga, mas não chegaram a assaltar Guimarães, porque a nossa trisavó e sua condessa Mumadona [Dias] se fortaleceu, com castelo, igreja e muralhas.

Descendente de celtas, gregos, fenícios, cartagineses, gregos, romanos, alanos, suevos, godos, visigodos, mouros, etc., a malta recusou mais ADN e começou a tramá-los: a pintura de preto fazia-lhes notar as suas embarcações, escondiam as mulheres, franqueavam-lhes vinho e liquidavam-nos à paulada, quando eles, cambaleantes, as procuravam. 

No referido ao feminino, evidências residuais, bem visíveis entre as Caxinas e Esposende: avantajadas, aloiradas, com sardas e de olhos azuis...

Os suecos ou víquingues arrogam-se a primeiros a vadiar as costas do Canadá, etc., com os seus barcos negros, etc, mas os louros foram para os portugueses e suas esbeltas caravelas, os fidalgos Corte-Real, um "labrador" dos Açores de nome João Fernandes e um meu conterrâneo e mestre-pedreiro, de nome Pêro de Barcelos.

No século XVIII, com o conceito (ou preconceito) do "colonialismo" ainda longe de germinar na América, os suecos começaram a vadiar as costas da Guiné, a entrar na disputa de escravos, negócio altamente rentável, para a exportação para o seu grande mercado, criado pela sua colonização económica. 

Então o rei de Bissau mandou emissários ao rei D. José: se não fizeres aqui uma fortaleza, perdemos o mercado. Foi por isso que nasceu o forte de S. José da Amura, que será o meu (nosso) primeiro quartel na Guerra da Guiné.

E se esse forte inibiu a Suécia de transaccionar escravos da futura Guiné-Bissau, as "coroas suecas" muito estimularam o PAIGC a infernizar-nos a vida.

Terão sustentado a sua libertação de Portugal, mas também terão constituído um dos factores da demora na libertação do seu Povo.

Sou recorrente em referir o insuspeito testemunho de Luís Cabral, pag. 322 do livro "Crónica da Libertação". A sua colheita de "coroas suecas" foi tão próspera que,  na viagem de regresso via Zurique, Amílcar Cabral comprou 6 relógios "Rolex", para presentear o Conselho de Guerra ou os 6 magníficos do PAIGC: o próprio, Aristides Pereira, Osvaldo Silva, Francisco Mendes, Nino Vieira e Pedro Pires - os mesmos que se dedicaram 2 anos a infernizar-nos a vida, que poderia ter decorrido tão feliz, no belo chão guineense.

J. Belo: aqui, em Barcelos os termómetros registam 36º! E muito me apraz saber que só te puseste ao fresco para a Suécia depois de teres servido na Guiné.

Abr.
Manuel Luís Lomba

José Belo
(ii) José Belo:
Interessante, e quase diria, “levíssima",  maneira de analisar “historicamente” os multifacetados Vikings [ou víquingues].


Os Vikings dos ataques às costas atlânticas e mediterrâneas eram originários das áreas geográficas da Dinamarca e actual Noruega.

Os Vikings originários da área geográfica que hoje constitui o reino da Suécia, então não existente como entidade política, faziam prioritariamente as suas razias nas costas do Mar Báltico,ou navegando os grandes rios europeus rumo ao Mar Negro.

Etnicamente as mesmas gentes, mas itinerários distintos, assim como método de actuação. 
Nalgumas costas do Báltico, e principalmente nas rotas fluviais europeias até ao Mar Negro e Turquia, os intercâmbios comerciais eram mais lucrativos do que as violentas razias.

Gostei francamente da frase “puseste ao fresco para a Suécia”.


Tem algo de verdade literal nos 40 graus negativos dos Invernos... mas pouco mais!

Depois de ter servido (com orgulho) na Guiné, tive ainda durante a minha vida militar (não tão curta como isso) as oportunidades de ter estado mobilizado para comandar um Esquadrão do Regimento de Cavalaria, de Santa Margarida para Angola, e de ter feito parte de posterior lista de embarque para Timor.

Em ambos os casos de “malas feitas” para os embarques, cancelados quase nos últimos minutos pelos responsáveis militares de então.

Terão preferido manter-me na “bagunceira “ das golpadas dos anos 74/75 ( e foram muitas!) ....que sabe um ingénuo, como eu?

Como certamente todos os portugueses , sentiria orgulho em o descobrimento do continente norte-americano ter sido efectuado por navegadores portugueses. 
Mas infelizmente o “julga-se”,”diz-se”,”pensa-se “ quando não cabalmente documentado, não chega.

Por outro lado, as fantásticas e heróicas viagens de descobrimento que realmente (!) fizemos,  são mais do que suficientes para sentirmos profundo orgulho na nossa História.

Sempre ao dispor quanto às sagas Vikings da Escandinávia; detalhes (incríveis ) quanto às golpadas dos anos de 74/75 no nosso querido Portugal; tarimba profissional nos States; criação de renas já bem dentro do Círculo Polar Arctico, (não menos as dificuldades técnicas quanto às castrações dos machos com temperaturas de dezenas de graus negativos!),e análises sexo-pedagógicas das mitológicas....suecas. (**)

Um abraço
J.Belo


[Revisão / fiixação de texto, para efeitos de edição neste blogue: LG]

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 9 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21155: Da Suécia com saudade (76): A propósito dos 'elefantes brancos' da cooperação sueca com a Guiné-Bissau: o caso do laboratório de saúde pública... (José Belo)

Vd. também poste de 6 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21145: Da Suécia com saudade (75): Pedagogias várias para proveito do macho-ibérico: as representações sociais das... suecas, "muito dadas" (José Belo)



(**) Último poste da série > 20 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21092: (Ex)citações (369): Cherno Baldé por ele mesmo: uma antologia autobiográfica, ao km 60 da picada da vida: "Quando o meu amigo, o Dias, me perguntava 'Ó Chiiico, já limpaste as minhas botas?', eu respondia de imediato: 'Sim senhor, já limpaste' e depois?".