terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24973: Facebook...ando (47): José Claudino da Silva, "o Puto de Senradelas": o novo livro de memórias, apresentado no passado dia 15, na sua terra natal, Penafiel







Penafiel > Biblioteca Municipal > 15 de dezembro de 2023  > Apresentaçáo do último livro de José Claudino da Silva, "O Puto de Senradelas". Teve um momento musical, a cargo do Grupo dos Amigos da Viola Amarantina.

Fotos: Cortesia dos Amigos da Biblioteca de Penafiel (com a devida vénia...)


1. O nosso camarada José Claudino da Silva (ex-.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74); membro da Tabanca Grande desde 18/10/2017; com mais de 54  referências no blogue;  autor da série "Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva" , de que se publicaram mais de 70 postes; nascido em Penafiel, em 1950; reside em Amarante) acaba de publicar mais um livro, "O Puto de Senradelas", neste caso de memórias de infância e adolescescència, pelo que se depreende de alguns excertos publicados ma sua página no Facebook.

Da sessão de lançamento, realizada na Biblioteca Municipal de Penafiel, no passado dia 15 de dezembro, apresentamos algumas fotos (cortesia da página do Facebook dos Amigos da Biblioteca de Penafiel) (*)

Os “tampos” e a política,

Pelo Puto de Senradelas



A camisola feita pela minha avó,
no Natal de 1968,
é que deu classe
ao Puto de Senradelas
(Página de Facebool do autor,
8 de dezembro de 2023) 

Na minha adolescência adorava os bailes que se realizavam nos salões dos bombeiros, nos salões paroquiais, nas vindimas e desfolhadas, ou aonde houvesse uma concertina ou gira-discos.

Lembro-me principalmente das centenas de “tampos” que levava, das raparigas que se recusavam a dançar comigo.
 
Eu, qual Benjamim armado em dançarino, ficava encostado num canto, sentindo-me o bobo do baile. Quando alguma rapariga, por pena, aceitava dançar comigo, de tão nervoso, nem o ritmo do tango ou do passo-doble acertava.

Na minha vaidade de adolescente, interrogava-me constantemente das razões de levar tantos “tampos”.
Finalmente descobri!
 
Descobri que na minha ânsia de dançar, convidava qualquer uma, por azar, normalmente nem eram as mais bonitas, embora fossem as que dançavam melhor.
 
Ora, quando convidava alguma das mais bonitas, elas ao perceberem que primeiro eu convidara as mais feias, não aceitavam, e pior, olhavam para mim com tal sobranceria que eu me afundava no soalho do salão.

A partir dessa constatação passei a convidar, sempre em primeiro lugar, a mais bonita. Achava eu que depois, todas as outras, aceitariam dançar comigo. Enganei-me redondamente e passei a levar “tampos”, dumas e doutras, até que me habituei e deixei de me importar.

Alguns anos mais tarde, quando julgava já ter experiência a escolher com quem dançar, escolhi em primeiro lugar os políticos feios e levei “tampos” dos bonitos. Em seguida, escolhi políticos bonitos e levei “tampos” dos feios.

A estas situações ainda não consegui habituar-me. Só que agora há dez milhões a levar “tampos” como eu, e, isso, independentemente da escolha que façamos.

O Puto de Senradelas

(Fonte: José Claudino Silva, página do Facebook, 12 de novembro de 2023)

(Revisão / fixação de texto: LG)
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Guiné 61/74 - P24972: Parabéns a você (2233): Humberto Reis, ex-Fur Mil Op Especiais da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 15 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24955: Parabéns a você (2232): Sousa de Castro, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1971/74)

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24971: Notas de leitura (1650): "Comandante Pedro Pires, Memórias da luta anticolonial em Guiné-Bissau e da construção da República de Cabo Verde - Entrevista a Celso Castro, Thais Blank e Diana Sichel"; FGV Editora, Brasil, 2021 (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Junho de 2022:

Queridos amigos,
Entrevistado na dimensão ainda em voga da História Oral, o comandante Pedro Pires fala da sua vida ao serviço do PAIGC e do PAICV. Confesso que me toca positivamente o que ele comenta quanto à dedicação às causas pela luta da independência dos dois países, não há para ali nem charamelas nem o vemos atrelado a nenhuma carro triunfal, resistiu a muita insídia e comentários soezes por parte da oposição, quando perdeu em 1991, faz-nos ver que Cabo Verde caminha saudavelmente como uma democracia liberal, é um verdadeiro farol africano. Não se entenderá, à luz dos conhecimentos históricos, que continue a dar como certo e seguro que Spínola e a PIDE/DGS mandaram matar Amílcar Cabral, foi mantra de grande conveniência durante algum tempo, acontece que não há nenhum, absolutamente nenhum, documento que comprove qualquer ligação do Governo de Bissau, da delegação da polícia política com o assassinato de Cabral, houvesse e dele se teria feito a devida publicitação, mas não há, não houve marinha portuguesa à espera do barco de Inocêncio Kani, e é preciso ter um grande estômago para pôr como coordenador do complô Momo Touré, não sei como pessoas com pesadas responsabilidades históricas ainda têm e tanta desfaçatez, e parecem aliviadas quando propalam tais inverdades.

Um abraço do
Mário



Comandante Pedro Pires, memórias da sua vida e da sua luta na Guiné-Bissau (2)

Mário Beja Santos

Pedro Verona Pires, após a sua deserção das Forças Armadas portuguesas juntou-se ao PAIGC em Conacri, foram-lhe atribuídas múltiplas missões, acompanhou a luta da libertação da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. Após a independência de Cabo Verde, foi Primeiro-ministro entre 1975 a 1991 e seu Presidente de 2001 a 2011. Este livro sobre o Comandante Pedro Pires é o resultado de uma longa entrevista realizada em Cabo Verde por uma equipa da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas: Comandante Pedro Pires, Memórias da luta anticolonial em Guiné-Bissau e da construção da República de Cabo Verde, entrevista a Celso Castro, Thais Blank e Diana Sichel, FGV Editora, Brasil, 2021. O entrevistado regista a história da sua vida, mediada pelo método da História Oral. Obviamente que nos vamos circunscrever das suas declarações até à independência da Guiné-Bissau e sequelas da rutura Guiné-Cabo Verde.

Pedro Pires assume elevadas responsabilidades na luta da Guiné-Bissau, é um quadro político de peso e é nessa altura que é questionado pela equipa entrevistadora sobre o assassinato de Amílcar Cabral em 20 de janeiro de 1973. Começa por referir que Amílcar Cabral já tinha alertado sobre a probabilidade desse risco, a partir da recolha de várias informações de amigos no seio do exército português. Considera ter havido falhanço nos serviços de segurança, o próprio Amílcar Cabral não teria dado o valor necessário a tais informações. Nesse dia, 20 de janeiro, Pedro Pires encontrava-se na base de Kandiafara, na Frente Sul, as informações pareciam suspensas, só quase ao anoitecer é que alguém lhe veio dizer que ouvira na BBC a notícia do assassinato. Através de um emissário enviado a Boké receberam-se pormenores dos acontecimentos pelo responsável local, José Pereira, fora em Boké que Inocêncio Kani fora detido.

Uma semana depois, na companhia de outros líderes, como Nino Vieira e Cármen Pereira, estão em Conacri, assistem às cerimónias de homenagem a Amílcar Cabral, o ambiente encontrado era pesado e de muita tristeza. Pedro Pires propõe aos seus colegas do Comité Executivo de Luta a realização de uma reunião extraordinária para análise da situação, fez-se a reunião e traçaram-se novas linhas de orientação, todos voltaram para as frentes de luta, ele regressou à Frente Sul. Dá-se a sua visão sobre o apuramento das responsabilidades sobre os acontecimentos do assassinato, justifica a importância da operação Amílcar Cabral que tinha como objetivo geral a intensificação e multiplicação da ação militar nas três frentes, era necessário tornar a vida insuportável aos militares portugueses. Associa tais acontecimentos ao golpe de Estado de 25 de Abril, detalha ao pormenor o cerco a Guileje, e não deixa de ressalvar a diferença introduzida na luta pelos mísseis Strela. Fala num embate que teria tido lugar em território manjaco da qual um tenente dos Comandos africanos se passou para as forças do PAIGC.

A explicação para o assassinato do líder fundador do PAIGC pôde dar muito alívio a Pedro Pires, mas não tem qualquer consonância com factos documentais e elementos de prova. Que era urgente travar Amílcar Cabral antes que fosse tarde demais para a sobrevivência do Império português; que no plano interno português tinha crescido a oposição e o descontentamento pelos sacrifícios humanos, económicos e financeiros impostos ao país; que o prestígio e a credibilidade internacional de Amílcar Cabral atingira a sua quota máxima e estava em andamento uma dinâmica que devia conduzir à emergência do Estado soberano da Guiné-Bissau; que as autoridades coloniais, num esquema de guerra antissubversiva, aproveitara-se de alguns traidores que fomentaram a divisão do PAIGC entre guineenses e cabo-verdianos; refere antecedentes como a Operação Mar Verde, em que se procurara liquidar Amílcar Cabral; que Inocêncio Kani era o principal responsável pelo crime de traição.

Este mantra fez o seu percurso útil para liquidar os elementos do complô que os tribunais revolucionários decidiram, fez-se um hábil desvio histórico da fundamentada e multisecular tensão entre guineenses e cabo-verdianos, hoje é argumento de venda para puros nostálgicos, faz deliberadamente esquecer que não se podem entender os acontecimentos de novembro de 1980 e o afastamento da liderança cabo-verdiana na Guiné sem ter em conta a tensão existente em Conacri e mesmo nas bases do PAIGC no interior da Guiné, Pedro Pires nem refere que no dia do assassinato Inocêncio Kani esteve sempre na companhia de Osvaldo Vieira, e que este assistiu à distância ao assassinato do líder – pormenor de pouca importância, claro. Para consolo de nostálgicos e permanente enigma para a história é a destruição de todo o material que se acumulou sobre os julgamentos dos elementos associados ao assassinato. Há explicações que são de farsa, pôr o Momo Touré a liderar uma sedição de centenas de pessoas é por de mais caricato, não tinha nem envergadura nem credibilidade para tal cometimento. E penso que não se tem feito qualquer pressão para ouvir as figuras que participaram nos julgamentos (caso de Joaquim Chissano), que disseram ter lido toda a documentação (caso de Ana Maria Cabral), os testemunhos de quem compareceu em tribunal e não sofreu da pena capital, etc. São de presumir razões fundadas para manter esta pesada barreira de silêncio.

Pedro Pires fala do segundo congresso do PAIGC, da eleição de Aristides Pereira, a líder do PAIGC, e descreve-se o processo da Independência da Guiné-Bissau e tudo quanto aconteceu até ao reconhecimento de Portugal da Guiné-Bissau como Estado independente.

Não se pode desdizer que Pedro Pires não seja um homem de consciência tranquila sobre o seu comportamento político como Primeiro-ministro de Cabo Verde, e ele próprio explica os insultos miseráveis que sobre ele proferiram elementos de oposição. Teria tudo a ganhar em mostrar de corpo inteiro que soubera perder as eleições em 1991, que as calúnias proferidas ficaram por demonstrar, responde aos seus entrevistadores com elevado nível de tolerância, escusava de dizer qual era, no seu entender, a origem do MpD:
“Muitos foram militantes do PAICV. Por outro lado, houve gente de boa-fé entusiasmada com a abertura política que quis uma alternativa ao PAICV. Era um grupo heteróclito. Constituía uma autêntica frente dos contra. Faziam parte desta aliança ex-militantes do PAICV dececionados, os trotskistas, os herdeiros do colonialismo, os despromovidos socialmente que tinham perdido privilégios de classe, funcionários desonestos sancionados, os imediatistas à espera de resultados milagreiros em curto prazo, gente que discordava da Independência, também pessoas de boa-fé que queriam uma mudança do Governo e, ainda, os fiéis que acreditaram nas intrigas veiculadas pelo clero católico, pela rádio e pela imprensa escrita de inspiração católica. Foi mais ou menos isso. Era esse o contexto sociopolítico em que lutou o PAICV, naquela altura, e os adversários contra os quais se tinha batido”.

Comentários completamente escusados, diga-se em abono da verdade. Ao comandante Pedro Pires saem por vezes comentários que não o dignificam. Já aqui repontei com aquela sua tirada de que os Comandos Africanos cobiçavam trazer artigos das bases do PAIGC, eram artigos que eles não tinham à sua disposição no mercado da colónia, escreveu num prefácio do livro O PAIGC Perante o Dilema Cabo-Verdiano (1959-1974), de José Augusto Pereira, Campo da Comunicação, 2015. Enfim, dislates pouco abonatórios para um líder do seu tamanho.


Pedro Pires no serviço militar em Portugal
Pedro Pires na Guiné-Bissau
Entrevista de Pedro Pires a uma equipa da Escola das Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas, junho de 2019: (https://www.youtube.com/watch?v=A7eXvPIwie8)
Ilha do Fogo, Cabo Verde
Pedro Pires nas cerimónias da Independência da Guiné-Bissau
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Notas do editor

Poste anterior de 11 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24943: Notas de leitura (1648): "Comandante Pedro Pires, Memórias da luta anticolonial em Guiné-Bissau e da construção da República de Cabo Verde - Entrevista a Celso Castro, Thais Blank e Diana Sichel"; FGV Editora, Brasil, 2021 (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 15 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24960: Notas de leitura (1649): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P24970: O que é feito de ti, camarada ? (19): Manuel Maia, o "bardo do Cantanhez", ex-fur mil, 2ª C/BCAÇ 4610/72 (Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74)


Guné > Região de Tombali > Vista panorâmica de Cafal Balanta: em primeiro plano,  o nosso camarada Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610.




Guiné  > Região de Tombali > Cantanhez > Cafal Balanta > O "resort" do Manuel Maia,  o poeta  que irá cantar, em sextilhas, tanto  o "seu" Portugal como a "sua" Guiné). (O Manuel Oliveira Maia é  autor de: (i) História de Portugal em Sextilhas, 2009; e (ii)  "Guiné que aprendemos a amar", 2013)

Fotos (e legendas): © Manuel Maia (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem com'plementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]







Manuel Maia



1. O Manuel Maia (o nosso bardo do Cantanhez, Manuel de Oliveira Maia, ex-fur mil da 2.ª CCAÇ / BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), entrou para a Tabanca Grande em 13/2/2009; tem 123 referências no nosso blogue.

Já há uns largos anos que deixámos de o ter no nosso radar... embora continuássemos, até 2020, a dar-lhe os parabéns pelo seu aniversário natalício (que é a 30 de de junho).

A última mensagem que recebemos dele (uma mensagem algo apocalíptica, junqueiriana, misteriosa, estranha, perturbadora, amarga) foi  sob a forma de um comentário ao poste P13346 (*), a agradecer a amizade e a camaradagem que lhe votávamos na Tabanca Grande: 

(...) Camarigos,

Há um ditado português antigo que diz que quem tiver amigos não morre na cadeia... A vossa amizade provou-o.

Sei que, se por qualquer contingência do destino, agora que o país caminha para a desagregação total depois da perda de identidade motivada pelo cataclismo bem pior que o terramoto do séc. XVIII, ocorrido à porta da entrada no último quartel do passado século, também conhecido por golpada e perpetrado por uns quantos traidores, depois disso diria,o pequeno passo para o abismo da perda da independência está a perder centímetros de tal forma que deixará de ser passo engolido pelos acontecimentos tenebrosos do dia a dia...

Não consigo calar o que sinto, tenho o coração muito perto da boca e da mesma forma que zurzo em tudo aquilo que me parece errado, reafirmo que a vossa amizade é um bem inquebrantável e de que não abdico.

O meu mais profundo reconhecimento a todos.

Que Deus vos proteja e vos dê saúde para que no dia em que me levarem de castigo para uma cela correcional por ter o coração demasiado perto da boca, me possais aparecer a levar os cigarros que não fumo e os abraços que sei serem verdadeiros. Abraço-vos a todos | 1 de julho de 2014 às 14:54



2.     O Manuel Maia costumava frequentar os convívios da Tabanca do Centro:  o último terá sido o 53º encontro, em maio de 2016, conforme o atesta o poste P797, de 31 de maio desse ano, do blogue da Tabanca do Centro.

 A partir desta data os amigos e camaradas que lhe eram mais próximos deixaram de ter notícias dele. Não compareceu, por exemplo, â sessão de apresentação do livro escrito em parceria por ele e pelo JERO (José Eduardo Oliveira) (1940.2021) (Foto da capa, à direita.)

 No poste P1123. de 11 de abril de 2019, do blogue da Tabanca do Centro, pode ler-se:

(...) "Mau grado os esforços do JERO para encontrar o Manuel Maia, que terá deixado Portugal em 2016, não há a certeza que o apreciado poeta, autor da “História de Portugal em Sextilhas” e da “GUINÉTerra que aprendemos a amar” venha a estar presente em Alcobaça." (...).

Para além desta versão, também já ouvi, mais recentemente,  a de que estaria internado num lar por razões de saúde. A informação foi-me dada há escassas sermanas pelo José Ferreira da Silva, escritor, membro do Bando do Café Progresso, ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689 / BART 1913 (Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), subunidade que era comandada pelo cap art Manuel de Azevedo Moreira Maia, também  falecido há pouco, no posto de tenente-general na reforma.

Também era membro do Bando do Café Progresso. (Os escassos comentários que encontrámos dele são de 2011.)

Se alguém souber do paradeiro do nosso camarada Manuel Maia,  o bardo do Cantanhez, que nos  dê notícia (***).

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Notas do editor;

Guiné 61/74 - P24969: Capas da Gazeta das Colónias (1924-1926) (5): Angola, Companhia do Amboim: a roça "Ajuda e Amparo"... E propaganda da Guiné, por Armando Cortesão: "Ainda há 10 anos Bissau era um pequeno povoado, cercado por uma muralha e ai do europeu que dela se atrevesse a afastar-se umas centenas de metros"...

 

Angola - Um trecho da roça "Ajuda e Amparo",  da Companhia do Amboim 

Fonte: Gazeta das Colónias: quinzenário de propaganda e defesa das colónias, Ano I, nº 25, Lisboa, 19 de setembro de 1925 (Cortesia da Hemeroteca Digital de Lisboa...)


Amboim fica na província do Cuanza Sul, uma região cafeeira por excelência, "Em 1922 eram já dignas de relevo as plantações da Companhia de Amboim, Marques Seixas & Companhia, Companhia do Cuanza Sul, além da Horta & Companhia. Também, tendo chegado a Angola em 1893, constituiu Bernardino Correia, em 1922, a Companhia Agrícola de Angola (C.A.D.A.), que foi o maior conjunto cafeeiro do território."


Gazeta das Colónias: quinzenário de propaganda e defesa das colónias, Ano I, nº 25, Lisboa, 19 de setembro de 1925. Diretor: Leite de Magalhães; editor: Joaquim Araújo; propriedade da Empresa de Publicidade Colonial, Lda. (O diretor, António Leite de Magalhães, era major do exército, e será governador da Guiné, no período de 1917 a 1931, tendo sucedido ao coronel Velez Caroço (1921.1926),


1. Nos 38 números da "Gazeta das Colónias", publicados (entre 19/6/1924 e 25/11/1926) e disponíveis em formato html e pdf na Hemeroteca Digital de Lisboa, não encontrámos nenhum cuja capa exibisse um motivo guineense (monumento, topónimo, paisagem, etnia...).   As estrelas do império eram, sem dúvida, Angola, seguida de Moçambique, duas colónias que despertavam a cobiça dos nossos rivais. ;Mesmo depois da I Grande Guerra, e da criação da Sociedade das Nações, a soberania portuguesa sobre estes territórios estava longe de estar acautelada. 

Muito esporadicamente surge, na "Gazeta das Colónias", uma pequeno artigo sobre a colónia da Guiné, como é o caso deste que reproduzimos a seguir, na íntegra. Trata-se de um resumo de uma conferência realizada na Sociedade das Ciências Agronómicas, em Lisboa, pelo engº agrónomo Armando Cortesão, já nosso  conhecido, o primeiro Agente Geral das Colónias, e diretor do respetivo boletim, entre 1925 e 1932.

O conferencista, conhecedor do terreno, e grande patriota, enaltece as potencialidades agrícolas, pecuárias e silvícolas do território. E passa uma mensagem de tranquilidade para o seu auditório: 

"Ainda há 10 anos Bissau era um pequeno povoado, cercado por uma muralha e ai do europeu que dela se atrevesse a afastar-se umas centenas de metros"... 

Não é surpreendente  a sua observação: 

"Embora perdêssemos quase toda a costa ocidental de África,que descobrimos até ao Equador, sempre ficámos com o melhor que ela tinha, ou seja, a atual Guiné Portuguesa!" (...).

E não poupa "a falta de coragem e a inabilidade de alguns diplomatas nossos" que permitiram que os franceses nos tivessem arrancado "Ziguinbchor, que representa uma verdadeira preciosidade"...

Não tem dúvidas, por fim, em antever um futuro próspero para a Guiné... Anti-salazarista, Armando Cortesão (Coimbra, 1891 -  Lisboa, 1977)  parte para o exílio em 1932 e só volta a Portugal vinte anos depois,  dedicando-se  ao ensino e à investigação da história e da cartografia.

Diz um seu biógrafo,Rui S. Andadre, no Dicionário de Historiadores Portugueses

(...) "No início de 1932 é afastado por motivos políticos das altas funções que exerce, vindo a ocupar-se da redação das suas investigações históricas iniciando então um período em que se desdobra em conferências sobre Cartografia antiga e temas históricos, como a questão colombina. 

"Cortesão, enquanto funcionário colonial insere-se num grupo de quadros científicos e técnicos, indissociável da política ultramarina seguida pelo Estado na primeira metade do século XX. A questão do regime político era relativamente secundária, uma vez que, o chamado Ultramar era considerado uma questão nacional, em torno da qual alinhavam diferentes posições políticas e ideológicas, desde o republicanismo liberal e democrático ao nacionalismo retórico do Estado Novo". (...)







Fonte: Gazeta das Colónias, Lisboa, Ano 1, nº 2, Lisboa, 10 de julho de 1924, pp. 7/9. 

(Seleção, recotes, notas: LG)

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Nota do editor:

Último poste da série > 17 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24965: Capas da Gazeta das Colónias (1924-1926) (4): Uma plantação de cana de açúcar,em Guara-Guara, Manica e Sofala, Moçambique... e um elogio ao governador da Guiné, Velez Caroço (1921-1926)

domingo, 17 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24968: Coisas & loisas do nosso tempo de meninos e moços (24): O meu natal minhoto (Joaquim Costa, Vila Nova de Famalicão)


As rabanadas. Foto: LG (2023)


É NATAL NO MINHO!

por Joaquim Costa


É o pinheiro “roubado”,
Os penedos tosquiados,
O azevinho sagrado
Da linda moura encantada.

É bonecada que renasce,
O musgo que lhe dá chão,
A manjedoura que se aquece,
É o presépio que nasce.

É as sopas que o vinho aquece,
É a doçura sem doces,
Mexidos com padre nossos,
É o milagre que o pão tece.

É o cheiro que a canela enaltece,
O milagre do esparguete em doce,
Rabanadas que embebedam
E vinho fino que enobrece.

É da salgadeira p’ra devinha
O porco que alimentei,
Bacalhau do miudinho,
Mais espinha que lombinho.

É noite das lamparinas
Nunca mais é amanhã,
Correndo para a chaminé,
Chocolate e tangerinas.

É o rapa, depois a missa,
Para os pezinhos beijar
Beija uma, beija duas,
Beija até o galo cantar.

É a roupa velha quentinha,.
Como eu gosto, meu Deus!
Pena que seja a “girândola”
A anunciar... o ADEUS.

Joaquim Costa

Com votos de um santo e feliz Natal DE 2023 para todos.

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Nota do editor:

Ultimo poste da série > 30 de novembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24898: Coisas & loisas do nosso tempo de meninos e moços (23): Pequeno glossário do português... à moda do Porto

Guiné 61/74 - P24967: Boas Festas 2023/24 (4): José Carlos Mussá Biai, amigo Grã Tabanqueiro da Guiné-Bissau


1. Mensagem natalícia do nosso amigo guineense, José Carlos Mussá Biai, com data de 16 de Dezembro de 2023:

Bom dia, meu Caro Luís

Espero e desejo que se encontre bem na companhia da família.
Venho através do presente, desejar Festas Felizes a Todos os Camaradas deste nosso local de convívio, recordações e aprendizagem.
Faço votos que o Ano Novo 2024 seja melhor e com muita saúde para Todos.

Com os melhores cumprimentos,
José C. Mussá Biai
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Nota do editor

Último poste da série de15 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24961: Boas Festas 2023/24 (3): Sousa de Castro, o nosso histórico tabanqueiro n.º 2, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1971/74) e José Firmino, ex-Soldado At Inf da CCAÇ 2585 / BCAÇ 2884 (Jolmete, 1969/71)

Guiné 61/74 - P24966: Efemérides (422): A minha despedida da Guiné faz hoje, dia 15 de Dezembro, cinquenta anos (Ramiro Jesus, ex-Fur Mil Comando)

1. Mensagem do nosso camarada Ramiro Jesus (ex-Fur Mil Comando da 35.ª CComandos, Teixeira Pinto, Bula e Bissau, 1971/73), com data de 15 de Dezembro de 2023:

Venho, hoje, comemorar a minha despedida da Guiné, que aconteceu faz hoje cinquenta anos.

Foi, como calcularão todos os que por lá passaram, um dos dias mais felizes que vivi até àquela data.

Agora, passado meio século e com o "peso" das memórias e dos Dezembros, há, no entanto, um sentimento de nostalgia, quando revejo as imagens que relembram tudo o que ali foi vivido, como sejam aquelas que anexo e que foram tiradas já de dentro do NIASSA, assim que começou a deslizar pelo Geba e já no mar, entre as Ilhas Canárias.

O pior foi a partir dali, pois, com o mau tempo e os estômagos em bandoleira, por causa da ração de combate, poucos conseguiam comer e segurar as refeições.

Quando desembarcámos (já no dia 23, depois da chegada ao Tejo na noite de 22), parecíamos chineses ou japoneses, de raça amarela, portanto.

Boas-Festas e um alfa bravo para todos os vitor, eco, tango, eco, rómio, alfa, november, oscar, sierra (veteranos)!

Ramiro Jesus


15 de dezembro de 1973: adeus, Guiné!

Fotos: © Ramiro Jesus (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Nota do editor

Último poste da série de 3 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24913: Efemérides (421): À beira de fazer 52 anos do embarque do BCAÇ 3872 para a Guiné, admiro-me hoje da forma complacente com que encarei a viagem bem como o destino (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo CAR)

Guiné 61/74 - P24965: Capas da Gazeta das Colónias (1924-1926) (4): Uma plantação de cana de açúcar,em Guara-Guara, Manica e Sofala, Moçambique... e um elogio ao governador da Guiné, Velez Caroço (1921-1926)

 


    Moçambique - Território der Manica e Sofala: uma plantação de cana de açúcar em Guara-Guara


Gazeta das Colónias: semanário de propaganda e defesa das colónias. Ano I, nº 6, Lisboa, 7 de agosto de 1924, Diretor: Oliveira Tavares; editor: Joaquim Araújo; propriedade: Empresa de Publicidade Colonial, Lda.


2. São raras as referèncias à obscura, desconhecidal palúdica e mal amada colónia da Guiné, mal saída ainda, em meados dos anos 20, das "campanhas de pacificação". Escassamente povoada por colonos brancos, era também, a par de Timor, o pior lugar de desterro.

Mas, por sorte, encontrámos,  logo neste número, uma página em que se elogia a ação do governador Velez Caroço (no período de 1921-1926), coronel e antigo senador da Repúbçlica . O artigo, de uma só página (pág. 9), não vem assinado, mas é da responsabilidade do editor, o major António Oliveira Tavares, que logo a seguir irá substituir o seu amigo Velez Caroço, no período de 1927 a 1931 (portanto ainda em plena ditadura militar). Para os nossos leituras, aqui fica esse recorte.

No Facebook Caras de Portalegre (24 de maio de 2015) há uma nota biográfica sobre este oficial do exército, que foi um homem da República, passoi por Angola  e combateu em Moçambique durante a I Grande Guerra. Nasceu em Portalegre, em 1870, e faleceu em 1966.

(...) "Após a proclamação da República, em que colaborou e teve papel preponderante, foi, em 1911, eleito deputado às Constituintes pelo círculo de Portalegre, tendo sido reeleito em várias legislaturas.

(...) "Na Guiné, como Governador da Província, tomou parte como Comandante nas operações militares de Nhacra realizadas na Ilha de Canhambeque em Abril e Maio de 1925. Desempenhou o cargo de Governador até 19 de Dezembro de 1926, tendo sido um dos mais brilhantes e notáveis Governadores de Províncias Ultramarinas, impondo-se por uma obra de progresso económico e administrativo, melhorando e aumentando a rede de comunicações. Desenvolveu o comércio e promoveu a construção de numerosos edifícios públicos , pontes, etc.

"Pelo seu acentuado e superior tacto político manteve sempre durante o seu governo as mais amistosas relações com os governos de diversos territórios da África Francesa, nossos vizinhos, e em tão alto apreço foram tidas todas as suas atuações nesse campo, que pelo Governo da República Francesa foi agraciado com o grau de Oficial da Legião de Honra. Na sua ação administrativa foram também promulgados vários diplomas de alto e grande alcance." (...)









 




Alguns dados económicos da colónia também são interessantes: 

  • no 1º semestre de 1923, a Guiné importou bens no valor de pouco mais de 8 mil contos, e exportou  mais do dobro (c.  16,5  mil contos);
  • verifica-se, por outro lado, que no mesmo período o porto de Bissau já levava a palma ao porto de Bolama em número de navios, portugueses e estrangeiros (29  em Bissau contra 13 em Bolama), 
  • e em tonelagem (67,7 mil t contra c. 25,2 mil t, respetivamente) (Vd. destaque a seguir.)




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Nota do editor:


Postes anteriores:

15 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24959: Capas da Gazeta das Colónias (1924-1926) (2): Ponte-cais de Morrumbene, no distrito de Inhambane, Moçambique