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quarta-feira, 26 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26617: História de vida (55): José Álvaro Carvalho (ex-alf mil art, BAC, Bissau, Olossato, Catió, 1963/65), fadista e guitarrista, e depois da "peluda",... "doutorado em metalomecânica pesada"


Guiné > Região de Tombali > Ilha do Como > 1964 > Ilustração, in "Tridente - Memórias de um Veterano", de António Manuel Constantino Vassalo Miranda @ 12Fev2007, 29 pp. (Disponível em formato pdf, no Portal UTW - Dos Veternos da Guerra do Ultramar: https://ultramar.terraweb.biz/Livros/AntonioVassalo/OpTridenteAntonioVassalo.pdf) (com a devida védia...)


1. Nota biográfica do nosso camarada José Álvaro Carvalho, grão-tabanqueiro nº 890:

(i) nasceu há 85 anos, em Reguengo Grande, Lourinhã;

(ii) com 26 meses de tropa, acabou por ser moblizado para o CTIG por volta da primavera de 1963 (não conseguimos ainda apurar a data);

(iii) foi render um alferes de uma companhia de intervenção, de infantaria, sediada em Bissau (QG/CTIG) (não conseguimos ainda identificar qual);

(iv) irá cumprir mais uns 26 ou 27 meses, no TO da Guiné, entre o primeiro trimestre de 1963 e o início do segundo semestre de 1965;

(v) passou por Bissau, Olossato, Catió e a ilha do Como, aqui já a comandar um Pel Art, obus 8.8 (a duas bocas de fogo), com que participou, entre outras, na Op Tridente (jan-mar 1964);

(vi) em Catió esteve adido ao BCAÇ 619 (14 meses);

(vii) Cruz de Guerra, 3ª Classe, por no"período de catorze meses em que esteve destacado no Batalhão de Caçadores nº 619, foi sempre um Oficial zeloso, dedicado e muito competente, salientado-se a sua acção, principalmente, no campo operacional, em que foi utilíssimo o apoio, sempre eficaz, que soube dar com o seu pelotão em todas as operações em que interveio, nomeadamente, nas "Tridente", "Broca", "Macaco", "Tornado" e "Remate", contribuindo assim, dentro do seu âmbito, para o prestígio da Arma a que pertence";

(viii) no CTIG era popularmente conhecido pelo seu nome artístico, "Carvalhinho" (cantava o fado de Lisboa e tocava guitarra no "Cantinho da Saudade"); em Bissau, chegou a fazer espetáculos com o alf médico Luís Goes (que cantaca e tocava o "fado de Coimbra"); 

(ix) depois do regresso à vida civil, trabalhou na empresa metalomecânica 
L. Dargent Lda (onde foi diretor do departamento de trabalhos exteriores, e sócio minoritário), empresa q1ue fez, por exemplo, a montagem da superestrutura metálica e cabos de suspensão da ponte na foz do Rio Cuanza em Angola);

(x) depois do 25 de Abril, também conheceu a Sorefame e outras;

(xi) em 2019 publicou, na Chiado Book, um livro misto de autobiografia, e ficção histórica, de em prosa e em veros, mais de 700 pp. ("Livro de C.") (tem em mãos, uma nova versão, revista):

(xii) é nosso grão-tabanqueiro, desde 26/6/2024;

(xiii) autor da série "Memórias de um artilheiro" de que se publicarm 10 postes, entre julho e setembro de 2024;

(xiv) é também autor de 26 fados,  cantor e guitarrista (

(xv) autorizou-nos a publicar no blogue diversos excertos da versão difital, em revisão,   do "Livro de C", incluindo este que se segue com parte da sua vida profissional.




Angola > Ponte do rio Cuanza (em contrução), projeta pelo prof Edgar Cardoso > c. 1970/73 > O José Àlvaro Almeida de Carvalho, diretor do departamento de trabalhos externos da empresa L. Dargent Lda. Aqui ainda no início da montagem do tabuleiro da ponte...


Foto (e legenda): © José Álvaro Carvalho (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Memórias de trabalho e outras

por José Álvaro Almeida de Carvalho



Capa do "Livro de C",  de
 José Álvaro
Almeida de Carvalho (Lisboa
Chiado Books, 2019, 707 pp.)

(i) L. Dargent Lda


Tenho 78 anos de idade. Estou na reta final.

Depois de sair do serviço militar, entrei na empresa L. Dargent, Lda. uma das mais antigas da metalomecânica pesada, primeiro nos Serviços Administrativos, passando mais tarde para os Serviços Técnicos onde cheguei a director do Departamento de Trabalhos Exteriores.

Esta empresa montou o elevador de Stª. Justa, os guindastes do Porto de Leixões, a Ponte Elevatória de Alcácer do Sal, e construiu dragas de grande dimensão, várias pontes metálicas de caminho de ferro, assim como outras obras grandes e pequenas da sua especialidade. 

Era uma sociedade por quotas inteiramente privada, cheia de crédito 
no sistema bancário que nunca usou.

Tinha em média 150 operários, uma boa sala de desenho apoiada em
 técnicos competentes e uma excelente secção de serralharia mecânica de suporte à oficina.

Ainda nos serviços administrativos, interessei-me pelo que se passava nesta oficina. Em primeiro lugar pela soldadura no que me especializei com a ajuda da Welding Researche Assotiation de Londres a que a empresa se associou e o contacto assíduo com empresas como a multinacional sueca ESAB de Gotengourgo, e outras.

No fabrico e montagem de reservatórios e tubagens aprendi muito com os operários que iam trabalhar para a Chicago Bridge and Iron Company , quando regressavam e entravam de novo no anterior serviço, porque já iam nessa condição, ou com os que não regressavam mas quando vinham de férias visitavam a fábrica.

Deles recebi preciosos conhecimentos através de informações, desenhos de pequenas peças para acerto de montagem, mais evoluídas que as nossas etc.

A empresa americana de que falo, tinha um escritório em Lisboa, onde recrutava pessoal para os seus estaleiros, principalmente soldadores. Tínhamos excelentes soldadores.

Até aquela altura todas as refinarias europeias eram feitas por empresas americanas principalmente por esta, que conheci melhor. Cheguei a deslocar-me a Huelva para ver o trabalho que alguns dos nossos operários faziam na construção da sua refinaria.

Quanto ao trabalho de metalomecânica em geral, adquiri o conhecimento que acabei por ter, com os experientes e conhecedores operários encarregados e técnicos da L. Dargent Lda. que recordo com amizade e agradecimento, principalmente quanto aos trabalhos de caldeiraria, por ser impossível haver escolas para esta arte. As chapas mais pequenas com que se trabalham em caldeiraria têm geralmente 6 m, por 2 e os produtos finais podem ter a dimensão dum porta contentores, dos guindastes que os manuseiam ou dum petroleiro. Mesmo as suas componentes que se trabalham normalmente ao ar livre já são muito grandes.

A minha formação académica levou-me a frequentar a faculdade de economia, donde saí para o serviço militar. Tinha portanto conhecimentos de matemática suficientes para estudar Resistência de Materiais, que entretanto comecei a fazer nos livros do mundialmente conhecido engenheiro Timoshenko e me foi de grande utilidade, principalmente no último trabalho, que mais à frente refiro, para me entender com o sr. Professor Edgar Cardoso que o projetou e tinha um profundo conhecimento de engenharia.

Como diretor do departamento de trabalhos exteriores, dirigia no local a montagem das obras importantes como a cobertura da segunda fase da Siderurgia Nacional ou a montagem duma parte do parque de tanques de stocagem da refinaria de Leixões. No que se refere às mais pequenas, visitava semanalmente os respetivos estaleiros.

O último trabalho importante de que falo acima, foi a montagem da superestrutura metálica e cabos de suspensão da ponte na foz do Rio Cuanza em Angola. Tendo estado a residir com a família em Luanda cinco anos por este motivo.

Antes de ir para Angola ensinei a soldar com máquinas semiautomáticas 6 soldadores que já eram bons profissionais em soldadura clássica. Depois de um período de prática fi-los examinar pela Loyd’s Register of Shipping que com o Bureau Vertitas constituíam na altura as mais importantes entidades fiscalizadoras dos trabalhos da nossa especialidade na Europa. Apesar da dificuldade destes exames todos foram aprovados.

Não sabia o nível da fiscalização que ia ter e mais vale prevenir do que remediar. Levei também para Angola uma máquina de Raios X pela mesma razão. Mas a fiscalização era fraca e esta máquina nunca trabalhou. Por outro lado o Professor Edgar Cardoso tinha muita confiança na minha empresa que conhecia de longa data.

Quanto a estes soldadores, com a carta da Loyd’s na mão, começaram a ser solicitados para trabalharem nos estaleiros do Médio Oriente. De quando em quando vinha um pedir para o fazer. Nunca tive coragem para lhes dificultar a vida. Iam ganhar muito mais e possivelmente obter know how diferente do que estavam habituados. Só um ficou, o mais velho, que me fez companhia até ao fim.

Esta situação originou a que já depois de executado um pouco mais de metade do trabalho, sempre que se montava uma viga principal (14 m de comprimento e 14 tons de peso), entregava o estaleiro ao encarregado e passava 3 dias a soldá-la dum lado, com o soldador que ficou no outro. Eram soldadas ainda suspensas do guindaste que as levantava do rio. Assim se fez o trabalho até ao fim.

O encarregado de que falo, era um soldador que em tempos tinha pedido para trabalhar num estaleiro do Médio Oriente, que passados alguns anos regressou e foi promovido a encarregado. Quando fui para Angola acompanhou-me nessa qualidade e foi o meu braço direito durante toda a obra.

As vigas a que atrás me refiro foram fabricadas em Lisboa nas oficinas da empresa a partir de chapa importada da Alemanha.

Este trabalho foi no geral concluído em março de 1974, tendo entrado em acabamentos a partir dessa altura.

(ii) Construtora Moderna

Passei dia 25 de Abril desse ano aí e regressei algum tempo depois.

Andei a ir e vir a Angola até deixar de ser necessário, após o que ingressei na empresa Construtora Moderna,  situada na margem Sul perto da povoação do Fogueteiro.

A empresa a que eu pertencia tinha sido extinta e os seus operários integrados nesta, a qual fora construída e equipada pela Sacor, a grande gasolineira da época, de grande capacidade financeira e que Marcelo Caetano obrigou a vender, por não ter comprovada capacidade para a sua gestão, ficando a Sorefame com a maioria do capital e L. Dargent, Lda. com uma pequena parte.

Fiquei orgulhoso e entusiasmado quando entrei para a equipa de direção desta oficina, que tinha 400 operários incluindo mais de 100 que eu bem conhecia. Mas foi sol de pouca dura.

Tinha 3 halls com 30 metros de elevação e mais de 200 metros de comprimento cada. Havia em cada um, duas pontes rolantes bem dimensionadas, para movimentarem materiais e peças do armazém para os postos de trabalho e entre estes. 

Estava equipada com o que de melhor havia na época para oficinas de caldeiraria (para quem não sabe, caldeiraria deriva do verbo caldear que significa aquecer duas partes de ferro ao rubro e juntá-las uma à outra, batendo-lhes com força a formar uma. Refere-se há muito a todos os trabalhos em aço de espessura superior a 3mm. O trabalho em espessuras inferiores chama-se de serralharia).

As principais obras a decorrer consistiam a primeira, no fabrico de pernas tubulares com 60 metros de comprimento e três de diâmetro em chapa com 30mm de espessura para duas torres de petróleo da Mobil, uma subempreitada da Sorefame.

Esta obra começou a sofrer da particularidade de todas as semanas diminuir o ritmo de produção. Chamava-se a Comissão de Trabalhadores que,  depois de explicada a gravidade do assunto, a importância que a obra tinha para a indústria e para o país, respondia sempre: “Estamos aqui para defender os trabalhadores e não para os atacar”. Nunca entendi este raciocínio.

Quanto à outra obra grande em execução, a construção de vigas em T com 16 m de comprimento de 40 x 20 cm a partir de chapa de 12 mm de espessura, para a reparação dum navio sueco que se encontrava no porto, acontecia o seguinte:

No primeiro dia, vi uma chapa de 16 m x 2.5 m x 0.012 m com o peso aproximado de 5000 kg suspensa de duas pontes rolantes, que a transportavam perigosamente, por cima de vários postos de trabalho.

Conclui que a preparação devia estar mal feita.

Em caldeiraria a preparação é constituída pelas fichas e instruções entregues nos postos de trabalho, onde se descreve o trabalho a fazer. Estas fichas eram feitas nos departamentos de Preparação e Traçagem. Antigamente chamavam-se simplesmente de Traçagem, por ser esse o seu objectivo principal, já que os desenhos provenientes das salas de desenho, não indicam como executar as peças.

Os desenhadores em geral não sabem fazer o trabalho de traçagem, que tem muitas características próprias e métodos empíricos, alguns antigos, como por exemplo a marcação em plano da chapa que depois de enrolada irá formar um tubo que intercepta outro em determinado angulo. O corte dum dos seus lados tem percurso sinusoidal surpreendente.

O primeiro traçador que houve em Portugal veio da Bélgica e foi mais tarde o fundador da empresa onde trabalhei a maior parte da minha vida. Penso que viveu duas gerações antes da minha e o seu nome era Lambert Dargent.

A primeira ficha da obra a que pertencia a chapa referida, indicava que este posto de trabalho traria do armazém uma chapa standard de 12 m x 2,5 m x 0.012 m e uma de 4 m x 2,5 m x 0.012 m , soldava-as uma à outra formando uma que enviava para a máquina de corte.

Se a preparação estivesse bem feita estas duas chapas deveriam ser cortadas em barras primeiro e soldadas depois no sentido longitudinal para atingirem os 16 m. Acresce que o caminho de rolamento da máquina de corte só tinha 14 m e para cortar uma chapa de 16 m , até aos 14 m o trabalho fazia-se com rapidez mas depois era feito com métodos ancestrais do que resultava que a máquina em vez de cortar 20 chapas por dia, só cortava duas ou três.

(iii) Sorefame

Eu dependia do diretor de produção da Sorefame. Pouco depois, este senhor, acusou-me numa assembleia da direção de não acompanhar devidamente esta obra, já ameaçada com multas de incumprimento pelo cliente.

Esclareci a situação e o que havia a fazer era substituir a preparação existente por uma nova bem feita. Ele afirmou que ou as coisas eram executadas como eu dissesse, ou não punha lá mais os pés.

Isto originou a que fosse chamado a uma assembleia de trabalhadores onde me foi perguntado porque queria alterar coisas que estavam bem feitas. Respondi a esta pergunta anunciando a minha saída da empresa.

Em pouco tempo já tinham acontecido alguns factos que,  somados, me fizeram pensar que ela iria soçobrar a curto ou médio prazo, como aconteceu.

(iv) Mague, Lisnave, Setenave... e tudo o vento levou

Mas, estava longe de saber que iria acontecer o mesmo a toda a indústria metalomecânica, incluindo os grandes estaleiros navais, a Sorefame na Amadora , e várias outras, como a Mague em Alverca, - especializada em aparelhos de elevação, que fez a maior parte dos guindastes para contentores do porto de Lisboa, o enorme pórtico de 300 toneladas da Lisnave, e muitos aparelhos desta especialidade para outros países. Nesta altura, fabricava guindastes de contentores para o Porto de Estocolmo, mas já tinha começado a ter problemas.

Beneficiando destas empresas maiores, havia outras médias e pequenas ligadas por subempreitadas e acordos de trabalho, por terem custos de estrutura menores e praticando preços para obras pequenas ou partes de obra, convidativos.

Desaparecidas as primeiras, começaram pouco depois a desaparecer as segundas. Um castelo de cartas.

A Mague de que falei acima, nasceu da necessidade duma oficina de reparação de equipamentos de construção civil para trabalhos de grande dimensão como a construção de barragens, na empresa “Moniz da Maia & Vaz Guedes”, que construiu a Barragem de Castelo de Bode.

Terminada esta construção, já tinha equipamentos e know how suficientes para se tornar independente e concorrer em construções de engenharia mecânica pesada, como aparelhos de elevação e turbinas, que veio a fabricar para todo o mundo como já disse. Adotou o nome de Mague formado por carateres dos nomes Moniz da Maia e Vaz Guedes.

Chegou a ter milhares de operários e em subempreitadas e ligações de trabalho a ocupar outros tantos.

A soldadura foi descoberta em 1911, passado tempo viu-se que um pingo de soldadura resistia tanto como um rebite e era muito mais barato. A pouco e pouco a construção em aço incluindo a naval deixou de ser rebitada, e passou a ser soldada, ao mesmo tempo as siderurgias começaram a produzir aços mais homogéneos com menos carbono e inclusões de produtos nocivos, como o enxofre, e portanto mais resistentes e soldáveis.

Mas a soldadura não fica capaz se efetuada a 0º C de temperatura e no Norte da Europa esta temperatura é frequente. Em Lisboa solda-se todo o ano.

Foi este motivo, somado à excelente posição estratégica do seu Porto e ótimas condições naturais, que fez com que três estaleiros suecos e dois holandeses se aliassem a três nacionais e a um banco, para construírem o grande estaleiro de reparações navais da Margueira, a Lisnave, que chegou a ser o mais importante do mundo no seu tampo nessa área de atividade. A sua maior doca a doca13 podia por em seco navios com que deslocassem 1 milhão de toneladas.

Foi também o mesmo principio que esteve na origem da instalação no porto de Setúbal da Setenave para a construção naval de petroleiros ou navios de grande dimensão.

A Lisnave foi oficialmente constituída a 11 de Setembro de 1961.

Em 1969 já detinha 39% da reparação mundial de navios até 300 000 toneladas.

Em 1970, 96% dos navios reparados pertenciam a armadores estrangeiros.

Neste ano iniciou um novo tipo de actividades, com a construção de grandes secções, proas e partes centrais de navios.

Entra assim num campo mais elevado de tecnologia, que lhe irá permitir efectuar reparações mais complexas, assim como Jumboizing (termo aplicado ao aumento de capacidade de carga dos navios, por acrescento de uma nova secção).

Ainda neste ano, o estaleiro da Margueira aumentou a sua produção 41% relativamente ao ano anterior.

No ano de 1973, a empresa tinha 7700 trabalhadores. Em 1974 teve inicio a sua decadência até à extinção.

A construção do estaleiro da Setenave começou nos inícios de 1972 e um dos seus administradores, afirmou à imprensa que seria um investimento de 2,5 milhões de contos, para 6.000 trabalhadores na fase plena.

Efectivamente a construção naval arrancou em 1973. Mas no ano seguinte aconteceu o 25 de Abril de 74 e, a partir dessa data, a Setenave passou a ser uma caldeirada politica laboral.

A empresa Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas, S. A. R. L., foi uma sociedade anónima de responsabilidade limitada portuguesa, especializada na construção de componentes eléctricos e mecânicos pesados. Foi fundada em 1943 e dedicou-se, inicialmente, ao fabrico de equipamentos hidromecânicos, cuja procura era elevada devido ao programa de construção de barragens hidroelétricas no âmbito da industrialização do país.

Afirmou-se mais tarde quando essa atividade deixou de ser necessária, como um importante construtor de material circulante ferroviário, em parceria com várias empresas internacionais.

Nos princípios da década de 50, a CP afirmou a sua intenção de adquirir carruagens metálicas de aço inoxidável canelado.

Para responder a tal necessidade, a Sorefame  associou-se à empresa americana Budd Company, que detinha a patente para a construção deste material, tendo recebido uma licença de fabrico e os conhecimentos técnicos necessários. Era a única empresa a fazê-lo na Europa.

Fabricou importantes encomendas de automotoras de vários tipos, normais e triplas, assim como locotratoras, carruagens e locomotivas eléctricas para a CP e mais tarde para o Metro e Carris.

Forneceu também equipamentos destes para a África do Sul.

Chegou a ter, no início dos anos 80, mais de 4.100 trabalhadores e uma base tecnológica e de engenharia própria, conceituada.

Fabricou também 200 carruagens para o material circulante do Metropolitano de Chicago, encomendadas pela Boeing em 1974.

Neste ano, recebeu também uma encomenda da Alsthom para o fabrico de 30 locomotivas, de 2800 CV, para a Rodésia. Tendo realizado a sua montagem com os motores e restantes equipamentos enviados por essa empresa.

A Revolução de 25 de Abril de 1974 veio trazer um clima de instabilidade social e política, que a atingiu fortemente. Começaram a realizar-se greves consecutivas que deram inicio ao seu declínio.

Foi totalmente extinta em 2001.

(v) Listrafego

Algum tempo após sair da metalomecânica pesada,  fui trabalhar para uma pequena empresa que operava no porto de Lisboa especializada na reparação de contentores.

Nessa altura o trafego portuário era intenso e não havia mãos a medir. A empresa embora só com trinta operários faturava mensalmente um valor muito elevado para a sua dimensão.

Tinha o seu escritório principal numa rua perto do Saldanha e um estaleiro com escritório, armazém de peças e ferramentas no grande parque de contentores do porto, a Listrafego, onde passei a trabalhar. Todos os dias o pessoal partia daqui numa carrinha para as zonas de trabalho do porto e por vezes para parques dos arredores da cidade, em Camarate, em Loures, em Sacavém e outros, uma vez que o trafego era muito intenso e estava esgotada a capacidade necessária de armazenamento.

Parecia ser esta a altura de executar finalmente o projecto antigo de ligar o porto de Lisboa ao de Setúbal fazendo um canal entre o Tejo e o Sado. Este canal já se encontrava assinalado nas cartas de navegação e podia ser feito com o dinheiro gasto a construir um troço de autoestrada, formando-se assim a infraestrutura portuária mais importante da Europa.

Mas não foi o que aconteceu. O que aconteceu foi que uma vez por semana havia um plenário de trabalhadores e o porto parava. Os custos aumentaram e obrigaram os navios a procurarem outras paragens.

O espaço começou a ser excedentário. O trabalho a ser reduzido. A empresa para a qual trabalhava ia ficando mais pequena à medida que os trabalhadores pensaram com razão, já não estar ali o seu futuro. Eu disse no escritório do Saldanha que quando houvesse tantos gerentes como operários me vinha embora. Saí quando havia quatro e quatro gerentes.

Foi no meu local de trabalho e de muita outra gente que nasceu a Expo 98, um barrete bonito.

A metalomecânica pesada e uma importante parte da média e ligeira frequentemente suas subempreiteiras, associadas ou subalternas, assim como o Porto de Lisboa, contribuíam com uma quota elevadíssima para a riqueza do país, sendo os seus serviços principalmente pagos em divisas. Sustentavam milhares de famílias.

Quando se despreza o know how como foi desprezado ultimamente no nosso país que não nos pôs na miséria por termos a ajuda da CEE,  não se conhecem situações como a que passei nos meus primeiros anos de metalomecânico quando me interessei por acompanhar as primeiras obras da oficina. 

A primeira foi o fabrico de 3 caldeiras de 600 cv cada para a Sociedade Central de Cervejas de Via Longa. Estas caldeiras como julgo que todas as que se fabricaram foram feitas sob licença duma empresa Norte Americana da especialidade á qual se pagaram os necessários royalties.

Juntamente com os desenhos de fabrico que se receberam, vinham também as necessárias instruções e o tempo em horas necessário para a execução de cada tarefa. O exame destes documentos provocou-me a genial ideia de que como pagávamos 5 vezes menos que os americanos, quando fizéssemos em 5 horas o que eles faziam numa poderíamos colaborar com eles em pé de igualdade, parceria, subempreitada etc.

Por este motivo acompanhei atentamente esta obra. Tínhamos operários muito competentes e experientes, as máquinas principais eram as mesmas, uma calandra boa e um engenho de furar de precisão para furos de 50mm em chapa de 40mm de espessura o qual tínhamos adquirido havia pouco tempo.

No final da obra conclui que tínhamos feito em 16 horas o que eles faziam numa e por qualquer razão não tinham concorrido ao seu fabrico, ou porque consideravam sermos o seu parceiro cá e lhes compensava só os royalties, ou qualquer outra.

Foi este o meu primeiro balde de água fria na metalomecânica. Houve depois muitos outros que me escuso de contar.

É por isso que depois de assistir a ser ignorado e despezado, o know how pacientemente adquirido ao longo de dezenas de anos e a ligeireza com que um tão grande volume de postos de trabalho e correspondente riqueza foi tratado, peço desculpa aos meus amigos socialistas, mas tenho a maior dificuldade em não concordar com as palavras da srª Tatcher quando discursou na greve dos mineiros em Manchester:- “ Os sindicatos em vez de defenderem os postos de trabalho, destroem-nos. Nunca mais nos livramos do maldito socialismo.”

Definir como objectivo acabar com os patrões foi trágico porque havia patrões maus, bons, justos, injustos, que corrompiam e que não, que sobreviviam ou estavam em sério risco, etc. , mas tinham todos duas coisas em comum. A primeira é a de que arriscavam na actividade o seu património, a sobrevivência da família e a segunda é que criavam a parte mais importante da riqueza do país.

Muito do que nós perdíamos era ganho por outros. Penso que houve influências discretas neste processo, que obtiveram os ganhos correspondentes. A história o dirá.

Julgo assim que depois do que se passou nos temos que habituar à escassez generalizada e a praticar níveis de vida mais modestos. Só espero que sejam dignos.

Embora simpatizasse com as ideias socialistas, toda a minha vida lutei pela produção, por isso entendo que quando um posto de trabalho é eliminado leva com ele know how difícil de se voltar a obter.

Um dia, a minha filha mais nova, sabendo-me um mau socialista, perguntou-me com malandrice:

- Ó pai, porque será que a maior parte dos homens cultos são de esquerda?

Ao que respondi no mesmo tom :

- Sabes porquê? Porque são esses que depois de nela caírem, conseguem dar a volta aos erros de que padece.

Fazem falta para a manter viva.

Pensei e penso que acabar com a exploração do homem pelo homem é um objectivo nobre a cumprir.

Mas a inevitabilidade da vida, que obriga a termos que comer, vestir, ter cuidados de saúde, educação, etc., tornou também inevitável a existência de meios de produção. O seu desaparecimento pode pôr-nos a pão e laranjas e ser considerado uma ameaça à sobrevivência. Não ponho aqui a questão de a quem devem pertencer, se aos particulares ou ao Estado, mas no geral, não tenho conhecimento de qualquer Estado capaz de geri-los com eficácia, sendo a meu ver, esta a razão da existência da sociedade de consumo com todas as suas monstruosidades. Posso estar enganado.

Então e agora? Agora é murmurar, gritar espernear, barafustar, etc. Pode ser que resulte, mas um caldeireiro ou um serralheiro mecânico não se fazem numa semana, nem num mês, nem num ano, nem longe duma oficina e uma oficina de caldeiraria ou serralharia mecânica idem idem, aspas aspas a multiplicar por 10.

Para quem for crente e queira ultrapassar dificuldades recomendo uma ida a Fátima a pé.

A destruição irreversível dos meios produtivos não foi só da responsabilidade das esquerdas,  como parece.

Não se pode deixar de falar na política de terra queimada que a direita praticou ou quem por ela se fez passar, alheando-se propositadamente, de tudo e de todos, não explicando que o resultado do processo em curso iria descambar onde estamos agora e no que ainda está para vir.

Podemos portanto dizer adeus aos trabalhos de construção naval, de guindastes , de pontes, de comboios, etc., assim como de fazer da infraestrutura portuária dos Portos de Lisboa e Setúbal a maior e melhor da europa.

Esta promissora e comprovada competência da nossa terra e da nossa gente é já só o sonho duma noite de Verão, chão que deu uvas.

(vi) O regresso às origens


Finalmente acabei por vir prá região onde nasci e dediquei-me algum tempo a elaborar projetos de construções pecuárias e depois turísticas que me ocuparam alguns anos.

Mais tarde comecei a elaborar projetos técnicos de betão armado para vivendas e pequenos prédios, ao serviço dum gabinete de engenharia.

Entretanto pouco depois reformei-me, mas continuei a trabalhar no mesmo durante anos. Elaborava em média a estrutura de betão armado de duas vivendas ou um pequeno prédio por semana.

A certa altura comecei a achar estranho que se construíssem tantas casas e o preço das mesmas aumentasse exponencialmente de ano para ano. Parecia-me que isto contrariava as velhas leis económicas da oferta e da procura, mas como tinha poucos conhecimentos da matéria e a vida me corria bem, fiz aquilo que os ingleses recomendam nestes casos, “wait and see”.

Mais tarde, refletindo melhor conclui que as bolhas imobiliárias tinham sido originadas pelas promessas dos políticos antes de ascenderem ao poder que depois não cumpriam na totalidade mas só em parte a qual já era suficiente para, com a constante subida de impostos e outros malefícios,  pôr as economias em derrapagem, as receitas dos governos inferiores às despesas. 

Na nossa terra houve ainda a preciosa ajuda dos sindicatos com a rápida destruição do tecido económico.

Os bancos cuja atividade começou a ser fortemente afetada, para se defenderem e manterem as altas regalias que tinham, começaram a investir com abundância no sector imobiliário, o mais fácil, garantidos pela 1ª hipoteca dos imóveis,  mais tarde também pela 2ª e até pela 3ª. Como investiam com a mesma facilidade tanto na construção como na aquisição, o valor das casas não descia. 

Nas bolsas de valores começaram a aparecer produtos tóxicos com base nestes comportamentos até que os credores em presença dos elevados encargos com que acabaram por ficar, deixaram de cumprir no todo ou em parte e as bolhas rebentaram com as muitas consequências negativas conhecidas

O milionário George Soros que se formou em economia na Inglaterra e fez fortuna na bolsa de Nova Yorque, num dos livros que escreveu (2008), criticou fortemente a atuação dos governos do Senhor Bush e da Senhora Tatcher e seus conselheiros, que recomendavam a não intervenção nos mercados, porque estes se autorregulavam de acordo com as leis da teoria económica clássica.

Na opinião deste senhor, ou os governos intervinham, ou a economia global dava uma cambalhota. Parece que está aí.

Aqui na minha terra tenho tido mais tempo para meditar. Lembro-me dum amigo do meu pai lhe dizer que quem trabalha muito não tem tempo para ganhar dinheiro.

Acho que o atual generalizado desprezo pelo trabalho se fundamenta nesta máxima.

Não era preciso que atualmente existissem junto do poder conselheiros tão bons como houve junto do rei D. João II, mas há mínimos a atingir seja no que for.

Também nunca mais soube nada do enorme tesouro que existia no Banco de Portugal em depósito ou crédito, que constava no relatório mensal do Banco Português do Atlântico de Março de 74 e era constituído por 800.000 barras de ouro de 1 kg e mais o equivalente em divisas.

terça-feira, 25 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26616: Em Homenagem a Luís Filipe Pinto Soares (1950-1974), Fur Mil Op Esp da CCAÇ 3545/BCAÇ 3883, que faleceu em combate no dia 7 de Janeiro de 1974 (Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp)

GUINÉ
Jorge Alves Araújo, ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER, CART 3494
(Xime-Mansambo, 1972/1974)

Canquelifá; 7Jan1974 > Foi aqui que tudo aconteceu (Foto do álbum do Fur Eugénio Pereira, da CCaç 3545, com a devida vénia)


1. – INTRODUÇÃO

Quando em 23 de Abril de 2004, data da abertura da «Tabanca Grande», o camarada Luís Graça, ao prestar homenagem às mulheres portuguesas, deu início a uma nova (co)missão colectiva, acto que, numa perspectiva temporal, está a poucos dias de completar o seu 21.º Aniversário.

O propósito de sensibilizar os antigos combatentes, das diferentes épocas e especialidades, para a partilha das suas memórias da guerra colonial ou guerra do ultramar, em particular da Guiné, foi bem-sucedido, e os cerca de vinte e sete mil postes, já publicados, validam a importância que, em crescendo, vem sendo atribuído ao nosso espólio historiográfico.

No Início, onde os diferentes contributos, cada um com a sua dimensão, ajudaram na reconstrução do “puzzle da guerra”, hoje, cada “peça desse puzzle” pode transformar-se em objecto de estudo (investigação), como provam alguns trabalhos académicos, nacionais e internacionais (mestrados e doutoramentos), que utilizaram o nosso blogue como fonte de informação.

Na busca de referências sobre a morte do tio/avô, o meu/nosso camarada de operações especiais, furriel Luís Filipe Pinto Soares, ocorrida em 7Jan1974, em Canquelifá, o jovem Rafael Gonçalves, aluno da Escola Secundária Augusto Cabrita, no Barreiro, acabaria por ver recompensada a sua resiliência ao encontrar no P16127, de 27.Maio.2016[1], o início do seu aprofundamento.

Com o apoio da sua avó Lurdes, cunhada do Pinto Soares, o Rafael encontrou a fonte de contacto no Blogue, e sem hesitar contactou-me (estava eu nos EAU - Emiratos Árabes Unidos) apresentando-me o seu projecto, que mereceu a minha melhor atenção e solidariedade.

Com a sua autorização, torno público o seu desejo, que não se esgota nos conteúdos já publicados, esperando obter outros que lhe venham a ser endereçados por camaradas da sua Unidade – a CCAÇ 3545 (1972-1974).

Pelo exposto, e recuperando o seu desejo, já tivemos dois encontros em Almada, ficando abertos os canais de comunicação sempre que se justifique.



2. – CRONOLOGIA DOS CONTACTOS EMAILS

► O 1.º enviado pelo Rafael, em 7.11.2024, às 19:48h

Boa tarde, senhor Jorge Araújo, vou me identificar: sou sobrinho/neto de Luís Filipe Pinto Soares e venho por este meio pedir se me pode dar algumas informações sobe o que se passou, porque ando a fazer um livro sobre a guerra do ultramar. Cumprimentos.

◘ Resposta em 8.11.2024, às 07:03h

Caro Rafael, bom dia. Este teu contacto merece, em primeiro lugar, um elogio pelo facto de manifestar intenção (e interesse) em escrever um livro, e no caso particular, sobre a "Guerra do Ultramar" (1961/1974), onde pretendes incluir os factos relacionados com a morte de um teu familiar - Luís Filipe Pinto Soares.

Depois, em segundo lugar, para te dizer que estou completamente disponível para o apoio de que necessitas. Entretanto, uma curiosidade: como chegaste ao meu endereço email? Certamente que foi através da tua pesquisa no blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné", onde escrevo com frequência sobre esta temática, e, simultaneamente, como coeditor. 

Quanto aos teus objectivos do presente contacto, terás de me indicar o que pretendes saber ou que tipo de apoio esperas obter, uma vez que desconheço o âmbito e a estrutura específica do teu trabalho de investigação.

Sobre o teu familiar Pinto Soares, dou-te conta que foram muitos os momentos e os contextos em que estivemos juntos no âmbito militar. Acrescento que a tua bisavó, creio, Deolinda Soares, era amiga da minha mãe, e ambas, por vezes, encontravam-se e saiam juntas, na medida em que os seus dois filhos eram camaradas de armas, percorrendo os mesmos itinerários desde a primeira hora, quer na recruta, quer na especialidade, quer, ainda, pelo facto de terem sido mobilizados para a mesma província ultramarina – a Guiné.

Uma vez que me encontro a viver períodos do ano no estrangeiro, como acontece com o actual, terás de fazer o favor de me dar conta do que precisas.

Ainda, assim, podes ver a minha narrativa referente à morte do Pinto Soares no P16127, de 13.5.2016, no blogue, e outras no marcador da esquerda da CCAÇ 3545, a sua Unidade de mobilização.

Caso estejas de acordo em divulgar, e como curiosidade, quem são (ou foram) os teus antepassados de 1.º e 2.º grau?

Termino agradecendo o teu contacto, reiterando a disponibilidade para o apoio. Com votos de muitos sucessos e muita saúde, Jorge Araújo.

► O 2.º enviado pelo Rafael, em 9.11.2024, às 20:41h

Boa noite, senhor Jorge Araújo, sou filho de Joana Soares e António Gonçalves. Em questão aos avós maternos são Carlos Soares e Lurdes Simão, da parte paterna Luiza Santos e António Gonçalves (avô paterno). Quando o senhor estiver disponível e possa falar comigo agradeço que me volte a comunicar. Cumprimentos.

► O 3.º enviado pelo Rafael, em 12.11.2024, às 18:16h

Boas Jorge, desculpe, não lhe cheguei a mencionar que tinha encontrado o seu email no site Luís Graça e que pretendia falar consigo pessoalmente. Cumprimentos e desculpe pelo incómodo do terceiro email. Cumprimentos.

► O 4.º enviado pelo Rafael, em 17.11.2024, às 14:53h

Boa tarde, Jorge, não sei se o senhor se encontra ocupado, mas não gostava que a nossa conversa acabasse por aqui, gostava de esclarecer todas as minhas dúvidas consigo, visto que o senhor é uma das poucas pessoas que esteve, pessoalmente, com um antigo familiar meu. Cumprimentos.

◘ Resposta em 18.11.2024, às 16:53h

Caro Rafael, Boa noite (aí serão menos 4 horas).

Agradeço os últimos contactos de 12 e 17 do crt., cujas respostas da minha parte tardaram um pouco, pois, como referi anteriormente, encontro-me a residir na arábia, mais concretamente nos Emirados Árabes Unidos, onde o quotidiano é bem diferente daquele que temos em Portugal. Li com atenção as tuas notas, das quais relevo o desejo de nos encontrarmos pessoalmente de forma a esclarecer todas as tuas dúvidas, que devem ser muitas, acredito.

Esse encontro só será possível quando estiver em Lisboa, regresso que está previsto para final de Janeiro'25. Como moro em Almada, teremos de acordar o local, dia e hora, em que o encontro possa ocorrer... OK?

Nesta oportunidade, aproveito para te informar que conheci, também, o teu avô (Carlos Soares), que era mais velho que o Luís Soares. Não tenho memória da imagem da tua avó, que à data em que nos conhecemos, morava no Barreiro, creio. Eles ainda estão vivos? Se sim dá-lhes os meus cumprimentos.

Para terminar, reitero a minha disponibilidade para te apoiar no teu projecto. Ab.

► O 5.º enviado pelo Rafael, em 18.11.2024, às 19:41h

Boa noite, Jorge. Estava mortinho que o senhor me respondesse. Claro que sim, ainda nos encontramos no Barreiro. Felizmente ainda estão vivos, curiosamente o dia 25 de Janeiro é o meu dia de aniversário. Se o senhor se encontrar comigo pessoalmente era o melhor presente que me podiam oferecer. Em relação ao local, pode ser em local a combinar em Almada visto que é onde mora. Deixo o meu contacto telefónico caso seja necessário. Cumprimentos Rafael.

◘ Resposta em 22.11.2024, às 05:36h

Caro Rafael, bom dia desde as arábias (aí ainda estão a dormir).

A minha memória de longo prazo parece dar sinais de que o "disco rígido" ainda está a funcionar. Perante os nossos dois contextos - a distância e o teu desejo de realizar um encontro entre nós - assim que estejam reunidas as condições operacionais logo combinamos o dia e o local. Até lá, vai pensando nas questões que me queiras colocar, fazendo uma lista para que nenhuma fique por abordar. Se quiseres, envia-me três ou quatro para eu reflectir e estar mais bem preparado, quem sabe, se será necessário consultar os meus apontamentos. Fica bem, bom fim-de-semana e cumprimentos aos restantes familiares. Um abraço.

► O 6.º enviado pelo Rafael, em 24.11.2024, às 17:10h

Boas Jorge, vou sim, já estava a planear criar um apontamento com algumas perguntas. Já estamos quase em Dezembro, mais alguns dias e é Natal, se a gente não trocar mais mensagens, desejo-lhe umas boas festas. Cumprimentos.

► O 7.º enviado pelo Rafael, em 02.12.2024, às 19:44h

Boa tarde, Jorge, já estamos em Dezembro! Estive a pensar melhor e decidi fazer-lhe uma proposta: se você não se importar, eu gostaria que você trouxesse os seus apontamentos para que nada fique por dizer! Tive a oportunidade de encontrar nestes últimos dias um livro sobre a Guiné; se você quiser, eu poderia levá-lo. Deve ter muita gente do seu conhecimento, visto que lida com muita gente que esteve lá devido ao site Luís Graça. Cumprimentos.

► O 8.º enviado pelo Rafael, em 17.01.2025, às 21:47h

Boa noite, senhor Jorge Araújo, como é que se encontra o senhor? Sempre tem marcada a sua viagem para Portugal para este mês? Cumprimentos e um abraço.

◘ Resposta em 18.01.2025, às 22:07h

Caro Rafael, boa noite. Amanhã ou 2ª feira darei notícias. Ok. Abraço.



3. – DO “BAÚ DE MINHA MÃE”

Considerando a amizade iniciada na recruta, continuada nos Rangers e, depois, na Guiné, e da relação de proximidade, com troca de correspondência e interacção entre as nossas duas famílias, nomeadamente a D.ª Deolinda, sua mãe, e a minha, Georgina Araújo (1928-2015), reproduzo a carta por ele enviada de Bissau, em 26.7.1972, e que irá fazer parte do espólio do Rafael.


Vamos ajudar o Rafael…. Obrigado!
Com um forte abraço de amizade e muita saúde.
Jorge Araújo.
23MAR2025.

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Nota do editor

[1] - Vd. post de 23 de Maio de 2016 > Guiné 63/74 - P16127: (De)Caras (41): A Canquelifá da CCAÇ 3545 (1972-1974) e os acontecimentos de janeiro de 1974: a morte do "ranger" fur mil op esp Luís Filipe Pinto Soares (Jorge Araújo, ex-fur mil op esp, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74)

Guiné 61/74 - P26615: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (4): Cantina - Encontros em Bissau e Entretenimento

CCAV 2483 / BCAV 2867 - CAVALEIROS DE NOVA SINTRA
GUINÉ, 1969/70


VIVÊNCIAS EM NOVA SINTRA

POR ANÍBAL JOSÉ DA SILVA


8 - CANTINA
Sala do Soldado

Em setembro de 1969, por determinação do capitão Loureiro passei a assumir a gestão da cantina, acumulando com a do rancho geral.
O capitão ao assumir o comando da companhia, verificou irregularidades, creio eu por desleixo e falta de jeito do, então, gerente. Fiz-lhe ver que era muito trabalho para mim. É que não havia máquinas de calcular. As contas eram todas feitas à mão. Só havia uma máquina de somar com alavanca, obsoleta e que encravava com frequência, dando origem a erros. Soli
citei a colaboração de um ajudante tendo o pedido sido aceite.

Iniciei a recuperação de algum prejuízo verificado nas gestões anteriores e mantive a escrita em boa ordem até final da comissão sala do soldado


9 - ENCONTROS EM BISSAU
Rua do hotel Miramar
22/11/70 dia operação Mar Verde
Comendo as boas ostras da Guiné

Dos conterrâneos e amigos que encontrei em Bissau, para além do Camarinha e do André, recordo o Quim Marques que estava destacado em Farim, o Zé Pimpão e o Forte Rei. 

O Zé fazia parte da companhia de transportes e efetuava colunas de reabastecimentos para o norte da Guiné. Tinha uma casa alugada, próximo do quartel de Santa Luzia, que partilhava com outros furriéis. Nessa altura um deles estava de férias e convidou-me para ocupar a cama dele durante a minha curta estadia, o que aceitei de bom grado, pois assim evitava ir para o quartel de Brá, onde com toda a certeza me punham a fazer serviços da guarda e eu não queria.

O Forte Rei era gerente de messe de sargentos no quartel de Santa Luzia, onde o encontrei. Eu tinha tido alta do hospital militar e aguardava transporte para o mato. Após um forte abraço fitou-me e disse, é pá estás magro como um cão. Contei-lhe o que me tinha acontecido. De imediato levou-me para dentro da messe, no seu modo espalhafatoso. No seu local de trabalho chamou por alguém e ordenou: “Ó pá trata da fome a este gajo”.

Durante os três dias em que lá estive fui tratado como um príncipe.

Não era conterrâneo, mas alferes da minha companhia. Era um “ bon vivant” e cedo se percebeu que não queria estar lá por muito tempo. Engendrou uma úlcera no estômago, tendo sido evacuado para o hospital militar. Numa das minhas idas a Bissau encontrei-o na 5.ª Rep, designação dada a um café/cervejaria situado na avenida principal e da igreja.

Dizia-se até que era um local frequentado por elementos do PAIGC, procurando ouvir conversas dos nossos militares. E não é que vou encontrar o alferes a comer ostras e camarão e a beber umas canecas de cerveja. Perguntei: ”então meu alferes a beber cerveja tendo uma úlcera?“. E ele respondeu: “ó pá está calado, tenho de a alimentar senão ela morre“. 

O certo é que foi evacuado para a Metrópole tendo terminado a comissão.


10 - ENTRETENIMENTO
O Duo Ouro Negro
Fazer a barba com uma catana
O Russo, o Americano e o Português

Para além dos espetáculos que de vez em quando fazíamos entre nós, num palco montado no estrado duma camioneta mercedes, fomos brindados em datas diferentes com a presença do Duo Ouro Negro e do Show de Leónida Mendes.

Os nossos eram abrilhantados com o acordeão do furriel Azevedo. Inventávamos rábulas, sketchs, contavam-se anedotas e é claro as cantorias. Eu era como sou agora, tímido e pouco falador, não alinhando muito naquelas coisas, era só espetador atento. Mas um dia pregaram-me uma partida. O organizador disse que um alferes ou um furriel tinha de ir cantar. Colocaram numa saca quinze papéis, supostamente com o nome de todos, para efetuar um sorteio..E o contemplado fui eu ,pelo simples facto de em todos os papéis estar escrito o meu nome. E assim tive de ir cantar, tendo escolhido “ó rosa arredonda a saia “.

Foi um sucesso !...

No espetáculo do Duo Ouro Negro, improvisamos um palco no estrado de dois unimogs juntos, enfeitados com ramos de palmeira e um pano de fundo com a inscrição de “Olimpia de Nova Sintra”. O pessoal vibrou com todos os temas cantados, sobejamente conhecidos de todos.

Em junho de 1970 recebemos o espetáculo de Leónida Mendes, que se fazia acompanhar do locutor da emissora nacional Fernando Correia, da cançonetista Isabel Amora e duma senhora que tocava orgâo. Estava uma tarde muito ventosa. Os toldos que cobriam o palco estavam presos por uma pedra. Uma rajada de vento mais forte derrubou a pedra que caiu em cima do orgão e a senhora, já com alguma idade, borrou-se toda de medo, pois julgava que estávamos a ser atacados. Passado o susto o espetáculo foi retomado, só com a letra das canções, pois o orgâo foi para a sucata.

Esporadicamente ia lá um foto cine exibir filmes. Duma vez foi o furriel Martins, que estava há pouco tempo na Guiné e era a primeira saída que fazia e estava cheio de medo. O tempo de permanência seria de uma semana, mas acabou por ficar duas por falta de transporte. Então vimos filmes de todas as formas e feitios. O de cowboys foi inicialmente visto da forma normal e depois em reprise foi totalmente exibido de trás para a frente. O pistoleiro e o cavalo primeiro morriam e só depois era disparado o tiro.

“Não sou digno de ti” é o nome do filme romântico que foi exibido. O protagonista era o italiano Gianni Morandi. Nas cenas mais escaldantes, o pessoal exigia que o filme parasse por alguns momentos. A Tombó, nossa prisioneira em liberdade, não tirava os olhos de espanto do ecrã e comentava o filme à sua maneira. Dizia que o Giani Morandi era o juve (rapaz), a namorada a bajuda e a mansão a tabanca. Transportava o que via para a sua realidade e dizia, o juve vai à tabanca da bajuda.

Depois da primeira semana o Martins ambientou-se, estava mais adaptado e calmo.
Apanhou uma bebedeira de tal ordem, que eu estive quase a ser vítima do seu estado de embriaguez. 

Na altura eu tinha um bigode farfalhudo e o dele era muito incipiente. Como éramos naturais de freguesias próximas, alguém lhe disse se não tinha vergonha de ter um bigode tão enfezado relativamente ao meu. O Martins enraivecido andou atrás de mim para mo arrancar pelo por pelo e tive de andar a saltar de abrigo em abrigo fugindo dele. Alguém o agarrou, deitou-o na cama e amarrou-o. Depois de aplicada uma injeção tranquilizante serenou e dormiu que nem um justo toda a noite. 

Na manhã seguinte levantou-se ainda com os vapores do álcool e saiu do abrigo. Viu o capitão Loureiro a fazer a barba, pegou no pincel, meteu-o à boca e disse: “ meu capitão este gelado está bom e é de baunilha! “. 

No fim da segunda semana deixou-nos já com saudades. Nos anos 80 encontrava-me com ele no Porto, ao balcão do banco onde trabalhava e recordávamos os tempos da Guiné e muito nos ríamos e ameaçava: “ não voltes a aparecer aqui com o bigode, porque qualquer dia ficas sem ele “. Soube que estava doente, pelos vistos seriamente, tendo falecido.

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 18 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26595: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (3): A Alimentação

Guiné 61/74 - P26614: Desaparecido do nosso radar (3): Maria Rosa Exposto, ex-alf grad enfermeira paraquedista, do 4º curso (1964)... Tudo indica que tenha ficado, como enfermeira civil, na FAP.



A  foto é do Fernando Miranda (trabalhou no Hospital da Força Aérea e tem o melhor álbum fotográfico sobre as enfermeiras paraquedistas). 11 de jnho de 2022: "Recorda: estas três camaradas e e colegas, da esquerda para a direita, enfermeiras paraquedistas Mariana Palma Gomes, Rosa Exposto e Maria La Salet. Grandes mulheres, grandes sorrisos. "

O Fernando Miranda é membro da União Portuguesa dos Paraquedistas (grupo público no Facebook, entretanto suspenso desde 16/1/2023)



Maria Rosa Exposta, transmontana de Bragança, ex-alf graduada enfermeira
 paraquedista, fez a primeira comissão no TO da Guiné, em 1966. 
Nasceu c. 1942.  E do 4º curso (1964).



1. Continuamos sem ter notícias da Rosa Exposta, uma das três Rosas das 46 enfermeiras paraquedistas. 

O que é feito da Maria Rosa Exposto ? Há tempos correu, por aí, pelos "mentideros" das redes sociais, a notícia da sua morte... O que nos deixou sobressaltados...  Mas pode ter isso outra Rosa, outra Exposto...

Mas nenhuma das suas antigas camaradas (a Rosa Serra, a Maria Arminda, a Giselda...) puderam confirmar ou infirmar essa infeliz notícia, que esperamos, de todo o coração, seja falsa. (*)

Infelizmente, não temos dados biográficos detalhados sobre a Rosa Exposto qu  bem gostaríamos de vê-la aqui, na Tabanca Grande. Não sabemos onde vive. (**)

Encontrámos no "Diário da República", II, Série, nº 168, de 24--7-1986, uma referência a Maria Rosa Exposto Olivença (este último o apelido do marido, o cap pqdt José Barata Olivença, já falecido),  promovida, por progressão na carreira, desde 1-1-1986, à categoria de enfermeira de grau 1, 3º escalão, do quadro geral do pessoal civil da Força Aérea...

Tudo indica que é ela, e que tenha ficado na FAP, sendo eventualmente Olivença o seu apelido de casada. É uma pista.

2. Taambém passou pela Guiné...
 


Fonte: Excerto de "Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014), pág. 175.


3.   Não sabemos ao certo quantas das antigas 46 enfermeiras paraquedistas (formadas em Tancos, entre 1961 e 1974) já deixaram a Terra da Alegria. No livro supracitado, publicado em 2014 (pp. 438-439), eram já nove: 

  • Maria Celeste (Costa) (1973), 
  • Maria da Nazaré (1984),  
  • Maria Amélia (1992), 
  • Maria Soledade (2001), 
  • Delfina (2005), 
  • Maria Zulmira André (2010), 
  • Maria Piedade (2011), 
  • Manuela (2011), 
  • Amália (2012).   

A estas há que acrescentar mais os seguintes 2 nomes, coautoras do livro
  • Maria do Céu Pedro  (2022)
  • Maria Ivone Reis (2022) 
Ao todo, 11  em 46.

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Guiné 61/74 - P26613: S(C)em Comentários (62): As mulheres que foram à guerra, nossas camaradas (Luís Graça)




Cartaz do filme, reproduzido com a devida vénia > A enfermeira paraquedista alferes graduada Cristina Silva > A única enfermeira paraquedista que foi ferida em combate... em Moçambique, em 1973 (*)


,
Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011) > Ficha Técnica: Realização > Marta Pessoa
| Direcção de Fotografia > Inês Carvalho | Cenografia > Rui Francisco | Montagem > Rita Palma | Direcção de Som > Paulo Abelho, João Eleutério e Rodolfo Correia | Maquilhagem > | Eva Silva Graça | Marketing e Comunicação > Fátima Santos Filipe | Direcção de Produção > Jacinta Barros | Produtor > Rui Simões | Produção > Real Ficção

1. Comentário de Luís Graça  ao poste P26392 (**):


Só conheço as enfermeiras paraquedistas... Outras mulheres quiseram ser nossas camaradas... A Cilinha, por exemplo...Foi 1º. cabo, foi capitão... Visitou-nos no mato, cantou o fado, distribuiu cigarros e discos... Mas tudo aquilo "soava a falso"... Que me perdoem os camaradas, seus amigos, seus fãs (que os teve)... 

Em boa verdade, só as enfermeiras paraquedistas foram à guerra...

A Marta Pessoa fez um filme ("Quem foi à guerra", 2011), o primeiro filme "feminista" sobre a nossa guerra, procurando mostrar a guerra vista pelo lado das nossas companheiras e amigas (mulheres, namoradas, madrinhas de guerra, etc....) e camaradas (enfermeiras paraquedistas).

Não bastava vestir o camuflado...  (Curiosamente, a Cilinha raramente se terá vestido e deixado fotografar em camuflado, lá teria as suas secretas razões,) 

Houve mulheres de camaradas nossos a viver no mato, que sofreram ataques e flagelações nos aquartelamentos onde dormiam... 

Houve mulheres de camaradas nossos que foram nossas "companheiras" à mesa nas nossas messes, mas nunca foam nossas camaradas de armas...


Houve quem se "passeasse" por certas partes da Guiné (Bissau, Bubaque, Bafatá, Teixeira Pinto, Bambadinca, Nova Lamego...). 

Jornalistas ? Não me lembro de nenhuma... Deputadas ? Não me lembro de nenhuma... Senhoras do Movimento Feminino e da Cruz Vermelha Portuguesa, sim... Vinham e iam de avião...Só a Cilinha andou em colunas, que eu saiba...(e até apanhou uma emboscada, garantia ela.)

Em resumo, camaradas de armas foram só as nossas enfermeiras paraquedistas... Ainda hoje não percebo por que razão as extinguiram e quem foi o "crânio" que lhes deu a "sentença de morte"... Já depois do 25 de Abril, 

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(***) Último poste da série > 15 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26588: S(C)em Comentários (61): "os antigos guerrilheiros, que no fim da guerra recolheram às tabancas de origem, vinham ter comigo, em 2008, numa atitude de humildade, como que a pedir desculpa" (José Teixeira, ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada , 1968/70)

Guiné 61/74 - P26612: Parabéns a você (2359): Rui Silva, ex-2.º Sargento Mil da CCAÇ 816 (Bissorã, Olossato e Mansoa, 1965/67)

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Nota do editor

Último post da série de 17 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26591: Parabéns a você (2358): José Maria Monteiro, ex-Marinheiro Radiotelegrafista (LFP Bellatrix, 1969/71 e Comando Naval da Guiné, 1971/73)