quinta-feira, 9 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16183: Estórias avulsas (85): "Naja nigricollis" emboscada no Xime na cama de um furriel… teve um fim triste e dramático (Jorge Araújo, ex-fur mil op esp /Ranger, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74)



Mensagem de Jorge Araújo, com data de 23 de maio último: 

Caros camaradas

Eis mais uma narrativa histórica para alinhamento da sua publicação no Blogue da Tabanca Grande

Trata-se de um episódio mui sui generis da campanha africana da CART 3494, no Xime, que resultou de nova visita ao baú de memórias… que dá a ideia de não se esgotar.

Um abraço.

Jorge Araújo.


















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Nota do editor:

Último poste da série > 1 de fevereiro de  2016 > Guiné 63/74 - P15695: Estórias avulsas (84): A minha primeira missão (Abel Santos, ex-Soldado Atirador da CART 1742)

Guiné 63/74 - P16182: Memória dos lugares (340): Gadamael, 1974: foto dos régulos de Ganturé e de Gadamael... O de Ganturé chamava-se Abibo Injassó (Carlos Milheirão, ex-alf mil, CCAÇ 4152/73, Gadamael e Cufar, 1974)


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 4152/73 ( Gadamael e Cufar, 1974)  > 1974 > Régulos de Ganturé e de Gadamael... O de Ganturé chamava-se Abibo Injassó.

Foto: © Carlos Milheirão (2016). Todos os direitos reservados.




1. Mensagem de Carlos Milheirão [ex-alf mil, CCAÇ 4152/73, Gadamael e Cufar, 1974]


Data: 9 de junho de 2016 às 00:02


Assunto: Foto de Gadamael


Olá, caro Carlos Vinhal

Porque li um "post" em que alguém falava do régulo de Ganturé, lembrei-me de que tenho uma foto onde estão os dois (o de Ganturé e e o de Gadamael). Não me lembro de quem é quem mas lembro-me que o de Ganturé se chamava Abibo [Injassó].(*)

Abraço,

Carlos Milheirão (**)

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Notas do editor:



(...) A CART 494, comandada pelo então Capitão de Artilharia Alexandre Coutinho e Lima, embarcou em Lisboa, no navio Niassa, em 17 jul 63, tendo desembarcado em Bissau em 24 jul.

Esteve em Ganjola  (Norte de Catió), desde 17 set 63 (, desembarcámos às 11H00, ) até 15 dez 63, sendo a primeira tropa portuguesa a ocupar aquela localidade.

O baptismo de fogo foi no dia da chegada, em pleno dia (16h30); um grupo inimigo (IN) atacou com grande intensidade de fogo, aproximando-se a cerca de 3 metros, nas poucas zonas onde já estava instalado.

O IN teve 4 mortos confirmados, encontrados no meio do capim, com as respectivas armas: 2 Espingardas Mauser, 1 carabina e 1 pistola metralhadora PPSH. As nossa tropas (NT) não tiveram a mais pequena beliscadura; foi um dia de muita sorte.

Desde 17 set 63 até 28 mai 65, ocupou Gadamael, sendo a primeira Companhia naquela localidade. Neste período, construiu, a partir do zero, dois aquartelamentos: a sede da Companhia e o destacamento de Ganturé.

Realizou uma intensa actividade operacional, no sector que lhe foi atribuído, bem como a abertura e manutenção dos respectivos itinerários. Gadamael foi uma verdadeira plataforma logística, pois no seu “porto” desembarcavam os reabastecimentos para a Companhia e para as guarnições de Guileje, Mejo e Sangonhá/Cacoca, que davam origem às respectivas colunas, para os levar ao destino.

A Companhia realizou uma permanente acção psicossocial, no sentido de fazer regressar as populações, que se traduziu pelo regresso a Ganturé do seu Régulo Abibo Injassó e de 108 elementos da população.

Desde 28 mai 65 até 18 ago 65, esteve no sector de Bissau, onde desenvolveu acções de patrulhamento, acção psico social e assistência sanitária às populações.

A Companhia regressou a Lisboa em 18 ago 65, a bordo do navio Uíge; seguimos para o Regimento de Artilharia Pesada nº. 2, em Vila Nova de Gaia, onde o pessoal foi desmobilizado. (...)


Guiné 63/74 - P16181: Efemérides (228): Programa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, dia 10 de Junho, em Leça da Palmeira

C O N V I T E

DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES 

EM LEÇA DA PALMEIRA

PROGRAMA

O Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes vai promover a cerimónia em epígrafe, em colaboração com a União das Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, com o objetivo de celebrar a Pátria e honrar os seus combatentes, que terá lugar no próximo dia 10 de Junho (6ª feira) e que contará com as presenças do Presidente da União das Freguesias e do Presidente da Direção do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, com o seguinte programa: 

10H30 - Içar da Bandeira Nacional na União das Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira – Leça da Palmeira. 

11H00 - Missa na Igreja de Leça da Palmeira, por intenção de Portugal e de sufrágio pelos matosinhenses que tombaram pela Pátria, presidida pelo Rev. Padre Henrique Marcelino e com a participação do Grupo Coral do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes. 

11H50 - Concentração dos participantes em frente ao Talhão Militar da Liga dos Combatentes no Cemitério de Leça da Palmeira: 
- Toque de Sentido; 
- Deposição da coroa de flores; 
- Toque de Silêncio; 
- Toque de Homenagem aos Mortos em Combate; 
- Minuto de Silêncio; 
- Toque de Alvorada; 
- Toque a Descansar; 
- Alocuções alusivas ao ato pelo Presidente do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, Tenente Coronel Armando Costa e pelo Presidente União das Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, Dr. Pedro Sousa; 
- Grupo Coral do Núcleo canta o Hino da Liga dos Combatentes; 
- Fim da cerimónia. 

12h15 - Porto de Honra com todos os participantes na União das Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira. 

Leça do Balio, 23 de Maio de 2016 

O PRESIDENTE 
Armando José Ribeiro da Costa 
Tenente Coronel
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de junho de 2016 Guiné 63/74 - P16173: Efemérides (227): Programa do Dia do Combatente Limiano e Dia de Portugal - Largo de Camões - Ponte de Lima

Guiné 63/74 - P16180: Os nossos seres, saberes e lazeres (158): A pele de Tomar (8) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Março de 2016:

Queridos amigos,
Para desenfastiar, temos aqui a exaltação e exultação do anúncio da Primavera, a região tomarense não escapou à regra no do Inverno chuvoso, acresce que a região também tem manhãs brumosas e os ventos são mesmo sibilantes.
Nesta incursão foi-se bem sucedido com a flora a despontar, nas margens de um Nabão sempre a murmurejar. Para o viajante, a paciência foi compensada, finalmente naquele dia e àquela hora a luz garantiu ao fotógrafo amador a brutalidade espetacular de uma pedreira que, sabe-se lá, está em plena laboração desde que a Ordem do Templo aqui assentou arrais.

Um abraço do
Mário


A pele de Tomar (8)

Beja Santos


Era Fevereiro e anunciou-se a Primavera. Por isso, o viandante pôs-se ao caminho, na rota do Nabão, apetecia-lhe captar brotoejas da natureza florida, campestre, silvestre, à beira rio, o que ali nasce é bravio e é a primeira mensagem de que aquele frio que esfarela os ossos em breve vai partir, não será o estio mas o primeiro andamento da sinfonia pastoral. O viajante põe-se ao caminho, quer registar árvores eternas, ou quase, o rio que murmureja sem parar, o anúncio floral, estamos na Pedreira, há propósitos daqui voltar para ir à Fábrica de Papel do Prado, para tirar fotografia àquela casa em que nasceu Arnaldo Schulz, que foi Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas na Guiné, antes de Spínola, a história tem-no injustiçado, e no entanto…




Enfim, são flores singelas que não aparecem nas floristas, outrora as crianças cantavam-nas como prendas do céu, sinais das maravilhas de Deus, hoje estão reduzidas a uma imperdoável insignificância, são poucos os passantes por estas paragens, os outros não sabem ao que perdem, temos orquídeas silvestres ou bravias, esplêndidas, funcho e jacinto bravo, ora aqui ora acolá, algumas têm cores tão brilhantes que parecem artificiais. Bendito início de Primavera, que assim se anuncia pelo Nabão sinuoso.


É um local encantador, no Verão esta piscina está a reluzir, cheira a limpeza, por aqui se piquenica, há gente a passear e a banhar-se, faz pena certos equipamentos darem sinais de degradação, de puro abandono, estamos em território da Pedreira, há mesmo escadaria que leva aos patamares superiores do local da freguesia. Apesar destes sinais de abandono, é um local idílico e no Verão goza-se de boa sombra, apetece ouvir o bulício da criançada e fruir destas copas que dão frescura.





Não estamos nas Montanhas Rochosas, nem se anda à procura do Grand Canyon, trata-se da pedreira que a todos surpreende, o viandante vai em grupo e há quem questione se daqui não se cortaram grandes pedras que fora içadas para castelo, convento e companhia, lá no alto a dominar Tomar. Demorou a escolher a hora para obter estes efeitos, possantes rochedos nitidamente golpeados para dar vida a edificações. São mesmo coisas específicas do viajante, a luz crua e o seu sombreado, quem descer até esta pedreira tem pormenores lunares, pedra arrancada, cortada, à espera que se descubra função, não é crível que este potencial de riqueza jaz ao deus-dará. E mais flores para culminar este lindo passeio, vem Primavera e manda para longe estas brumas matinais e estes ventos uivantes da tirana invernia!

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de junho de 2016 Guiné 63/74 - P16153: Os nossos seres, saberes e lazeres (157): A pele de Tomar (7) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P16179: Facebook...ando (39): O crocodilo do Rio Ganjola (Alcides Silva, ex- 1.º cabo estofador, CCS / BART 1913, Catió, 1967/69)


´Guiné > Região de Tombali > Catió > Ganjola > c. 1967/69 > Um crocodilo apanhado por militares no rio de Ganjola. O zebro parece ser dos fuzileiros. Amigos e camaradas, não confundam crocodilo e jacaré. Na Guiné não há, nem havia no nosso tempo, jacararés...

Foto: © Alcides Silva (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legenda: LG]




1. Alcides Silva é membro da nossa Tabanca Grande desde  15/5/2010; foi 1.º cabo estofador, CCS/BART 1913, Catió, 1967/69); e faz anos amanhã, 10 de junho (*)


Há tempos o  Alcides Silva (que tem página no Facebook) postou a foto acima, na nossa página da Tabanca Grande. Perguntámos-lhe a data e o local exatos onde tinha ocorrido esta "pescaria" ou "caçaada"... E se a foto era dele.

Ele, ponta e honestamente esclareceu: 

"Não, essa foto alguém, ma deu,  dos que andaram em Catió, já não faço ideia quem são os pescadores. Há dias a mexer nas minhas memórias encontrei essa e resolvi postá-la. Sei que o crocodilo foi pescado no rio,  em Ganjola, onde estava  um pelotão da companhia operacional, para proteger um comerciante que lá existia [, o sr. Brandão]. Quando o  Spinola foi para governador da Guiné, acabou com essa brincadeira de estar a tropa a proteger um civil. Houve uma ocasião em que  esteve em risco a vida de todos que lá estavam". (**)

Sobre o BART 1913 (Catió, 1967/69) temos  mais de 70 referências no nosso blogue.
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Notas do editor:

(*) 15 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6394: Tabanca Grande (219): Alcides Silva, ex-1º Cabo Estofador (e não ex-Sold Cond Auto...), CCS / BART 1913, Catió, 1967/69

Guiné 63/74 - P16178: Parabéns a você (1093): Ernesto Duarte, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 1421 (Guiné, 1965/67)

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Nota do editor

Último poste da série de 8 de Junho de 2016 Guiné 63/74 - P16174: Parabéns a você (1092): Antero Santos, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3566 e CCAÇ 18 (Guiné, 1972/74)

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16177: Memórias de Gabú (José Saúde) (63): O “ventre” de um espólio raramente conhecido. Passagem de bens alimentícios em armazém.


1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem.

As minhas memórias de Gabu

O “ventre” de um espólio raramente conhecido
Passagem de bens alimentícios em armazém

Numa prosaica viagem pela minha comissão na Guiné, ocorrem-me velhos e estrábicos sentimentos que me levam a uma curta explanação de factos, filtrados obviamente, que se apresentavam como matéria só conhecida por aqueles que no dia-a-dia prezavam pela sua incumbência no interior de um quartel onde existiam, também, substanciais carências. O rancho, porém, lá estava incessantemente sobre a mesa no momento em que a barriga reclamava por um novo reabastecimento.

Neste encadeamento de ocorrências que iam para além do conflito da guerrilha no terreno, e não obstante a dor que me assola o peito por esses tempos já distantes, digo que mantenho ainda comigo uma cópia de um relatório literalmente especificado de uma passagem de bens alimentícios em armazém entre dois furriéis da minha companhia - CCS BART 6523 - que entretanto assumiram a presunçosa função de vagomestre.

Curioso, por que é justo que o citamos, é que ambos foram “atirados” para uma incumbência completamente à parte daquela a que tinham sido submetidos durante o período em que foram mancebos de uma outra especialidade mas que ditou, ao arrepio da verdade, o seu subsequente futuro por terras da Guiné. Um que assumia o cargo desde a nossa chegada a Gabu; o outro a quem foi proposta a possibilidade de substituir o primeiro durante o seu período de férias, 30 dias.

Ainda assim, fica a textura de um documento que descrimina todo o conteúdo do material armazenado e os custos que cada um deles tinham à época. No balanço geral feito à narrativa exposta, oferece-me viajar nas fileiras da ventosidade do tempo e relembrar o “montão de patacão” que os homens que lidavam com os valores sob a sua “divina” proteção mantinham no interior de um quartel onde existiam inevitáveis privações.

Revejo as quantidades, os preços por unidade e o seu subsequente total, assim como os bens nutritivos que por ora eram então averiguados no momento da transição dos artigos de viveres que ambos os furriéis assumiam. Um entregava e outro recebia.

Da listagem observada, existe a certeza que se de um lado estavam os bens depositados do outro os ditos frescos. Ou seja, tudo o que fosse arroz, açúcar, azeite, batata, banha, feijão, grão, massas, vinho, óleo, vinagre, etc, etc, etc, pertencia a um lote, sendo que os frescos eram constituídos pelo frango congelado, peixes e fruta da época, entre outros, mas devidamente faturados.

O distinto documento era completado com as rações de combate, farinha, sal, café e outros bens necessários. Não há registos das compras espontâneas que se articulavam com o quotidiano, isto é, das vacas, dos leitões, dos porcos, dos cabritos, das galinhas, e outros, que concluíam a ementa.

Reportando-me aos números, refiro que a relação dos artigos em escudos era o seguinte: viveres existentes e frescos transportavam 319 986$20; outros viveres 88 587$10. 

Creio que poucos, ou quase nenhuns, dos soldados depositados num quartel onde as “fissuras” de uma peleja teimava em ceifar vidas de jovens em plena idade de puro crescimento, desconheciam o conteúdo real de bens alimentícios que a companhia detinha.

Relembro ainda as famosas patuscadas organizadas pela malta que entretanto comprara um leitão, ou um cabrito, e que depois da sua trivial passagem pelo forno, servia de repasto fino para uma rapaziada que se orgulhava com o distinto acolhimento de um prato bem composto. A acompanhar lá estavam as cervejolas bem fresquinhas.

Relíquias de um tempo sem tempo numa Guiné que despejou em nós um cosmos de emoções.

Fotos de Relatórios, cabrito e cervejas num repasto de uma noite de copos. 


Um abraço, camaradas 
José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BRT 6523

Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 

Guiné 63/74 - P16176: Estórias do Zé Teixeira (41): O sonho do João (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf)

Em mensagem do dia 30 de maio último,  o nosso camarada José Teixeira (ex-1.º cabo aux enf,  CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), enviou-nos mais um pequeno conto, para a sua série "Estórias do Zé Teixeira":


O Sonho do João

por Zé Teixeira

A noite chegara cedo. Extenuado de um dia de trabalho, o João adormeceu no sofá, deixando-se abraçar suavemente pelo Morfeu que o transportou rapidamente ao país dos sonhos…

Caminhava com uma sombra à sua frente. Parecia-lhe o pai vergado por um dia de trabalho.As árvores da floresta verdejante impediam a sua passagem. O sol penetrava por entre a folhagem, aquecendo-lhe o corpo de forma impiedosa. O zumbido estridente de um mosquito perturbava-o. Parecia um comboio a apitar, quando se aproximava dos seus ouvidos. Então, parou e olhou em redor.

Uma enorme teia de aranha da cor da lua cheia impedia-o de ver ao longe. E o sol continuava a penetrar queimando-lhe a pele. Quis penosamente continuar o caminho, mas os corpos de soldados estendidos no chão eram um empecilho. Ouvi um tiro. Outro. Seguiu-se um silêncio ensurdecedor. Não conhecia ninguém… ou talvez não tivessem rosto, aqueles corpos ali estendidos.

Só agora notou que a tal sombra humana desaparecera. E sentiu-se só. Nada nem ninguém. Só. Apenas o silêncio da floresta o perseguia. Angustiado, continuou a caminhar, a subir, a subir, apressado. Por vezes parecia que voava. Não sabia muito bem para onde ia, mas continuava a caminhar. Desejava parar. Talvez…E corria, corria… Sem entender. E havia troncos carregados de vermes gigantes. E granadas de morteiro a explodir.

E havia árvores com belas flores, que os seus olhos nunca viram, a acariciar-lhe o rosto e a limpar-lhe as gotas de suor que teimavam em perturbar-lhe a visão. E havia mosquitos a zumbir à sua volta.
Sentia-se tão fatigado!
- Ah, se pudesse ao menos abancar!

Um tronco coberto de musgo, caído ali à sua frente, pareceu-lhe convidativo. Quis alcançá-lo, mas ele parecia estar sempre a um passo mais adiante, e bailava à sua frente. Bailava. Conseguiu chegar junto dele e tentou sentar-se. O tronco desapareceu com o peso do corpo e no seu lugar surgiu uma mancha verde. Uma espécie de tapete. Os soldados dançavam alegremente com cobras de todos os tamanhos. As cobras assobiavam de tal forma aguda, que lhe feria os ouvidos.

Queria gritar, fujam! Fujam! Aí estão eles! Mas a sua voz recusava-se. Quis correr e não tinha forças. E as granadas a rebentar… A floresta abriu-se num flanco escarpado da montanha. Surgiu então um atalho que lhe era familiar, sem saber de onde. Na encosta cresciam videiras penduradas em árvores altas com os seus cachos doirados. Pensou em voltar para trás, mas o abismo era apavorante e estava a ficar escuro.

Uma coruja de olhos redondos, que mais pareciam duas lâmpadas acesas, esvoaçou, lançando seus gritos estridentes e assustadores para celebrar o anoitecer daquele dia. Sente-se tomado pelo medo e gritou. Gritou, palavras sem nexo. Os seus olhos velados de orvalho perscrutam ansiosamente o horizonte. E ele viu, de novo ao longe, a sombra que o tinha abandonado, envolvida num manto de sol doirado. Era alguém que se movia lentamente e lhe fazia sinais. Pareceu-lhe que ia e vinha outra vez ao seu encontro em passos rápidos, mas nunca mais chegava…Era o pai, ou… talvez não. Era mesmo!

A sombra parou ficando a pairar no espaço e apareceu um bando de lobos a uivar. A tremer de medo, escondeu-se atrás de uma rocha. A sombra humana fazia-lhe gestos com as mãos. Pareciam ser gestos de meiguice que só o seu pai lhe fazia quando era mais pequenino. Estendeu os braços para a agarrar enquanto corria para ela. Escorregou e caiu no abismo.
- Pai! Pai! Acode-me não me deixes cair! Não te vás!
- João! João! Acorda, amor, foi apenas um sonho. Acorda! Acorda!

Era sua esposa, que lhe agarrava as mãos e as encostava bem juntinho do seu coração, enquanto um cristal em forma de lágrima lhe descia pela face. Abriu os olhos, desconfiado. Era noite. Sentou-se. Olhou para a esposa. Perscrutou todo o ambiente à sua volta, como se tratasse de um estranho lugar. Sentiu o corpo tremente. sem uma palavra deixou-se cair e mergulhou de novo no sono. Num calmante sono que lhe retemperou as forças.

José Teixeira
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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P16175: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (102): no convívio deste ano, do pessoal do BCAÇ 3872, quem é que eu vou reencontrar? O meu antecessor, o hoje ilustre prof Pereira Coelho, bem como o Ussumane Baldé que estagiou comigo quando eu era subdelegado de saúde da zona de Galomaro-Cossé (Rui Vieira Coelho, ex-alf mil médico, BCAÇ 3872 e BCAÇ 4518, Galomaro, 1973/74)


Convíívio do pessoal do BCAÇ 3872 (Galomaro, 1972/74) > O momento do reencontro dos dois grandes médicos do batalhão de Galomaro... Entre os dois o ex-alf mil trms Mário Vasconcelos


Os drs,  Pereira Coelho e Rui Vieira Coelho, mais o  Juvenal Amado

Fotos (e legendas): © Juvenal Amado (2016). Todos os direitos reservados

1. Mensagem, com data de ontem, do nosso camarada Rui Vieira Coelho, médico reformado, ex-almil méd,  BCAÇ 3872 e BCAÇ 4518 (Galomaro, 1973/74):

Assunto - Libaneses

Luís, uma vez questionaste se havia Libaneses nas regiões em que estávamos aquartelados.

Em Galomaro eu sabia que sim, só que não me recordava do nome. Um estabelecimento que vendia de tudo, era do Sr Antoine Faran que vivia com a sua esposa, dois filhos e com o seu pai que se chamava Zamir Faran. 

Foi num convívio do Batalhão 3872, há pouco mais de 3 semanas,  que eu vim a tomar conhecimento daquilo que me parecia já esquecido.

Reencontrei o meu antecessor,  o Professor Pereira Coelho que já não via há cerca de 42 anos e que me emocionou bastante. Voltar a abraçar o percursor em Portugal da inseminação artificial deu ao encontro uma grandeza ainda maior

No meio disto tudo o Prof Pereira Coelho vinha acompanhado do Sr. Ussumane Baldé, que estagiou no Posto de Saúde Militar e na Saúde Civil onde eu era Sub-Delegado de Saúde da Zona de Galomaro- Cossé. 

 O Ussumane Baldé [, foto à esquerda,] mora na Praceta Henrique Pausao n 7,  4 E, 2745-123 Queluz Monte Abraão, mas ainda não apurei o que faz ou que necessidades eventualmente possa ter. 

Foi realmente um reencontro memorável e cheio de afectos, recordações de tempos conturbados mas com a certeza do acreditar numa Lusofonia que nos trouxe ensinamentos e amizades que se irão perdurar cosmicamente para todo o sempre.

O meu relato do encontro do Batalhão serve para responder a várias interrogações e tornar a Tabanca Grande cada vez Maior.

Um abraço do
Rui Vieira Coelho
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Notas do editor:

Guiné 63/74 - P16174: Parabéns a você (1092): Antero Santos, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3566 e CCAÇ 18 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 6 de Junho de 2016 Guiné 63/74 - P16168: Parabéns a você (1091): Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM/CTIG (Guiné, 1972/74)

terça-feira, 7 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16173: Efemérides (227): Programa do Dia do Combatente Limiano e Dia de Portugal - Largo de Camões - Ponte de Lima

 C O N V I T E

DIA DO COMBATENTE LIMIANO

Venho convidá-lo para se associar à celebração do DIA DO COMBATENTE LIMIANO que vai ser realizada no próximo DIA DE PORTUGAL, 10 de Junho de 2016, feriado de sexta-feira, na sede do concelho, conforme se lê no cartaz anexo. 


Trata-se de um cerimónia que dispensa comentários, porque é um dever cívico e moral das sociedades cuidarem da sua História. 

Eis o Programa: 
10 h - concentração e convívio no Largo de Camões; 
11 h - missa na Igreja da Misericórdia; 
12 h - deposição de flores no Memorial do Paço do Marquês. 

Esta será a 5ª Homenagem aos nossos Conterrâneos que deram as suas vidas pela Pátria na Primeira Grande Guerra (20 mortos) e na Guerra do Ultramar (52 mortos). 

Pouco a pouco esta cerimónia anual vai sendo enraizada na cultura limiana e no futuro todos seremos recordados por não termos deixado apagar as Memórias dos nossos Heróis. É isso que já começa a ser escrito nos dias de hoje e que constará certamente em obra literária a publicar proximamente, da qual todos nos orgulharemos! 

Agradeço a sua melhor atenção e apresento os meus cordiais cumprimentos. 

Muito atenciosamente, 
António Mário Leitão 
(Presidente Lions Clube P. Lima, 2015-2016)
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de junho de 2016 Guiné 63/74 - P16155: Efemérides (226): Programa do XXIII Encontro Nacional de Combatentes, dia 10 de Junho, em Lisboa (Manuel Lema Santos)

Guiné 63/74 - P16172: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral e outros / Casa Comum (19): Declarações do 1º cabo mec auto, CCS/BART 1896 (Buba, 1966/68) à Rádio Libertação, do PAIGC, em Conacri, em 1968... O Correia foi aprisionado, em 20/5/1968, com mais 7 camaradas, na picada entre Mampatá e Uane


O Rui Rafael Correia,  no dia da homenagem
que lhe foi feita pelo Núcleo de Matosinhos da Liga 


O Rui Rafael Correia, antes de ser mobilizado
 para Guiné como 1º cabo mecânico auto, 
CCS/BART 1896 (Buba, 1966/68). 
Vive na Galiza desde 1972.







Instituição: Fundação Mário Soares

Pasta: 04309.007.011

Título: Guiné 1 - Falam os portugueses prisioneiros de guerra 

Assunto: Editado pela FPLN / Portugal [, Frente Patriótica de Libertação Nacional], em Argel, exemplar 1 de publicação com declarações dos militares portugueses, feitos prisioneiros pelo PAIGC. Pretende-se dar conhecimento da verdade às famílias, ao mesmo tempo que se acusa o governo português de os referir como desaparecidos (militares das incorporações de 1966). Este número inclui transcrição de uma comunicação de Amílcar Cabral, Secretário-Geral do PAIGC, aos microfones de "A Voz da Liberdade" [, da FPLN, em Argel], dirigida aos prisioneiros portugueses, no dia 3 de Agosto de 1968, com a promessa de fornecer em breve fitas magnéticas com testemunhos dos prisioneiros, bem como o tratamento que lhes é dado, quando feridos e ligação com a Cruz Vermelha Internacional, para o seu repatriamento para junto das suas famílias.

Data: 1968

Observações: Declarações gravadas em fita magnética e difundidas pela Rádio Libertação, pelo PAIGC, que autorizou retransmissão pela emissora da FPLN, a Voz da Liberdade.

Fundo: Arquivo Mário Pinto de Andrade

Tipo Documental: Documentos

Direitos: A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.[ Cortesia da Fundação Mário Soares / Portal Casa Comum]

Arquivo Mário Pinto de Andrade > 04. Lutas de Libertação > 04. Investigação e Textos >
Mário Pinto de Andrade e outros

Citação:
(1968), "Guiné 1 - Falam os portugueses prisioneiros de guerra", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_84394 (2016-6-6)



Lista dos prisioneiros "entrevistados" (p. 23)  pela Rádio Libertação, do PAIGC, em Conacri, em 1968... Sublinhados, a vermelho, os nomes de alguns dos nossos camaradas da CCS/BART 1896 e CART 1612, aprisionados em 20/5/1968, na picada Mampatá-Uane-Nhala. (Ao todo, foram oito).

Tratou-se de um operação de "marketing" político, habilmente conduzida por Amílcar Cabral: o objetivo explícito era mostar à opinião pública, portuguesa e internacional, que: 

(i) havia uma "guerra de libertação" em curso, na Guiné, com baixas de ambos os lados, incluindo prisioneiros; 

(ii)  os "prisioneiros de guerra" feitos pelo PAIGC tinham um tratamento, de acordo com as mais elementares regras de humanidade e de respeito pela Convenção de Genebra; 

(iii) os militantes e simpatizantes do PAIGC capturados pelas tropas portugueses eram, em contrapartida, tratados como simples "presos de delito comum"; 

(iv) não estando Portugal oficialmente em guerra com nenhum país vizinho, os militares portugueses aprisionados pelo PAIGC eram dados como "desaparecidos" ou "retidos pelo IN", situação de grande incerteza e angústia para as famílias.

A FPLN - Frente Patriótica de Libertação Nacional, que combatia no exílio, o regime do Estado Novo, fez depois uma edição, em papel, com estas declarações gravadas, em duas brochuras. A nº 1 tem 24 páginas, a 2ª tem 26 páginas. Na 2ª  reproduzem-se as declarações do Manuel Ferreira e do José Medeiros, que pertenciam ao mesmo grupo de prisioneiros.

Reproduzimos, com a devida vénia, as declarações (, a pp. 7/8), do Rui Rafael Correia, natural de Leça da Palmeira, Matosinhos, 1º cabo mecânico auto da CCS/BART 1896 (Buba, 1966/68). 

O Correia só será libertado em 20 de novembro de 1970, na sequência da Op Mar Verde. Teve portanto dois anos e meio de cativeiro.

De acordo com as declarações que o Rui Rafael Correia prestou aos microfones da Rádio Libertação, fica-se a saber que: 

(i) estava na CCS, em Buba; 

(ii) foi chamado para ir a Aldeia Formosa reparar uma viatura que estava avariada na estrada: 

(iii) recuperada a viatura, ficou à espera dos camaradas que estavam no mato;

(iv) quando estes regressaram, deram conta que faltava a "milícia"; 

(v) por ordem do alferes, comandante da força, foi um pequeno grupo a caminho de Uane buscar a "milícia"; 

(vi) o cabo mecânico Correia sentiu-se na obrigação de acompanhar a viatura à qual tinha acabado de dar assistência; 

(vii) entre Mampatá e Uane (vd. carta de Xitole) foram emboscados; 

e (viii) o pequeno grupo ficou completamente indefeso perante "uma emboscada tão forte e tão bem montada"... Balanço: 4 mortos e 8 prisioneiros. (LG)


Guiné > Carta de Xitole (1955) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Mampatá, Uane, Nhala, Buba, Aldeia Formosa e Chamarra.


Segundo o nosso camarada José Teixeira, da CCAÇ 2381, que rendeu a CART 1612 [que estava em Aldeia Formosa desde novembro de 1967], "este trágico acontecimento [deu-se] no pontão de Uane entre Mampatá e Nhala, na velha picada de ligação Aldeia Formosa / Buba"... 

Era "um sítio muito complicado e temido junto a uma bolanha, onde existia um carreiro por onde PAIGC fazia passar o material de guerra vindo da Guiné Conacri para o interior da Guiné, via Cantanhez"... Era "um lugar para muitos cuidados, com emboscadas às colunas que faziam a ligação de Buba a Aldeia Formosa a par de outro conhecido pela Bolanha dos Passarinhos, já muito perto de Buba".

As NT estacionadas em Aldeia Formosa faziam patrulhamentos e montavam emboscadas na zona, mas as coisas aconteciam "ao mais pequeno descuido, como parece ter acontecido, ou pelo menos era o que constava, quando ali chegou a CCaç 2381 em julho de 1968 para render a Companhia [, a CART 1612,]  que sofreu esta emboscada, em 20 de maio".

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016)








Guião, escrito pelo punho de Amílcar Cabral, para "conversa c/ os prisioneiros a libertar" (sic),  datado de 15/12/68". Clicar aqui para ampliar. [Cortesia do portal Casa Comum / Fundação Mário Soares]

Tópicos:

Augusto Dias - amigo (?) S [Sim ?]; Manuel Ferreira - amigo (?) S [Sim ?]; João da Costa Sousa -  amigo (?) N [Não ?]; [anotações ilegíveis, a seguir aos nomes]

Saudação - Estado deles. Tratamento, profissão, instrução, família; A situação deles. A juventude portuguesa; As mães, os pais, a família; O que é a nossa luta; o colonialismo português; A nossa posição; estamos certos de vencer; A posição do povo português (?); A posição do governo português, M. Caetano; Os crimes da guerra colonial; O nosso gesto: a vida deles está salva; O que esperamos deles. Documento disponível

[Observações - Estes 3 prisioneiros, Augusto Dias, Manuel Ferreira e João Costa Sousa, foram efetivamente entregues por Amílcar Cabral, em dezembro de 1068,  à Cruz Vermelha do Senegal, na pessoa de Rito Alcântara, Presidente da Cruz Vermelha no Senegal, e ex-vice-presidente da Cruz Vermelha Internacional durante 12 anos. Ver aqui foto do Arquivo Amílcar Cabral]





Instituição: Fundação Mário Soares

Pasta: 07060.029.011

Título: Apontamentos para a conversa com os prisioneiros de guerra.

Assunto: Apontamentos de Amílcar Cabral para uma conversa a ter com os prisioneiros de guerra portugueses, Augusto Dias, Manuel Ferreira e João da Costa Sousa, a serem libertados.

Data: Domingo, 15 de Dezembro de 1968.

Observações: Doc. Incluído no dossier intitulado Manuscritos de Amílcar Cabral.

Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral

Tipo Documental: Documentos

Direitos: A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

Arquivo Amílcar Cabral
04. PAI/PAIGC
Segurança

Citação:
(1968), "Apontamentos para a conversa com os prisioneiros de guerra", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_41211 (2016-6-7)

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