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quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Guiné 61/74 - P27418: Em memória de Sissau Sissé, que me acompanhou durante muitos anos no meu trabalho de terreno em Contuboel (Eduardo Costa Dias)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de hoje, 13 de Novembro de 2025:

Queridos amigos,
Em 12 de novembro almocei no restaurante da Sociedade de Geografia de Lisboa com o meu amigo Eduardo Costa Dias, professor universitário aposentado, com tese de doutoramento baseada na agricultura Mandinga de Contuboel, onde fez trabalho de campo. Falámos de amizades inextinguíveis e sempre, sempre, dessa Guiné que gostaríamos de ver em trilhos de democracia, equidade, desenvolvimento, sempre em compasso de espera, para não dizer em regressão. À tarde, deixou-me no mail esta recordação tão terna, que tanto me surpreendeu. Perguntei-lhe seguidamente se permitia a sua publicação no blogue, prontamente disse que sim. Se procurarem no Google, terão provas dos trabalhos académicos guineenses, ali se expõem as suas colaborações nacionais e internacionais.
Sinto muito orgulho em ver o meu amigo Eduardo Costa Dias a participar no blogue.

Abraço do
Mário


********************
Sissau Sissé

Eduardo Costa Dias

Sissau Sissé acompanhou-me durante muitos anos no meu trabalho de terreno em Contuboel. Mestre, tradutor e, mais do que tudo, amigo. Sissau era fluente - falava, lia, escrevia em português, crioulo, fula e mandinga e em mais duas ou três línguas do grupo linguístico malinké. “Desenrascava-se bem” ainda em francês e árabe.

Membro de uma importante família de mouros com ramificações no Senegal, no Mali e na Guiné-Conacri, frequentou em simultâneo a “escola de branco” (anos 1960) e, durante longos anos, a madraça onde o avô, o pai, os tios e, a partir de certa altura, primos ensinavam. Durante dois anos frequentou intermitentemente uma madraça no outro lado do Geba, em Djabicunda. Muito religioso, Sissau Sissé não era exatamente um expert em textos corânicos. Era, sim, um excelente conhecedor dos, escrevendo à antiga, usos e costumes dos Mandingas e, sobretudo, um grande genealogista. Conhecia a história toda das grandes famílias Mandingas e, como ninguém, “lia” as ligações.

Os meus primeiros (e decisivos) contactos com a “floresta” da “genealogia religiosa muçulmana” foram por ele guiados. Devo-lhe, por exemplo, ter aprendido depressa o significado de palavras como baraka, distribuição de baraka, herança de baraka e o conteúdo de silsila: fulano aprendeu com o seu mestre X que por sua vez já tinha aprendido como seu mestre Y, que por sua vez já tinha aprendido do seu mestre W.

Tábua escrita por alunos de uma escola corânica em Galugada Mandinga

Tirei hoje esta fotografia - uma tábua escrita por alunos de uma escola corânica em Galugada Mandinga, no dia da festa Eid-al-Adha que o Sissau Sissé considerava o centro do ano muçulmano e no mês em que fez 30 anos que morreu.

Acometido de uma apendicite aguda em Contuboel foi trazido por um jeep do DEPA para o hospital Simão Mendes em Bissau. Morreu durante a operação… tendo precisado de oxigénio… o hospital não tinha, sendo mais preciso: não havia oxigénio porque tinha sido desviado e possivelmente, como na época acontecia bastante, vendido no Senegal ou na Gâmbia.

Sissau, Saudades tuas
Sissau Sissé na foto de babuk creme
Sissau Sissé na foto com babuk azul escuro
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Guiné 61/74 - P27417: Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci... (Jaime Silva, ex-alf mil pqdt, BCP 21, Angola, 1970/72) (4): o meu batismo de fogo e a praxe ao alferes “maçarico”


Espingarda semiautomática Simonov SKS-45, calibre 7,62 x 39mm M43, 1945 (Origem: ex-URSS). Uma das caracte5rístcias distintivas é incluir uma baioneta, em forma de faca,  dobrável permanentemente anexada e um carregador fixo articulado. Como a SKS não tinha capacidade de tiro seletivo e seu carregador era limitado a dez tiros, tornou-se obsoleta nas Forças Armadas Soviéticas com a introdução da AK-47 na década de 1950. Na Guiné, era usada sobretudo pelas milícias do PAIGC.

Fonte: Cortesia de Wikipedia
Monumento aos combatentes
do Ultramar. Lourinhã. Pormenor.
Foto: LG (2025)



Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci (4): o meu batismo de fogo e a praxe ao alferes “maçarico”

por Jaime Silva

Não esqueci que o meu batismo de fogo aconteceu no decorrer da “Operação Broca”, realizada no Norte de Angola, na Mata Bala, entre 20 e 29 de maio de 1970.

Participaram nessa operação, em que esteve presente o general Luz Cunha, comandante da Região Militar Norte, várias companhias: 
  •  uma companhia do exército, sediada em Zalala,
  •  a 19ª companhia de comandos 
  • e 1ª e 2ª companhias de paraquedistas, sediadas em Luanda. 
O objetivo era destruir a Base COBA, da FNLA. Foi a minha primeira operação com a responsabilidade de comandar um grupo de combate, cujos soldados já tinham meses de experiência operacional no Norte e no Leste. 

Os dois sargentos tinham participado na guerra da Guiné e/ou de Moçambique e eu era um “maçarico” inexperiente, acabadinho de aterrar do “Puto” [#].


Jaime Silva, em 2013.
Foto LG
Na véspera, ainda em Luanda, tinha participado no briefing de preparação da operação, juntamente com os responsáveis das várias forças intervenientes.

 O que mais me impressionou, para além de uma parafernália de normas e indicações a seguir rigorosamente para o êxito da operação, foi, no final, o Oficial de Operações ter anunciado “as baixas previsíveis” nas nossas tropas:  3 a 4 mortos.

No contexto dessa operação, fomos transportados pelos helicópteros,  Alouette III. Após o assalto à base, sem oposição, ficámos na zona.

E “vejo”, ainda hoje, o local e o momento em que um guerrilheiro armado progride na nossa direção e faço sinal ao cabo Onofre, que se encontrava à minha frente, para estar atento. Este correu na direção… do combatente e capturou-o, à mão! 

Depois de interrogar o guerrilheiro, este revelou o local onde os seus camaradas guardavam o material de guerra, provisões, material médico e escolar, etc.

O paiol encontrava-se dissimulado numa caverna no alto de um morro e, ainda, no sopé do mesmo. Seguimos um trilho indicado pelo guerrilheiro, mas fomos atacados com um forte poder de fogo de metralhadoras, armas ligeiras e morteiro 60.

Nesse momento, pondo em prática os “ensinamentos” sobre “a arte de bem fazer a guerra” (que tinha recebido e treinado exaustivamente, primeiro em Mafra, na EPI, durante o COM e, depois, no RCP, em Tancos, durante o tirocínio após o curso de paraquedismo), dou ordens ao sargento Mirra, que já tinha experiência de cumprimento de uma comissão em Moçambique:

–  Mirra, envolva pela direita com a sua seção. Eu vou pelo centro com a segunda e vamos desalojá-los.

 –  Você é doido, meu alferes. Primeiro – ordena o sargento Mirra – saia de trás dessa cubata e proteja-se nessa árvore grossa que se encontra ao seu lado. Não vê as balas a saltar à sua frente? Saia daí e depressa! Depois, agarre no rádio e peça ajuda ao 1.º pelotão que se encontra na zona para nos vir ajudar no assalto.

Com efeito, os dois pelotões conseguiram desalojar os guerrilheiros e chegar ao paiol. Nunca vi tanto material durante a minha comissão em Angola: armas, granadas, outro material de guerra, medicamentos, material de apoio escolar, etc.!

 A Base até tinha uma escola com quadro preto pendurado numa árvore!

Nunca mais esqueci estes factos da minha primeira operação: 
primeiro, a lição de serenidade e coragem do Cabo Onofre, a sua lucidez e experiência naquela contexto;  depois, a do sargento Mirra;  por último, e inversamente, a atitude “sacana” do meu camarada, tenente miliciano, comandante do outro pelotão, que, face ao guerrilheiro sentado à nossa frente, rapa de um sabre de uma espingarda Simonov e, sem que nenhum dos três militares presentes (eu, o comandante de companhia e um soldado) esperássemos, num ápice, dá uma “saibrada” [## ] no coração do guerrilheiro e, depois, outra nos temporais, matando-o a sangue frio.

Estupefacto, o comandante de companhia repreende-o daquele ato ignóbil e cobarde. Como se tudo aquilo fosse o mais natural, ele respondeu:

 
– É para praxar, aqui, o alferes maçarico. É para ele aprender. Tem de se habituar.

O alferes maçarico era eu!

Foi assim! Um mundo surreal!



Notas de JS / LG:

[#] Puto, era a designação comum para referir Portugal (Continente), dada a sua dimensão reduzida em relação ao tamanho de Angola (e Moçambique).

[##] Saibrada, termo usado na gíria oral da guerra quando se uso o sabre (arma branca perfurante) para matar ou ferir o inimigo; o termo correto e que está grafado nos dicionários é "sabrada":

O uso do terno "saibrad"pode ser explicado por "contaminação (ou cruzamento Lexical)". Isto não é uma regra fonética, mas sim um lapsus linguae (lapso de língua) ou um ato falho. A contaminação ocorre quando o falante, ao tentar dizer uma palavra, a "contamina" inconscientemente com outra palavra que está semanticamente ou foneticamente próxima no seu cérebro. Neste caso, o falante queria dizer: "Sabrada" (o golpe de sabre). Mas o cérebro misturou com a palavra "Saibro" (o tipo de terra/cascalho, muito comum em campos de treino militar, "pistas de saibro", etc.).

A proximidade sonora (ambas começam com "Sa-") e a possível proximidade contextual (ambas as palavras existem no ambiente militar) levam o cérebro a fundir as duas, resultando em "Saibrada"


1. Com a devida vénia e autorização do autor, Jaime Bonifácio Marques da Silva (antigo alf mil pqdt, 1º CCP / BCP 21, Angola, 1970/72, conterrâneo do nosso editor LG; membro da Tabanca Tabanca desde 21/1/2024, com c. 120 referências no nosso blogue), passámos a criar uma nova série "Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci..."

É natural de Seixal, Lourinhã. Foi condecorado com a medalha de Cruz de Guerra de 3* Classe. Foi professor de educação física e autarca em Fafe. Está reformado. É sócio de várias associações de antigos combatentes, incluindo a AVECO - Associação de Veteranos Combatentes do Oeste, com sede na Lourinhá,  e a Associação de Pára-Quedistas da Ordem dos Grifos63,com sede em Vila Nova da Barquinha.

Este é o quarto poste da série (que terá 15 postes, correspondentes a excertos das pp. 75-98 do seu livro, Capítulo Dois):


Fonte: Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1), pp. 84-86.

(Revisão / fixação de texto: LG)
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Guiné 61/74 - P27416: Os 50 anos da independência de Cabo Verde (12): o 1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente: Mindelo, agosto de 1935 - II ( e última) Parte



Fotograma nº  17 e 17A > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentário de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > O grupo musical que animou o bailo liceu Infante Dom Henrique. São seis jovens midelenses (presume-se): duas rebecas, duas violas, um cavaquinho, percussão... 


Fotograma nº 18  > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentário de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Espero que o nosso grande especialista em música de Cabo Verde, o mindelense Carlos Filipe Gonçalves,nos ajude a completar as legendas...


Fotograma nº 19  > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentário de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 >  Interior do liceu Infante Dom Henrique (Gil Eanes, a partir de 1938)... Uma das figuras de referência deste importantíssimo estabelecimento de ensino e polo de desenvolvimento cultural foi o professor e escritor Baltazar Lopes 
 da Silva ( São Nicolau, 1907 — Lisboa, 1989). Fou um dos fundadores, em 1936.  da revista "Claridade". E é autor de uma das obras-primas da literatúra em língua portuguesa, "Chiquinho" (1947).




Fotograma nº 20 e 20A > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentário de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Agosto de 1935 > Damas e cavalheiros dançando a rigor a morna (1)


Fotograma nº 21 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Fachada do mercado municipal que é dos anos 20


Fotograma nº 22 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Monumento a Sacadura Cabral e Gago Coutinho (1922) (1)



Fotograma nº 23 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 >Monumento a Sacadura Cabral e Gago Coutinho (1922) (2)

 

Fotograma nº 24 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Uma vendedor5a de rua com a bnandeirinha portuguesa.



Fotograma nº 25 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Dois polícias locais junto ao quiosque da Praça Nova



Fotograma nº 26 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Aspeto parcial da Praça Nova.. Ao fundo o coreto.


Fotograma nº 27 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Outra vista da Baía Grande e, ao fundo, o sempre presente Monte Cara.




Fotograma nº 28 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Uma ida ao interior, para visitar uma pequena exploração agrícola apresentada no filme como um verdadeiro oásis


Fotograma nº 29 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Marecllo Caetano em primeiro plano, vestido a rigor, de fato completo... Visita ao "oásis"... As senhoras ficaram na cidade a tomar chá... SEgundo oo nosso camarada mindelense Adriano Lima o sítio é na Ribeira do Julião.



Fotograma nº 30 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > O "ponteiro", diríamos na Guiné.. O domo do "oásis#"



Fotograma nº 31 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentário de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >  Ribeira do Julião > Agosto de 1935 > Jovens da comitiva, tomando notas e fotografando...Dois deles envergam chapéus colonais... O preto parece que estava na moda: vejam-se as camisas (negras ou pretas) e as calças (brancas) dos jovens do lado direito. 


Cortesia de Cinemateca Digital, documentário "I Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente", realizado em 1936 por San Payo. Disponível aqui:


(Seleção e edição de imagens, numeração, legendagem, revisão / fixação de texto, título, negritos: LG)


1. Estas imagens foram obtidas de fotogramas do filme do realizador (e fotógrafo)  San Payo (Por, 1936, 91' 13'', em formato 35 mm, a preto & branco, sem som). O detentor dos direitos é a Cinemateca Portuguesa. Mas o filme já é, presumo, do domínio público. E merece ser conhecido dos nossos amigos e camaradas mindelenses. 

E não só. Merece ser conhecido de todos nós, amigos e camaradas da Guiné. Para já ajudam- nos a seguir a seguir a rota deste l Cruzeiro de Férias as Colónias do Ocidente (Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe, Angola).

Sobre a ilha de São Vicente e em especial o Mindelo, gostariamos que os nossos amigos e camaradas que são naturais do Mindelo ou que lá vivem ou que conhecem o Mindelo, se pronunciassem: o Carlos Gilipe Gonçalves. o Adriano Lima, o Manuel Amante da Rosa, a Lia Medina, o Nelson Herbert... (São membros da Tabanca Grande.)

O filme tem 15 minutos dedicados a Cabo Verde, São Vicente e Santiago. Durante algumas horas os nossos "excursionistas" (sic) visitaram o Mindelo (de 7 a 15') e a Praia (de 15' a 23'), com breves incursões pelo interior.

Selecionámos alguns fotogramas desta visita de cerca de 200 "turistas coloniais" (mais de 1/3 eram jovens estudantes, finalistas do liceu). O diretor cultural do cruzeiro era o então professor Marcello Caetano, que viria a ser, em plena II Guerra Mundial, o comissário nacional da Mocidade Portugueesa (1940-1944) e a seguir Ministro das Colónias (1944-1947), e já na altura apontado como delfim de Salazar.

Nunca fui ao Mindelo. Fiz apenas uma paragem técnica, no avião da TAP, na ilha do Sal.  Tenho pena. E sobretudo penitencio-me de nunca ter lá levado o meu pai, expedicionário em 1941/43, Luís Henriques (1920-2012). É também em homenagem a ele e ao seu amor a "Soncent" que edito estas imagens, que me deram uma trabalheira a visionar, selecionar, editar, legendar...

PS - Vejo, pela consulta do "Diário de Lisboa", que o paquete "Moçambique" regressou a Lisboa, em 3/10/1935. É, portanto,a data do términmus do cruzeiro, um sucesso segundoos seus organizadores.

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Guiné 61/74 - P27415: Parabéns a você (2432): José Manuel Lopes, ex-Fur Mil da CART 6250/72 (Mampatá e Colibuia, 1972/74)

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Nota do editor

Último post da série de 10 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27405: Parabéns a você (2431): Jorge Araújo, ex-Fur Mil Op Especiais da CART 3494/BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/74)

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Guiné 61/74 - P27414: Manuscrito(s) (Luís Graça) (279): Viva a Clarinha que hoje faz 6 anos!... Vivam os nossos netos!...



Cartoon criado pelo Chat Português / GPTOnline.ai
sob instruções do editor LG, que lhe mandou também duas fotos das netas, a Clarinha (6 anos) e a Rosinha (9 meses)



1. Aos avós desculpa-se tudo, costuma-se dizer. São babados, os avós. São tontos. A Clarinha foi a minha primeira neta. Nasceu em 12/11/2019. Apanhou com o raio da pandemia de Covid-19. Tive que a ver crescer à distância. Não fui só eu, foram outros,  muitos mais. Todos os meses lhe fazia um versinhos (um soneto, umas quadras...). E aos dois anos publiquei um livrinho com essa produção poética (24 textos e outras tantas fotos). Foi apresentado no Funchal. Na sua festa do 2º aniversário. Pode ser que um dia, quando ela for avó, ache  graça aos versinhos  (já que também é Graça de apelido, e mora na Graça, e gosta muito de Porto Santo, a "Madeira Pequena", como ela lhe chama). 

Hoje que faz seis anos ( e no domingo vai dar outra festa), fiz-lhe mais uma graci...nha. Faço-lhe sempre versos, nestas ocasiões festivas. E à irmã também, desde que nasceu. A Clara anda na escola, e gosta de juntar as letrinhas do alfabeto. Além de desenhar e pintar. Também lhe fiz um "boneco", um "cartum", com a ajuda da "minha amiga", a assistente de IA /ChatGPT. 

Fica aqui o exemplo ( ou o incentivo)  para outros dos amigos e camaradas da Guiné tirarem partido da dita IA que, quando nasceu,  era como o sol e o mar, era para todos. Mas a verdade é que é  um modelo de negócio, e como tal não  é borla, como quase tudo o mais que a gente vê na  "feira grande" que é o mercado.

Os senhores ministros das finanças e da economia estão sempre a estragar-nos a festa, a reduzir tudo a cifrões, até os nossos sonhos.  A lembrar-nos que não há pequenos-almoços, brunches, almoços, lanches, jantares, ceias, tainadas ou beberetes,  de borla. "Grátis", dizem eles. Nem o céu, é de borla, diz-nos o nosso "prior". Nem o céu nem o inferno. Alguém tem de pagar o combustível, o ar condicionado, e as demais "amenidades" da vida no além, com se diz na gíria da administração hospitalar.

Dito  isto, feito o desabafo, justificada a lata,  dado o testemunho, comentado o outro lado simpático e sedutor da IA (que é feminina), vamos então aos versinhos do avô, que esses são exclusivamenta da sua produção artesanal. 

E que vivam os nossos netos, camaradas!

Viva a Clarinha que em seis anos 
deu um salto de gigante 
e já foi para a Escola da Voz do Operário


A Clarinha é gigante,
Tem seis metros de altura,
E, com o dedo que fura,
Chega à lua num instante.

Já foi ao centro da terra,
Montada num berbequim,
De alcunha o Arlequim,
Qu' tanto ri como berra.

Não há vales nem montanhas
Nem bruxas a meter medo,
Que ela só com um dedo,
Desfaz-lhe as artimanhas.

À noite andam vampiros,
Nas ruas escuras da Graça,
Mas com ela ninguém passa,
Nem que tenha olhos giros.

São histórias muito engraçadas
"Tá lá, tá lá ?!", diz a Clara,
"Vamos embora", diz a Sara,
"Vamos as duas mascaradas".

Estão na Escola do Op'rário,
Que é um grande casarão,
Cada dia é uma lição,
Há esqueletos no armário!...

"Que horror!", a Matilde grita,
Pondo-se em cima da cadeira,
E, ao lado, mesmo à beira,
A Emília diz que é fita.

Não há almas do outro mundo,
Esta escolinha é segura,
Vamos fazer boa figura,
Que o barco não vai ao fundo.

Porto Santo tem o "Lobo Marinho",
Lá vai ela co' avó T'resa,
E a Rosa, rebitesa,
Vai ao colo do paizinho.

"Eu por mim já sei nadar,
Mas a Rosa só com boia,
Já estou com a paranoia
Do barco se afundar.

"Vou a servir de mastro
E com os pés dentro do mar,
Toda a gente vou salvar,
Do cinema já sou astro."


... E aqui a Clarinha, interrompeu o avô:


"E tu sempre na brincadeira,
Os pés p'las mãos a trocar,
Co'a minha altura a gozar,
Tudo isso é só asneira.

"Deixa-te lá de fantasias,
Que eu só seis anos faço,
Fazes de mim um palhaço,
Tão grande como o Golias.

"Com seis metros de altura
Ninguém brincava comigo
E na escola sem amigo,
Ser gigante era tortura.

"Com os metros que me pões,
Onde é que vou dar a festa ?
Tinha que ser na floresta,
Com gigantes e anões.

"Deixa-me ser a Clarinha,
Que já joga o xadrez
E te ganhou uma vez,
Tendo ao colo a Rosinha."


Rua Senhora do Monte, Graça, Lisboa, 
12 de Novembro de 2025

Parabéns, Clarinha!
Do avô Luís, avó Chita e titi Joana

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Nota do edito LG:

Guiné 61/74 - P27413: Historiografia da presença portuguesa em África (503): A Província da Guiné Portuguesa - Boletim Oficial da Colónia da Guiné Portuguesa, 1948 (61) (Mário Beja Santos)

Mário Beja Santos, ex-Alf Mil Inf
CMDT Pel Caç Nat 52

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Maio de 2025:

Queridos amigos,
Estamos no último ano da governação de Sarmento Rodrigues, avisara à chegada que vinha por pouco tempo, havia obras para acabar e outras para começar, tinha muita pressa em ver resultados em domínios como infraestruturas, saúde, cultura, agricultura, e muito mais. Se se pedisse uma síntese do que houve de mais significativo neste período, diria que a Guiné passara a ter o formato de uma colónia e abandonava a apreciação de que era um local de Praças e Feitorias, em que o comércio era maioritariamente detido pelos estrangeiros. O nome Sarmento Rodrigues está ligado ao combate à doença do sono, às comemorações do Quinto Centenário da Descoberta da Guiné, à melhoria de ouriques para benefício da orizicultura, à construção de moradias, ao abastecimento de água, à tentativa da renovação de Bolama, a muitos novos postos sanitários, à inauguração da barragem de Picle, o Boletim Oficial passou a ter regularidade, construiu-se o Bairro de Santa Luzia, abriu-se a primeira pista do campo de aviação em Bissalanca, construíram-se faróis, aprovou-se a construção do Museu de Bissau... Isto nos meses de 1946, faltam 1947 e 1948. A Guiné estava finalmente posta no mapa e compreende-se como o ministro Marcello Caetano se sentia profundamente agradado pela escolha deste governador dinâmico e imbuído do espírito civilizador. Não é por acaso que termino a minha investigação dos século XIX e XX na governação de Sarmento Rodrigues, quem veio depois encontrava obra feita com o espírito de uma colónia-modelo.

Um abraço do
Mário



A Província da Guiné Portuguesa
Boletim Oficial da Colónia da Guiné, 1948 (61)


Mário Beja Santos

1948 é o último ano da governação de Sarmento Rodrigues, a dinâmica continua imparável. Como já se referiu, no Boletim Oficial n.º 4, de 19 de janeiro, o governador anuncia a criação de um centro comercial na praia de Varela, de modo a permitir às pessoas que pretendam passar ali uns dias de repouso se abastecerem convenientemente. Por isso o governador determina que aos comerciantes ali estabelecidos seja exigido o compromisso de manterem em depósito os géneros de mercearia necessários ao abastecimento dos frequentadores daquela praia. No Boletim n.º 7, de 16 de janeiro, é proibida a prostituição em todo o território da Guiné, atenda-se ao parágrafo inicial do diploma legislativo 1:405:
“Considerando que a dignificação da mulher tem, desde tempos recuados, acompanhado de perto o progresso da humanidade, podendo olhar-se como um índice de civilização por ser uma das suas maiores conquistas.”


No Boletim Oficial n.º 22, de 31 de maio, é determinado que o Centro de Estudos da Guiné Portuguesa proceda desde já ao inventário dos documentos e livros existentes na Colónia, cuja recolha e preservação interessa ao Arquivo. Em 1 de julho de 1948 aparecem publicados no Suplemento n.º 9 os estatutos do Clube de Futebol Os Balantas, de Mansoa, do Futebol Clube de Tombali, de Catió, e do Atlético Clube de Bissorã. No Boletim Oficial n.º 11, de 9 de julho, são publicadas as bases regulamentares do Museu da Guiné Portuguesa, incluindo Biblioteca e Arquivo Histórico. Pelo Boletim Oficial n.º 33, de 16 de agosto, fica regulamentada a missão antropológica e etnológica da Guiné.

Mas voltemos ao início do ano, há novidades no campo da saúde. Do Boletim Oficial n.º 3, de 19 de janeiro, Sarmento Rodrigues toma várias deliberações. Tinha sido despistada a dracontíase em S. Domingos pela Missão de Doença do Sono, havia que imediatamente se fazer o estudo da disseminação desta doença por toda a colónia, e os tratamentos seriam obrigatórios para todos os indivíduos atacados, impondo-se uma sensibilização do público, explicando aos indígenas os perigos da moléstia e como se contrai.

Noutra portaria, recorda-se que em 4 de julho de 1947 os serviços de saúde tinham iniciado uma campanha contra a ancilostomíase na ilha de Bissau, tinha sido detetada uma infestação, havia de se continuar a agir. “Havemos de levar por diante e acabar em bem esta campanha que ficará sem par em qualquer tempo e em qualquer colónia, o que constituirá para a Guiné um justo título de honra que perdurará nos tempos. Tinham sido estabelecidos os preparativos essenciais que consistiam nos exames microscópicos em todo o território, na abertura de fossas, na aquisição dos ingredientes, na preparação dos meios de transporte. Dispomos já de parte dos ingredientes e os restantes vêm a caminho. Já temos os meios de transporte e o pessoal está preparado. Tudo está a postos. Mas esta obra vai ainda engrandecer-se com duas outras paralelas. É que, tal como se fez em Bissau, todos os indivíduos ao serem tratados contra a ancilostomíase serão vacinados contra a varíola e contra a febre amarela. Esperamos receber de uma assentada 50 mil tubos de vacina antivariólica e dispomos desde já apreciável reserva de vacina antiamarílica.”

E o governador determinava um conjunto de iniciativas envolvendo as delegacias de saúde, a abertura de fossas e que em volta de todas as povoações fossem feitas e mantidas uma capinação com derrubas dos arbustos maninhos.

No suplemento n.º 10, de 7 de julho, temos o diploma legislativo n.º 1:420, a Lei da Caça da Guiné Portuguesa. Convirá aqui registar alguns parágrafos, pois consagram claramente a visão do legislador:
“A Guiné Portuguesa, justamente afamada como uma bela região de caça, esteve durante séculos sem recolher e condensar os elementos de informação que se tornavam indispensáveis a uma perfeita avaliação dos seus valores cinegéticos.
Não creio que em África algum desporto possa superar o da caça nos seus benefícios para o homem, pois em nenhum outro melhor se aperfeiçoará esse conjunto de superiores qualidades de resistência física, de tenacidade, de apuramento dos sentidos, de arrojo – tudo isto enquadrado na selva e em contacto com a natureza.

O verdadeiro caçador em África deverá ser ainda estoico e brioso, lutador e leal, duro e generoso. Há de preferir ao veloz automóvel, ou à imprópria mochila, a marcha a pé, com travessias de lagoas ou rios, a vau ou a nado; não se temerá do Sol, nem da chuva, nem das distâncias.
Não matará os animais inofensivos com processos traiçoeiros. Bem lhe bastarão as suas armas, produto do engenho humano, para vitimar uma indefesa perdiz; deixe-lhe, ao menos, a possibilidade de empregar as suas asas e prove depois disso que é um destro atirador.
Não dizimará por prazer matar, nem quando as mortes acarretem prejuízos graves para a espécie. Assim, não há de produzir hecatombes nas plácidas manadas, sem proveito nem honra, porque isso, mais do que perícia ou arrojo, seria prova de instintos sanguinários. Um belo tiro, um belo troféu, devem satisfazer a natural ambição de um caçador que se preza. As fêmeas serão, naturalmente, poupadas.

Um caçador digno desse nome não ousará profanar esses santuários da bicharada que são as reservas, onde os animais vivem e se sentem em liberdade e revelam como os homens é que são, por vezes, as verdadeiras feras. Só quem não tenha olhos capazes de sentir a beleza daquele espetáculo poderia traiçoeiramente matar algumas dentre os milhares de aves aquáticas que confiadamente vivem junto aos homens, sem receio algum, tal como na lagoa de Cufada.”


Promulga-se a lei da caça da Guiné Portuguesa, define-se caça (consiste na procura, perseguição e apreensão de animais bravios), é-se caçador com 18 anos completos, define-se igualmente que não pode constituir objeto de caça, explana-se sobre o exercício da caça. Não haveria caça na mata do Cantanhez, na lagoa de Cufada nem na praia de Varela; classificam-se os terrenos de caça agrupados em áreas (terrenos abertos e reservas de caça). E diz-se que afixação de reservas de caça atribuição do governador da colónia, mediante informação da Comissão de Caça, ouvidos os serviços de agricultura e veterinária.

Na "morança" dos fulas forros, futa-fulas da exposição, ouvindo alguns músicos indígenas
Visitando as obras do Museu de Bissau
Durante a visita à barragem de Picle, o Comandante Sarmento Rodrigues mostra a vasta região por onde ela se estende
O Subsecretário de Estado, ladeado pelo Governador da Colónia e Perfeito Apostólico durante a visita ao Asilo de Bor
À chegada ao Sedengal, o Subsecretário de Estado senta-se num trono construído pelos cassangas
Em Sabutul, o Subsecretário de Estado assiste às lutas de felupes

Imagens retiradas do Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, número especial comemorativo do Quinto Centenário da Descoberta da Guiné, outubro de 1947, as imagens referem-se à visita do Subsecretário de Estado das Colónias que ocorreu entre janeiro e fevereiro de 1947
Boletim Oficial de 24 de janeiro de 1949: os guineenses ficam a saber que o Capitão de Fragata Sarmento Rodrigues já não é Governador da Guiné. Aqui regressará em 1955, acompanhando o General Craveiro Lopes, será recebido triunfalmente

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 5 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27389: Historiografia da presença portuguesa em África (502): A Província da Guiné Portuguesa - Boletim Oficial da Colónia da Guiné Portuguesa, 1947 (60) (Mário Beja Santos

Guiné 61/74 - P27412: Armamento do PAIGC (10): Pistola-metralhadora Samopal vz25, de origem checa, ou a M-25, ("Merengue", na gíria do IN, por influência cubana)




Pistola-metralhadora  M-25 ("Merengue"), de origem checa ("Samopal")


Guiné > Região de Tombali >  Ilha do Como > c. 1964 > Guerrilheiros do PAIGC, empunhando pistolas-metralhadoras M-25", cal 9 mm ("Merengue")  e PPSh", cal 7,62mm ("Pachanga", ou "costureirinha", na gíria das NT); do lado direito, distingue-se, em tronco nu,  João Bernardo  'Nino' Vieira, na ilha de Como, Frente Sul. Náo se sabe se a foto foi tirada antes, durante ou depois da Op Tridente. É mais provável  que seja do ano de 1963, pelo ar "desportivo" do grupo,  a fazer um crosse matinal, ou a posar para a fotografia, para o álbum do Amílcar Cabral ( será que o tratavam por senhor engenheiro ?)
 


1.  Através do Formulário de Contacto do Blogger, um nosso leitor pediu-nos que confirmassemos  se esta arma, cuja foto se publica acima, era usada na Guiné pelo PAIGC, no nosso tempo:

Data - sexta, 3/10/2025, 18:20

Segundo pesquisa na Net, que me deu "uma trabalheira",  a arma parece não constar das listagens habituais, trata-se de uma pistola metrelhadora Samopal, vz25.

Deixo o link da arma:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sa_vz._23

 Sobre a arma:
  • o que me surpreendeu ao pesquisar a identificação dela foi a sua ausência das listagens consultadas na Net;
  •  no mesmo site encontra-se uma foto de 'Nino' Vieira com o seu grupo, curiosamente todos com a mesma arma, ou suas variantes

2. Comentário do editor LG:

2.1. Também sou de opinião que se trata de ums pistola-metralhadora checa, Sa vz25, "Samopal". Dispunha de  uma coronha de metal dobrável, disparava a munição 9×19mm Parabellum. Era em tudo é idêntica à Sa 23 (exceto da coronha, que era de madeira). e usando os mesmos carregadores de 24 e 40 tiros.

Gostava de ouvir a opinião do nosso especialista em armamento, o Luís Dias. Para já, recorri à minha assistente de IA / ChaGPT. Face às duas fotos que lhe mandei, não teve dúvidas em dar a sua opinião ponderada:

(..) Pela forma geral — receptor tubular curto, carregador recto montado à frente da empunhadura, coronha metálica dobrável para o lado e empunhadura/pega frontal dobrável — trata-se muito provavelmente de uma Samopal checoslovaca da família Sa vz.23 / Sa vz.25 (às vezes referido como CZ-23 / CZ-25, exportado como “Sa” ou “Samopal” nos catálogos da época).

Por que acho isto provável:

  • a posição do carregador (à frente da pega) e o aspecto geral lembram os desenhos da família vz.23/25, que foram amplamente exportados pela Checoslováquia na década de 1950–60;

  • a coronha metálica que dobra para o lado e a pega vertical rebatível são soluções técnicas presentes nesses modelos;

  • o PAIGC recebeu armamento do bloco de leste (inclu9indo a então  Checoslováquia) durante a guerra colonial, pelo que a captutra de um Sa vz.23/25 em 1964 é compatível com a proveniência e a cronologia.

Grau de certeza: provável, mas não definitivo. Existem variantes e cópias regionais/industriais e a família vz.23/25 teve pequenas diferenças entre versões de fábrica e exportação. Para confirmação absoluta, o ideal é verificar:

  • marcas e punções no receptor (normalmente código do fabricante e modelo);

  • formato exacto do carregador (capacidade e encaixe);

  • calibre estampado no cano/receptor (7,62×25 Tokarev foi comum em alguns modelos, mas havia variantes noutros calibres). (...)

(Pesquisa: LG / Assistente de IAS / ChatGPT)

(Condensação, revisão / fixaçãod e texto: LG)


2.2. Tudo indica que esta Sa vz25 seja a M-25 ("Merengue", na gíria do PAIGC, por influência cubana) que consta da relação a seguir:


Relação de material capturado  ao PAIGC  até 1964 >  (...) Pistolas-Metralhadoras: Modelo | País de oirgem

  • "M-23", cal 9 mm ("Rico") | Checoslováquia
  • "M-25", cal 9 mm ("Merengue") |  Checoslováquia
  • "PPSh", cal 7,62mm ("Pachanga", "Metra") | URSS
  •  "PPS SUDAYEF", cal 7,62mm | URSS, China
  • "THOMPSON", cal 1l,4mm ("Rico Thompson") | USA - China
  • "MP-40", cal 9mm | Alemanha Oriental
  • "SCHMEISSER" | Alemanha Oriental
  • "BERETA" | Itália
  • "UZI" | Israel 
  • "FBP" | Portugal

Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro I; 1.ª Edição; Lisboa (2014), pp. 290/291 (Com a devida vénia...).

terça-feira, 11 de novembro de 2025

Guiné 61/74 - P27411: Ser solidário (291): Início do ano lectivo na escola de Sintcham Arafam, na Guiné-Bissau (Renato Brito)

1. Mensagem do nosso amigo Renato Brito, voluntário, que na Guiné-Bissau integra um projecto de construção de uma escola na aldeia de Sincha Alfa, com data de 5 de Novembro de 2025:

Boa noite Carlos Vinhal,
Espero tudo bem consigo.

O presente mail para lhe comunicar que começou o ano lectivo na escola da Guiné-Bissau.

Cumprimentos,
Renato


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Nota do editor

Último post da série de 7 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27396: Ser solidário (290): Relatório de Atividades, Outono de 2025, da Missão Solidária da ONGD Afectos com Letras à Guiné-Bissau