1. Mensagem de António José Pereira da Costa, coronel de artilharia, ainda no activo, cuja entrada na nossa Tabanca Grande saudamos desde já, não com uma obusada (como se fazia, entre os artilheiros) mas com a publicação da sua primeira (de muitas, esperemos) contribuição para este nosso projecto de preserção da memória da Guiné e das suas gentes na época da guerra colonial, guerra do ultramar ou luta de libertação (conforme os pontos de vista semânticos e político-ideológicos):
Assunto - Siga a Marinha (1)
Esta frase foi inventada pelo capitão José Joaquim Vilares Gaspar, mais tarde major, ainda na Guiné (no GA 7) e falecido por volta de 1977. Era o célebre Gasparinho de Quibaxe (Angola) de quem se contam muitos ditos e anedotas, quase todas verdadeiras, embora incríveis.
Salgueiro Maia fala dele no seu livro e o José(?) de Melo, na Fotobiografia da Guerra Colonial (Circulo de Leitores) (2) transcreve uma nota que ele escreveu, na Guiné, expondo a situação do seu quartel em Nhamate, "mais propriamente abarracamento": Siga a Marinha que o Exército já lá está e Força Aérea já anda no ar há meia-hora.
Era assim que ele a dizia. Talvez um desabafo ou uma crítica ou até um bordão para se sentir vivo. Não o dizia com qualquer espécie de humor. Conheci-o bem. Era um homem sério,muito inteligente, bom condutor de homens e com uma capacidade de crítica muito apurada, mas que bebia bastante. Além disso, a inteligência e a capacidade de crítica são uma mistura explosiva...
Estive a ler o vosso blogue e vi que falam de mim. Já tinha enviado um e-mail que se perdeu por erro no endereço. Aqui vai, de novo.
Fui comandante da CART 3494, Xime/Enxalé (a tal que teve três comandantes) durante cinco meses. Sou amigo de infância do António Levezinho. Fiquei amigo do Mexia Alves a quem envio um abraço.
António José Pereira da Costa
2. O Joaquim Mexia Alves já nos tinha, entretanto, enviado a seguinte mensagem, com data de 28 de Novembro:
Caros Luis Graça, Carlos Vinhal, Virginio Briote:
Numa óptima surpresa, fui contactado pelo telefone pelo Coronel Pereira da Costa, que comandou durante um tempo a CART 3494, sediada no Xime e com quem vivi, em conjunto com a CCAÇ 12, histórias engraçadas e outras não tanto, algumas das quais julgo já ter feito referência em alguns textos que vos enviei em tempos.
Disse-me o Cor Pereira da Costa que vos enviou um mail, sobre o blogue e a sua eventual participação, bem como, falava do célebre Gaspar Artilheiro, de quem já foram contadas algumas histórias no blogue, tais como o "Siga a Marinha".
Conheceu-o muito bem e disponibiliza-se para falar sobre ele.
Estranha a demora em responderem ao seu mail, mas fiquei sem perceber há quanto tempo o tinha enviado.
De qualquer modo disse-lhe que haveria muitos mails para responder e por isso nem sempre era fácil responder de imediato.
A razão deste meu alerta é que o Pereira da Costa tem com certeza histórias interessantissimas para nos contar, e por isso o concurso dele no blogue me parece importante.
Ainda está no activo e disse-me ser, palavras suas, "bibliotecário do Exército" (sic), o que também poderá interessar muito à Tertúlia.
Sei do trabalho que todos vós devem ter, por isso desculpem se este mail de alguma maneira vos pressiona. Não era essa a minha intenção.
Abraço camarigo do
Joaquim Mexia Alves
Assunto - Siga a Marinha (1)
Esta frase foi inventada pelo capitão José Joaquim Vilares Gaspar, mais tarde major, ainda na Guiné (no GA 7) e falecido por volta de 1977. Era o célebre Gasparinho de Quibaxe (Angola) de quem se contam muitos ditos e anedotas, quase todas verdadeiras, embora incríveis.
Salgueiro Maia fala dele no seu livro e o José(?) de Melo, na Fotobiografia da Guerra Colonial (Circulo de Leitores) (2) transcreve uma nota que ele escreveu, na Guiné, expondo a situação do seu quartel em Nhamate, "mais propriamente abarracamento": Siga a Marinha que o Exército já lá está e Força Aérea já anda no ar há meia-hora.
Era assim que ele a dizia. Talvez um desabafo ou uma crítica ou até um bordão para se sentir vivo. Não o dizia com qualquer espécie de humor. Conheci-o bem. Era um homem sério,muito inteligente, bom condutor de homens e com uma capacidade de crítica muito apurada, mas que bebia bastante. Além disso, a inteligência e a capacidade de crítica são uma mistura explosiva...
Estive a ler o vosso blogue e vi que falam de mim. Já tinha enviado um e-mail que se perdeu por erro no endereço. Aqui vai, de novo.
Fui comandante da CART 3494, Xime/Enxalé (a tal que teve três comandantes) durante cinco meses. Sou amigo de infância do António Levezinho. Fiquei amigo do Mexia Alves a quem envio um abraço.
António José Pereira da Costa
2. O Joaquim Mexia Alves já nos tinha, entretanto, enviado a seguinte mensagem, com data de 28 de Novembro:
Caros Luis Graça, Carlos Vinhal, Virginio Briote:
Numa óptima surpresa, fui contactado pelo telefone pelo Coronel Pereira da Costa, que comandou durante um tempo a CART 3494, sediada no Xime e com quem vivi, em conjunto com a CCAÇ 12, histórias engraçadas e outras não tanto, algumas das quais julgo já ter feito referência em alguns textos que vos enviei em tempos.
Disse-me o Cor Pereira da Costa que vos enviou um mail, sobre o blogue e a sua eventual participação, bem como, falava do célebre Gaspar Artilheiro, de quem já foram contadas algumas histórias no blogue, tais como o "Siga a Marinha".
Conheceu-o muito bem e disponibiliza-se para falar sobre ele.
Estranha a demora em responderem ao seu mail, mas fiquei sem perceber há quanto tempo o tinha enviado.
De qualquer modo disse-lhe que haveria muitos mails para responder e por isso nem sempre era fácil responder de imediato.
A razão deste meu alerta é que o Pereira da Costa tem com certeza histórias interessantissimas para nos contar, e por isso o concurso dele no blogue me parece importante.
Ainda está no activo e disse-me ser, palavras suas, "bibliotecário do Exército" (sic), o que também poderá interessar muito à Tertúlia.
Sei do trabalho que todos vós devem ter, por isso desculpem se este mail de alguma maneira vos pressiona. Não era essa a minha intenção.
Abraço camarigo do
Joaquim Mexia Alves
3. Esta foi a resposta que mandámos ao Mexia Alves na volta do correio:
Querido Joaquim:
Obrigado pelo teu alerta... Não parace haver rasto do teu coronel nos nossos mails...Já vi nas minhas caixas de correio... Manda-me o endereço de e-mail dele, para afinar a pesquisa... Ou melhor, pede-lhe com jeitinho para reenviar a mensagem para este endereço (que é novo, como sabes). Um abraço. Luís
4. Por sua vez, a resposta que enviámos, a 1 de Dezembro, ao coronel Pereira da Costa foi a seguinte:
António:
Amigo do Tony (Levezinho) meu amigo é... Mas não precisavas de invocar essa condição especial... És um camarada da Guiné, de quem aqui temos falado, através da escrita do Mexia Alves...
Presumo que queiras entrar para a nossa Tabanca Grande, o que também é uma honra para nós... Lamento que o teu mail tenha andado por aí... De facto, deve ter havido erro teu, no endereço... Olha, antes de publicar a tua mensagem, manda-me as chapas da praxe: uma foto antiga e outra mais recente... Não é obrigatório (não usamos a palavra, já não temos RDM!), mas ajuda a rapaziada a reconhecer-te...
Além disso, temos uma fotogaleria (que está infelizmente por actualizar, diga-se de passagem,... que o tempo é curtíssimo para manter esta máquina que agora já não é de guerra, mas de paz, mas é uma belíssima caserna onde cabemos todos - ou quase - todos...).
Além disso, temos uma fotogaleria (que está infelizmente por actualizar, diga-se de passagem,... que o tempo é curtíssimo para manter esta máquina que agora já não é de guerra, mas de paz, mas é uma belíssima caserna onde cabemos todos - ou quase - todos...).
Não queres contar também o teu percurso lá pela Zona Leste ? Tenho saudades do Xitole e do longo e perigoso caminho que a gente fazia para levar a "água de Lisboa" e a bianda àquela rapaziada (andámos por ali, eu e o Tony, entre Julho de 1969 e Março de 1971, com muitas incursões à - e muita porrada na - margem direita do Rio Corubal)...
Já agora: conheces do Tony, de onde ? Da Amadora ? Da Petrogal ? Da Ericeira ? De Sagres ? Eu moro actualmente em Alfragide, desde há 20 anos, mas já morei na Mina, perto da casa do pai dele... De qualquer modo, sê bem-vindo à nossa tertúlia, caserna virtual, Tabanca Grande... ao blogue de Luís Graça e Camaradas da Guiné...
Um Alfa Bravo. Luís
PS - É evidente que o Pereira da Costa foi comandante da CART 3494 (que esteve no Xime e depois em Mansambo, 1972/74). Não confundir com a CART 3492, que esteve no Xitole, e a que pertenceu o Joaquim Mexia Alves, como Alf Mil.
___________
Nota de L.G.:
(1) Vd. posts de:
30 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1133: Origem da expressão 'Siga a Marinha" (Vitor Junqueira).
1 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1134: A expressão 'Siga a Marinha' , atribuída ao Zé Gaspar, artilheiro, Olossato (Paulo Santiago)
1 de Outubro de 2006 >Guiné 63/74 - P1135: A expressão 'Siga a Marinha' e a crise dos capitães (Sousa de Castro)
1 de Outubro de 2006> Guiné 63/74 - P1138: 'Siga a Marinha': uma expressão do tempo da República (?) (Pedro Lauret)
11 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1166: A minha preguiça e a expressão 'Siga a Marinha' (Mário Dias)
(2) Lapso do Pereira da Costa: trata-se do João de Melo, que foi o editor literário da obra,em dois volumes, Os Anos da Guerra - 1961/75 (Círculo de Leitores, 1988). A Fotobiografia da Guerra Colonial (D. Quixote, 1990; Círculo de Leitores, 1998) é uma obra conjunta de Luís Farinha e Renato Monteiro...
O Renato Monteiro, que também esteve no Xime e no Enxalé, em 1969, é um querido amigo meu, camarada de Contuboel (Junho-Julho de 1969). Licenciado em história pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, é professor do ensino secundário, e um notável fotógrafo, com obra feita (vários álbuns publicados), além de autor de dois livros de poesia. Haveremos de falar dele, muito em breve.
(3)Vd. post de 1 de Outubro de 2006 >Guiné 63/74 - P1135: A expressão 'Siga a Marinha' e a crise dos capitães (Sousa de Castro)
(...) A expressão 'Siga a Marinha' também era muito utilizada no meu tempo de Guiné, CART 3494 - Xime e Mansambo (Janeiro de 1972/ Abril de 1974). Foi o nosso primeiro CMDT, Cap Art NM [Número Mecanográfico] 51322811 - Victor Manuel da Ponte Silva Marques, que a utilizava sempre em qualquer circunstância e nós também por arrastamento a utilizávamos.
Siga a Marinha, Sousa de Castro!
PS - Onde digo "o nosso primeiro CMDT" quero dizer que tivemos mais do que um, foram três. Para além do atrás referido, em Agosto de 1972, foi rendido pelo Cap Art NMº 04309164 - António José Pereira da Costa que acabou por ceder o lugar, em Novembro de 1972 ao Cap Mil NM 06383765 - Luciano Carvalho Costa (...).
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Nota de L.G.:
(1) Vd. posts de:
30 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1133: Origem da expressão 'Siga a Marinha" (Vitor Junqueira).
1 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1134: A expressão 'Siga a Marinha' , atribuída ao Zé Gaspar, artilheiro, Olossato (Paulo Santiago)
1 de Outubro de 2006 >Guiné 63/74 - P1135: A expressão 'Siga a Marinha' e a crise dos capitães (Sousa de Castro)
1 de Outubro de 2006> Guiné 63/74 - P1138: 'Siga a Marinha': uma expressão do tempo da República (?) (Pedro Lauret)
11 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1166: A minha preguiça e a expressão 'Siga a Marinha' (Mário Dias)
(2) Lapso do Pereira da Costa: trata-se do João de Melo, que foi o editor literário da obra,em dois volumes, Os Anos da Guerra - 1961/75 (Círculo de Leitores, 1988). A Fotobiografia da Guerra Colonial (D. Quixote, 1990; Círculo de Leitores, 1998) é uma obra conjunta de Luís Farinha e Renato Monteiro...
O Renato Monteiro, que também esteve no Xime e no Enxalé, em 1969, é um querido amigo meu, camarada de Contuboel (Junho-Julho de 1969). Licenciado em história pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, é professor do ensino secundário, e um notável fotógrafo, com obra feita (vários álbuns publicados), além de autor de dois livros de poesia. Haveremos de falar dele, muito em breve.
(3)Vd. post de 1 de Outubro de 2006 >Guiné 63/74 - P1135: A expressão 'Siga a Marinha' e a crise dos capitães (Sousa de Castro)
(...) A expressão 'Siga a Marinha' também era muito utilizada no meu tempo de Guiné, CART 3494 - Xime e Mansambo (Janeiro de 1972/ Abril de 1974). Foi o nosso primeiro CMDT, Cap Art NM [Número Mecanográfico] 51322811 - Victor Manuel da Ponte Silva Marques, que a utilizava sempre em qualquer circunstância e nós também por arrastamento a utilizávamos.
Siga a Marinha, Sousa de Castro!
PS - Onde digo "o nosso primeiro CMDT" quero dizer que tivemos mais do que um, foram três. Para além do atrás referido, em Agosto de 1972, foi rendido pelo Cap Art NMº 04309164 - António José Pereira da Costa que acabou por ceder o lugar, em Novembro de 1972 ao Cap Mil NM 06383765 - Luciano Carvalho Costa (...).
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