"Diário da Guiné - Lama, Sangue e Água Pura"
Conferência do António Graça de Abreu, na Biblioteca-Museu República e Resistência / Espaço Grandella, 2 de Outubro de 2008
1. Recuperamos o comentário que o Luís Graça escreveu em "Guiné 63/74 - P3267: Controvérsias (1): Sedengal, ...":
Amigos e camaradas:
Encontrei ontem o Zé Martins na conferência do António Graça de Abreu,, no Museu-Biblioteca Reppública e Resistência, em Benfica...
Não éramos muitos, mas estávamos em maioria, a malta da nossa Tabanca Grande: além do António (que era o artista principal) e do Zé, o Fernando Franco, o Mário Fitas, o Humberto Reis, o Artur Conceição, o Alberto Branquinho... Cito de cor, não tenho aqui à mão a lista...
Havia mais uns paisanos e antigos militares. O António Graça de Abreu trouxe um primo, 1º sargento de máquinas da Orion (1966/68), que se fartou de levar (e dar) porrada no Cacheu... Convidei-o a visitar o blogue... Ele andou com o Lema Santos, se não em engano...
O António trouxe ainda consigo um amigo, hoje coronel de artilharia na reforma, que esteve com ele no CAOP 1, em Cufar. Sobre a conferência, falarei com mais tempo e vagar em próxima ocasião...
Tudo isto foi só para dizer que o Zé Martins, que é uma companheiraço, já me mostrou mais ums dados novos sobre Sedengal e as unidades que por lá passaram... Fico/amos à espera... Bem como das fotos que ele tirou. No meio da sessão fiquei sem pilhas...
Luís Graça
2. Também o Mário Fitas esteve presente e não pôde deixar de se ver novamente nas terras onde viveu a história da Pami Na Dondo (2)
A 2 de Outubro p.p. não podia deixar de estar presente, na Biblioteca – Museu Republica e Resistência / Grandella, para ouvir o António Graça de Abreu, falar sobre o seu livro, Diário da Guiné, Lama, Sangue e Água Pura.
Como o poema de 8 de Dezembro de 1973,
"O clarear incerto da manhã,
a luz pálida, azul e negra,
o golpear do vento na paisagem,
a chuva gotejando como lágrimas nos telhados de capim.
As bolanhas escuras e doentes,
as garras, os bicos dos abutres,
a fome, a agonia dos corpos,
os homens mastigando miséria e sofrimento.
Guiné o lastro de cinco séculos,
Como pedras de um túmulo.”
O livro como a sua poesia, profunda, já me eram bastante familiares. Mas a curiosidade de ouvir um homem culturalmente avançado, falar da sua experiência e observação sobre um local onde eu tinha estado sete anos antes com vivências um pouco diferentes, aguçou-me a curiosidade.
António Graça de Abreu, com a sua fluidez e saber transmitir extraordinário, e após a surpresa extraordinária com a apresentação dos magníficos slides de Cufar, levou-me a reviver aquela querida terra.
Andei por tabancas e matas, fui a Cabolol e atravessei o Monterunga e o Tompar. Passei para a outra margem do Cumbijã, e voltei a recordar a destruição por duas vezes dos acampamentos do PAIGC em Flaque Injã, revivi a emboscada que o “Nino” comandando uma companhia do Exército Popular nos tinha preparado na descida para o cais de Caboxanque, os velhinhos T6 picando sobre a mata e a vedeta e as lanchas, arrimando-se (como se diz na tauromaquia) ao tarrafe, para ajudar e embarcar a malta.
Recordei a ansiedade do pessoal que tinha ficado em Cufar ao saber que o T6 do Alf Pil Av Ribeiro iria aterrar de emergência com dezassete furos e o motor a gripar. Recordei o velho Alfa Nan Cabo, meu irmão, ex-PAIGC com toda a sua sabedoria, a safar os Lassas daquela enrascadela.
A realidade de antanho sem mistificação trazendo Cumbijã abaixo Malam e PamiTudo isto agora de volta, quando a insinuação me é imposta como ferrete, e que rejeito em nome da verdade. O meu velho Alfa ainda sobrevivia em 1974, que lhe teria acontecido?
Tanta História para narrar! Cada homem viveu a sua guerra sempre diferente mas irmanados na “Lama, Sangue e Água Pura”.
Obrigado Graça Abreu, pelo teu saber estar.
Como sempre para toda a Tabanca o velho e fraterno abraço do tamanho do Cumbijã,
Mário Fitas__________
Notas de vb: artigos relacionados em
(1) 29 de Setembro de 2008 >Guiné 63/74 - P3250: Bibliografia de uma guerra (34): Diário da Guiné - Lama, Sangue e Água Pura, de António Graça de Abreu (José Martins)
1 comentário:
Caro António,
como verificaste, não fui só eu e o nosso Chefe de Tabanca que lá estivemos. Aliás ele teve o cuidado de referir os outros camaradas.
As novas tecnologias abrem caminho inovador às técnicas de informação.
Um abraço para ti e para o teu primo da Orion.
Mário Fitas
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