sexta-feira, 24 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4734: Destas não reza a História (Manuel Maia) (5): Chamava-se José, Silva José, à moda francesa...

1. Mensagem de Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74, com data de 23 de Julho de 2009:

Caro Vinhal,

Enquanto não é corrigida a História de Portugal em Sextilhas (ficaram para trás umas quantas...) envio-te esta história de um ex-emigrante que aproveitou para fugir à tropa e que, despudoradamente, virou antifascista perseguido pela Pide, obrigado a exilar-se em França...
Os nomes foram propositadamente trocados.


Chamava-se José, Silva José (à moda francesa...) e via a vida a andar para trás...


A tropa e o espectro da guerra de África que já levava uns quatro anos e parecia eternizar-se, começavam a preocupá-lo seriamente e a apavorar o pai, António Silva, que abandonara a jorna nos campos agrícolas desse Trás-os-Montes de Torga, para se aventurar na estranja, lá por França, faz tempo, desde o já distante ano de 1959...

Chegara a Paris (Banlieue) ainda antes do grande boom de emigração portuguesa que haveria de ajudar a França a recuperar da destruição sofrida durante a Segunda Grande Guerra Mundial, de que fôra um dos palcos privilegiados.

O seu patrão alugara-lhe uma casa que ele com o tempo haveria de recuperar, transformando-a num tecto acolhedor para viver, por um preço quase simbólico nos arredores da cidade luz...

Paris estava ainda na fase lenta de recuperação.A maioria dos portugueses a demandar terras gaulesas, fá-lo-ia só na década de sessenta, notando-se um crescendo no seu número, de ano para ano, uns por via legal (a minoria) enquanto outros, em maior número, fazendo-o a salto, correndo inclusive risco de vida ante o disparo de qualquer Guarda Fiscal...

Os bidonvilles eram, regra geral, a casa dos trabalhadores dos batiments... casotas de madeira forradas a chapa de bidon...

A lama, onde dejectos de toda a espécie se misturavam com a água da chuva, era escorregadia e dificultava o acesso aos tugúrios que habitavam em grupos de cinco ou seis, ou mais ainda, cozinhando normalmente de forma colectiva, o caldo de couves arrancadas juntamente com umas batatas e cebolas nas longas madrugadas de domingo, a que juntavam um cibo de toucinho rançoso de porco, trazido ainda de Portugal e guardado numa caixita de madeira com sal, ou comprado numa boucherie da zona por meia dúzia de patacos...

Era feito duas vezes por semana. Ao domingo no panelão maior e que durava até quarta-feira inclusivé, e à quinta, a caldaça nova era confeccionada na panela um pouco mais pequena.

Aos domingos, às vezes, bebiam uma cervejita pois ao vinho ninguém chegava face ao exorbitante preço pedido por garrafa...

Diariamente, levas e levas de portugueses cirandavam, mala ou saco na mão e garrafão na outra à procura de emprego nos inúmeros batiments em construção...

Todos se arrogavam de trolhas ou pedreiros, embora a maioria fosse mão de obra não especializada saída do campo, da lavoura, mas interessadíssima em aprender.

Numa primeira fase esses ex-jornaleiros trabalhavam como indiferenciados, mas muito rapidamente absorviam conhecimentos necessários para darem o salto para as várias profissões ligadas à construção como os pintores e carpinteiros de cofragem ou de zimbre...

Traziam umas magras provisões, uns míseros francos, uma vontade enorme de vencer, e geralmente o catraio de cinco litros como gostavam de chamar ao garrafão, com vinho das mais variadas origens, quando não mesmo, o portuguesíssimo bagaço...
O garrafão e a mala de cartão haveriam de ser um símbolo dos portugueses em França.

As mulheres, que nos anos subsequentes acabariam por demandar a França quando as condições de vida já haviam melhorado, ostentavam o moustache mais ou menos penugento que seria o alvo das piadas sobre portuguesas por terras gaulesas.
Era uma característica distintiva, tal qual o puxo ou a banana no cabelo...

Depois, afrancesar-se-iam, cortando-o e pintando-o, tal qual as madames do batiment onde eram concierges, isto poucos dias antes do regresso à terra para férias, que mais não eram senão dar no duro, na finalização da casa do tipo la maison que andavam construindo faz tempo...

Em Julho e Agosto regressavam, carros cheios de tralha, alguma achada nos passeios, mas para a qual encontravam sempre alguma utilidade iniciando um período em que procuravam mostrar algum status, sujeitando-se para isso à exploração desenfreada da aldeia que apostara em tirar-lhes a massa...

Da comissão fabriqueira da festa do Santo Orago da freguesia, passando pelo padre, que conseguia sempre o óbolo para as obras da igreja, ao merceeiro e ao dono da tasca que chamava restaurant ao seu espaço onde servia um bacalhau assado na brasa ou umas febras, uns bifes ou cabrito, que em geral era anho, todos apostavam enm aliviar-lhes os bolsos de forma escandalosa...

Nesses dois meses os carros de matrícula francesa sobrepunham-se aos nacionais.
Nas zonas costeiras, o pescador chegava à praia com meia dúzia de ranhosas(depois de descarregar o pescado para os restaurantes em locais foras da zona de veraneantes) reclamando que o mar estava um cão... uma noite inteira de trabalho para esta mão cheia de peixes. Assim ninguém tinha coragem de regatear o preço pedido e os emigrantes até davam gorjeta...

Foram, infelizmente, sempre espoliados pelos conterrâneos chico espertos...
Nos ultimos anos, as vacances do António Silva foram passadas (aliás como na maioria dos casos...) a erguer a sua casa na aldeia, ajudado pela sua Conceição, que lhe carregava os baldes da massa quando estavam a carregar a placa...
Era até doer as costas, até não poder mais. Tinha de ser!

No último ano, contrariamente aos anteriores, António ao invés de fazer férias em Julho ou Agosto, viera em Maio para ir a Fátima agradecer à Virgem Maria e acabar de vez a casa. Conceição disse-lhe:
- Olha lá, Tone. Tens de levar o rapaz contigo pois o governo qualquer dia já não o deixa sair...
- Deixa-o acabar o ano que não o quero à tábua da cal...
- Queres ver o nosso filho morto na guerra? Ai Jesus, Maria Santíssima que até me arrepio toda só de falar nisto...
- Está descansada, mulher dum raio, que o rapaz acabando o ano em Julho os exames segue em Agosto. Já tratei de tudo lá e mando-o chamar através da agência para ficar tudo mais oficial. O passaporte que não usou ano passado(porque chumbou e acabou por ficar mais um ano...) vai usá-lo este ano, está descansada. Quando lá chegar já tem emprego à sua espera na Citroen. Pedi ao senhor engenheiro quando andei a fazer-lhe uma obra em casa e ele disse que sim. Pediu o nome do rapaz e ele até já tem ficha pronta...

Mal regresado a Paris, António deu andamento ao processo de chamamento do filho José.
Agosto, estação de Campanhã no Porto.

O Zé passeava-se em companhia da mãe, da avó Beatriz, da irmã Margarida e do senhor Joaquim, taxista que os trouxera até à Invicta... Bilhete comprado, papelada toda no bolso (incluindo o passaporte) José despede-se e avança para o combóio.

Os lugares à sua beira estavam ocupados por dois jovens da sua idade que também demandavam a terra dos gauleses. Não se conheciam entre si, mas rapidamente o Zé se apresentou e passados uns curtos momentos do arranque do Sud-Express já todos se conheciam como se fossem amigos de peito... Fôra o destino que os juntara. Haveriam de ser amigos vida fora...

Cada um transportava um saco ou uma mala velha para além do inseparável garrafão.
O Zé, para além da pinga, levava também outro garrafão com bagaço para o pai oferecer ao senhor engenheiro que lhe arranjara emprego.
No cesto de vime, comprado na feira d'ano anterior, levava uma galinha assada, que em viva fôra preta e que a mãe escolhera por causa do mau olhado...
Tinha um cheirinho divinal... levava ainda uma dúzia de chouriças de carne feitas em casa pela sua avó Beatriz, duas mouras, um chouriço e uns bolinhos de bacalhau que deviam estar mesmo bons,dado tratar-se da especialidade da avó, a quem todos recorriam nos casamentos, tal a qualidade evidenciada...
Levava ainda uma boa dúzia de moletes para fazer sandes, e um cibo de broa e azeitonas para mastigar com o presunto da pata da frente do porquito que morrera atropelado pela motorizada do vizinho. Um melão e uma dúzia de maçãs completavam a ementa...

Cada um dos outros também no seu farnel apresentava bolinhos de bacalhau, sandes de presunto alguma fruta...
O Quim levava até umas iscas de bacalhau que parece que do dito apenas terão apanhado o cheiro...
O Álvaro, tinha também umas sardinhinhas fritas com molho de cebolada dentro dum tachito pequeno que também levava arroz seco.

Decidiram que a comida seria de todos para todos e foi assente que a galinha do Zé só seria comida já no domingo a chegar a Paris.
Por essa noite de sexta adentro lá se entretiveram a comer umas sardinhinhas e um bocado de arroz que colocaram no único prato que o Álvaro levava e comeram à vez... os bolinhos de bacalhau, alguma fruta.

Quando acordaram seis, sete da manhã de sábado, beberam dos termos que todos tinham levado um café que acompanharam com umas sandes de presunto e até de bolinhos de bacalhau...
Por volta das dez e meia começaram a sentir um cheiro algo incomodativo vindo de debaixo dos seus bancos...
Era a galinha que devido ao calor se estragara...
Havia que deitá-la fora urgentemente

Temos de deitar isso fora pá antes que se estrague o meu salpicão - disse o Zé.

-Salpicão, chamas salpicão a um chouricito manhoso? Salpicão é o meu, ripostou o Álvaro...

-Isso não interessa agora para o caso. Façam costas que eu deito o bicho p´ra fora.

Entretanto, todas as janelas estavam bem abertas até baixo, por via do calor e do cheiro...

-Custa-me deitar a bichinha fora...

-O gajo é tolo! Dá cá isso que eu resolvo. Não vês aqueles gajos lá do fundo a olhar p´ra nós? Façam costas.

O comboio circulava a duzentos e muitos quilómetros por hora...
Tão depressa Álvaro jogou borda fora a galinha envolta no guardanapo e em jornais, logo ela reentrou (não fosse ela uma ave...) por uma das janelas do fundo indo bater com fragor no encosto de cabeça de uma cadeira vazia para saltar já toda esparramada para o colo do passageiro que aí seguia em frente...

Segundos depois, o homem de meia-idade abeirou-se deles para dizer:

- Merde, merde, qui va payer?
E mostrava o fato beje claro cheio de manchas de galinha, a gravata toda suja e a camisa com restos de ave impregnados.

-Merde, merde, qui va payer?

-Merda não pá, que até era uma galinha que eu vi crescer, disse o Zé...

-Está calado pá que ainda vem aí o revisor e estamos feitos ao bife. Neguem, neguem tudo...

Entretanto, sorte a deles, o combóio chega a Paris. Aglomeram-se as pessoas à espera dos passageiros. No meio de tanta confusão, os três aproveitam para se esgueirar...
Todos tinham os pais à espera que não se conheciam, mas depressa em uníssono surgiria uma gargalhada logo que lhes foi contada a aventura...

Promessas de reencontros. Despedidas, cada um para o seu lado.O tempo foi passando, os seus conhecimentos evoluíram, e entretanto, dá-se o golpe militar em Portugal.

Quase de imediato, Zé desembarca em Lisboa, discurso de antifascista engatilhado, autoproclamando-se exilado político perseguido pela PIDE, e filia-se num partido da extrema esquerda.Pouco depois dá o salto para um dos grandes, e agora é vê-lo, fatos de cashemire, gravatas de seda natural e sapatos italianos.
Arranjou a vidinha...

Só não esteve na guerra da Guiné porque era antifascista, objector de consciência, e um perseguido pela PIDE...

O pior é se o Quim e o Álvaro lhe descobrem a careca...

Manuel Maia
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4630: Destas não reza a História (Manuel Maia) (4): História da esgraçadinha

9 comentários:

Anónimo disse...

Este foi à moda francesa, outros à moda suiça, outros alemã, etc....Como sempre, o eterno "desenrascanço" à portuguesa.

Este assunto, dava para imensos posts, com imensos pontos de vista.

Mas, estes "franceses", são tão caracteristicamente portugueses como os que foram para a guerra.

E, visto por terceiros, os "portugas", entramos no mesmo saco.

Antº Rosinha

Anónimo disse...

Manuel Maia

Sim senhor !Fizeste um bom retrato de oportunistas despudorados da "nossa praça"!

Um abraço
Luis Faria

Anónimo disse...

Boa Manel!

Conheci alguns desses.
E dos outros também.dos que se pisgavam e faziam o caminho para Paris a butes de saco na mão com as tais couriças, sem noção, sequer do que eream mais de ndois mil quilómetros, escondido a mair parte do tempo, evitando estradas, quase sempre prisioneiros de passadores profissionais.
Esses, Manel, haviam já passado a idade da tropa e apenas queriamm dar à família o que a Pátria lhes negava.d
Dos outros nunca gostei, mesmo sabendo mque entre eles há muita gente que fugiu apenas por medo genuino e humano e nunca mais falam disso.
Oportunistas conheci de muita espécie. os tais, que tu tão bem descreves e os outros que me dava conselhos "hé pá, vê lá no que te metes..." e depois me passaram pela esquerda a grande velocidade.
Um abraço para ti e outro para o teu talento (afinal recebes os dois)
José Brás

António Tavares disse...

Manuel Maia,
Parabens pela tua tão oportuna e realista prosa.
Foi no passado... infelizmente continuamos a assistir ao mesmo...
só com outras personagens!
O povo diz que a gamela é a mesma, só os porcos é que mudam!

Anónimo disse...

Boa noite,
e uma saudação especial para o autor e editores do Blogue.

Sou leitora assídua deste espaço, que muito admiro, e que me atrai pela forma natural como são descritos os episódios de guerra, e outros, que, por vezes, me envolvem como se estivesse a ver um filme.
Sou admiradora da poesia e da prosa do Prof. Manuel Maia, e ao ler esta história estava a imaginar o filme dos acontecimentos.
Mas, com o devido respeito que tenho pela opinião do Prof. Manuel Maia e de outros comentadores, peço permissão ao autor do Blogue para expressar o meu ponto de vista sobre os jovens de 20-21 anos que fugiram, por todos os meios que tiveram ao seu alcance, de uma guerra que aterrorizava filhos e pais.
Muitos foram movidos por motivos políticos, mas outros fugiram para livrar o corpo às balas. Sendo que, desde que não cumprissem o SMO, eram considerados "desertores" e logo passavam a ser tratados como opositores ao regime político de então.
Não foi por prazer que muitos jovens calcorrearam estradas, com fome e sede, porque não podiam levar muitos mantimentos, umas vezes sob um sol abrasador, outras sob chuva e neve intensas, para atravessar os Pirinéus, a pé até França.
Não se podem considerar heróis os que prestaram o Serviço Militar Obrigatório nem cobardes os que fugiram!
Os meus familiares fizeram a guerra, a que foram obrigados, um na Guiné, outro em Moçambique! Mas se dependesse de mim preferia que tivessem "dado o salto" para um país livre.
Ambos estão em paz com a sua consciência, tiveram e têm boa convivência com a população africana, mas os efeitos da guerra fazem-se sentir, ainda hoje, quando têm 60 anos e 65 anos respectivamente.
Se me permitem, só mais uma opinião, foi graças ao MFA, e aos Valorosos Capitães de Abril, que a Guerra acabou, e nos foi devolvida a Liberdade e a Democracia, e que tantos "desertores", considerados opositores políticos, puderam voltar. Mas quem se aproveitou dessa mesma Democracia foram os Políticos que têm estado no Poder desde então, que não foram à guerra e nem precisaram de fugir, nem passado político tinham! São políticos do pós 25 de Abril, que se filiaram em partidos para ascender ao poder. Esses sim foram e são oportunistas sem escrúpulos. São os novos ricos, que fizeram fortuna nos últimos 30 anos, enquanto os pobres estão cada vez mais pobres, e o país está na miséria.
Com os meus respeitosos cumprimentos

Maria Santos

Carlos Vinhal disse...

Cara amiga Maria Santos
Disponha destes espaços sempre que queira emitir as suas opiniões.
Muito obrigado pela sua colaboração.
Os nossos cumprimentos.
Pelos editores do Blogue
Carlos Vinhal

JD disse...

Boa Manel,
Boa história de um país em sofrimento, a uma terra que não dava (já dá?) para sonhar, um falso jardim com poucas flores e muitos cardos. A tua descrição dessa decisão para emigrar dos nossos pioneiros franceses é linda e sentimental. O baldanso do filho aventurado surge como corolário lógico. Aviagem deve ter sido uma farra dos diabos. O regresso oportunista depois do 25/4 é que foi a nódoa. Mas muitos da nossa geração, que não emigraram e foram à guerra, conquistaram posições nos partidos e traiem-nos todos os dias, porque o egoísmo continua a ser mote educacional. Tu, professor, dar-te-ás conta de que ninguém educa os filhos, nem o estado apronta curriculas, para que os jovens se preparem para serem úteis à sociedade.
Um abraço
J.Dinis

alma disse...

Oportunistas ontem..
Oportunistas hoje..
Oportunistas amanhã..

As carecas não se descobrem..
Enaltecem-se!


Abraço

Jorge Cabral

MANUEL MAIA disse...

CARÍSSIMOS,


NOS COMENTÁRIOS AO MEU ULTIMO POST,(4734)CONSTATEI QUE A SRA.D. MARIA SANTOS E AINDA O ZÉ DINIS(TALVEZ PORQUE ESCREVEU LOGO A SEGUIR E FOI INFLUENCIADO...)ME CATAPULTARAM AO INADEQUADO GRAU ACADÉMICO DE PROFESSOR.

SENDO LICENCIADO EM HISTÓRIA PELA FLUP(SE FRIZO É POR SE TRATAR DE UNIVERSIDADE PUBLICA QUE NÃO TEM HÁBITOS RECENTES DE FAZER EXAMES DOMINGUEIROS...)E NÃO ESTANDO A EXERCER, NÃO SOU PROFESSOR.

"POSTAS AS COISAS NOS IS",VAMOS REPORTAR-NOS AO TEXTO EM SI.

QUERO AGRADECER AS PALAVRAS TECIDAS A MEU RESPEITO PELA SRA.D.MARIA SANTOS E APROVEITAR
PARA ESCLARECER QUE O CASO EM APREÇO(MOTIVADOR DO POST),TEVE UM PROTAGONISTA,O ZÉ...
REPARE QUE DOS TRÊS ENVOLVIDOS,
APENAS ELE TIROU DIVIDENDOS
IMERECIDOS DA SITUAÇÃO.

ESTA HISTÓRIA DE UM PAÍS EM SOFRIMENTO QUE NÃO DAVA PARA SONHAR
(JÁ DÁ?),UM FALSO JARDIM COM POUCAS FLORES E MUITOS CARDOS(DIZ O ZÉ DINIS)
SÓ QUE HOJE,HOJE ZÉ,JÁ SÓ HÁ CARDOS...
ESTEVE PRENHE DE SITUAÇÕES DE EMIGRAÇÃO QUE SE PODERIAM CATALOGAR DE VARIADÍSSIMAS FORMAS...

OS MUITOS MILHARES QUE A PÉ CALCORREAVAM MAIS DE DOIS MIL KMS, A MAIOR PARTE,JÁ NA FAIXA ETÁRIA SUPERIOR À DO TEMPO DE TROPA,ESCONDIDOS E QUASE SEMPRE PRISIONEIROS DOS PASSADORES PROFISSIONAIS(GRANDE VERDADE ZÉ BRÁS)REPRESENTAVAM A FORÇA INATA DE VENCER,O SABER DO INFANTE D.HENRIQUE,A GENIALIDADE DOS GAMAS E CABRAIS,A PERSEVERANÇA DOS BARTOLOMEUS,A GARRA DO PRIMEIRO AFONSO NO ALARGAR DE HORIZONTES,A CAPACIDADE DE LUTA DE GONÇALO MENDES ESSE LIDADOR DE PROVECTA IDADE QUE NÃO VIRAVA A CARA À LUTA MESMO NO OCASO DA VIDA,AS GENTES DE REVIRALHO,OS PATULEIAS DA GREI,OS QUARENTA DA RESTAURAÇÃO,OS GOVERNADORES DA ÍNDIA,OS BANDEIRANTES NA DESCOBERTA BRASIL ADENTRO,E TANTOS,TANTOS MAIS PORTUGUESES QUE A HISTÓRIA DE FORMA DIGNA SOUBE COLOCAR EM LUGAR DE DESTAQUE "POR FEITOS NUNCA ANTES OCORRIDOS",COMO PODERIA DIZER LUIS VAZ, ESSE COLOSSO DA CULTURA LUSITANA QUE ALGUNS MIGUEIS DE VASCONCELOS MODERNOS QUISERAM TRANSFORMAR EM MERO PLAGIADOR...

FICA AQUI POIS QUER A CLARIFICAÇÃO RELATIVAMENTE AO GRAU ACADÉMICO,( NÃO QUERO VIR A SER ACUSADO DE QUALQUER SOCRATIANA COMPARAÇÃO DE USO SEM SUSTENTAÇÃO PARA TAL...)
BEM COMO DO ALVO ESCOLHIDO PARA
O ESCRITO QUE SE CINGE A UM PROTAGONISTA,ZÉ SILVA,E NÃO À GENERALIDADE...

PARAFRASEANDO UM CONHECIDO POLÍTICO DA NOSSA PRAÇA, "ELE SABE QUE EU SEI QUE SABE QUE SEI"...

"OPORTUNISTAS ONTEM"
"OPORTUNISTAS HOJE"
"OPORTUNISTAS AMANHÃ"

NADA MAIS VERDADEIRO,JORGE CABRAL...

"O POVO DIZ QUE A GAMELA É A MESMA SÓ OS PORCOS É QUE MUDAM"
JÁ BORDALO FALAVA NAS MOSCAS...

O POVO É SÁBIO ANTÓNIO TAVARES...

"SÃO MUITOS E DESPUDORADOS OS OPORTUNISTAS DA NOSSA PRAÇA"

RETRATO NU E CRU DA REALIDADE, LUIS FARIA...

"O ETERNO DESENRASCANCO À PORTUGUESA" ESTENDEU-SE POR TODA
A PARTE ONDE A PORTUGALIDADE SE FEZ SENTIR...
TENS RAZÃO ROSINHA,IMENSA RAZÃO.

UM ABRAÇO CAMARIGO A TODA A TABANCA.

MANUEL MAIA