sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7764: Obrigado pelas mensagens amistosas que recebi (José Brás)

1. Como já vai sendo habitual, os aniversariantes enviam-nos os seus agradecimentos pelas manifestações de carinho recebidas, quantas vezes em contrapartida com alguns piropos menos agradáveis no resto do ano. Não será o caso do nosso camarada José Brás que nos mandou esta mensagem datada de hoje, dia 11 de Fevereiro de 2011:

Carlos
Como é já dia onze de Fevereiro e depois da bebedeira de mensagens tão amistosas e, de uma ou duas inamistosas que vocês tiveram a gentileza de não publicar, peço-te que publiques, com o texto que junto, o meu agradecimento e o meu abraço a todos, todos, os que se importaram com o meu dia.


Um abraço para ti
José Brás



AGRADECIMENTOS E ABRAÇOS

Vocês sabem que sob este aspecto de rural saloio-riba-alentejano, por baixo deste chão cru que aparento, correm alguns rios de "água-quase-tudo-e-cloreto-de-sódio".

Sabem, porque foram temperados por este mesmo Sol, este mesmo cheiro de pinhais, de mosto doce, de lusitano "mare nostrum"; pela mesma memória de gente brava no arroteio da terra madrasta, no varapau, no foeiro-pau-cajado, na forquilha, na espada ou lança; pelo mesmo sal, o mesmo cabo das tormentas, a mesma esperança de outros cabos, o mesmo odor de enxofre e de capim.

Sabem, porque também vocês se encheram desses rios que às vezes despejam às claras ou na sombra, se um gesto de humanidade; uma mão que se estende solidária, as festas e as tristezas dos amigos, vos apanham de feição.

Portanto, falo com a minha gente e nisso não me encolho.

E as vossas palavras neste dia que já festejei mais vezes do que gostaria, trazem-me tais rios por sob as pálpebras, contidos apenas nos alquevas que ergo contra eles.

Obrigado camaradas por me forçarem a corrente desses rios na amizade que testemunham sem que eu tenha a certeza que poderei honrar no futuro, porque o futuro é hoje o mar bravo que nos ameaça as praias de oiro.

Obrigado a todos vós.
Abraços

...mas esperem lá! Aguentem ainda mais dois minutos enquanto falo de uma outra bebedeira. Não minha porque seria ousadia narcisista continuar a falar de mim e nem fui eu que a tomei mas o Filipe Bento que vocês conhecem, ou o Arnaldo que conhecem menos.

Nasceu o bicho ao lado da adega do avô e cedo se habituou ao cheirinho do carrascão. Um dia, aí p'ros quatro anos, cinco. O avô havia vendido o tinto e o branco, o armazenista comprador tratava de carregá-lo no camião, corria o vinho dos tonéis para o celhão e deste trasfegado por uma daquelas bombas manuais de roda grande e manivela para os pipos da viatura.

Os homens iam trabalhando e conversando enquanto o Filipe ou o Arnaldo, que p'ro caso tanto faz, de mão em concha, enchia e bebia, enchia e bebia.

A certa altura dá em atirar-se ao chão. Levantava-se, caía, levantava e caía até que o pessoal deu por isso, ai Jesus o que é que tem o rapazeco, está doente, chama o Dr. Possolo que diagnostica, o rapaz está é bêbado!

Bem, agora é que vai o abraço amplo, não pela amizade que é coisa que não se agradece, mas pela disponibilidade de a mostrarem no dia de ontem, e talvez, outros ainda, distraídos, no próximo quinze.

José Brás
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7752: Parabéns a você (215): José Brás, ex-Fur Mil da CCAÇ 1622, Mejo, 1966/68 (Tertúlia / Editores)

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro camarigo Zé Brás

É como dizes. A amizade não se agradece, vive-se!
Em todo o caso é bom saber que 'por baixo do corpo rude' há por vezes enxurradas de 'água, quase tudo e cloreto de sódio'.
Afinal, um homem também chora!

Abraço, meu amigo
Hélder S.

Anónimo disse...

Amigo Zé Brás,
Aproveito a oportunidade para perguntar se recebeu em boas condições o que lhe enviei pelo correio.
Um abraço
Filomena