quarta-feira, 27 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8174: Em busca de... (159): Onde é que pára o pessoal da CCAÇ 462? (José Marques Ferreira)




1. O nosso Camarada José Marques Ferreira, ex-Sold Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 462, Ingoré (1963/65), enviou-nos hoje a seguinte mensagem:

Olá camaradas,
O Domingos, cuja história já aqui contei em postes anteriores, contactou-me pelo Facebook.

Por intermédio desta mesma rede social, respondi-lhe e pedi-lhe algumas indicações mais, pois já há muita gente interessada em saber algo sobre ele.

ATÉ AO MOMENTO AINDA NÃO RESPONDEU… Porra!

Passando a outro assunto:

Como já afirmei por meia dúzia de vezes, não tenho grandes histórias para contar da nossa guerra na Guiné, mas lá vou encontrando algum material que penso ter interesse e, assim, aqui estou a enviar mais um texto, com três anexos, sobre o pessoal da minha CCAÇ, que embarcou no «Niassa» e depois de desembarcar nunca mais se juntou.

A LISTA DO PESSOAL DA CCAÇ 462 QUE EMBARCOU EM BISSAU, NO NAVIO «NIASSA», EM 7 DE AGOSTO DE 1965, E CHEGOU A LISBOA NO DIA 14 DAQUELE MÊS

Caros Camaradas, Amigos, Editores e Trabalhadores desta Tabanca Grande, como há muito não deambulava nestas paragens, trago hoje à colação um factor muito usual e frequente nos militares da guerra colonial. Os encontros e convívios que ainda se vão fazendo.

Precisamente para dizer que a subunidade de que fiz parte nunca aderiu, organizou, emparelhou pelo mesmo diapasão. Por outras palavras, nunca ninguém teve a ousadia de tomar a iniciativa para juntar meia dúzia de companheiros (alguns que cimentaram/construíram grande amizades), para realizarmos um encontro/confraternização.

Contra mim próprio viro a arma do comodismo, da indiferença, do deixa andar, do desinteresse…

Como já repeti aqui uma dúzia de vezes, em 1963 as zonas que calcorreámos, registavam grande actividade guerrilheira, atroz e de regulares «estragos» nas nossas tropas.

A esta minha subunidade, não sei porquê, nunca tiveram a ousadia de «chatear», fosse em ataques organizados, emboscadas, assaltos, ou sei lá que mais. Foi uma guerra santa a nossa…

Mas remexendo nos papéis (poucos) que trouxe comigo, encontrei a lista do pessoal que embarcou no navio «Niassa», que apresento em anexo.

Esta lista foi elaborada por mim, logo que nos chegou a informação de que iríamos embarcar, de regresso, no dia 7 de Agosto de 1965.

Neste navio – e sem sabermos um do outro –, vinha como é natural além de muitos outros, um militar que mais tarde se tornou um grande amigo meu – o Armor Pires Mota.

Com esta minha iniciativa, a publicação da lista, espero despertar as saudades em alguns ‘adormecidos’ e fico a aguardar, ansiosamente, que alguns deles me contactem.

Um outro pormenor é que quase toda esta malta é do Norte (carago…) e só meia dúzia é da zona sul (Lisboa a Setúbal).

Com alguns, poucos de Avanca, Cesar, Aveiro e não sei mais onde, já tive contactos. Outros perdi-lhes completamente o rasto… não sei onde param.

Como já disse em outras ocasiões, tivemos duas baixas: uma por acidente ao montar uma armadilha e outra por doença.

Alô! Há por aí alguém à escuta?

Se sim, comentem e informem aqui em baixo, no local reservado a comentários, ou escrevam-me para o e-mail: jmferreira@kanguru.pt

Para todos, nomeadamente os que entretanto ficaram “surdos” e “mudos” até hoje,
Um abraço,
J. M. Ferreira
Sold Apt Armas Pesadas da CCAÇ 462
____________
Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em:

9 comentários:

Hélder Valério disse...

Caro camarigo José Ferreira

É de louvar a tua persistência (e paciência) em procurares 'acordar' antigos camaradas!

E essa lista poderá dar uma ajuda.

Abraço
Hélder S.

José Marques Ferreira disse...

Meu caro Helder Valério;

Estás sempre atento a estas andanças bloguistas. A prova está à vista. Logo de manhã é que se começam os dias.
Obrigado pelo incentivo. O que digo é a verdade, sem tirar nem pôr...

Um abraço,
JM Ferreira

José Marques Ferreira disse...

Há u lapso no texto inserido.
É de inteira justiça e tem toda a justificação que se corrija.
Tratava-se de dizer que nessa lista falta o nome de Vítor Manuel de Oliveira, Alf. Mil. Atirador, que, salvo erro, ficou em Bissau a fazer - ao que se chamava na altura - a liquidação da situação da Companhia.
Este nosso camarada e amigo, era daqui perto, de Avanca, com o qual ainda tive um ou dois contactos.

Penso que fica reposta uma falha que, involuntariamente, estava a provocar.

JM Ferreira

José Marques Ferreira disse...

Isto é uma gaita.
Temos a mania de escrever e depois não reler.
Duaas correcções:
a) - Onde está um «U», quer dizer «um»... lapso no texto.
b) - O nome do ausente da lista, está incompleto: Vítor Manuel de Oliveira e Sousa. Mais conhecido pelo Alf. Sousa, ou Vítor Sousa.

Desculpem-me todos...


JM Ferreira

José Marques Ferreira disse...

Caro M. Ferreira:
Aqui vai o meu comentário ao teu post que, não consegui colocar no sítio devido, não imagino porquê.
Um abraço,
A. Brandão

Caro Marques Ferreira:
Há mil e uma maneiras de chegarmos a bom porto nesta matéria de confraternizações mas, esperar que alguém “bata à porta” e diga, “olá estou aqui”, penso que é pedir de mais. No vosso caso, há algumas coisas contra, passou demasiado tempo, as dificuldades na sociedade, estão à vista, estamos todos “cansados” e, aquele espírito que a todos unia, cada dia que passa está mais ténue.
Recordo-me como se passou com a nossa companhia, chegamos em Abril de 1970. Por razões várias, cada um, aqui e ali, encontrava alguém, inevitavelmente, depois de recordarmos coisas que se passaram, na despedida lá vinha a frase sagrada “temos de nos reunir …”. Em 1981 no dia 1 de Novembro, à porta do cemitério de Antas V. N. de Famalicão, encontro-me com o meu amigo de criança José Eduardo, também ex-colega de turma e ex-camarada de armas. Falamos de tudo e no final lá veio a frase nostálgica “temos de nos reunir …”. Foi a última vez, de imediato pegamos num calendário e marcamos 31 de Julho de 1982. Nem que fossemos apenas os dois, estava marcado. Daí elaboramos uma lista, comunicamos a quem tínhamos o contacto e cada um passou palavra, no dia aprazado, lá estávamos no restaurante que entretanto se negociou. Esta data foi posteriormente ajustada para último Sábado de Maio e alguns anos depois para último Domingo do mesmo mês. Maio é um óptimo mês, os dias são grandes, o tempo está quente, tudo convida. Nunca mais paramos.
Esta é uma das tais mil e uma maneiras, depois, há sempre alguém para assumir a tarefa para o ano seguinte, voluntário ou não.
Um abraço e boa sorte,
António Brandão
Ccaç 2336

José Marques Ferreira disse...

Meu caro Brandão:

Recebi o mail e com aquilo que sei, tentei colocá-lo tal como o enviaste. Ficou lá como o desejado... só que com a minha foto. E pensava eu que, colando o texto como anónimo, não aparecia mais nada. O tanas... lá esta a minha «fronha».
Depois, é inquestionávelmente verdade tudo o que dizes. Mas como nunca nada se fez, tem de existir alguém que mexa alguma coisa e ver o que consegue antes de partirmos para a derradeira...
A forma como expões o teu caso é muito útil, pela experiência vivida.
E acrescentaria mais às dificuldades que apontas. Sendo quase todos do norte, poderia existir alguma facilidade, mas também os conhecia suficientemente bem para dizer que a maioria era de parccos recursos, salvo uns poucos que já encontrei depois da Guiné e que, sabia, vivam razoavelmente bem...
De resto, sendo a maioria do interior transmontano... o que podíamos esperar?
Agradeço imenso a tua intervenção...
Felicidades grandes.

JM Ferreira

Antonio Brandão disse...

Caro M. Ferreira:
Muito obrigado pela ajuda. Não sei o que mudou, se é que mudou, pela 1ª vez não consegui colocar um comentário.
Já agora, mais uma achega ao e-mail anterior. Em 1967 fiz o curso de Operações Especiais em Lamego. Este curso teve privilégio de reunir cerca de 70 almas, desde o extremo Norte do país ao Algarve, passando pela Madeira, Cabo Verde e Angola. O curso nos uniu, a guerra nos dividiu, três anos depois, tirando três mortos em combate, um na Guiné, dois em Moçambique, todos tinham regressado. Em 2005 reuni os contactáveis, seis, num jantar informal no Porto. No ano seguinte apareceu mais um. Em 2008, através o blog do L. G. localizei o Idálio Reis, este conhecia o paradeiro de mais três e, um destes tinha uma lista com o nome completo dos 25 que tinham terminado o curso com aproveitamento. Resumindo em 2010, tirando 13 entretanto falecidos, todos estavam contactáveis.
Deu trabalho? Deu. Essencialmente deu muito gozo.
Para ti, que possuis o nome completo da maioria, com a ajuda das páginas brancas na internet, vai ser fácil.
Mais uma vez muito obrigado, um abraço,
Brandão

José Ferreira disse...

Meu caro Brandão;

É uma boa ajuda, a ideia já experimentada.
Vou tentar.
Quanto ao teu e-mail, fez-se luz. Consegui colocá-lo como se fosses tu próprio a fazê-lo. Como?
Do seguinte modo.
Fiz copia-colar aqui. Depois utilizei os teus elementos:
a) Nome: António Brandão
b) - URL, o teu e-mail.

E ele cá ficou.

Penso que se utilizares a opção «Nome/URL» vbais conseguir. Passa-se qualquer coisa no teu browser, que eu não sei o que é.

Um abraço,

JM Ferreira

Luís Ferreira disse...

Boa tarde,

Ainda alguém procura membros desta CCaç 462?
Sou filho de um radiotelgrafista que esteve na Guiné entre 1964 e Agosto de 1965.
Tentei contactar pelo email do amigo JMFerreira, mas parece que tal já não existe.

Estou disponível para contacto pelo email luis.m.ferreira@aol.com, visto o meu pai não ser ainda muito destas novas tecnologias.

Abraço a todos... e obrigado por este vosso blogue. A mim, enquanto filho pertencente a um geração que nada sabe do que realmente se passou por lá... é o que se diz, um "abre-olhos".