Bom tarde caro camarada Luís Graça
Começo por te dizer que já há bastante tempo que sou um frequentador muito assíduo do blogue.
Depois de muito ler sobre tudo o que se escreveu e se continua a escrever sobre a guerra do ultramar, em especial com o relacionado com a Guiné e sobretudo com o fatídico cerco a Guidaje no qual eu também estive envolvido, pois fiz parte da segunda coluna que conseguiu furar o cerco no dia 10 de Maio de 1973. Como isso não bastasse, em Janeiro de 1974 voltei para lá para colaborar na construção de uma nova picada.
Depois de algumas hesitações, finalmente decidi apresentar-vos um resumo do que ali vivi durante a comissão de serviço, mas antes de entrar nesse período permitam-me que recue uns meses atrás para tentar explicar como o destino, a má sorte ou o que lhes queiramos chamar não permitiu que a minha comissão na Guiné tivesse sido bem diferente do que veio a suceder...
MEMÓRIAS QUE O TEMPO NÃO CONSEGUE APAGAR (1)
Depois ter feito os psicotécnicos no CICA 3 em Elvas, passados uns meses sou chamado para assentar praça no dia 7 de Agosto de 1972 no CICA 2 na Figueira da Foz.
Feita a recruta, eu e pouco mais de uma dúzia de mancebos recebemos guia de marcha para nos apresentarmos no RAP 3 que ficava ali a pouco mais de uma centena de metros, fomos a pé sem qualquer superior a acompanhar-nos e coube-me a mim inclusive transportar debaixo do braço um enorme envelope que continha os documentos respeitantes à nossa transferência. Ai juntamo-nos a mais umas largas dezenas de recrutas que entretanto tinham chegado dos diversos CICAS dispersos pelo país, e demos início à especialidade.
Quando estávamos sensivelmente a meio da especialidade, fomos informados do destino que nos estava reservado, portanto não havia escapatória possível, estávamos todos mobilizados para o ultramar, e os que não iam para a Guiné seguiriam para Moçambique.
Terminada a especialidade, recebemos guia de marcha para o R15 em Tomar onde o BCAÇ 4512 já se encontrava em formação com destino à Guiné. Dos condutores destinados ao Batalhão, quatro de nós tínhamos sido escolhidos para a promoção a cabo, portanto seria um por cada Companhia, tendo sido eu um dos escolhidos para a promoção (assim consta na caderneta militar) e em sorte sou colocado na CCS. Dadas as informações que tinha de quem já vivera essas experiências, para começo não estava de todo mal, já que em princípio me safava às constantes e perigosas colunas com as indesejáveis minas sempre à espreita, pois para além dos serviços inerentes a um cabo condutor sediado na sede do batalhão, estava-me reservado o lugar de fiel do armazém do fardamento e sempre receberia mais uns trocos ao fim do mês.
Quis o destino que tudo saísse ao contrário, então, eu e os restantes três elementos escolhidos para cabos nas restantes Companhias do Batalhão, por não termos tempo de tropa suficiente, pelo menos esta foi a informação que nos chegou, fomos substituídos por Cabos já com algum tempo de tropa, também com o prejuízo destes que já não contavam com tal má sorte.
Embarcámos no dia 6 de Dezembro de 1972, e um dia depois ou seja no dia 7, completámos 4 meses de tropa (usando um provérbio popular isto foi de atar e pôr ao fumeiro).
Cais de Alcântara e a triste despedida dos familiares
Já no Uíge em pleno oceano a caminho da Guiné
Envio um forte abraço a todos os ex-camaradas
Joaquim Cruz
(Continua)
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2. Comentário de CV:
Caro camarada Joaquim Cruz, bem-vindo à Tabanca Grande e a esta tertúlia de ex-combatentes da Guiné.
Finalmente saiu a tua apresentação e o início da publicação de um trabalho que enviaste, subordinado ao tema "Memórias que o tempo não consegue apagar", que como combinámos terá seguimento em próximos postes, já que é muito extenso.
Dei uma vista de olhos ao trabalho, profusamente ilustrado com as tuas fotos legendadas, devidamente integradas no texto. Parabéns.
Posto isto, resta-me deixar-te um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia, editores e demais camaradas que zelam para que este Blogue continue activo e interessante.
Recebe um abraço do camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 4 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10228: Tabanca Grande (353): Humberto Martins Nunes, ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art.ª (Gadamael Porto e Cuntima, 1972/74)
1 comentário:
Caro Joaquim Cruz
É com agrado que te dou as boas vindas sendo tu mais um camarada do Bcaç 4512, partilhamos as mesmas picadas e provavelmente muitos episódios já passados.
Espero com curiosidade, ler as tuas memórias da guerra.
Um abraço
Manuel Marinho
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