terça-feira, 25 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12897: (De) Caras (16): Quem tramou o alf mil capelão Mário de Oliveira, do BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/69) ?... Não foi o BCAÇ 1912 que expulsou o Mário de Oliveira, a PIDE tinha escritório aberto em Mansoa (Aires Ferreira, ex-alf mil inf, minas e armadilhas, CCAÇ 1698, Mansoa, 1967/69)


Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 1912 (1967/69) >  O alf mil capelão Mário de Oliveira entre soldados da CCS/BCAÇ 1912 e/ou da CCAÇ 1686 (que esteve sempre em Mansoa e a que pertenceu o Aires Ferreira, alf mil inf, minas e armadilhas, e membro da nossa Tabanca Grande) . O Mário de Oliveira viria a receber ordem de expulsão da Guiné em 8 de Março de 1968.

Foto: © Padre Mário da Lixa (2003) (com a devida vénia...)

1. Em toda a história da guerra colonial, no CTIG, houve dois casos de capelães militares que foram "expulsos"... Não sabemos ao certo por quem: (i) o bispo castrense (ii) a hierarquia militar; ou (iii) a polícia política ... Eu diria antes que foram dois erros de "casting" (sem que isto nada tenha de ofensivo para com os visados)...

Um deles é o padre Mário de Oliveira, que será sempre até morrer, o padre Mário da Lixa (*)... Foi capelão do BCAÇ 1912 (que esteve sediado em Mansoa, 1967/69)... Recorde-se que o BCAÇ 1912, mobilizado pelo RI 16, partiu para o CTIG 8/4/1967 e regressou a 16/5/1969.. O cmdt era o ten cor  inf  Artur Afonso Pereira Rodrigues. Subunidades de quadrícula:  CCAÇ 1686 (Mansoa); CCAÇ 1685 (Fá Mandinga, Fajonquito,  Fá Mandinga, Mansoa); e  CCAÇ 1684 (Bissau, Ingoré, São Domingos, Susana, Mansoa).

O outro caso de um capelão "expulso" foi o açoriano Arsénio Puim (que deixou, de resto, o sacerdócio em finais dos anos 70): foi capelão do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72).

Curiosamente, os dois são membros da nossa Tabanca Grande... Mas quantos capelães passaram pela Guiné ? É uma boa pergunta, a que não sabemos,  para já, responder...Seguramente algumas largas dezenas ou algumas centenas, já que, em princípio  havia um capelão por batalhão (c. 600 homens)...

Ora, ao que sabemos, foram apenas estes dois homens, e nossos camaradas,  os únicos capelães a entrar  em rota de colisão com a dupla hierarquia da Cruz e da Espada... Não os queremos nem santificar nem diabolizar, mas apenas ouvir (e saber ouvir) as suas histórias... Felizmente estão os dois vivos e têm inclusive participado em convívios anuais dos respetivos batalhões...

Temos cerca de 6 dezenas de referências a capelães no nosso blogue. Aliás,  temos mais dois capelães  registados no blogue:  o Augusto Baptista e  o Horácio Fernandes (este de resto contemporâneo do Mário de Oliveira)... É pena não haver mais capelães da Guiné a querer dar a cara neste blogue, que está aberto a todos os camaradas que por lá passaram, por aquela "terra verde e rubra"...

A nossa pergunta,  de momento, é: quem tramou  o Mário de Oliveira ? (**) (LG)

2. A este propósito, fomos recuperar o depoimento do Aires Ferreira, ex-alf mil inf, minas e armadilhas, da CCAÇ 1686 (Mansoa), do BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/69). O Aires Ferreira esteve em Mansoa de 13/4/1967 a 13/5/1969, e conviveu, portanto, com o Mário de Oliveira, como se depreende deste episodio que ele já aqui em tempos nos contou, aquando da sua apresentação, em  28/7/2006, à Tabanca Grande:


2.1. Missa em Cutia
por Aires Ferreira


Cutia era um destacamento que tinha um grupo de combate e ficava entre Mansoa e Mansabá  e entre o Morés e o Sara - Sarauol.

O Batalhão tinha um capelão que, um certo domingo, lá para o fim de 67, resolveu ir celebrar missa a Cutia. Para isso, arranjou uma escolta de voluntários que, comandados pelo furriel S.S., lá foram, com 2 Unimogues e o jipe do capelão.

A missa foi celebrada e no regresso, um dos Unimogues despistou-se e uma grande parte do pessoal da escolta ficou com ferimentos muito graves, tendo os restantes seguido até Mansoa para pedir auxílio.

Nesse Domingo eu estava de Oficial de Dia ao quartel de Mansoa e desconhecia totalmente este assunto. Cerca da hora de almoço, passava junto à porta de armas, encontrei o Ten. Cor, o Comandante do Batalhão, que me disse:
- Alferes Ferreira, o seu grupo está todo destroçado na estrada de Cutia, o que está aqui a fazer? Vá já para lá.
- Não posso, estou de serviço - disse eu e apontei a braçadeira.
- Dê cá, eu fico com ela. O piquete vai já atrás de si com a ambulância.


Guiné > Região do Oio > Mansoa > c. 1969/71 >
O destacamento de Cutia. Foto de César Dias
Assim foi. Lá fui, munido da pistola Walther, com um condutor que por ali apareceu e chegámos depressa. A cena era trágica. Havia 5 ou 6 militares gravemente feridos e deitados na berma. O único militar que ali estava capaz de dar uns tiros para defender o local, se o IN por ali aparecesse, era … o Capelão, que de joelhos na estrada, junto ao jipe, fazia as suas orações, de G3 ao lado.

Logo de seguida chegou o necessário auxílio e todos os feridos foram evacuados e tratados.

O Alferes Capelão que faz parte desta história era… o Padre Mário Pais de Oliveira, bem conhecido desta Tertúlia,  e a quem envio um grande abraço.

Aires Ferreira

2.2. Comentário adicional  do Aires Ferreira, com data de 15/9/2006:


Igreja de Mansoa. c. 194/66. Foto de Tony Borié

Luís Graça:  Não foi o BCAÇ 1912 que expulsou o Padre Mário do seu seio. Penso que nem tinha autoridade para o fazer. O que aconteceu, foi que o Padre Mário politizou fortemente as homilias das missas dominicais na Igreja Paroquial de Mansoa e isso criou problemas ao Comando do Batalhão. Além disso, a PIDE tinha em Mansoa um funcionário com escritório aberto.

Sei que o Comando foi por várias vezes chamado a Bissau e por fim o Padre Mário saiu de Mansoa. 

Estávamos em 1967, éramos todos muito jovens e acho que faltou uma pitadinha de bom senso ao Padre Mário, para levar a água ao seu moinho. Ele que me perdoe, mas foi o que pensei na altura.

Aires Ferreira




Guiné > Mapa geral da província (1961) > Escala 1/500 mil  > Região do Oio > Detalhe: posição relativa de Cutia no triângulo Bissorã- Mansabá- Mansoa.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)



Padre Mário da Lixa. Foto da sua página,
aqui reproduzia com a devida vénia
2.3. Sobre a sua experiência na Guiné entre finais de 1967 e princípios de 1968,  como capelão militar, o Mário de Oliveira, disse o seguinte:

(...) "Na guerra colonial, vivi integrado no Batalhão 1912, sedeado em Mansoa. Era o único padre capelão. Havia outro padre em Mansoa, mas na igreja da Missão, com quem sempre dialoguei, durante os quatro meses que lá vivi e actuei. Mas como capelão militar era o único padre no Batalhão.

"Enquanto não me expulsaram, pude privar de perto com as diversas chefias militares e com as centenas de soldados rasos que davam corpo ao Batalhão. Encontrei homens que estavam na guerra com convicção. A tese oficial do Regime sobre a guerra estava bem interiorizada neles. E eram generosos, à sua maneira, na entrega de si mesmos àquela causa, sem se aperceberem que era uma causa perdida. Mas havia também os que se aproveitavam da guerra, com sucessivas comissões, bem remuneradas, e quase sempre longe dos perigos das frentes de combate. Dizê-lo, não é novidade para ninguém. E havia os oficiais milicianos que, duma maneira geral, estavam na guerra contrariados e cuja preocupação maior era poderem regressar à sua família e à sua terra sãos e salvos" (...).

Fonte: Vd. post de 27 de Junho de 2005 > Guiné 60/71 - LXXXV: Antologia (5): Capelão Militar em Mansoa (Padre Mário da Lixa) (***)

Num outro texto, também publicado na I Série do nosso blogue, em 17/5/2006, o Mário de Oliveira explicou como é que foi apanhado pela armadilha da guerra colonial e o que é que a sua experiência, como capelão militar no CTIG, representou para ele, como homem, cidadão e padre:

(...) Acordei para a Guerra Colonial, quando, em 1967, fui chamado ao Paço episcopal do Porto - tinha então 30 anos de idade e cinco anos de padre, na Diocese, e era professor de Religião e Moral no Liceu D. Manuel II - para ser informado, de viva voz, pelo Bispo-Administrador Apostólico, D. Florentino de Andrade e Silva, de que o meu nome já tinha sido enviado para Lisboa, pelo que, em breve, iria ser chamado a frequentar um curso de capelães militares, na respectiva Academia Militar!
Não me perguntou o Bispo se eu estava disposto a ir, se tinha alguma coisa a objectar. Não me consultou. Apenas me informou e deu-me a ordem de marcha. Como se a Igreja fosse um enorme quartel, onde a generalidade dos seus membros apenas obedece, cumpre ordens dos superiores, auto-apresentados como infalíveis, como donos da verdade, como rostos visíveis de Deus, senão mesmo, o próprio Deus na terra.

A verdade é que eu, nessa altura, embora ficasse mudo de espanto e como que apunhalado no peito, não ousei sequer contradizer o Bispo. E lá fui para a Academia Militar, com mais umas dezenas de outros padres do país, pelos vistos, todos mais ou menos incómodos, por razões as mais diversas, nas respectivas dioceses.

Ao fim de cinco semanas de curso intensivo, fui dado como apto e parti para a Guiné-Bissau, a fim de me integrar, como alferes capelão, no Batalhão 1912, que já operava militarmente em Mansoa, a 60 kms de Bissau.

Hoje, também eu me pergunto: Como é que isto foi possível? Como é que eu nem sequer me lembrei de formular objecção de consciência? Como é que fui logo obedecer a semelhante ordem? (...)

______________

Notas do editor

(*) Da página pessoal do Padre Mário da Lixa, retirámos alguns apontamentos autobiográficos que nos ajudam a entender melhor a o seu percurso como homem, cidadão e padre bem como a sua curta passagem pela Guiné.

(i) Nascido em 1937, na freguesia de Lourosa, concelho de Santa Maria da Feira, numa família da classe trabalhadora, entrou no seminário em 1950;

(ii) Em 1962, foi ordenado padre, na Sé Catedral do Porto, pelo bispo D. Florentino de Andrade e Silva, Administrador Apostólico da Diocese, que substitui o Bispo D. António Ferreira Gomes (1906-1989), exilado por ordem de Salazar em 1959...

(iii) A partir de 1963 foi professor de religião e moral em dois liceus do Porto;

(iv) Em Agosto de 1967 "foi abruptamente interrompido nesta sua missão pastoral pelo Administrador Apostólico da Diocese, por suspeita de estar a dar cobertura a actividades consideradas subversivas dos estudantes (concretamente, por favorecer o movimento associativo, coisa proibida pelo regime político de então)";

(v) Nomeado capelão militar, "sem qualquer consulta prévia, pelo mesmo Administrador Apostólico", viu-se compelido a frequentar, durante cinco semanas seguidas, um curso intensivo de formação militar, na Academia Militar, em Lisboa;

(vi) Em Novembro de 1967, desembarca na Guiné-Bissau, na qualidade de alferes capelão do Exército português, integrado no BCAÇ 1912, com sede em Mansoa;

(vi) Menos de cinco meses depois, em março 1968,  é "expulso de capelão militar, por ter ousado pregar, nas Missas, o direito dos povos colonizados à autonomia e independência", e mandado regressar à sua diocese, sendo "rotulado pelo Bispo castrense de então, D. António dos Reis Rodrigues, como padre irrecuperável ";

(viii) Em Abril de 1968, foi nomeado pároco da freguesia de Paredes de Viadores (Marco de Canaveses);

(ix) Em Junho de 1969 é exonerado da paróquia de Paredes de Viadores pelo mesmo Administrador Apostólico da Diocese do Porto, que o havia nomeado;

(x) Em Outubro de 1969 está a paroquiar a freguesia de Macieira da Lixa (Felgueiras), por nomeação do Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, entretanto, regressado do exílio;

(xi) Em Julho de 1970 é preso pela PIDE/DGS;

(xii) Em Março de 1971 sai da prisão política de Caxias, depois de ter sido julgado e absolvido pelo Tribunal Plenário do Porto;

(xiii) Volta a ser preso pela PIDE/DGS em Março 1973; quando sai em liberdade, em Fevereiro de 1974, é "informado, de viva voz, pelo Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, que já não era mais o pároco de Macieira da Lixa";

(xiv) Em 1975 torna-se jornalista profissional;

(xv) Em Julho 1995, e a convite do jornal Público, "regressou à Guiné-Bissau, onde permaneceu durante uma semana, com o encargo de escrever uma crónica por dia sobre o passado e o presente daquela antiga colónia portuguesa" (...).




Guiné-Bissau > Região do Oio > Mansoa > 1995 >  O jornalista Mário de Oliveira com o padre missionário que foi encontrar em Mansoa.

Foto:© Padre Mário da Lixa (2003) (com a devida vénia...)


(**) Último poste da série > 21 de fevereiro de 2014 >  Guiné 63/74 - P12753: (De)caras (15): O meu primo Agnelo, e meu conterrâneo da ilha de Santo Antão, comandante do PAIGC, com quem me reencontrei no pós-25 de abril, em Bissau, era eu empregado bancário, no BNU - Banco Nacional Ultramarino (António Medina, ex-fur mil op esp, CART 527, Teixeira Pinto, 1963/65, a viver nos EUA, desde 1980)

8 comentários:

Tony Borie disse...

Olá Aires Ferreira.
Estive dois anos em Mansoa, uns anos antes de todos estes relatos que tão bem explicas.
Assisti quase ao nascer e ao desenvolver do conflito, e claro, o capelão Mário Oliveira, que infelizmente nunca conheci, se tinha coração, depois de ver todo o ambiente de guerra, de miséria, de angústia, que era muitas vezes sustentado pelo, "quero, posso e mando", onde, como era natural em qualquer lugar onde havia um conflito, se davam vivas e expressões de alegria, quando se matava um guerrilheiro, onde a pessoa natural, o indígena, ou seja o habitante da Guiné, era uma pessoa considerada de "segunda classe" e, começasse a explicar o que via, nas suas conversas, numa reunião de pessoas, onde as pessoas se concentram em meditação e ouvem, como no caso da "missa", claro que não era bem-vindo àquele lugar, e por isso foi posto a andar!.
Mas volto ao princípio, onde disse que estive lá em Mansoa, e esta simpática vila, já naquele tempo era uma espécie de segunda base, da polícia do estado naquela província, onde os agentes adoravam vir, pois era muito estimulante dizerem que tinham vindo "ao mato".
Eles vinham quase todos os dias, passear-se, fiscalizar, interrogar prisioneiros, fazer perguntas a nós, por onde costumava-mos passar as horas fora das nossas tarefas, e ao mais pequeno "deslize", já estava-mos com problemas, pois queriam mais e mais informação, faziam relatórios, que nos faziam assinar, eu próprio sofri no corpo esses interrogatórios, como já expliquei em "postes" anteriores, que se prolongaram pela minha vida, mesmo quando regressei a Portugal, e foi esse um dos principais motivos porque emigrei, porque abandonei o meu País, que continuo a trazer no coração.
Ora o capelão Mário, uma pessoa muito "exposta", foi logo posto a andar, pois a sua "linguagem" era inconveniente!.
Acredito, que esses "fdp", correram com o capelão Mário.
Um abraço,
Tony Borie.

Luís Graça disse...

O Horácio Fernandes, meu conterrâneo da Lourinhã e parente (temos bisavós comuns, do lado dos Maçaricos, de Ribamar), esteve no BART 1913,em Catió, de set 67 a mai 69...

Ao que parece, também passou em Bambadinca, foi capelão do BCAÇ 2852, desde maio a dezembro de 69... Foi em Bambadinca que terminoiu a comissão!... Nunca nos encontrámos lá!...

É uma história incrível, aliás eu já não o via desde 15 de agosto de 1959, dia da sua missa nova para a qual fui convidado, como membro da família extensa!...

Em Bambadinca eu não ia à missa e passava a maior parte do tempo no mato... Não me perdoo, pelo facto de nunca ter sabido da sua existência! O memso se passará mais tarde com o Puim: não me perdoo nunca ter ido ouvi-lo, a pregar na capela de Bambadinca, nos dias de missa!... Foi por isso que também lhe puseram os patins!...

Quando nos reencontrámos, ao fim de mais de 50 anos, o Horácio Fernandes contou-me que estivera com o Mário de Oliveira, na Academia Militar, no curso de capelães...

Eram cerca de 20 padres. as maior diocesanos e com "cartas de recomendação dos seus bispos"... Ao que parece, também aqui havia cunhas: a marinha e a força aérea eram ramos das forças armadas mais desejáveis do que o exército... Percebe-se: afinal os capelães tamnbém eram filhos de gente como nós...

Nessa altura, o Mário de Oliveira era um homem discreto que "não fazia ondas"... O próprio Mário reconhece que foi a guerra que o marcou, e para sempre...

O título do poste que publicámos em 17/5/2006, na I Série do nosso blogue, é sugesivo: "Foi em plena guerra colonial que nasci de novo"...

Quanto ao Horácio, que era franciscano, tenho a sua autorização para publicar a parte do seu livro ("Francisco Caboz: a construção e a descontrução de um padre", Porto, Papiro Editora, 2009, 187 pp.), relativa à sua experiência como capelão militar... São cerca de 30 pp., que vou publicar em breve.

Daqui vai um abraço fraterno para os dois, o Mário de Oliveira e o Horácio Fernandes (*). LG

_______________

(*) Francisco Caboz é o seu "alter ego"... O livro é autobiográfico.

Anónimo disse...

Luís! Em Bambadinca só conheci um Capelão, o Puim , a partir de 1970.
Terá mesmo o teu parente lá estado entre Maio e Dezembro de 1969? Sei que na altura bebia uns copos...mas é quase impossível não ter reparado..

Abraço.

J.Cabral

Luís Graça disse...

O Horácio refere explicitamenmte o nome, embora com erro, Ba(m)bandinca, pp. 157/159... Pela descrição que faz, conhecia o setor: ia integrado em colunas até ao Xime, a Bafatá, e inclusive Nova Lamego... Vou tentar reconfirmar!

Luís Graça disse...

Jorge:

Fiquei a matutar no escreveste... Só conheceste um capelão em Bambadinca, o o Puim. E eu também. O Puim veio com os "piras" do BART 2917... Então o BCaç 2852 não tinha capelão ?

Nunca fui á capela de Bambadinca a não ser quando funcionava como capela mortuária...Não posso, pois, jurar que havia padre em Bambadinca... Mas o Beja Santos, por exemplo, ia à missa... Ele pode confirmar quem era (ou se havia) capelão...

O Horácio, ou melhor, o "Francisco Caboz"( o "alter ego" ou pseudónimo: Francisco, de franciscano, e sendo o caboz um peixe, pai pescador...) no seu livro autobiográfico, diz que sim,que esteve em "Babandinca" (sic) e apanhou lá o paludismo, umas semanas antes de acabar a comissão, em dezembro, sendo evacuado para o HM241...

Fala do cinema e das miúdas que, à porta, cravavam bilhetes de entrada "em troca de favores sexuais", mas isso era em Bafatá... (Ou não ?!... Ainda não havia o cinema em Bafatá, estava em construção...).

Por outro lado, ele também visitou Nova Lamego e fala em "estrada alcatroada"... Além disso, não gistava de ficar nos aquartelamentos do setor, por falta de condições (Xime, por exemplço, que ele descreve com rigor mas não nomeia...).

Fica a dúvida (metódica): será que o Horácio esteve mas foi em Bafatá ?

Na História do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), não há capelão, o espaço está em branco... Por outro lado, nos complementamentos/recomplertamentos, de junho a dezembro de 69, não enconcontro o nome dele...

Abraço. Luís

Aqui há gato... Vou ver se lhe telefono ou lhe mando um email... Ele vive no Porto.

Luís Graça disse...

Já perguntie aos "velhinhos" de Bambadinca, do BCAÇ 2852. Mário Beja santos, Fernando Calado, Ismael Augusto e Zé Carlos Lopes:


Lembram-se de algum capelão, oriundo de Catió, de nome Horácio Fernandes, entre junho e dezembro de 1969 ? No seu livro autiobiográfico diz que veio acabar a comissão em Bambadinca, e só podia ser no BCAÇ 2852... O estranho é que eu não me lembro de nenhum capelão e para mais o homem é meu primo!... O Jorhe também não se lembra!...

Puxem pela memória!,,, Abraços. Luis

PS - Ele integra o nosso blogue, há já meia dúzia de referências sobre ele... Clicar aqui:

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Hor%C3%A1cio%20Fernandes

... Por outro lçado, aquando da sua entrada para a Tabanca Grande eu escrevi:

(...) A prova mais espantosa de que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande, fui encontrá-la neste convívio em Porto Dinheiro... Conversa puxa conversa, vim a saber através o Horácio esta coisa espantosa: de setembro de 1967 a maio de 1969, ele está em Catió, no BART 1913... Em maio de 1969, este batalhão acaba a sua comissão e regressa a casa... Como o Horácio é de rendição individual, e ainda lhe faltam alguns meses para terminar a sua comissão, é colocado em Bambadinca, num batalhão que não tinha capelão... Ora este batalhão não é nem nada mais nada menos o BCAÇ 2852 (1968/70)...

Em 28 de maio de 1969, Bambadinca fica ferro e fogo, o Horácio aguenta, estoicamente, o ataque... Eu e os meus camaradas da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 estávamos a chegar a Bissau no T/T Niassa... Em 2 de junho, passei por Bambadinca a caminho de Contuboel. Menos de dois meses depois, a minha companhia é colocada em Bambadinca, setor L1, como subunidade de intervenção. Nem eu nem o capelão Horácio Fernandes nos haveremos de encontrar nos meses em que estivemos no mesmo sítio, comendo e dormindo a escassos metros um do outro (...)

12 DE JULHO DE 2012
Guiné 63/74 - P10145: Tabanca Grande (348): Horácio Neto Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1911 (setembro de 1967 / maio de 1969) e BCAÇ 2852 (Bambadinca, maio/dezembro de 1969), nascido Maçarico, natural de Ribamar, Lourinhã, grã-tabanqueiro nº 565...

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2012/07/guine-6374-p10145-tabanca-grande-348.html

Anónimo disse...

Fernando Calado
25 mar 2014 17:40

Luís Mário, Ismael, José, Joao, Jorge

Caros amigos,

Entrei em Bambadinca(1968) e saí de Bambadinca(1970) integrado no BCAÇ 2852 e não me lembro do capelão Horácio Fernandes.

Um grande abraço

anonimo disse...

Mais uma prova da culpa da Igreja católica, embora alguns membros tomassem consciência e tomassem a sua posição, ao contrário a hierarquia era tudo menos cristã