quarta-feira, 22 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19815: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXX: Viagem, de regresso, do Gabu a Bissau, em 26/2/1968: no 'barco turra', a partir de Bambadinca (II)



Foto nº 1


Foto nº 2

Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 6A


Foto nº 7


Guiné > Comando e CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 26 de fevereiro de 1968 > Viagem de regresso a Bissau, atravessando as Regiões de Gabu e de Bafatá, em coluna militar, e depois de barco, a partir de Bambadinca. Até ao Xime e foz do rio Corubal ainda era região de Bafatá. Mato Cão ficava a seguir a Bambadinca, ainda no Geba Estreito (que ia até ao Xime). Jabadá já ficava na região de Quínara, na margem esquerda do rio Geba, no estuário do Geba, já muito depois da Foz do Rio Corubal. [Vd. carta de Tite]

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); é economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde; tem mais de 130 referências no nosso blogue- (*)



CTIG/Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:


  T047 – REGRESSO DAS TROPAS EM 26FEV68  -  O BCAÇ 1933  RIO GEBA ABAIXO  (2)


I - Introdução do tema:


Continuação da série de Temas para Postes, relativos à chegada do Batalhão à Guiné, as viagens para Gabu pelo Rio Geba acima, as colunas militares por estrada, as festas de despedida no Gabu com batuques e roncos à mistura, o regresso pelo mesmo caminho, Bambadinca, até Bissau, antes de partir novamente para o novo destino, São Domingos, Rio Cacheu acima, sem fotos.

Após as despedidas no Gabu, chegou o dia do regresso, em colunas militares, por terra, até Bambadinca, e por via fluvial, no Geba, até Bissau. A viagem correu normal, nada havendo a assinalar, excepto as más condições da viagem, e juntos com a população civil, que precisava também de boleia.

II - Legendas das fotos:

F01 – Passagem da coluna fluvial pela Mata do Oio [?], empoleirado no barco, de G3 em riste, como se estivesse a fazer um cruzeiro de férias e caça ao Burro. Acho que estamos na zona do Rio Geba Estreito, pois as margens estão perto, mas não sei. Espreitando melhor a foto, acho uma imprudência minha, a arma está carregada e de certeza com bala na câmara, um pequeno descuido, um tiro, com o cano encostado à cara, pelo menos ia a orelha e os óculos… Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.

[Virgílio, querias dizer Mato Cão, mas não, já não é o Geba Estreito. já passaste o Xime, a caminho de Bissau... Aqui começa o estuário do Geba, podias ir tranquilo, a partir da Foz do Rio Corubal...LG]


F02 – No ‘Barco Turra’, o apetite aperta, e lá vai um pouco de ração de combate. Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.

F03 – Depois do ‘almoço’ ou ‘jantar’ tocar viola para desanuviar o ambiente. Ao meu lado o soldado condutor Espadana, o nosso chefe de mesa na messe de oficiais. Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.

F04 – Passagem da ‘coluna fluvial’ por um aquartelamento algures no caminho de Bissau. Está escrito no verso de outra fotografia que se trata de ´Jabadá’. Foi alguém que o disse. Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.

F05 – Momento de atenção das tropas, porque o barco está a passar pela mata do Oio [?] e pelo que dizem os mais conhecedores, é perigosa. Por isso a arma G3 sempre presente. Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.

[, Virgílio, a avaliar pela distância da margem esquerda do Rio Geba, já estás longe do temível Mato Cão, e não Oio...LG]

F06 – População civil, viajando no mesmo ‘barco dos turras’ com a tropa. Dizem que assim era menor a probabilidade de serem atacados no rio. Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.

F07 – A noite está a cair por volta das 18 horas da tarde, o barco está a entrar no ‘estuário do Geba’, em breve todos estão em terra firme e segura em Bissau. Na hora da refeição, tomando o petisco, as rações de combate, nada mau. Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu e chegada a Bissau já noite, no dia 26 Fevereiro 1968.

Direitos de Autor:

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM.

Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ 1933 / RI 15, Tomar,

CTIG/Guiné de 21 Set 67 a 04Ago69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos,».

Acabadas de legendar em 2019-03-19

Virgílio Teixeira



Guiné > Região de Quínara > Mapa de Tite (1955) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Jabadá, na margem esquerda do rio Geba, entre a foz do rio Corubal e Bissau.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)


_______________

7 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Belíssimo instantâneo, a foto nº 6... Já a tinha visto e comentado algures...Parece-me ser uma jovem casal fula com uma criança de peito... Iam para Bissau no "barco turra", e não no "barco dos turras"... Chamavam-se assim as embarcações civis que faziam a carreira Bissau-Xime-Bissau ou Bisssau-Bambadinca-Bissau... O pai do Manuel Amante da Rosa tinha uma carreira diária para o Xime... É possível que elementos do PAIGC, militantes ou simpatizantes, também utilizassem este meio de transporte... Não havia outros, a não aéreos. Mas a avioneta (civil ou militar) era um luxo... Muitos de nós, quando íamos a Bissau, utilizávamos o "barco turra"... Fardados, mas desarmados... Sem escolta, confiando na segurança que se fazia no Mato Cão e na Pona Varela...

O Zé Turra atacava ou flagelava estas embarcações, independentemente de levar militares ou civis ou carga da Intendência... Está por fazer o história desta gente valente, a tripulação, que andava nos "barcos turras"... Deviam ser manjacos e papéis...

Tabanca Grande Luís Graça disse...



Temos vários postes sobre os "barcos turras", como o "Bubaque" que foi atacado, por engano, em São Blechior, perto de Bambadinca, em 1/6/1973... Era do pai do nosso camarada Manuel Amante da Rosa, ex-fur mil, QG/CTIG, Bissau,1973/74 (embaixador plenipotenciário da República de Cabo Verde em Itália desde 16/1/2013, e agora também em Malta; membro da nossa Tabanca Grande):


19 DE NOVEMBRO DE 2014
Guiné 63/74 - P13914: (Ex)citações (248): Ainda a embarcação "Bubaque", antiga LP4, antiga traineira de pesca algarvia... Comprada como sucata à Marinha, foi a embarcação da carreira regular Bissau-Bambadinca- Bissau (Ambasciatore Manuel Amante da Rosa)


Anónimo disse...

As tuas explicações das fotos são verdadeiras lições de Geografia avançada, cada vez fico a saber mais sobre os sitios por onde andei. Só posso agradecer. Essas dos barcos turras, já tinha percebido e agora depois de ler o link sobre isso fiquei mais esclarecido.

As fotos do Humberto Reis, são um belíssimo documento, não tive a esperteza de fazer outras fotos em vez de bater na mesma coisa, os anos passaram, nada a fazer. Vou vendo agora aquilo que vi e não fotografei.
Todos esses sitios estive por lá, só não conhecia os pormenores. Não ligava muito a isso, e as viagens no Rio Geba, para baixo e para cima, só apreciava os belos locais, mas não sabia por onde andava. Agora vou sabendo mais, e tenho um professor que sabe dessas coisas melhor que ninguém, mas também andaste por lá dois anos, e já eu levava dois de avanço, as coisas mudaram muito.
Não conhecia as instalações de Santa Luzia para os Sargentos. As fotos do Rosa são novidade para mim, nunca reparei que andaram a fazer instalações - dormitórios e piscina para os Sargentos, é uma novidade. E ainda bem. No meu tempo aquilo, pensava eu, era só para oficiais, a Piscina, por onde passei tantas vezes, e tantas fotos tenho iguais e parecidas com essas que agora estou a ver. Estão nos meus postes, nos capítulos a que chamei de 'As minhas férias na Guiné'.

Essas novas instalações que fizeram, e os barracos do Biafra, foi tudo abaixo, quando estive ali instalado em 1984 e 1985, estavam nesses locais novas vivendas de raiz que faziam parte do denominado 'Hotel 24 de Setembro' em Santa Luzia.

Li os teus comentários no Poste anterior, e agradeço a compreensão, e eu é que tenho de agradecer por ter entrado nesta grande família, mas à qual nunca consegui adaptar-me, que já comentei e não interessa voltar a comentar.

Antes de mais, quero desejar que tudo corra bem nesse teu grande projecto do XIV encontro de Monte Real, e 'mantenhas' para aqueles que de algum modo me conhecem.

Abraço amigo,
Virgilio Teixeira




Anónimo disse...


Poste 19815:

Sobre o meu novo projecto, vai de vento em popa, todos os dias tenho novas fotos.
Ontem mesmo de tarde, fui com a minha mulher no Metro até ao Porto, ela ficou lá, foi encontrar-se com a minha filha mais velha, e andaram às compras.
Eu continuei até ao Porto da minha infância, fui à minha casa de Monsanto, já em grande degradação, e fiz um percurso de 3 horas, sempre a pé, pelos sítios onde cresci. Os campos de cultivo, ainda a maioria lá estão, para onde ia brincar aos Índios. Passei por imensos locais que já não ia há muito tempo, claro que nada é como era, embora essa zona teima em não progredir, e agora com obras de vulto das Águas está um pandemónio.
Fiz 110 fotografias, vou ter de as numerar e legendar, e já tenho muitas que estão a aguardar. Acho que já fiz este mês mais de 1000 fotos.
São no fundo um complemento daquilo que estou a descrever a que chamei 'A minha vida'. Agora serão as minhas imagens, da minha vida. Vou passar tudo a pente fino, desde aquilo que me lembro, as escolas, os locais onde vivi, os pormenores de tudo, o jardim da Arca de Água, fiz a foto do Banco do jardim em que pedi 'namoro' à minha mulher, os cafés que frequentamos, o café do primeiro lanche que lhe paguei, os sítios onde estudei, agora só sonho com isto, vai ser outra paranoia.
Claro que tenho muitas fotos, não muitas, algumas fotos, dos tempos dos anos 50 e 60, que vou ter de digitalizar e organizar com as actuais, a minha cabeça não está parada, tenho de saber organizar isto, senão vou perder-me no meio de tanta coisa.

... continuja

VT/.

Anónimo disse...

Poste 19815:

O meu amigo Mário Ferreira, de infância, de jogar à bola na rua, rapaz sério, amigo, mas básico, quero dizer não tem instrução mais do que a 4ª classe. Esteve na Guiné, eu ando a puxar por ele, quase não se lembra de nada, mas sabe que foi em 1968 no Ana Mafalda, veio em 1970 no navio de TT Carvalho Araújo, na sua última viagem, e chegou no dia do Funeral de Salazar, pelo que não ouve lugar a cerimónias.
Esteve em Bedanda e Guilegue, Gadamael, Catio, etc, nem ele sabe bem, era o atirador dos Obuses 120 ou 140, não sei bem. Ele diz que não utilizavam muito a nossa artilharia pesada, pois as ameixas caiam em Guiné Conacri, e havia problemas políticos, ele não sabe bem explicar, mas eu estou a par disso. Encontrei-o uma única vez em Bissau, em 1969, ele veio engessar um braço que tinha partido em serviço, levei-o a jantar ao Grande Hotel, onde só paravam a alta burguesia e altas patentes, e nessa noite lá estava o Spínola e outros.
Lembro-me dos olhares de reprovação, ambos fardados, eu normal, ele com a sua farda Nº 1 - calções curtos meios rotos, camisa aberta de manga curta, o braço ao peito engessado, e lá fomos servidos por empregados de luva branca, sob os olhares reprováveis da restante clientela. Depois nunca mais nos vimos, só quando chegou, depois ainda veio a minha casa em Vila do Conde, já eu estava casado, passar o ano de 1970/71, ainda hoje fala nisso, pois ele e outros meus amigos e familiares, ficaram toda a noite deitados no chão da sala a dormir, depois de me beberem as minhas mais caras bebidas compradas com os Pesos da Guiné, à volta da lareira sempre acesa, pois não tinha camas para todos.

Ele disse-me ontem todo animado que a irmã dele, que deve ser da minha idade, lhe tinha encontrado as suas fotos da Guiné que ele tanto procurou, vai dar-me para as digitalizar, e deve dar um Bom Poste, julgo eu. Talvez alguém se lembre dele, era do BAC - Bateria de Artilharia de Campanha. Acho que ele sabe o nome de um dos Capitães por onde passou.

São estes os nossos amigos - de peito - que não podemos largar. Ainda sou eu que lhe faço a declaração do IRS, tinha-me esquecido e fiz ontem na Net.

Também queria desejar que tudo corra bem no casamento do filho do teu amigo, que dizes ser Economista e Gestor como eu, e que tinha a minha especialidade na Guiné - Administração Militar!
Então ele devia ser Chefe de um Conselho Administrativo de um Batalhão de Reforço, ou de uma Unidade fixa da Guiné, tipo, QG, HMP241, Adidos, Base Aérea, Comandos, Paras, Fusos,
Amura, Clube Militar, etc...

E boa estadia no Funchal.

Vamos falando,

Virgilio Teixeira
Em, 2019-05-23

Carlos Vinhal disse...

Caro Virgílio Teixeira, ainda vais conseguindo surpreender a tertúlia.
Ao limpar a minha caixa de correio dei com este teu comentário, mais um pérola de tua autoria.
Dizes do teu amigo Mário Ferreira: "O meu amigo Mário Ferreira, de infância, de jogar à bola na rua, rapaz sério, amigo, mas básico, quero dizer não tem instrução mais do que a 4ª classe".
Se eu tivesse um amigo que me classificasse publicamente de básico só porque a minha instrução era a 4.ª classe, riscava-o do meu grupo de amigos.
Mas como no melhor pano cai a nódoa, escreves um pouco mais à frente: "chegou no dia do Funeral de Salazar, pelo que não ouve lugar a cerimónias".
Provavelmente o teu amigo Mário Ferreira ao dizer-te que não houve lugar a cerimónias, esqueceu-se de te dizer que aquele "ouve" era uma forma do verbo haver.
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira

Anónimo disse...

Não percebi este comentário, só vi agora.
O meu amigo, básico, são estes os nossos amigos, com ou sem instrução.
Levei-o a jantar comigo no Grande Hotel de Bissau, onde estava lá também o Spinola,
não tive vergonha, ele ia de calções básicos e braço engessado, eu ajudei-o a comer pois não podia só com uma mão, sob os olhares incrédulos dos empregados pretos e luvas brancas, e o Spinola a olhar por baixo do seu 'caco'.
Onde está essa observação, onde querias chegar?
Ainda na semana passada esteve em minha casa a almoçar, onde muito poucos se podem gabar!
VT/.