quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22881: Colóquio - O Regimento de Cavalaria N.º 6 na Guerra Colonial: Perspetivas Locais e Globais - levado a efeito no passado dia 23 de Novembro de 2021, em que participaram os ex-Alf Mil Cav Ernestino Caniço, CMDT do Pel Rec Daimler 2208 e Francisco Gamelas, CMDT do Pel Rec Daimler 3089 (Ernestino Caniço)


Mensagem do nosso camarada Ernestino Caniço, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá e Mansoa; Rep ACAP - Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica, Bissau, Fev 1970/DEZ 1971, com data de 31 de Dezembro de 2021:

Caros amigos:
Realizou-se em 2021.11.23 no auditório da Universidade do Minho o Colóquio “O Regimento de Cavalaria N.º 6 na Guerra Colonial: Perspetivas Locais e Globais”.

No programa em anexo, constava uma sessão subordinada ao tema “Vivências e Testemunhos Cruzados do Regimento de Cavalaria N.º 6 na Guerra Colonial”, integrando uma Mesa Redonda com Antigos Combatentes mobilizados pelo Regimento de Cavalaria Nº 6.
Uma vez que o nosso contacto com o Sr. Comandante do RC 6 (Coronel Miguel Freire) partiu do Blogue, foi-me solicitado pelo Carlos Vinhal que fizesse um apanhado e considerações sobre o evento.[1]

O objetivo desta sessão é ajudar a compreender, pelo testemunho pessoal, a dimensão humana, mas também a técnico-militar, do que foi cumprir o serviço militar com uma mobilização num pelotão de reconhecimento Daimler para um dos teatros de operações.
A participação de ex-combatentes no painel, foi precedida de entrevistas moderadas pelo Sr. Comandante do RC 6 e pelo Professor Francisco Mendes da Universidade do Minho.
Compete-me realçar que na receção para as entrevistas em que participei eu e o camarada e amigo Francisco Taveira, fomos acolhidos com elevação, nomeadamente com tratamento principesco por parte do Sr. Comandante do RC 6, Coronel Miguel Freire.



Os ex-combatentes que participaram no painel foram apresentados por ordem cronológica de prestação do serviço militar pelo Sr. Comandante do RC 6:

- O antigo Tenente Mário Sampaio Nunes que foi Comandante do Pel Rec 1166. Este pelotão esteve em Moçambique, entre fevereiro de 1967 e março de 1969, e o então Alferes Sampaio Nunes comandou o pelotão, em rendição individual, entre dezembro de 1967 e fevereiro de 1969, por passagem à disponibilidade por doença do anterior comandante de pelotão. Hoje é um oficial do exército reformado, com 77 anos de idade.

- O antigo Alferes Ernestino Caniço que foi Comandante do Pel Rec 2208 e que esteve na Guiné entre janeiro de 1970 e dezembro de 1971. Hoje é um médico reformado, mas ainda a exercer, com 77 anos de idade.

- O antigo Alferes Francisco Gamelas que foi Comandante do Pel Rec 3089 e que esteve na Guiné entre novembro de 1971 e outubro de 1973. Hoje é um engenheiro reformado, com 72 anos de idade.

- O antigo 1.º Cabo Bernardino Lima que foi Condutor/Apontador de Daimler no Pel Rec 3083 que esteve na Guiné de novembro de 1971 a outubro de 1973. Hoje é um fiel de armazém reformado, com 71 anos de idade.

Podemos considerar a sessão um putativo sucesso, face ao surgimento de alguns indícios, como os comentários enaltecedores de representantes de instituições militares e civis.

Não posso deixar de enfatizar a presença maioritária (e intervenções) dos estudantes de história da Universidade do Minho, com o anfiteatro repleto, demonstrando um interesse (para mim inesperado) da juventude por esta temática.

Permito-me por fim evocar uma frase do Sr. Comandante do RC 6, Coronel Miguel Freire: "Foi para mim um imenso orgulho e engrandecimento humano ter privado com cada um de Vós, por ocasião da preparação do nosso Colóquio de 23 de novembro".

Renovo os votos de um ótimo 2022, já com algum remanso do “Cobicho”

Um abraço,
Ernestino Caniço

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Nota do editor

[1] - Vd. poste de 10 DE SETEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22531: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (88): O Regimento de Cavalaria n.º 6 de Braga, juntamente com a Universidade do Minho, está a organizar um colóquio e uma exposição (a acontecer em 18NOV21) sobre o esforço de mobilização do RC6 em PelRec Daimler para os três Teatros de Operações. Procura-se antigos CMDTs Pel Rec Daimler para possível colaboração no evento

3 comentários:

Hélder Valério disse...

Caro amigo e camarada da Guiné Ernestino Caniço

Não sei se já tinha constatado que, em algum lapso de tempo, fomos contemporâneos na Guiné.
Se sim, releva. Se não, aqui fica uma coisa interessante que é o facto de teres feito a comissão de Fevereiro de 70 a Dezembro de 71, sendo que eu fiz de Novembro de 70 a Novembro de 72.
O que ressalto é que, para além do Pel Rec 2208 estiveste, presumo que depois, na ACAP, ou seja, na parte final da comissão, nos últimos meses de 71, sendo que eu, depois de ter estado cerca de 6 meses em Piche, fui para o Centro de Escuta onde, entre outras coisas, fazíamos recolha de material que se enviava precisamente para a ACAP, e aí cabe o intervalo de tempo de Maio a Dezembro de 71, onde então será suposto ter contribuído com materiais para o teu (vosso) trabalho.

Agora, em relação a esta tua participação no evento, é de realçar a boa dica do Carlos Vinhal em fazer o pedido de reportagem que, diga-se em abono da verdade, está muito bem feita.

E registo também, com agrado, o que dás conta e escreves nos últimos parágrafos quanto à assistência, sua quantidade, qualidade e interesse pelos assuntos versados, bem como pelas sempre gratificantes palavras do Sr. Comandante do RC6.

Abraço e Bom Ano Novo.

Hélder Sousa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Congratulo-me, em meu nome pessoal e em nome da Tabanca Grande, pela realização deste evento e pelo seu sucesso. Parabéns a todos os intervenientes e, em particular ao senhor comandante do RC6 pela sua forte ligação à comunidade em que está inserido, e a sua articulção à Academia, a quem cabe produzir conhecimento científico, mas também o seu sábio e oportuno entendimento de que um há, por parte dos antigos combatentes da guerra colonial / guerra do ultramar, um imenso capital de memórias (e afetos) que seria uma pena a instituição militar, e nomeamente o Exército (e neste caso a arma de cavalaria) ignorar, esquecer ou escamotear. Vejo também com agrado os meus colegas das ciências sociais da Universidade do Minho abrirem também as suas "portas" à "caserna castrense"... Todos temos a ganhar. Parabéns.

Obrigado aos nossos grã-tabanqueiros Ernestino Caniço e Francisco Gamelas por terem representado a Tabanca Grande seguramente com muito brio,competência e saber. Estou grato também ao nosso coeditor Carlos Vinhal por ter, discretamente mas sempre com muito empenho, a ligação do nosso blogue à instituição militar e aos nossos camaradas da arma de cavalaria.

Fico com pena de, pessoalmente, ter perdido este evento. Mas mais oportunidades surgirão.

Boa saúde, bom trabalho, bom ano novo...

O editor, Luís Graça

Anónimo disse...

Caros amigos
Grato pelas amáveis palavras.
Entre outras, a minha função principal na ACAP era o acompanhamento das populações, pelo que não me era disponibilizado o resultado das escutas.
Uma outra função era a feitura de ofícios, para validação do Chefe da Repartição, para envio em nome do Governador e Comandante Chefe, General Spínola.
Sobre os comentários às nossas participações no Colóquio, não me compete transmiti-los sob pena de ser considerado imodesto.
Renovo os votos de um ótimo 2022.
Abraço,
Ernestino Caniço