sábado, 21 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23282: "A Minha Passagem pela Guiné-Bissau em Tempo de Guerra" (António Sebastião Figuinha, ex-Fur Mil Enf) Parte V

1. Parte V da publicação do texto de memórias "A Minha Passagem pela Guiné-Bissau em Tempo de Guerra", de António Figuinha, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCS/BCAÇ 2884 (Bissau, Buba e Pelundo, 1969/71)


A MINHA PASSAGEM PELA GUINÉ-BISSAU EM TEMPO DE GUERRA

António Sebastião Figuinha
Ex-Furriel Miliciano Enfermeiro
CCS/BCAÇ 2884
1969/1970/1971
Parte V

Como já tive ocasião de mencionar atrás, tudo fiz para criar todas as condições que me levassem a ter uma comissão tranquila o mais possível nesta minha passagem pela Guiné. Porém, nem o Comandante nem o segundo Comandante me deram tréguas até ao último dia que passei no Pelundo.

Depois de logo no início ter recusado ao segundo Comandante (Major Pinho) o álcool para limpar o cachimbo, tivemos mais uma pega passado pouco tempo.

De Bissau, e juntamente com os medicamentos que mensalmente eu requisitava, o primeiro-sargento da CCS, que chefiava este serviço, juntou particularmente umas embalagens de Dum-Dum para o pessoal de saúde. O Major, que mal desconfiava da chegada dos caixotes com material sanitário, aproximava-se da porta do posto médico para dar uma espreitadela ao que vinha nos ditos caixotes. Ao ver as embalagens de Dum-Dum, voltou-se logo para mim dizendo que ele e o Comandante também tinham direito a serem contemplados. Para me ver livre dele, dei-lhe duas embalagens com a condição de uma delas ser para o Comandante.

Passados dois dias já estava a pedir mais uma embalagem porque já tinha gasto a que lhe tinha dado. Disse-lhe que não, já que as existentes eram do pessoal de saúde porque se tratava de uma oferta tal como dois frascos de “Oratol” que me eram oferecidos. Zangou-se ficando furioso comigo. Acabei de o comtemplar com um frasco de inseticida para encher uma bomba a fim de matar os mosquitos.

Este Major criou o hábito de pedir às jovens que o deixassem tirar-lhes fotografias. Mas tentava sempre que colocassem as mamas ao léu para mais tarde as poder projetar. Não concordando eu com a atitude deste homem e militar com grandes responsabilidades, contrariando também com tudo que eu tentava fazer junto da população, falei com as jovens para não se deixarem fotografar. Sabendo que a recusa delas se devia a uma ordem minha, fez-me ameaças de prisão para mim mal me apanhasse em falta. A guerra entre nós dois acentuou-se. Eu já não podia ver semelhante militar.

Deste modo, e dado me ameaçar com prisão constantemente, todas as oportunidades que fui tendo para lhe moer o juízo, tudo fiz para não deixar perder nenhuma.

Em frente da residência que tinha sido construída para os Professores que fossem colocados no Pelundo, para dar aulas na Escola anexa a esta residência e, quase também em frente desta, foi também construído um chafariz. No dia da sua construção, foi colocado um Milícia a vigiar o mesmo, enquanto o cimento estivesse fresco.

Nessa tarde, e como era meu hábito entre o fim da hora de serviço e o jantar, fui dar o meu passeio pela aldeia. Aproveitei também para ir dar uma injeção à Professora. Esta, encontrando-se adoentada, solicitou-me que o tratamento que o médico lhe havia receitado não fosse efetuado senão por mim e na sua residência, já que no Posto Médico não havia a privacidade que ela desejava ter.
Nessa tarde, aproveitei também para ver o chafariz e conversar um pouco com a Professora mais o irmão que vivia com ela. Depois de lhe ter administrado a injeção convidaram-me para jogar com eles uma partida de cartas.

Estávamos os três (eu a professora e mais o irmão desta) assim entretidos, quando o Major passou de jipe em frente do chafariz e não parou, seguindo em frente nessa estrada que poucas casas ou palhotas tinha. O tempo passou e começou a escurecer. Comentei para a Professora e para o irmão que estava a achar estranho não ver o Major de regresso para o Quartel. Nisto, o Milícia, que se encontrava como atrás descrevi a guardar o chafariz, veio ter comigo dizendo-me baixinho que o Major se encontrava na esquina de uma palhota e atrás da residência da Professora a espiar-me. Como já era bem escuro, levantei-me do lugar onde me encontrava sentado e, elevando bem a minha voz preguntei: – Quem será o filho da p… que se encontra ali no escuro a espiar-nos? – Ora se fosse a espiar a c… da mãe dele! Regressei ao meu lugar e reparei que a Professora tinha ficado vermelha que nem um tomate bem maduro apesar de ter cor bem morena. Baixinho, foi-me dizendo que eu poderia vir a ter graves problemas com Major. Voltei a levantar a minha voz dizendo que de noite todos os gatos são pardos. Continuei dizendo que quem quer que fosse e que estivesse ali a espiar-nos não passava de um cobarde. Deixei-me ficar por mais cerca de uma hora e só depois me dirigi ao Quartel. Confesso que mal dormi nessa noite.

Na manhã seguinte e como me era habitual, fui tomar o pequeno-almoço já com a messe de Sargentos fechada. Estava eu tranquilo a beber o café com leite quando entra de rompante o Major gritando para os cozinheiros e dando-lhes uma grande reprimenda por me estarem a servir o pequeno-almoço aquela hora. Foi dizendo que ele o Major e Segundo Comandante levantava-se antes das sete da manhã para tomar o pequeno-almoço antes das oito horas e, por isso, não tinham que me estar a servir naquela hora. Estes, muito aflitos e tremendo como varas verdes, responderam-lhe que não eram capazes de me negar o pequeno-almoço naquela hora até porque eu estava sempre disponível para eles fosse a que horas fosse. Achei então que deveria interferir e virei-me para o Major disse-lhe. – Eu, Figuinha de nome e Furriel Enfermeiro, levanto-me pelas oito horas da manhã para tomar o pequeno-almoço antes das nove horas, mas Major, se o senhor partir a cabeça pelas três da manhã, esteja descansado que me levantarei para lhe cozer a cabeça. Vendo que eu lhe tinha tirado os argumentos, virou o disco à conversa e pediu-me para ir ver uns pés de tomateiros que havia mandado plantar em volta do refeitório das praças e que, segundo ele, estavam a morrer. Respondi-lhe que fosse andando que eu lá iria dar uma espreitadela. Assim o fiz.

Na verdade, quando cheguei junto aos tomateiros, verifiquei que estavam morrendo.
Apareceu junto a mim o condutor do Major muito aflito com o que estava acontecendo e foi-me contando que tinha perdido o adubo que o meu colega da Granja de Teixeira Pinto lhe tinha entregado a meu pedido. Como o adubo era parecido com o sal, foi à cozinha pedir aos cozinheiros uma quantidade que aplicou junto aos pés dos tomateiros. Fiquei rapidamente a saber as causas da morte destas plantas. Baixinho, não fosse o Major ouvir já que não se encontrava muito afastado de nós, disse-lhe que o sal tinha queimado as plantas.

O soldado ficou logo a tremer de medo das possíveis consequências que lhe poderiam acontecer acaso o Major viesse a saber. Tranquilizei-o, dizendo-lhe que eu não diria nada ao Major e que iria tentar encontrar outras justificações para o sucedido. Calmamente, fui verificando os caules das plantas procurando alguma causa. Encontrei logo de seguida um tomateiro atacado pela rosca que perfurando o caule o fragiliza. Esta lagarta, eliminando o cerne por onde a planta se alimenta, provoca-lhe a morte. Chamei o Major para lhe mostrar a lagarta causadora da doença.

Neste mesmo instante passava por nós um cabo cripto que vinha assobiando de contente. O Major chamou-o gritando e perguntou-lhe de onde vinha. O cabo respondeu que vinha da aldeia. Então, a besta do Major aplicou-lhe logo uns murros e pontapés ao mesmo tempo que lhe ia dizendo que sendo detentor de segredos militares, não podia nem devia andar a passear fora do Quartel. Eu, apercebendo-me que o Major estava a vingar-se nele por não ter tido hipóteses de se vingar em mim, intervim dizendo-lhe que era uma barbaridade o que estava a acontecer. Parou, respirando fundo, lá foi pedindo-me desculpas dizendo-me que tinha perdido a cabeça.

O dia não ficou por aqui. Disse-lhe para ir até ao Posto Médico que eu iria a seguir ter com ele para lhe dar um remédio para aplicar nos tomateiros a fim de matar a lagarta.

Estava eu aproximando-me do mesmo, verifiquei que o Major atrevido foi apalpar as mamas de uma moça que esperava por consulta. Ela virou-se num repente, pregando-lhe uma valente bofetada. O Major recuou atarantado. Porem, foi perguntando se só o Furriel Figuinha tinha ordem de lhe apalpar as ditas mamas. A moça, sem mais, levantou a blusa e virando-se para mim pediu para lhas apalpar dizendo que a mim dava autorização para o fazer. Ele, ficando pálido, virou as costas, mas foi-me dizendo que ao meu mais pequeno descuido me aplicaria quarenta dias de prisão. Não lhe dei qualquer troco. Até ao fim da comissão as guerras entre nós os dois foram uma constante.

Um outro acontecimento, bem desagradável entre nós os dois, aconteceu numa altura em que o Médico se encontrava ausente, como no caso anterior. Numa das noites e após o jantar, encontrando-me ainda na messe com mais uns Sargentos e alguns Furriéis, entrou o Major que dirigindo-se a mim foi dizendo que se sentia adoentado com muitas dores de garganta. Pediu-me então medicação para o seu posto, ou seja para Major. Respondi-lhe que não entendia onde queria chegar já que todos os medicamentos que possuía não tinham posto militar. Estes, tanto eram para os Soldados como para os Oficiais. Voltou de novo ao princípio da conversa dizendo que ele tinha razão dando como exemplo as aspirinas do Laboratório Militar e as da Bayer. Que as da Bayer seriam para os quadros superiores e as do Laboratório Militar para os soldados e quadros intermédios. Perante o olhar perplexo de todos, já que segundo a ótica do Major se encontravam no segundo escalão, respondi-lhe que não concordava com a sua análise, ao mesmo tempo perguntei-lhe senão confiava nos medicamentos do Laboratório Militar e, caso afirmativo, teria que informar a Direção de Saúde Militar, em Bissau, bem como lhe disse que as aspirinas da Bayer, que possuía no Posto Médico, se destinavam ao pessoal do mesmo, pois tinha sido uma oferta de Bissau. Aproveitei sim, para lhe dizer que na verdade eu lá possuía material com divisas militares. Um desses materiais eram as agulhas para dar as injeções e, como tal, tinha lá uma com o posto de Major. Esta era comprida e grossa e já com a ponta bem virada e com alguma ferrugem. Deste modo, só lhe restava escolher entre a agulha ou os comprimidos. A agulha, apesar de ponta virada, entraria nem que fosse a murro e, ao sair, lhe faria um rasgo na nádega de modo a nunca mais se esquecer de mim. Prefiro engolir as pastilhas, disse-me ele logo a seguir, acrescentando que lhe fosse levar os comprimidos ao seu gabinete.

Logo que o Major saiu da messe, vários comentários foram feitos pelos presentes. Uns dizendo que eu me tinha excedido e como tal poderia ter consequências desagradáveis. Uns outros, mas poucos, enalteceram a minha coragem perante a arrogância do Major. Confesso que fiquei extremamente nervoso, mas não poderia deixar passar a imagem de que o exército possuía medicação conforme as patentes e, como tal, eu faria tratamentos diferenciados. Saí da messe e dirigi-me ao Posto Médico para encontrar medicação de acordo com as queixas que ele me apresentou, e que eram de uma gripe.

Com a medicação em meu poder, lá fui ter com esta encomenda ao seu gabinete. Aqui, voltou a provocar-me. – O que me estás a dar não serão comprimidos anticoncessionais? Respondi-lhe que não possuía tais medicamentos dado que não havia mulheres no Quartel. Respondeu-me dizendo que eu estava muito errado já que no Quartel havia muitas meninas disfarçadas em homens. – Mas não será veneno para me matares? – Voltou ele perguntando. Respondi-lhe de novo que ficasse descansado pois não tencionava matá-lo já que, se o fizesse, teria que gramar com um outro que o viesse substituir. Acrescentei que a ele já lhe conhecia as manhas e, acaso viesse outro, teria que demorar tempo a conhecer. Virei costas não lhe dando mais conversa.

Ao passar pela porta do quarto do Capelão, este chamou-me baixinho, dizendo-me que tinha ouvido a conversa entre mim e o Major e que tinha ficado preocupado. Foi-me dizendo que tivesse mais cuidado. Neste momento senti uma pancada nas minhas costas. Era o Major que, dirigindo-se ao Capelão, lá foi dizendo que eu era uma grande encomenda. Calmamente, retirei-me não alimentando mais o assunto.

A minha guerra com este personagem continuou. Um fim de tarde, altura em que por norma as jovens da aldeia e algumas já menos jovens levavam a roupa aos nossos militares, fazendo estas entregas junto da porta de armas e recolha de roupa suja, como também, recebiam o pagamento pelo trabalho prestado. Dizia eu que, numa dessas tardes, encontrava-me mais o Médico Dinis Calado e o Alferes Tunes em conversa com a jovem Judite que cuidava da minha roupa, bem como da do Médico, do Major Pinho e do Tenente Coronel Romão Loureiro. O tema da conversa era sobre a forma como ela se relacionava comigo. Os dois (Médico e Alferes) estavam fazendo-lhe perguntas provocatórias que ela, muito inteligente que era, ia dando a volta. Eis que aparece o Major vindo de Jipe e dirigindo-se à jovem, a íntima a ir cumprimenta-lo. – Então Judite, não vens cumprimentar o teu Major? Respondeu-lhe ela logo de seguida. – Não Major, o Figuinha não deixa. Bem, fiquei sem fala e o mesmo acontecendo ao Médico e ao Alferes que, ao meu lado, permaneciam. O Major baixou a cabeça e, carregando no pedal do Jipe, entrou em aceleração no Quartel. Médico e Alferes olharam para mim e comentaram que mais um problema eu teria pela frente. Ela, sorridente com a vitória que acabava de obter sobre aquela espécie de militar, acabou com a conversa e foi de regresso a casa. Sobre esta jovem escreverei mais na parte final do meu testemunho.

No dia seguinte, mal o Major me avistou de novo, ameaçou-me dizendo que no dia que me apanhasse em falta, me aplicaria quarenta dias de prisão. Para mim, foi mais uma que me passou ao lado.

Por orientação superior ou por vaidade dele, mandou construir no meio do Quartel uma espécie de monumento com as inscrições e emblema do nosso Batalhão. No dia anterior ao por ele destinado a ser inaugurado, mandou para a prisão (dez dias) o Alferes Tunes meu amigo e do Médico. A consternação deste caso foi geral entre todos nós. Nessa noite, eu, Médico e vários soldados e Furriéis fomos curtir as mágoas no bailarico. Procuramos regressar perto da meia-noite e, já no Quartel, o Médico fez um pequeno discurso virando-se para o local onde o Major estaria a dormir e, ao mesmo tempo, um pequeno grupo onde eu me incluía, demos início à inauguração, urinando sobre o dito monumento. O grupo era fixe para não dar com a língua nos dentes já que, se o Major viesse a saber, tínhamos o caldo entornado!

Por último, e para não escrever muito sobre esta personagem, no fim da comissão e no dia de regresso a Bissau, procurou-me para me dizer que eu não iria juntamente com os outros militares, mas sim, com ele no Jeep. Achei muito estranho este convite, mas calculei logo quais os motivos. Deste modo, mal chegamos a Bissau e o condutor nos levou até à porta do Hotel onde ele se alojava, dirigi-me ao Major dizendo-lhe que o convite que me havia feito foi para lhe servir de guarda-costas no percurso. Atrapalhado por verificar que eu tinha descoberto os motivos da minha companhia no jipe, começou a gaguejar e pediu ao condutor para me levar sem mais demoras ao local onde eu fosse ficar alojado, esperando o dia de embarque para Lisboa. O Major, sabendo do quanto eu era estimado pela população e estes tendo familiares na guerrilha, não me iriam fazer mal como em outras tantas vezes, eu já tinha feito aquele percurso.

(Continua)

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Nota do editor

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9 comentários:

Valdemar Silva disse...

Figuinha, aquele Major no fundo queria era conversa.
Então o Alferes levou dias de prisão, e prontus. Para ter levado tamanha porrada, não foi por andar a dar milho aos pombos verdes, foi por ter feito das boas, o que é que ele fez?

E temos a «rosca» a estragar os tomateiros.
No Dicionário da Porto Editora, ROSCA, também é a «broca-do-milho»

E a propósito do Dicionário da Porto Editora, nas várias definições de PICADOR aparece:
---
7 pessoa que, munida de catana, faca ou instrumento semelhante, abre uma picada (caminho estreito através do mato).
A Porto Editora não conhece PICADOR no Dicionário da TABANCA GRANDE, o que é uma grande lacuna para a definição de tão grande e corajosa missão dos soldados na guerra da Guiné, e que merecia ficar dicionarizada.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Ferreira disse...

Era bom saber o nome completo deste cromo do major. Se calhar hoje é um brilhante coronel reformado a contar façanhas pelos cafés. Tenho ideia de ler um livro rumo a fulacunda em que este comandante loureiro não é muito bem retratado .Será o mesmo batalhão?
Carlos ferreia

antonio graça de abreu disse...

Oh, Figuinha, isto parecem-me umas histórias mal contadas...Um furriel a falar assim com um major, um major a falar assim com um furriel?!...Mas tudo é possível neste mundo!

Abraço,

António Graça de Abreu

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O João Tunes tem 83 referências no nosso blogue. Foi um dos históricos da Tabanca Grande, para a qual entrou em 12/9/2005. (Sairá mais tarde por divergências com o nosso editor, quatro anos depois, mas isso é outra história).

Do seu primeiro batalhão (quer dizr, do seu comando) não guarda as melhores recordações, pelo contrário: alferes mil trms, CCS / BCAÇ 2884(Pelundo, 1969/70), é depois transferido depois para o batalhão de Catió, "por razões disciplinares de que muito se orgulha: foi punido pelo Ten Cor Romão Loureiro". Passou por Guileje, Cacine...

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Jo%C3%A3o%20Tunes

Valdemar Silva disse...

Bom, vamos esperar pela continuação.
Mas, desde o apertar os colarinhos a um 1º. Sargento a por quase em sentido um Major, o Figuinha não era para brincadeiras.
Espero que o Gen. Spínola não lhe tenha pedido um quinino sem mais nem menos e levar com um
'meu general, por favor também se usa'.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Um Figuinha em cada Batalhão e estes em poucos dias passavam a “Alcateia”

Força “Escuteiro” Figuinha.

Estou a adorar as tuas história de “guerra”

Um grande abraço
Joaquim Costa

José Botelho Colaço disse...

No meio Castrense havia muitos com vontade de ser Figuinhas ou mais, mas a força dos galões impunha-se e se continuassem primeiro prisão diciplinar agravada e a seguir forte de Elvas ou Aljúbe até que a lei da morte os libertasse.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ficha de unidade > Batalhão de Caçadores n.º 2884

Identificação: BCaç 2884
Unidade Mob: RI 1 - Amadora
Cmdt: TCor Inf José Bonito Perfeito | Maj Inf Licínio Soares de Pinho
TCor Inf Romão Loureiro
2.° Cmdt: Maj Inf Licínio Soares de Pinho
OInfOp/Adj: Maj Inf Fernando Jorge Belém Santana Guapo

Cmdts Comp:
CCS: Cap SGE João de Sousa Lopes
CCaç 2584: Cap Mil Inf António Rodrigues Júnior
CCaç 2585: Cap Inf António Tomaz da Costa | Cap Mil Grad Inf António Camilo Almendra
CCaç 2586: Cap Inf Evaristo Ramalhinho Duarte | Cap Inf Eugénio Baptista Neves | Cap Mil Inf Rui Fernando Alexandrino Ferreira | Cap Mil Inf João Carlos Carvalho de Castro
Divisa: "Mais Alto"
Partida: Embarque em 07Mai69; desembarque em 12Mai69 | Regresso: Embarque em 26Fev71

Síntese da Actividade Operacional

Em 13Mai69, rendendo o BCaç 1911, assumiu a responsabilidade do sector
de Bissau, abrangendo os subsectores de Bissau (Brá) Quinhámel e Nhacra, com vista a garantir a segurança e protecção das instalações e populações da área, ficando na dependência do COMBIS.

Em 30Set69, por troca com o BArt 2866, assumiu a responsabilidade do
Sector 07, com sede em Pelundo e abrangendo os subsectores de Jolmete, CÓ
e Pelundo, na dependência operacional do CAOP.
Desenvolveu intensa actividade operacional com vista à intercepção dos
movimentos inimigos para as áreas de Churo-Caboiana e Có e a garantir a
segurança e protecção dos trabalhos da estrada Có-Pelundo e a defesa e controlo das populações. Pelos resultados obtidos, importância das áreas batidas e mcontactos havidos salientam-se as operações "Infantes Campeões", "Cesário Verde", "Abre-te Sésamo" e "Com Unhas", entre outras.

Dentre o armamento capturado mais significativo, destaca-se: 1 metralhadora
ligeira, 5 pistolas-metralhadoras, 2 espingardas, 13 granadas de armas
pesadas e 526 munições de armas ligeiras.

Em 12Fev71, foi rendido no sector pelo BCaç 3833 e recolheu a Bissau a
fim de aguardar o embarque de regresso.

(Continua)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ficha de unidade > BCAÇ 2884 (Continuação)

***
A CCaç 2584 seguiu em 14Mai69 para Có, a fim de cooperar na segurança e protecção dos trabalhos da estrada Có-Pelundo, em substituição da CCaç 2465, ficando na dependência do BCaç 2845 e depois do BArt 2866.

Em 25Ju169, rendendo a CCaç 2312, assumiu a responsabilidade do
subsector de CÓ, continuando integrada no dispositivo e manobra do BArt 2866e depois do seu batalhão.

Em 12Fev71, foi rendida pela CCaç 3308 e recolheu a Bissau, a fim de
aguardar o embarque de regresso.

***
A CCaç 2585 seguiu, por fracções, em 15 e l6Mai69, para Teixeira Pinto e em 17Mai69 para Jolmete, a fim de render a CCaç 2366.

Em 27Mai69, assumiu a responsabilidade do referido subsector, na dependência do BCaç 2845 e, após reformulação dos sectores, do BArt 2866 e depois do seu batalhão.

Cooperou ainda na segurança e protecção dos trabalhos da estrada
Bula-Ponta de S. Vicente, em que guarneceu as bases temporárias de Bipo e
Ponta Fortuna até conclusão do alcatroamento, tendo ainda realizado várias
operações nas regiões de Bugula, Ponta Nhaga e Peconha, entre outras.

Em 12Fev7l, foi rendida pela CCaç 3306 e recolheu a Bissau, a fim de
aguardar o embarque de regresso.

***
A CCaç 2586 foi colocada inicialmente no sector de Bissau, na dependência do seu batalhão, assumindo a responsabilidade do subsector de Nhacra e seus destacamentos de Dugal e Safim, onde rendeu a CCaç 1682.

Em 09Jun69, rendida temporariamente pela CCaç 1792, seguiu para
CÓ, onde substituíu, na protecção aos trabalhos da estrada Có-Pelundo, a
CCaç 2367.

Em 06Ag069 rendendo a CArt 1802, assumiu a responsabilidade do
subsector de Pelundo, com um destacamento na ilha de Jete, continuando a
cooperar na protecção aos trabalhos da referida estrada e, a partir de 01Fev70, nas bases temporárias estabelecidas para o alcatroamento da estrada Bula-Ponta de S. Vicente.

Em 12Fev71, foi rendida pela CCaç 3307 e recolheu a Bissau, a fim de
aguardar o embarque de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n.º 110 - 2ª Div/4ª Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas das Unidades: Tomo II - Guiné - 1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002, pp. 130/ 132.