sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Guiné 61/74 - P23793: Notas de leitura (1518): "Uma longa viagem com Vasco Pulido Valente", de João Céu e Silva (Lisboa, Contraponto, 2021, 296 pp) - O Estado Novo, a guerra colonial, o Exército e o 25 de Abril (Luís Graça) - Parte II: A guerra de África não foi nada parecido como o trauma da I Grande Guerra...

1. Estamos a ler, para os leitores do nosso blogue, o livro de João Céu e Silva (ribatejano de Alpiarça, nascido em 1959, escritor e jornalista), "Uma longa viagem com Pulido Valente" (Lisboa, Contraponto, 2021, 296 pp.) (*).
 

A obra resulta de uma maratona de 42 sessões de  conversas, realizada ao longo de  2 anos, quase até ao fim da vida do entrevistado (ao todo,  representando 100 horas de gravações)...  É um trabalho de grande mérito, já aqui o dissemos anteriormente (*). 

O protagonista desta "longa viagem" é o historiador, ensaísta, cronista, jornalista e analista político Vasco Pulido Valente (VPV), pseudónimo literário de Vasco Valente Correia Guedes, nasceu em  Lisboa em  1941 e morreu na mesma cidade, Lisboa, em 2020,  aos 78 anos. 

Pelo lado paterno, VPV era neto do médico e professor de ciências médicas, Francisco Pulido Valente (Lisboa, 1884 - Lisboa, 1963).  Em sua homenagem, por volta dos 16/17 anos, o Vasco passou a adotar o apelido desse ilustre avô.

Recorde-se aqui que a  brilhante carreira académica  do prof catedrático Francisco Pulido Valente foi  brutal e arbitrariamente interrompida em 14 Junho de 1947, por decisão do Conselho de Ministros (Diário do Governo, 1ª série, nº  138, de 18 de Junho de 1947).  Afastado compulsivamente do ensino juntamente com outros professores universitários, além de vários militares, todos considerados como "antissituacionistas" (e, como tal, "incapazes de se integrar na ordem política estabelcida", ou seja, no regime do Estado Novo),  é obrigado a aposentar-se nove meses mais tarde. 

Grancisco Pulido Valente manteve a prática clínica, privada,  até 1954,  e continuou a animar, no seu consultório,  uma tertúlia cívica, intelectual e literária no Chiado,  que já vinha dos anos 30 e era frequentada por vultos brilhantes da cultura portuguesa de então, Em 1958  fez parte da comissão de honra da candidatura do general Humberto Delgado à Presidência da República. 

Era um cidadão politicamemet empenhado, sem qualquer filiação partidária, contrariamemte ao neto que ambicionava ter feito uma carreira política, "cortada ao meio" com o acidente aéreo que vitimou Fancisco Sá Careneiro, o seu "princípe",  de que foi conselheiro. (Mas a sua maior alegria foi ver Mário Soares  chegar a Belém.)

2. Voltando ao VPV,  e ao livro do João Céu e Silva, reproduz-se aqui mais alguns excertos  das suas declarações, relativas ao período do Estado Novo, da II Guerra Mundial até à Guerra Colonial. 

Um dos problemas que são abordados logo no início  do livro é a "falta de memória" dos portugueses. E, portanto, o desconhevimento da sua prórpia História. Ou um conhcimento, se quisermos,  enviesado, parcelar, acrítico... 

O que tem uma explicação: não há ainda uma produção e divulgação da nossa História, em quantidade e qualidade. Isso tem a ver com diversos factores,  incluindo o enquadramento do historiador   na Academia (tem de fazer investigação e dar aulas), a escassez de  financiamento, as  dificuldades de acesso às fontes documentais, a dimensão mercado livreiro português, etc.

Investigador-coordenador do ICS - Instituto de Ciências Sociais, da Universidade de Lisboa (tem uma dívida de gratidão ao Sedaa Nunes que o levou para lá), foi também deputado e exerceu funções governativas. Como Secretário de Estado da Cultura,  em 1980, há dois factos que abonam a seu favor, embora o seu mandato tenha sido alvo de muitas críticas e não é isento de polémicas: 

(i) obteve o terreno e o financiamento para a construção da Torre do Tombo, "o guardião da nossa memória"; 

 e (ii) nomeou João Bérnard da Costa (1935-2018), seu amigo do grupo dos católicos progressistas, da revista "O Tempo e o Modo", para a Direcção da Cinemateca Portuguesa, o que parece ter sido uma boa escolha (na nossa opinião, LG - sou fã dos seus "Escritos sobre cinema").

É bom lembrar, por outro lado,  que as  declarações feitas por VPV a João Céu e Silva foram feitas no decurso de extensas e, por vezes penosas, entrevistas, ou seja. num contexto em que pode, por vezes, falhar o rigor factual. Embora com uma vasta cultura histórica e política, o entrevistador estava ali a falar sem rede, e sofendo de uma doença crónica degenerativa.  Nem teve tempo de, em vida, rever o manuscrito: o livro foi publicado em março de 2021, VPV morreria em 21 de fevereiro de 2020... E , se não erramos,  a última entrevista foi ainda feita um mês antes de morrer.

Em matéria de imprecisões, é o caso, por exemplo,   da referência ao número total de efectivos militares nos 3 teatros de operações no final da guerra colonail, e às circunstâncias da morte, na Guiné,  do seu amigo, o deputado da Ala Liberal José Pedro Pinto Leite (vítima, com mais outros 3 deputados  da Assembelia Nacional,  de  acidente de helicóptero, o qual  está bastante bem  documentado no nosso blogue). 

Esses excertos vão a negrito.  

História, memória e historiadores


(...) Nós não temos uma História, não há produção histórica em quantidade e com a regularidade suficiente para os portugueses poderem criar um interesse na sua própria História. Existem, no entanto, historiadores e alguns deles bons. (pág. 37).

(…) O mercado para o livro inglês é enorme (…) Em Inglaterra,  há muita gente que vive só de escrever História (…) (pág. 37). 

(…) Um estudo a sério  sobre o Salazar, feito por um historiador, deve levar quinze anos. 

É muito difícil arranjar condições de trabalho desse tipo  numa instituição universitária (…). São tarefas para vidas inteiras! (…) (pág. 38).


Portugal, Salazar e a(s) guerra(s)


Salazar tinha a seu favor, em termos de imagem, interna e externa, duas coisas. 

(i) o saneamento financeiro do Estado português: não se gastava mais do que o que se tinha; o que não era difícil de conseguir, tendo uma polícia política em cima dos trabalahdaores e das suas organizações; 

(ii) a neutralidade de Portugal no âmbito  do terrível conflito militar que foi a II Guerra Mundial (1939-1945); não terá sido assim tão difícil manter essa neutralidade, até  por que toda a estratégia de Hitler estava virada leste (conquista de espaço vital à custa dos russos e dos poços de petróleo do Cáucaso, onde nunca cosnegiu chegar); nunca quis conquistar o Mediterrâneo e bater.se contra a maior armada do mundo, que era a britânica; logo, nunca faria sentido invadir a península ibérica para conquistar Gibraltar.

VPV defende a tese de que o regime político a que chamamos Estado Novo não era um regime fascista, muito menos copiado da Itália de Mussolini; por outro lado, Salazar era antinazi, embora também não gostasse dos americanos nem da democracia representativa ou parlamentar... Também era crítico do capitalisno e da modernização da sociedade.  

Por outro lado, como ele disse, no famoso discruso de Braga, em 1936, por casião dos 10 anos do golpe de Estado do 28 de maio de 1926, ele, Salaar, devia "à providência a graça de ser pobre"...Ainda hoje estamos a pagar os bloqueios do Estado Novo à modernaização da economia e da sociedade portguesas,


(...) P (JCS) – Como é que os portugueses se mantiveram assustados durante tantos anos  ? (pág. 134)

R (VPV) – A guerra [a II Guerra Mundial]  impressionava toda a gente e todos queriam saber como estava a situação. E dividiam.se: uns eram a favor dos alemães, outros dos ingleses. Aqui em Portugal  mudavam de posição de acordo com a progressão das campanhas militares. 

Era uma espécie de jogo: estou a favor dos americanos, dos ingleses. Não implicava convicções políticas, apenas se interessavam pela guerra, que era aqui ao pé, em França, depois em Inglaterra e na Rússia (…).

Era preciso ligar essa curiosidade à rádio, porque começava a ser um instrumento de comunicação muito forte, mesmo sendo poucos os que tinham telefonia. (…) (pág. 134)

P – Foi a guerra que começou a destruir a “paz” nacional ?

R – A estabilidade do regime é perturbada  pela primeira vez e irremediavelmente pela guerra. 

As guerras têm uma função democrática arrasadora para quem entra nelas,  porque obriga a fazer com que as pessoas passem a viver uma vida coletiva. Se morrem cem mil de um lado e duzentos mil do outro, isto pode suceder-nos… Amanhã vestem-lhe uma farda  e mandam-nos marchar , e isso faz com que o cidadão, mesmo de um país que não está em guerra, como Portugal, esteja mais atento ao que se passa no mundo. (….) (pág. 135)

Guerra de Angola ou guerra colonial


(,,,) A guerra colonial  [ou "guerra de Angola", como o VPV estava habituado a chamar-lhe]   não foi nada de parecido [com o trauma que foi para a República e para o país a participação do Exército português na Flandres, na I Grande Guerra], porque foi crescendo pouco  a pouco e exigindo gradualmente mais homens e armas. 

Quando a guerra acabou, tínhamos um total de tropas  em África maior do que durante todo o tempo da guerra.  [Negritos nossos, LG] 

Começou com poucas tropas em Angola, alastrou para a Guiné e Moçambique, além de que era preciso guardar as províncias que ainda não se tinham revoltado com algumas guarnições. 

Naquela altura as coisas foram correndo e, quanto mais avançavam, mais Salazar tinha que fazer concessões à modernidade. Tinha de entrar na Europa  de qualquer maneira e começou pela EFTA [Associação Europeia de Comércio Livre, de que Portugal é cofundador em 1960]. 

Portugal progrediu,  foi um salto no nosso desenvolvimento económico, mesmo que funcionasse contra Salazar, porque, à medida que conseguíamos  exportar para os países  da organização, o custo do trabalho ia sendo cada vez menos barato e proporcionava vivências muito diferentes de mugir as vacas. (pág. 158)

A propósito da guerra na Guiné, o VPV dá provas de estar mal  informado, pelo menos a nível de certos detalhes. Nem ele é um historiador ou historiógrafo da guerra colonial. 

Julgamos, inclusive, que ele nem sequer deve ter feito o serviço militar obrigatório:  participou nas lutas estudantis de 1962 com Jorge Sampaio, aproximou-se depois dos católicos progressistas da revista  "O Tempo e o Modo" e,  acabado o curso de filosofia, foi para Oxford em finais de 1969 fazer o doutoramento em História com uma bolsa da Gulbenkian. Defendeu em maio de 1974 a sua tese de doutoramento,  orientada por Raymond Carr:  "O Poder e o Povo: a revolução de 1910".

Leia-se este excerto das suas declarações:

  (…) O José Pedro Pinto Leite (1932-1970), que foi “espiritual e materialmente” o fundador do PPD e que era deputado da Ala Liberal, com o Sá Carneiro e Balsemão (…) morreu numa viagem de inspeção à Guiné porque o helicóptero em que ia,  foi abatido  pelo PAIGC. (pág. 162).




Guiné > Região do Biombo > Estuário do Rio Mansoa >  Recuperação dos restos do Heli AL III, caído por acidente na foz do rio Baboquem, afluente do rio Mansoa, em 25 de julho de 1970, e que transportava quatro deputados da Assembleia Nacional, em visita à província (além da tripulação).

Foto (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

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Nota do editor:

(*) Vd. poste anterior > 17 de novembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23791: Notas de leitura (1517): "Uma longa viagem com Vasco Pulido Valente", de João Céu e Silva (Lisboa, Contraponto, 2021, 296 pp) - O Estado Novo, a guerra colonial, o Exército e o 25 de Abril (Luís Graça) - Parte I . As colónias não valiam o preço...

12 comentários:

Anónimo disse...

VPV foi vitima do "efeito de halo" que contaminou a visão da guerra da Guiné pelos estudantes e intelectuais da oposição ao regime: tudo o que acontecia de mal às nossas tropas (desastres, acidentes...) só podia ser por obra e graça do partido do eng. Amilcar Cabral que já libertara dois terços do território. Caiu um helicóptero com deputados às portas de Bissau ? Foi abatido pelos guerrilheiros que tinham uma pontaria infalível e estavam por todo o lado, cercando já Bissau em meados de 1970!... O asco aos militares que prolongavam a guerra e suportavam o regime, por um lado, e a censura, por outro, à partida do medo de se ser mobilizado para a Guiné, faziam o resto, ajudando a alimentar e propagar os boatos..
LG

Valdemar Silva disse...

"VPV defende a tese de que o regime político a que chamamos Estado Novo não era um regime fascista, muito menos copiado da Itália de Mussolini..."

Admira-me VPV defender esta tese, sabendo que Salazar era grande admirador de Mussolini, tinha uma fotografia dele na sua secretária de trabalho. Frequentemente estavam em Lisboa personalidades, activistas e membros da juventude, toda essa gente fardada, do Partido Fascista Italiano. A Mocidade Portuguesa e a sua hierarquia também se fardavam constantemente, além de organizarem desfiles, paradas e encontros desportivos com grande semelhança ao praticado na Itália fascista. A própria Constituição de 1933, a institucionalização do corporativismo e a criação de um império colonial é outra manifestação fascista à italiana. A criação de uma força paramilitar, como Legião Portuguesa, e uma força policial, como a PIDE, para defender o regime e reprimir toda a oposição com prisões, degredos e campos de concentração. E, ainda, com uma grande componente de censura na imprensa, literatura, cinema e em todas as acções culturais, foram outras açções de caracter fascista.
Se observarmos o filme "1º. de Maio em Viana do Castelo", de 1938, nos filmes existentes da Cinemateca Portuguesa, não ficamos com dúvidas quanto à semelhança do aparato dos desfiles fascistas italianos e nazis alemães.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, essa é uma discussão que dá pano para mangas...As tuas observações são pertinentes. Viviamos numa ditadura e Salazar era um ditador. VPV não tem duvidas sobre isso. E toda a sua família, de um lado e do outro, era antissalazarista. ..

Não direi que seja uma questão do tipo "sexo dos anjos", mas é sobretudo académica. ..

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Nâo estamos a violar as regras do nosso blogue que nos proíbem de falar da atualidade político-partidaria... Salazar foi o governante que
nos mandou para a Guiné... Temos o direito de saber quem foi...

Talvez que uma das diferenças entre o fascismo italiano e o salazarismo resida na Constituicão, na organização do Estado, no partido único, no papel do líder e na sua relação com as massas... Havia coisas em comum... Segundo VPV, a Constituicao de 1933 não era "fascista", mesmo que consagrasse a subordinação do trabalho ao capital e ao supremo interesse da Nação. O corporativismo também não e só por si um traço distintivo. Nem a PIDE ou a censura. Muito menos, as organizações paramilitares de opereta, a Mocidade Portuguesa e a Legiao Portuguesa...
mal vistas de resto pelo Exército ... e pela populacao. O Salazar também desconfiava da tropa, os dois nunca tiveram as melhores relações do mundo...A União Nacional nem sequer era um partido... Nem Salazar chegava aos calcanhares tanto do Mussolini ou do Hitler, como "condottieri", muito menos como cabo de guerra....Era um padreco, um camponês astucioso que desprezava a elite económica, social e intelectual do País... Mas gostava de se rodear de saias... Tinha fobia das multidões e lia os seus discursos com os cornos enfiados no papel...Primeiro na rádio e depois na televisão.... Uma coisa: escrevia muito bem os seus discursos, sozinho, sem ajuda de assessores... E um grande escritor da língua portuguesa. ... Outra coisa: sentia-se investido por Deus para cumprir a sua missão na terra... No fim sentia-se traído pela Igreja, a começar pelo Papa e pelo seu amigo Cardeal Cerejeira... O que lhe teria acontecido se fosse vivo no 25 de Abril ? Teria o mesmo destino do Mussolini ou do Hitler?


Fernando Ribeiro disse...

Valdemar Queiroz,
Tem a certeza de que o filme se chamava "1º. de Maio em Viana do Castelo"? Não seria antes "28 de Maio em Viana do Castelo" ou algo parecido? É que o Estado Novo tinha fobia ao 1.º de Maio!

Não conheço o filme, mas conheço outro que é o filme da inauguração do Estádio Nacional em 10 de junho de 1944. Diante disto, ainda há quem negue que o Estado Novo era fascista?

https://www.youtube.com/watch?v=9jWdZS3ATPc


Fernando de Sousa Ribeiro


P.S. - Eu devo ser marciano, porque não consigo entender porque é que no planeta Terra ainda haja quem fale de Vasco Pulido Valente. O que foi que ele fez?

Antº Rosinha disse...

VPV fazia 20 anos em 1961, inicio da guerra de Angola, fazia trinta e tal anos em 74 fim da guerra, nunca Salazar nem Caetano o convocaram para vestir a farda de miliciano e embarcar para o Ultramar.

Como era bom estudante com acesso a escolas caras, foi adiando, e ainda teve direito a uma bolsa da Gulbenkian para ir estudar para a Inglaterra, enfim, como que estava isento da tropa.

Havia e há em Portugal, o povinho o povão e os isentos.

Os isentos, (de famílias situacionistas ou do contra) conseguiam adiar a incorporação indefinidamente, nunca precisavam "dar o salto" para escapar à guerra.

Houve muitos isentos durante a guerra.

Salazar até se entendia bastante bem e arranjava maneira de lidar com essas famílias especiais, e estas famílias tinham que engolir muitos sapos para suportar "um camponês astucioso que desprezava a elite económica, social e intelectual do País...", como diz LG.

Salazar topava-os a todos, mas também teria que engolir alguns sapos.





Valdemar Silva disse...

Luís, concordo e temos aguentado sem violar essa regra de conversas partidárias.
Conversas partidários a nível dos partidos que convivemos agora com o 25 de Abril de 1974.
Falar contra o salazarismo não é propriamente uma conversa partidária é antes de tudo uma conversa sobre a História do nosso País, do período de quase meio século que atormentou milhões de portugueses obrigados a emigrar para fugir à miséria e obrigou milhares de jovens a ir para a guerra durante mais d uma década quando poderiam ser utilizados no desenvolvimento dos país.
Fernando Ribeiro é mesmo o filme "1º. de Maio em Viana do Castelo - 1938" que pode ser revisto no acervo da Cinemateca Nacional-Cinemateca Digital.
É um documento imperdível que testemunha o caracter fascista do regime, que fora os cartazes nas varandas dos prédios semelhantes aos dos nazis também as autoridades numa tribuna e a polícia fazem a saudação de braço estendido quando passa um carro alegórico de uma corporação.

Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

A propósito de história do país, que era triste no passado e continua triste no presente.Acontece que hoje a emigraçao dos portugueses para o estrangeiro ronda os cem mil,por ano, repito cem mil e são jovens qualificados, eu diria dos mais qualificados.A ditadura acabou?Não, porque trabalhar neste cantinho é altamente penalizador em impostos.Para quem quer trabalhar, porque também há os que não tem emprego.E agora não há a desculpa de fugir à guerra

Carlos Gaspar

Valdemar Silva disse...

Carlos Gaspar, assim entramos na política do actualmente.

Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Carlos Gaspar, como não deve aleijar suscetibilidades partidárias actuais, às antigas muito menos, a carga fiscal ('altamente penalizador em impostos') a nível da UE, em relação a impostos+contrib.sociais e em proporção ao PIB.
A média da UE é 26,1%
Portugal está a meio da tabela dos 27 estados membros com 24,3%, e os primeiros 10 estados membros com maior carga fiscal bem superior a Portugal, na ordem de mais de 40e30% são:
1º. Dinamarca 45%
2º. Suécia
3º. Finlândia
4º. França
5º. Itália
6º. Bélgica
7º. Luxemburgo
8º. Áustria
9º. Croácia
10º.Holanda
'Tá bem, todos estes países têm altos salários.

(por cá temos a conversa da treta 'sermos mais competitivos e as empresas não aguentam altos salários').

E ainda, sobre a actual emigração de portugueses para o estrangeiro, já não se pode considerar bem "emigração", por se tratar ir para a Irlanda como quem vai trabalhar de Castro Laboreiro para Vila Real de Santo António por aqui pagarem melhor salário.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Ok. Valdemar é tudo uma questão de semântica e de estatisticas.Mas que os nascidos neste cantinho à beira mar plantado continuam a ter que sair daqui para se fazerem à vida, é uma realidade.E à cabeça estão médicos e enfermeiros.Eu sei bem do que escrevo, pois para mal dos meus pecados tenho andado a ser "tratado" de um linfoma, no IPO.Do qual não tenho a minima critica a fazer.Já o mesmo não posso dizer de outros "estabelecimentos" de saúde por onde passei.E tu também deves saber, pois pelo que leio no blogue, volta não volta vais ao "estaleiro".
Um abraço
Carlos Gaspar

Valdemar Silva disse...

Gaspar, tens muita razão, é um escândalo.
Mas, talvez não seja tão abrangente como dizem, tenho sido sempre muito bem tratado das várias vezes que tenho ido de charola para o Hospital Amadora-Sintra, assim como assistido in loco ao ambiente hospitalar pois costumo estar dois dias na urgência.
Não tenho tido problemas com as vacinas por o Centro de Saúde tratar de mandar enfermeiras a minha casa.
Eu, também, não sou de por o mínimo de dói-me aqui ir logo ao médico, e bem preciso, por isso não posso ser testemunha experiente.
Mas, que a saúde é uma fruta apetecível todos sabem e tem de haver sempre complicações para fazer render o cabaz.
Habitação, Saúde, Educação !!!!

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz