Visão, 4 de Outubro de 2007 > Crónica do António Lobo Antunes (com a devida vénia à revista e ao autor...).
Imagem digitalizada por Zé Teixeira. Alojada no álbum de Luís Graça > Guinea-Bissau: Colonial War. Copyright © 2003-2006 Photobucket Inc. All rights reserved.
1. Mensagem, com data de 5 de Outubro de 2007, enviada pelo nosso querido amigo e camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Enfermeiro da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada , 1968/70), actualmente residente em Matosinhos, bancário, reformado:
Caríssimos editores
Na revista Visão desta semana vem este extraordinário artigo sobre a morte de um camarada que o escritor António Lobo Antunes escreveu (1).
Creio que com a devida vénia merece ser dado a conhecer a todos os antigos camaradas.
Devo dizer que quem mo trouxe foi o meu filho, com o seguinte comentário:
-Trago-te um artigo sobre a morte de um antigo combatente que me fez chorar (2) (3).
Bom fim de semana
J. Teixeira
Esquilo Sorridente
__________
Nota dos editores:
(1) Vd. post 6 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2161: Pensamento do dia (12): Camarada, uma palavra que só quem esteve na guerra entende por inteiro (António Lobo Antunes)
(2) O escritor reencontrou os seus camaradas do Leste de Angola 34 anos depois do regresso a Lisboa. Nesse espaço de tempo, morreu um dos seus grandes amigos desse, o coronel Melo Antunes (1933-1999).
Vd. o seguinte recorte de imprensa:
António Lobo Antunes reencontra camaradas de há 34 anos
Ana Vitória
Jornal de Notícias, 19 de Novembro de 2005
"Estes são mais que meus amigos. São meus camaradas". Visivelmente emocionado, o escritor António Lobo Antunes abraçou, um a um, chamando-os pelos nomes, cada um dos seus companheiros da comissão de serviço militar obrigatório que desempenhou em Angola, entre Janeiro de 1971 e Março de 1973. Há 34 anos que não via muitos deles. Ontem, juntaram-se todos na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, a mesma de onde, há 34 anos, partiram, a bordo do navio Vera Cruz para a Guerra Colonial.
O momento do encontro, carregado de emoção e com lágrimas mal contidas, teve como pretexto o lançamento de "D'este viver aqui neste papel descripto - Cartas da guerra", uma compilação das cartas que António Lobo Antunes, quase diariamente, escreveu na época à sua mulher que ficara em Lisboa.
"Temos todos uma ligação muito forte. Só quem passou por aquilo pode compreender. Partilhamos muita solidão, muito sofrimento, muitos silêncios - e muito medo. Por isso o que nos liga a todos é indestrutível. Este livro é também uma homenagem a cada um dos meus camaradas. Aos vivos que aqui vieram, e aos que já não estão entre nós", disse António Lobo Antunes.
Muitos dos camaradas de guerra que ontem o acompanharam no lançamento do livro, organizado pelas duas filhas do escritor, Maria José e Joana Lobo Antunes, pisaram pela segunda vez o átrio da Gare Marítima de Alcântara. "Só estive aqui há 34 anos, quando parti para Angola e isto era um mar de gente com lenços brancos e lágrimas a despedir-se de nós; e a agora, para o lançamento do livro. Ainda estou um bocado atordoado. Voltar aqui é como reabrir as feridas que a guerra, de uma maneira ou de outra deixou em todos nós, mesmo nos que por ela passaram sem serem feridos". As palavras são de Luís Oliveira, que se tornou conhecido em Angola como o Pontinha (porque morou lá perto) e que ontem mereceu particular atenção por parte do "senhor Dr. Lobo Antunes", que insistentemente reclamava a sua presença.
"Na tropa acabei por ser cozinheiro. Era eu que preparava as refeições do senhor Dr. Cozinhava-lhe uns petiscos, tirava-lhe as espinhas do peixe. Deixava o prato impecável, como ele gostava. Levava uma hora a comer a sopa e hora e meia a saborear o conduto. Sabia que ele escrevia mas nunca nenhum de nós leu esses escritos".
Nestas "Cartas da guerra" agora editadas, como sublinhou João Paixão, da editora Dom Quixote, o que perpassa de uma forma mais marcante é "a força dos silêncios e das ausências". E como diria a filha do escritor, Maria José, "publicar estas cartas é recusar o esquecimento".
(3) Para saberes mais sobre o escritor e o homem:
Blogue Orgia Literária > Os Cus de Judas, de António Lobo Antunes
Portal da Literatura > António Lobo Antunes (n. 1942)
Site não oficial sobre António Lobo Antunes > Biografia
Wikipédia > António Lobo Antunes
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Guiné 63/74 - P2168: Estórias avulsas (7): Cabra Maria (Ferreira Neto)
Ferreira Neto, ex-Cap Mil, CART 2340 (Canjambari, Jumbembem e Nhacra, 1968/69).
Guiné > Região do Óio > Vista aérea de Canjambari> Sede da CART 2340
Foto: © Ferreira Neto (2007). Direitos reservados.
Cabra Maria
O meu Vagomestre de seu nome Ferreira, decidiu comprar ao pessoal da tabanca uma cabra ao qual pôs o nome de Maria.
Pois a cabra deu à luz dois cabritos que se puseram muito bonitos com o andar do tempo.
Sentinelas atentas
Após o nosso banho fresco, ao fim da tarde de determinado dia, andava eu com o Alferes Silva passeando ao longo da pista, que se situava num dos lados do aquartelamento.
A nossa amena cavaqueira foi de súbito interrompida pelo estampido de uma arma, cujo projéctil passou por cima das nossas cabeças a uma boa altura.
Dirigimo-nos apressadamente para a entrada do aquartelamento, onde deparamos com a sentinela de olhos arregalados, que interpelada por mim disse que tinha disparado por ver turras, no fim da pista.
Deu-me vontade de lhe dar dois estalos e perguntei-lhe se eu e o alferes tínhamos tal aspecto e se o fôssemos, andávamos a passear em pleno dia pela pista.
Susto para ambas as partes…
Na noite seguinte outro estampido. Tratei de indagar o que se passava. Foi-me dito que tinha sido mais uma vez uma sentinela (não a mesma, felizmente), que tinha pressentido um movimento no capim e tinha disparado pelo sim pelo não. Muito bem.
E agora voltamos à Maria e aos seus filhotes, que aparentemente não tinham a ver nada com a história.
O nosso Vagomestre queixou-se dizendo que um dos cabritinhos tinha desaparecido.
Após busca encetada por ele, foi encontrado no meio do capim, morto com uma bala de G3. Tivemos rancho melhorado.
O meu comentário para o Alferes Silva foi o seguinte:
-Ainda bem que esta sentinela não esteve de serviço ontem.
Ferreira Neto
ex-Cap Mil
CART 2340
________________
Nota de CV:
(1) Vd. Post de 26 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2134: Estórias de vida (6): A minha convocação para o Curso de Capitães Milicianos (Ferreira Neto)
Guiné 63/74 - P2167: Breve história da CCAÇ 4540 (Bigene, Cadique e Nhacra, 1972/74) (Vasco Ferreira)
CCAÇ 4540 “ Somos um Caso Sério“ Guiné 1972/1974
Breve história da CCAÇ 4540
Vasco Ferreira
A CCAÇ 4540 foi constituída no Regimento de Infantaria de Tomar em 1972.
Chegada à Guiné: 19 de Setembro de 1972
Partida da Guiné: 24 de Agosto de 1974
Estivemos em:
De 18 de Outubro de 1972 a 09 de Dezembro de 1973 em Bigene ,( COP3), no norte da Guiné perto da fronteira com o Senegal onde fomos render a CART 3329.
De 12 de Dezembro de 1972 a 17 de Agosto de 1973 em Cadique, (COP4), no Sul da Guiné.
De 08 de Setembro de 1973 a 24 de Agosto de 1974 em Nhacra ,(COP8), zona do Cumuré, onde fomos render a CCAÇ 3477.
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cacine > Cadique > Junho de 2007 > Pedras que falam da CCAÇ 4540 - "Somos um Caso Sério" - que passou e montou a tenda, na margem esquerda do Rio Cumbijã, de 12 de Dezembro de 1972 a 17 de Agosto de 1973.
Foto: © Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento (2007). Direitos reservados.
Missão em Cadique
Chegamos na LDG “Bombarda” pelas 09h00 do dia 12 de Dezembro de 1973 a Cadique, situada na península dos rios Cumbijã e Cacine no sul da Guiné, no âmbito da Operação “Grande Empresa” que visava a recuperação da zona do Cantanhez com o auxílio da FAP e de um Bi-Grupo da CCP 121.
Neste dia compareceu o Excelentíssimo General António de Spínola que acompanhou sempre de perto o desenrolar da Operação.
Os primeiros dias da instalação do pessoal foram penosos, em virtude de não existir nenhuma estrutura militar, apenas a mata exuberante, compacta e de difícil penetração. Existiam algumas tabancas dispersas ocupadas pela população da área onde predominavam os velhos e crianças. O principal aglomerado Pop é Cadique Nalú.
O terreno era plano, a norte é delimitado pelo rio Bixanque, que desagua no rio Cumbijã, a sul pelo rio Macobum, a leste pela mata do Cantanhêz até ao entroncamento de Jemberém e a oeste pelo rio Cumbijã.
A actividade operacional incidiu sobremaneira, o esforço desta CCAÇ com o começo da concretização do projecto da construção da estrada alcatroada Cadique–Jemberém na actividade de protecção aos trabalhos e segurança às máquinas empenhadas na construção da respectiva estrada, numa região considerada área libertada pelo PAIGC
Na parte económica–social, foram construídos, o Reordenamento do Aldeamento da população de Cadique, Posto Escolar, Posto Sanitário. Foi em homenagem aos Reordenamentos do Cantanhêz que foi construído o monumento no Largo CCAÇ 4540, que passados 34 anos ainda recorda a nossa presença.
Outros testemunhos foram construídos:
Lápide de homenagem In Memoriun ao soldado Victorino Susano Simão falecido em combate em 23 de Junho de 1973.
No dia 22 de Julho de 1973 chegou a Cadique a 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4514 que veio render a CCAÇ 4540, Cadique a partir desta altura ficou a constituir Sede de Batalhão, “ O Batalhão do Cantanhêz”.
Foi a 17 de Agosto de 1973 que a CCAÇ 4540 disse adeus a Cadique no meio de copiosa chuva, que não quis colaborar na despedida, embarcando a bordo da LDG “Montante”, rumo a Bissau.
A nossa homenagem aos GCOMBS da CCP 121, que permitiram aos nossos militares a observação do modo de comportamento e da preparação com que a tropa especial pára-quedista foi dotada para este tipo de operações. Muito se aprendeu no convívio estabelecido dentro e fora do Aquartelamento entre os militares de ambas Companhias.
Vasco Ferreira
ex-Alf Mil
________________
Nota de CV:
(1) Vd. Post de 2 de Agosto de 2007 >Guiné 63/74 - P2022: Em busca de... (8): Cadique Nalu... e da malta da CCAÇ 4540 (1972/73) (Vasco Ferreira)
Breve história da CCAÇ 4540
Vasco Ferreira
A CCAÇ 4540 foi constituída no Regimento de Infantaria de Tomar em 1972.
Chegada à Guiné: 19 de Setembro de 1972
Partida da Guiné: 24 de Agosto de 1974
Estivemos em:
De 18 de Outubro de 1972 a 09 de Dezembro de 1973 em Bigene ,( COP3), no norte da Guiné perto da fronteira com o Senegal onde fomos render a CART 3329.
De 12 de Dezembro de 1972 a 17 de Agosto de 1973 em Cadique, (COP4), no Sul da Guiné.
De 08 de Setembro de 1973 a 24 de Agosto de 1974 em Nhacra ,(COP8), zona do Cumuré, onde fomos render a CCAÇ 3477.
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cacine > Cadique > Junho de 2007 > Pedras que falam da CCAÇ 4540 - "Somos um Caso Sério" - que passou e montou a tenda, na margem esquerda do Rio Cumbijã, de 12 de Dezembro de 1972 a 17 de Agosto de 1973.
Foto: © Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento (2007). Direitos reservados.
Missão em Cadique
Chegamos na LDG “Bombarda” pelas 09h00 do dia 12 de Dezembro de 1973 a Cadique, situada na península dos rios Cumbijã e Cacine no sul da Guiné, no âmbito da Operação “Grande Empresa” que visava a recuperação da zona do Cantanhez com o auxílio da FAP e de um Bi-Grupo da CCP 121.
Neste dia compareceu o Excelentíssimo General António de Spínola que acompanhou sempre de perto o desenrolar da Operação.
Os primeiros dias da instalação do pessoal foram penosos, em virtude de não existir nenhuma estrutura militar, apenas a mata exuberante, compacta e de difícil penetração. Existiam algumas tabancas dispersas ocupadas pela população da área onde predominavam os velhos e crianças. O principal aglomerado Pop é Cadique Nalú.
O terreno era plano, a norte é delimitado pelo rio Bixanque, que desagua no rio Cumbijã, a sul pelo rio Macobum, a leste pela mata do Cantanhêz até ao entroncamento de Jemberém e a oeste pelo rio Cumbijã.
A actividade operacional incidiu sobremaneira, o esforço desta CCAÇ com o começo da concretização do projecto da construção da estrada alcatroada Cadique–Jemberém na actividade de protecção aos trabalhos e segurança às máquinas empenhadas na construção da respectiva estrada, numa região considerada área libertada pelo PAIGC
Na parte económica–social, foram construídos, o Reordenamento do Aldeamento da população de Cadique, Posto Escolar, Posto Sanitário. Foi em homenagem aos Reordenamentos do Cantanhêz que foi construído o monumento no Largo CCAÇ 4540, que passados 34 anos ainda recorda a nossa presença.
Outros testemunhos foram construídos:
Lápide de homenagem In Memoriun ao soldado Victorino Susano Simão falecido em combate em 23 de Junho de 1973.
No dia 22 de Julho de 1973 chegou a Cadique a 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4514 que veio render a CCAÇ 4540, Cadique a partir desta altura ficou a constituir Sede de Batalhão, “ O Batalhão do Cantanhêz”.
Foi a 17 de Agosto de 1973 que a CCAÇ 4540 disse adeus a Cadique no meio de copiosa chuva, que não quis colaborar na despedida, embarcando a bordo da LDG “Montante”, rumo a Bissau.
A nossa homenagem aos GCOMBS da CCP 121, que permitiram aos nossos militares a observação do modo de comportamento e da preparação com que a tropa especial pára-quedista foi dotada para este tipo de operações. Muito se aprendeu no convívio estabelecido dentro e fora do Aquartelamento entre os militares de ambas Companhias.
Vasco Ferreira
ex-Alf Mil
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Nota de CV:
(1) Vd. Post de 2 de Agosto de 2007 >Guiné 63/74 - P2022: Em busca de... (8): Cadique Nalu... e da malta da CCAÇ 4540 (1972/73) (Vasco Ferreira)
Guiné 63/74 - P2166: Convívios (32): Combatentes da Guiné da Freguesia de Guifões-Matosinhos, V.N.Cerveira, 5 de Outubro de 2007 (Albano Costa)
XII Encontro/Convívio de ex-Combatentes da Guiné da Freguesia de Guifões-Matosinhos em Vila Nova de Cerveira, 5 de Outubro de 2007
Em mensagem de 7 de Outubro de 2007, o nosso camarada e fotógrafo oficial do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, Albano Costa, dava-nos conta de mais um Encontro de ex-Combatentes da Guiné, da Freguesia de Guifões, Concelho de Matosinhos.
Caro Luís Graça:
Dia 5 de Outubro, é a data em que os «guineenses» de Guifões se juntam para festejarem mais um convívio, que já leva doze anos de existência e pelo andar da carruagem, não se vislumbra abrandamento.
Este convívio que nasceu com a finalidade de se saber quantos cidadãos desta Freguesia passaram por terras da Guiné desde o início da guerra até ao seu término (63/74), tem vindo a realizar-se sempre nesta data.
Os ex-combatentes da Guiné da Freguesia de Guifões, formaram às 8h30, em frente à Igreja Matriz e, em coluna de reconhecimento, lá foram em duas berliés, rumo a Vila Nova de Cerveira, passando por Braga, pequena paragem, rumando em seguida a V. N. de Cerveira, ao Restaurante Braseirão do Minho, onde emboscaram à volta da mesa a devorar os respectivos alimentos, previamente escolhidos pelos oficiais de dia.
Assim foi passado o dia em ambiente de grande alegria, não faltando até um pé de dança para ajudar à festa.
Já na parte final, foi entregue uma lembrança alusiva a este evento, que foi oferecida pela Junta de Freguesia de Guifões, na pessoa do Senhor Presidente Carmin Cabo, que se fez acompanhar de sua esposa. Presente esteve também o pároco da freguesia, Pe. Américo Sá Rebelo, que prestou serviço militar na Guiné como Capelão.
O Restaurante Braseirão do Minho, prestou um bom serviço às 95 pessoas presentes, pois a festa tamtém foi extensiva aos familiares dos 38 ex-combatentes que se reuniram para confraternizar e recordar um pouco do que foi o período em que estiveram na guerra colonial. É sempre um momento alto, falando-se de tudo um pouco, até do nosso Blogueforanaevaotres.blogspot.com, num ambiente salutar e de grande camaradagem.
Antes do destroçar e do regresso ao destacamento, cantou-se o Hino Nacional.
Um abraço,
Albano Costa
Foto 1> A partir o bolo> Pe. Américo Rebelo; Delfim Neves; Isidro Ventura; Albano Costa; Neca Matos e Carmin Cabo, Presidente da Junta de Freguesia de Guifões
Foto 2> Os ex-militares participantes no almoço.
Fotos: © Albano Costa (2007). Direitos reservados.
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
Guiné 63/74 - P2165: As Duas Faces da Guerra, filme-documentário de Diana Andringa e Flora Gomes, no DocLisboa2007 (18-28 Outubro 2007)
Foto: O Sítio do Sindicato dos Jornalistas (2001) (com a devida vénia...)
1. Mensagem da Diana Andringa (jornalista, portuguesa, n. em Angola, em 1947 )
Luís Graça,
Admitindo que alguns frequentadores do blogue tenham curiosidade em ver este documentário, mas não sejam frequentadores do DocLisboa (1), aqui ficam as informações tiradas do programa do dito (levem a figura de referência à conta dos meus cabelos brancos...).
Abraço,
Diana
Flora Gomes
Foto: Agência Bissau (com a devida vénia...)
2. As Duas Faces da Guerra
19 Out. 23.00 - Culturgest (Grande Auditório)
22 Out. 23.00 - Cinema Londres (Sala 1)
As 2 Faces da Guerra [I] de Diana Andringa e Flora Gomes, 100'
Portugal, 2007.
Diana Andringa, figura de referêcia do jornalismo televisivo português, e Flora Gomes, o mais importante cineasta guinenense (com presença regular em Cannes e Veneza), acordaram fazer um documentário a quatro mãos e duas vozes sobre a guerra colonial.
Luta de libertação para uns, guerra de África para outros, o conflito que, entre 1963 e 1974, opôs o PAIGC às tropas portuguesas é descrito de maneira diferente nos livros de história dos dois países. Mas não são só estas as "duas faces" desta guerra. Para lá do conflito, houve sempre cumplicidades entre as duas partes: "Não fazemos a guerra contra o povo português, mas contra o colonialismo", disse Amílcar Cabral, e a verdade é que muitos portugueses estavam do lado do PAIGC.
Não por acaso, foi na Guiné que ganhou forma o Movimento dos Capitães que levaria ao 25 de Abril. De novo duas faces: a guerra termina com uma dupla vitória, a independência da Guiné e a democracia para Portugal. É esta "aventura a dois" que o filme conta, pelas vozes dos que a viveram.
Fonte: doclisboa2007 (1) (com a devida vénia...)
3. Também o A. Marques Lopes, sempre atento ao que se passa na Guiné-Bissau, mandou-nos a seguinte notícia do portal Notícias Lusófonas, com data de hoje:
«As Duas Faces da Guerra» estreia no Centro Cultural Português [em Bissau]
O filme-documentário "As Duas Faces da Guerra", realizado pela jornalista portuguesa Diana Andringa e pelo cineasta guineense Flora Gomes, estreia sexta-feira no Centro Cultural Português na Guiné-Bissau.
"As Duas Faces da Guerra" foi rodado ao longo de seis semanas e inclui uma série de entrevistas e depoimentos de pessoas que viveram o período da guerra colonial, refere um comunicado da Embaixada de Portugal em Bissau.
Durante seis semanas, os realizadores percorreram as regiões guineenses de Bissau, Mansoa, Geba, Bafatá e Guilege, e estiveram em Cabo Verde e Portugal para recolherem os depoimentos de pessoas que viveram a guerra colonial.
A banda sonora do filme-documentário inclui música portuguesa, guineense e cabo-verdiana da época.
4. Comentário de L.G.:
Felicito os realizadores e faço, aqui, desde já, um convite e um desafio para vermos em conjunto o filme: refiro-me naturalmente a todos os amigos e camaradas da Guiné que residam na área da Grande Lisboa. Vale ?
_________
Nota de L.G.:
(1) doclisboa2007: 5º Festival Internacional de Cinema Documental, 18-28 de Outubro de 2007
1. Mensagem da Diana Andringa (jornalista, portuguesa, n. em Angola, em 1947 )
Luís Graça,
Admitindo que alguns frequentadores do blogue tenham curiosidade em ver este documentário, mas não sejam frequentadores do DocLisboa (1), aqui ficam as informações tiradas do programa do dito (levem a figura de referência à conta dos meus cabelos brancos...).
Abraço,
Diana
Flora Gomes
Foto: Agência Bissau (com a devida vénia...)
2. As Duas Faces da Guerra
19 Out. 23.00 - Culturgest (Grande Auditório)
22 Out. 23.00 - Cinema Londres (Sala 1)
As 2 Faces da Guerra [I] de Diana Andringa e Flora Gomes, 100'
Portugal, 2007.
Diana Andringa, figura de referêcia do jornalismo televisivo português, e Flora Gomes, o mais importante cineasta guinenense (com presença regular em Cannes e Veneza), acordaram fazer um documentário a quatro mãos e duas vozes sobre a guerra colonial.
Luta de libertação para uns, guerra de África para outros, o conflito que, entre 1963 e 1974, opôs o PAIGC às tropas portuguesas é descrito de maneira diferente nos livros de história dos dois países. Mas não são só estas as "duas faces" desta guerra. Para lá do conflito, houve sempre cumplicidades entre as duas partes: "Não fazemos a guerra contra o povo português, mas contra o colonialismo", disse Amílcar Cabral, e a verdade é que muitos portugueses estavam do lado do PAIGC.
Não por acaso, foi na Guiné que ganhou forma o Movimento dos Capitães que levaria ao 25 de Abril. De novo duas faces: a guerra termina com uma dupla vitória, a independência da Guiné e a democracia para Portugal. É esta "aventura a dois" que o filme conta, pelas vozes dos que a viveram.
Fonte: doclisboa2007 (1) (com a devida vénia...)
3. Também o A. Marques Lopes, sempre atento ao que se passa na Guiné-Bissau, mandou-nos a seguinte notícia do portal Notícias Lusófonas, com data de hoje:
«As Duas Faces da Guerra» estreia no Centro Cultural Português [em Bissau]
O filme-documentário "As Duas Faces da Guerra", realizado pela jornalista portuguesa Diana Andringa e pelo cineasta guineense Flora Gomes, estreia sexta-feira no Centro Cultural Português na Guiné-Bissau.
"As Duas Faces da Guerra" foi rodado ao longo de seis semanas e inclui uma série de entrevistas e depoimentos de pessoas que viveram o período da guerra colonial, refere um comunicado da Embaixada de Portugal em Bissau.
Durante seis semanas, os realizadores percorreram as regiões guineenses de Bissau, Mansoa, Geba, Bafatá e Guilege, e estiveram em Cabo Verde e Portugal para recolherem os depoimentos de pessoas que viveram a guerra colonial.
A banda sonora do filme-documentário inclui música portuguesa, guineense e cabo-verdiana da época.
4. Comentário de L.G.:
Felicito os realizadores e faço, aqui, desde já, um convite e um desafio para vermos em conjunto o filme: refiro-me naturalmente a todos os amigos e camaradas da Guiné que residam na área da Grande Lisboa. Vale ?
_________
Nota de L.G.:
(1) doclisboa2007: 5º Festival Internacional de Cinema Documental, 18-28 de Outubro de 2007
Guiné 63/74 - P2164: PAIGC - Instrução, táctica e logística (4): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (IV Parte): Emboscadas (A. Marques Lopes)
Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968) > Os temíveis jagudis, o Grupo de Combate do Alf Mil Marques Lopes, montando uma emboscada aos guerrilheiros do PAIGC
Fotos: © A. Marques Lopes (2005). Direitos reservados.
Fotos: © A. Marques Lopes (2005). Direitos reservados.
Mensagem de 13 de Setembro de 2007, do A. Marques Lopes (natural de Lisboa, hoje coronel DFA, na reforma, e residente em Matosinhos), com mais um texto extraído do Supintrep, nº 32, de Junho de 1971:
PAIGC > Instrução, táctica e logística > IV parte (1)
[Fixação do texto: A.M.L. e editor L.G]
Imagens digitalizadas por © A. Marques Lopes (2007). Direitos reservados.
TÁCTICA > Emboscadas
(Continuação)
(4) Esquemas Representativos de Técnicas Doutrinárias
Dos cadernos de apontamentos do chefe de grupo João Landim, foram extraídos os seguintes esquemas relativos à emboscada.
(4a) Emboscada a uma coluna auto
Comentário: A figura mostra-nos uma emboscada montada nos moldes habituais.
(4b) Emboscada a uma embarcação
Comentário: A figura mostra-nos um bigrupo ocupando uma posição de emboscada contra uma embarcação. O local foi escolhido numa curva do rio, verificando-se da parte do IN uma preocupação na montagem de um eficiente sistema de segurança. De salientar a existência de locais de reunião pré-determinados.
(5) Casos reais descritos com base em relatórios elaborados pelas NT
(5a) Emboscada na estrada Bindoro-Jugudul
Nesta emboscada, realizada por efectivos da ordem de bigrupo, o IN conseguiu resultados assinaláveis mercê da técnica utilizada e da agressividade que demonstrou. Dadas as circunstâncias que antecederam o desencadear da acção, admite-se que a população possa ter colaborado com o IN, coactivamente ou de livre vontade, fixando as NT na zona de morte.
1. Descrição da acção
O IN istalou-se de ambos os lados da estrada articulando-se em dois grupos desfasados cerca de 50 metros, e utilizando como única protecção árvores de pequeno porte e o mascaramento oferecido pelo capim, com cerca de um metro de altura.
O grupo mais avançado, relativamente à testa da coluna, (a que chamaremos Grupo 1) ocupava posições distando entre 5 e 20 metros da estrada. A cerca de 30 metrops deste grupo o IN colocou uma mina que deixou a descoberto no leito da estrada.
Mais avançado, e apenas a um metro da estrada colocou o grupo de detenção à frente, em condições de bater frontalmente a viatura imobilizada, ou os seus ocupante quando tentassem a remoção da mina..
Na estrada, frente ao Grupo 1 encontravam-se alguns elementos da população que pediram boleia pelo que a viatura da testa parou para os transportar para Jugudul.
A paragem da viatura neste local colocou-a no centro da zona de morte do Grupo 1. Imediatamente após a paragem, a viatura foi atingida por um disparo de LGFog seguido de apreciável volume de tiro de armas ligeiras e lançamento de granadas de mão, colocando fora de combate a quase totalidade dos elementos das NT nela transportados.
A segunda viatura, embora fora da zona de morte, parou, sendo alvejada por disparos de LGFog, Mort 60 e granadas de mão, não tendo sido no entanto directamente atingida.
Após a neutralização do pessoal transportado na primeira viatura, aproveitando o efeito surpresa e o tempo necessário ao pessoal da segunda viatura para organizar a reacção, o Grupo 1 foi à estrada, ao assalto, levando consigo armamento (1 LGFog 8,9 cm e 5 Esp Aut G3), um emissor receptor THC736-AVP1, artigos de fardamento e equipamento, e retendo um elemento das NT e uma rapariga da população, esta posta em liberdade daí a dois dias.
Imediatamente após a acção o IN retirou, utilizando um trilho diferente do usado na aproximação.
A reacção das NT foi grandemente prejudicada pela altura do capim, pela superioridade numérica do IN, e pelo dispositivo por ele implantado no terreno. A acção dos elementos das NT, transportados na segunda viatura, mantidos debaixo de fogo do Grupo 2 limitou-se a uma reacção pelo fogo que não obstou ao assalto realizado pelo Grupo 1.
2. Procedimentos especiais a assinalar:
- Escolha de um itinerário onde o trânsito das colunas das NT constituía rotina, e portanto onde as medidas de segurança certamente teriam abrandado.
- Escolha de um local de emboscada suficientemente próximo da povoação ocupada pelas NT e portanto um local onde as NT estariam certamente em confiança.
- Aproveitamento do mascaramento oferecido pelo capim crescido, conjugado com uma instalção a curta distância da estrada, permitindo por conseguinte uma acção fulminante e a utilização eficiente de armamento ligeiro e granadas de mão.
- Colocação de uma mina, a descoberto, a cerca de 30 metros do local de etenção da coluna (admitindo-se que a mina assim a descoberto tivesse a finalidade de conseguir a imobilização da coluna dentro da zona de morte ou que o IN estivesse a proceder à sua instalação quando da chegada dos elementos da população).
- Utilização de elementos da população para detenção da coluna. (Embora esta utilização não tenha ficado perfeitamente esclarecida admite-se como muito provável que os elementos da população soubessem da presença IN, quer por se terem apercebido dos elementos emboscados a tão curta distância, quer pela presença da mina a descoberto).
- Uma boa coordenação dos grupos executantes, por forma a impedir a reacção eficiente das NT, e a cortar inclusivamente as possibilidades de envolvimento dos grupos IN.
- Retirada coordenada seguindo um grupo In não estimado por um itinerário, fazendo crer às NT ser essa direcção geral de rotina, enquanto o restante pessoal do bigrupo seguia por um local completamente diferente fazendo-se acompanhar do pessoal e material capturado.
- Utilização do E/R [emissor / receptor] capturado para, utilizando-o ou forçando o operador rádio à sua utilização, comunicar com a sede do Batalhão, dizendo não haver qualquer actividade.
- Rapidez no desenrolar da acção e retirada, não permitindo às NT prontamente saídas dos aquartelamentos mais próximos uma perseguição efectiva.
3. Conclusões
O modo como a acção se desenrolou revela, da parte do grupo executante:
- Um planeamento cuidado;
- Uma boa técnica de execução;
- Agressividade;
- Boa coordenação da acção por parte dos grupos executantes.
4. Esquema da emboscada:
(5b) Emboscada a uma coluna auto na estrada Mansoa-Infandre
1. Descrição
Em 12 de Outubro de 1970, às 12h00 uma coluna constituída por 2 viatutras saíu de Mansoa de regresso ao Infandre, donde havia saído na manhã do mesmo dia. Quando cerca das 12h30 atingiram o local MANSOA 5F8-35, local esse onde habitualmente costumavam apear com vista a tomar um dispositivo que lhe garantisse segurança sofreram uma emboscada, ficando as viaturas, que seguiam a uma distância de 80 metros, dentro da zona de morte (2).
A emboscada foi desencadeada com grande volume de fogos, tendo a viatura que seguia à frente, em virtude de o condutor ter sido logo atingido, saído o itinerário imbilizando-se dentro do mato.
A viatura da rectaguarda parou, logo que desencadeada a acção, imobilizando-se também a cerca de 90 metros da primeira.
O enorme volume de fogos atingiu a totalidde dos elementos que constituiam a escolta e de tal modo que o IN fez o assalto capturando grande quantidade de material, géneros e artigos de cantina.
Uma força de socorro vinda de Mansoa levantou uma mina anti-carro junto da berma da estrada, bem como uma mina A/P colocada sobre o itinerário de retirada. Encontrados ainda alguns dispositivos para armadilhamento, abandonadas por falta de tempo para a sua colocação.
Supõe-se que era intenção do IN armadilhar os corpos dos mortos.
2. Procedimentos especiais a assinalar
- O IN montou uma emboscada numa extensão de cerca de 200 metros e que implicou a utilização de elevados efectivos estimados segundo o relatório da acção em cerca de 100 elementos fortemente armados, o que se conclui pelo volume e variante de fogos desencadeados.
- A maneira como foi desencadeada a acção leva a admitir que seja intenção do In passar a utilizar efectivos elevados neutralizando totalmente as escoltas, e passando a efectuar o assalto com vista à capura de material e ao aprisionamento das NT.
- Refere-se a colocação de uma mina A/C com dispositivo anti-levantamento e ainda uma A/P implantada sobre o itinerário de retirada. Salienta-se ainda ter sido intenção do In armadilhar os cadáveres, o que não chegou a fazer por falta de tempo, ocasionada pela pronta intervenção das NT.
- A maneira como a acção foi desencadeada revela da parte do In um elevado grau de instrução.
3. Croquis da emboscada IN na região de Infandre
(5c) Emboscada a uma coluna auto na estrada Piche-Nova Lamego
1. Descrição
Em 10 de Novcembro de 1970, às 8h00, uma coluna auto escoltada por efectivos da ordem do grupo de ombate saíu da povoação de Piche com o seguinte dispositivo:
Viatura 1 – White
“ 2 – Unimog c/ 1.ª secção
“ 3 – GMC c/ civis
“ 4 – Unimog c/ bagagens
“ 5 – Unimog c/ 2.ª secção
“ 6 – Unimog c/ carga
“ 7 – GMC c/ bidons vazios
“ 8 – Unimog c/ 3.ª secção
“ 9 – White
À velocidade normal e respeitando uma distância de 50 metros entre 2 viaturas consecutivas, a coluna, ao atingir o pontão do Rio Bentem foi surpreendida pelo desencadear de fogo de LGFog e Armas Ligeiras o qual, vindo do lado direito da picada, incidiu sobre as duas primeiras viaturas. De salientar que junto ao pontão já se encontrava uma viatura das obras de estrada, a qual estava a ser carregada com areia por três civis.
A acção IN durou cerca de 20 minutos, não tendo sido possível às NT efectuar qualquer manobra de envolvimento dado não só o reduzido efectivo mas também pela dispersão em que os vários núcleos se encontravam.
A reacção das NT foi feita apenas pelo fogo, tendo sido batidos os itinerários de retirada com fogos de morteiro. Posteriormente, uma força saída da povoação de Piche constatou pelos trilhos deixados que o grupo IN seria constituído por efectivos da ordem dos 30 elementos.
2. Procedimentos especiais a assinalar:
- A actuação do In enquadra-se nos moldes habituais, sendo de salientar que a emboscada foi montada sensivelmente no local onde em tempos havia ocorrido outra.
- Os efectivos reduzidos que constituíam a escolta impossibilitaram a constituição de uma força que pelo fogo e movimento tentasse o envolvimento do grupo IN.
- A realização da coluna era do conhecimento do IN pela circunstância de se encontrar no local uma viatura civil que não foi molestada. Isso poderá provar que o objectivo do In era realmente a coluna auto.
Esquema de uma emboscada na estrada Piche -Nova Lamego a uma coluna auto das NT
(5d). Emboscada a uma coluna na estrada Farim-Jumbembem
1. Descrição
Em 14 de Dezembro de 1970, pelas 7h00, um grupo de combate saíu de Farim iniciando a picagem para Lamel no itinerário que posteriormente iria ser percorrido por uma coluna auto que transportava pessoal para trabalhos de desmatação.
No Bolumbato o grupo foi alcançado pela coluna auto, que ali ficou aguardando que a picagem prosseguisse até à ponte de Lamel onde se procederia ao encontro com forças vindas de Jumbembem. Cerca das 9h20, quando o grupo que procedia à picagem se encontrava aproximadamente a 800 metros da ponte de Lamel, os elementos que seguiam à frente verificaram a existência de pegadas na estrada e avisaram do facto para a rectaguarda. Imediatamente foram dadas instruções para se redobrar a vigilância. Então, para a rectaguarda e sensivelmente a meio do dispositivo tomado pelo grupo, deu-se um grande rebentamento acompanhado de intenso tiroteio vindo do lado norte da estrada (ver colocação do pessoal conforme o croquis).
O grupo caíra numa emboscada montada pelo IN que se encontrava instalado bastante próximo da estrada (posteriormente foram verificadas várias posições a uns 10 metros da berma). A proximidade e o forte potencial de fogo desencadeado (lança-rockets, morteiro 60 e armas ligeiras) era tal que impediu a manobra, permitindo apenas a reacção pelo fogo.
Alguns elementos do grupo IN falavam correctamente português, tendo até um soldado das NT ao avistar um elemento fardado de camuflado, perguntado se pertencia à milícia ao que o outro respondeu que sim e para pararem o fogo. Nesse momento, avistou outro IN atrás de um morro apontando um lança-rockets. Deu uma rajada nessa direcção ao mesmo tempo que se lançava ao solo. Ouviu então dizer repetidas vezes: “Avança a Secção 3”. Em face disso recuou rastejando para prevenir os camaradas do que se passava.
Passado algum tempo ouviram-se os ruídos das viaturas da coluna que se aproximava, tendo o IN feito fogo na direcção das mesmas. Com a aproximação da coluna auto o In deixou de fazer fogo e rompeu o contacto. O facto das forças da escolta terem reagido com fogo de armas ligeiras, contribuíu para que o In retirasse. O tempo que mediou entre o início da emboscada e a chegada das viaturas, foi cerca de 20 minutos.
Entretanto ouviu-se o ruído da coluna que se dirigia de Jumbembem para Lamel. Como ainda faltavam 800 metros para finalizar a picagem, prosseguiu-se e fez-se o encontro com as forças de Jumbembem, após o que a coluna se pôs em movimento. Cerca de 500 metroa a sudoeste da ponte de lamel, a viatura da frente accionou 1 mina A/C que a picagem não detectara, ficando parcialmente destruída e ferido gravemente um soldado daquela coluna. Frisa-se que este último troço de estrada foi picado novamente após o encontro até ao local da emboscada. A mina A/C accionada pela viatura, fora colocada num terreno pedregoso, que dificultava a sua detecção, pelo simples processo de picagem.
Entretanto chegou de Farim uma força de reforço dando-se início à batida que não pudera ser feita anteriormente. Reconstituiu-se a localização do grupo de combate quando do início da emboscada iniciando-se então a batida. A uns 10 metros da estrada, foi descoberto um carreiro paralelo àquela e numa extensão que abrangia todo o grupo de combate.
Ao longo desse carreiro foram localizadas grandes quantidades de invólucros de armas ligeiras e duas posições com o terreno queimado peloa gazes expelidos dos lança-rockets. A posição do morteiro não foi localizada, mas não há dúvidas do seu emprego. Seguidos os carreiros de retirada IN foram localizados vestígios de sangue em três locais diferentes e bocados de algodõ, bem como mais invólucros de armas ligeiras, que devem ter sido utilizadas para a protecção da retirada IN. Os carreiros de retirada convergiam a cerca de 1 km da estrada e iam dar a um carreiro único, este bem batido, por ser utilizado frequentemente, e que atravessava a bolanha,dirigindo-se paraFambantã. Seguido esse carreiro e como nada mais se passou a força regressou.
3. Procedimentos especiais a assinalar
- Tratava-se de um Grupo numeroso, bem treinado e com determinação de ir ao assalto, o que é demonstrado pelas vozes de comando ouvidas.
- A zona de morte era extensa, tendo o início da emboscada sido feito com uma mina A/C, comandada e colocada não na parte superior do terreno, mas sim pela valeta como a figura demonstra: - O local de rebentamento da mina foi bem picado e observado, pois foi precisamente nele que foram verificadas as pegadas. A mina estava mesmo colocada junto à valeta e fora do rodado das viaturas. Quando foi accionada o elemento mais próximo estava a uns 4 metros e portanto sem qualquer possibilidade de ter sido accionada pelas NT. A uns 10 metros da cratera foi encontrado o travesão da mina A/C junto a uma árvore e um morro de baga-baga, lugar onde foi detectada uma posição de lança-rockets e armas automáticas; foi possivelmente desta posição que o IN fez accionar a mina.
- A mina que foi accionada pela viatura estava colocada em terreno pedregoso (escapou a uma dupla picagem) e estaria colocada para ser accionada por forças que se deslocassem naquele sentido e que viessem em nosso socorro.
- O terreno onde se efectuou a emboscada era próprio para a mesma, pois o capim era bastante alto.
- O IN, ao falar correctamente o português e vestido de camuflado, tentou aproveitar-se do facto procurando fazer com que as NT deixassem de fazer fogo.
- De salientar que este processo de implantação de minas foi já detectado no TO.
Esquema de uma emboscada a uma coluna na estrada Farim-Jumbembem:
(5e) Emboscada a uma coluna auto das NT
1. Descrição
Em 15 de Dezembro de 1970, às 6h00 saíu do destacamento X das NT um grupo de combate com a missão de manter segurança a um troço compreendido entre X e um local que designamos por Y. Meia hora mais tarde foi atingida a bolanha Z que corta o referido troço, tendo as NT feito reconhecimento pelo fogo não só porque a zona apresenta nesta altura densa vegetação mas também porque, do antecedente, o In tem escolhido esse local para montagem de emboscadas.
Transposta a referida bolanha e 1 Km após ela, o IN fez accionar uma mina A/P reforçada e comandada, após o que desencadeou a emboscada com fogos de RPG 2 e armas ligeiras automáticas. As NT reagindo pelo fogo e movimento obrigaram o In a retirar, tendo a retirada deste sido protegida com fogos de Mort 82. Feita a batida ao local, verificou-se que o IN dispunha de 30 abrigos individuais, dispostos paralelamente à estrada e a uma distância desta de 5 a 6 metros. Os abrigos foram feitos aproveitando a protecção de troncos que se encontravam caídos no local. A posição do Mort 82 encontrava-se a cerca de 1 Km a W do local onde se desencadeou a emboscada.
2. Procediments especiais a assinalar
- O In sabedor que as NT passavam a efectuar reconhecimentos pelo fogo na bolanha Z, montaram emboscada numa posição diferente da habitual, muito embora num local próximo, o que não deixa de significar a sua predilecção por determinados locais.
- A acção foi iniciada com o accionamemnto de uma mina A/P comandada por um elemento encarregado de puxar um cordel, acção essa que iniciaria a cadeia de fogo. Esse elemento estava protegido por 02 elementos armados com armas automáticas.
- O IN logo após o desencadeamento da emboscada flagelou com grande volume de fogos a cauda da coluna, com vista a impedir qualquer manobra de envolvimento.
- O IN utilizou, para proteger a retirada das suas forças, fogos de Mort 82 (16 granadas).
- O IN utilizou troncos caídos sob a protecção dos quais construiu abrigos individuais.
- Dos abrigos saím trilhos que se reuniam junto a uma árvore de grande porte, facilmente referenciada, da qual partia um trilho único que se dirigia paraa posição do Mort 82.
(Continua)
________
Notas de L.G.:
(1) Vd. posts anteriores:
22 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2124: PAIGC - Instrução, táctica e logística (1): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (I Parte): Formação e treino (A. Marques Lopes)
24 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2126: PAIGC - Instrução, táctica e logística (2): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (II Parte): Instrução militar (A. Marques Lopes)
1 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2146: PAIGC - Instrução, táctica e logística (3): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (III Parte): Deslocamentos (A. Marques Lopes)
(2) Vd. post de 7 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2162: O fatídico dia 12 de Outubro de 1970 - Emboscada no itinerário Braia/Infandre (Afonso M. F. Sousa)
domingo, 7 de outubro de 2007
Guiné 63/74 - P2163: História de vida (7): Manuel Carneiro, 55 anos, director de rancho folclórico, ex-pára-quedista da CCP 121 / BCP 12 (Luís Graça)
Rancho Folclórico da Associação Juvenil de Paredes de Viadores > Actuação na festa de São Romão > Adro da igreja de Paredes de Viadores > 2 de Setembro de 2007 > Danças tradicionais do Douro Litoral. Rancho fundado em 1997. Actual director: Manuel Carneiro, 55 anos, residente no Juncal, reformado da CP, ex-pára-quedista (Guiné, CCP 121 / BCP 12, 1972/74)
Vídeo: Alojado em You Tube > Nhabijoes. © Luís Graça (2007). Direitos reservados.
Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > 2 de Setembro de 2007 > Romaria de São Romão > Procissão > A imagem de São Romão, orago da freguesia. Foi aqui que conheci o Mamuel Carneiro.
Foto:© Luís Graça (2007). Direitos reservados.
Manuel Carneiro, director do Rancho Folclóiuco da Associação Juvenil de Paredes de Viadores, ex-pára-quedista...
Foto:© Luís Graça (2007). Direitos reservados.
Costuma-se dizer que o mundo é pequeno quando encontramos alguém, em circunstâncias, inesperadas ou insólitas. Alguém que já não vemos há muito, alguém de quem ouvimos falar mas que não conhecemos, enfim, alguém que gostaríamos de (re)encontrar.
Foi o que aconteceu com o Manuel Carneiro, ex-pára-quedista da CCP 121, BCP 12, que esteve na Guiné entre 1972 e 1974. Quem, primeiro, me falou do Manuel Carneiro foi o Victor Tavares, à mesa do Restaurante Vidal, em Aguada de Cima, Águeda, em 2 de Março último, tendo a nosso lado o Paulo Santiago, que jogava em casa (1)…
Como emtão tive ocasião de escrever, o Victor é um digno representante dessa escola de virtudes humanas e militares que foram (e são) os pára-quedistas. Ele foi sobretudo um valoroso elemento da CCP 121 /BCP 12 que, na Guiné, entre 1972 e 1974, sofreu nove baixas mortais: seis na Operação Pato Azul (Gampará, Março de 1972) e três na valorosa 5ª coluna que, entre 23 e 29 de Maio de 1973, rompeu o cerco a Guidaje. Estes espisódios já aqui foram evocados pelo Victor, com dramatismo, autenticidade e rigor (2).
Foi nesssa ocasião, na véspera de ele partir para a Guiné-Bissau, em missão de reconhecimento das campas dos seus três camaradas pára-quedistas que morreram em Guidaje, em Maio de 1973, que eu conheci pessoalmente o Victor.
Ele acabava de aceitar o convite e o desafio feitos pelo jornalista Jorge Araújo que estava a fazer um trabalho de reportagem para a TVI. O Victor aceitou voltar a Guidaje, com sentido de missão, com humildade, com naturalidade (e sem se queixar do prejuízo que esses cinco dias iriam representar para a sua vida familiar e profissional, ele que é um honesto trabalhador independente, além de presidente da junta da sua freguesia)...
À mesa, na conversa que com ele tive, ao almoço, deu também para perceber que ele é também um grande homem, um grande português e um grande camarada, que foi um notável operacional mas que não se envaidecia pelo seu brilhante currículo como combatente e pelo facto de ainda hoje privar com os seus antigos oficiais, incluindo aquele que foi seu comandante e que atingiu o posto de major-general (se não erro, Bação da Costa Lemos, hoje na reforma), posto esse que é dificilmente alcançável entre as tropas pára-quedistas...
O Victor foi e continua a ser muito respeitado pela família pára-quedista, camaradas e superiores hierárquicos... A sua presença, na nossa Tabanca Grande, também nos honra, sobretudo pela sua grande experiência, camaragem e lealdade.
Foi também nessa ocasião que eu vim a saber que um grande camarada e amigo do Victor foi um tal Manuel Carneiro, conterrâneo da minha mulher, Maria Alice Ferreira Carneiro, natural de Paredes de Viadores, concelho do Marco de Canaveses… Não têm qualquer parentesco entre si, apesar do apelido Carneiro…
No dia 2 de Setembro de 2007, seis meses depois, acabo por conhecer o Manuel Carneiro. Estava eu a acabar as minhas férias de Verão, passando os útimos dias na pacadez e frescura de Candoz, com vista para a albufeira da barragem do Carrapatelo… No dia 2 era a festa do São Romão, orago da freguesia, Paredes de Viadores. Por volta das 16h, decidimos ir dar uma volta até ao sítio onde se realizava a festa do São Romão que não se compara, nem de longe nem de perto, com a grande festa anual da freguesia e do concelho, que é a Senhora do Socorro, na última semana do mês de Junho de cada ano…
São Romão resume-se, em boa verdade, a um pequena procissão e pouco mais. Mas nesse dia actuava o Rancho Folclórico da Associação Juvebil de Paredes de Viadoires…. Assiti a (e filmei) a segunda parte deste simpático e jovem rancho, fundado em 1997. No final, entendi dever dar uma palavrinha reconhecimento e de estímulo ao respectivo director, que eu não sabia quem era…
Levaram-me até ele e, qual não é a minha surpresa, quando lá chegado ele dispara, rápido, a seguinte exclamação:
- Mas é o Dr. Luís Graça!
- Já nos conhecemos de algum lado ?
- Do blogue, pois, claro! Do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné! Sou camarada do Victor Tavares, pára-quedista da 121…
- Podes então dispensar o doutor… Dá-me cá um abraço, que os camaradas da Guiné tratam-se todos por tu!
Fiquei então a saber que o Manuel Carneiro, de 55 anos, pai de três filhas, era nosso vizinho, conhecia muito bem a família da minha mulher, os Carneiro de Candoz, que era refomado da CP, que residia no Juncal, mesmo junto à estação do Juncal (Linha do Douro, entre Marco de Canavese e Mosteiro) e que assumira há pouco tempo funções de director do Rancho Folclórico da Associação Juvenil de Paredes de Viadores…
A conversa inevitavelemte foi parar ao blogue, à Guiné e aos pára-quedistas. O Manuel Carneiro está amiúdas vezes com o Victor, nos convívios periódicos da Companhia (CCP 121) e do Batalhão (BCP 12). Prometi-lhe apadrinhar a sua entrada na nossa Tabanca Grande. Disse-me que ainda não tinha email mas que ía com frequência visitar o nosso blogue, a partir do computador da filha mais nova…
Prometi-lhe também divulgar o rancho por quem ele tem muito amor e a que dedica um boa parte do seu tempo, tanto no nosso blogue como no blogue da família, a Nossa Quinta de Candoz… Aqui fica, hoje, e com o atraso de mais de um mês, uma parte do prometido… A voz que se ouve no vídeo (no início deste post), é do Manuel Carneiro a quem eu saúdo, como novo membro da nossa tertúlia.
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Notas de L.G.:
(1) Vd. post de 8 de Março de 2007 >Guiné 63/74 - P1573: O Victor Tavares, da CCP 121, a caminho de Guidaje, com uma equipa da TVI (Luís Graça)
(2) Vd. posts de:
25 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1212: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (1): A morte do Lourenço, do Victoriano e do Peixoto
9 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1260: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (2): o dia mais triste da minha vida
21 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1540: Os paraquedistas também choram: Operação Pato Azul ou a tragédia de Gamparà (Victor Tavares, CCP 121)
Guiné 63/74 - P2162: O fatídico dia 12 de Outubro de 1970 - Emboscada no itinerário Braia/Infandre (Afonso M. F. Sousa)
Afonso M. F. Sousa, ex-Fur Mil Trms, CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro) (1968/70)
Mais um dossiê organizado pelo nosso camarada Afonso Sousa (1), residente actualmente em Maceda, Ovar, a quem o nosso blogue agradece a persistência, o entusiasmo, a paixão do rigor, o amor da verdade, a discrição e a camaragem (Carlos Vinhal, co-editor)
O fatídico 12 de Outubro de 1970
Guiné - Região de Mansoa
Dossiê organizado por Afonso M.F. Sousa
A sequência dos momentos que precederam a trágica emboscada (Uma descrição sumária onde se procura circunscrever os passos e os momentos que preencheram este trágico dia do Pel Caç Nat 58 e da CCAÇ 2589)
Brasão do Pel Caç Nat 58
O Pel Caç Nat 58, em Outubro de 1970, estava sediado em Infandre. Defendia, juntamente com a CCAÇ 2589, o itinerário Mansoa - Infandre – Namedão (segurança e picagem).
Um aspecto do aquartelamento de Infandre
Vista parcial do aquartelamento de Infandre
Vista parcial da Parada de Infandre
Militares de Infandre numa pausa do quotidiano de guerra
O 12 de Outubro de 1970
7 horas da manhã. Militares do Pel Caç Nat 58 e da CCAÇ 2589, acantonados em Infandre (cerca de 10 Km a NW de Mansoa), partem deste aquartelamento em direcção a Mansoa, em 2 viaturas Unimog, a fim de efectuarem mais um reabastecimento da Unidade.
Para a detecção de minas, um grupo de militares segue à frente das viaturas, fazendo a habitual picagem da estrada (de terra batida). Duas horas depois a coluna chega a Mansoa.
As viaturas são colocadas nas posições de reabastecimento. Alguns dos militares, como sempre o fazem (sempre que se deslocam à vila), procuram de imediato o único estabelecimento de comidas onde poderão refrear todo o seu justificado apetite pelo esforço destas 2 horas de marcha.
Encaminham-se, como sempre, para a Casa Simões, ali mesmo ao lado da Igreja de Mansoa. O Simões havia também cumprido o seu serviço militar na PM em Bissau e resolveu continuar na Guiné, abrindo em Mansoa um pequeno restaurante, sobretudo para apoio à comunidade militar desta zona. Por aqui, ele estava na boca de quase todos. Os que vinham da periferia não hesitavam em fazer uma visita ao restaurante. Assim aconteceu com estes militares do aquartelamento de Infandre. Era como que reviver, por instantes, sabores e momentos da saudosa Metrópole.
Mansoa > Igreja onde estiveram as urnas, para as devidas honras e formalidades
Mansoa > Na Esplanada da Casa Simões, almoçam os furriéis César Dias e Caetano
Mansoa > O Fur Mil César Dias (à direita) e o 1º Cabo Brogueira
Reconfortados, estes militares lá voltaram ao espaço do reabastecimento. A operação de carga conclui-se. Eram cerca de 11 e meia. Ia começar a viagem de regresso a Infandre. Alguns civis, como de costume, acomodam-se nas viaturas, com as suas compras. A velocidade rondam os 50 - 60 Km/h. Por volta das 11,45h a coluna está à vista do aquartelamento de Braia. Resolvem parar para um cumprimento rápido aos seus vizinhos e camaradas amigos e tomarem uma bebida. Deixam as viaturas sobre a direita da picada e vão até ao interior do fortim. A visita é rápida, não mais que 10 minutos.
Braia > Um aspecto do aquartelamento
Efectivos de Braia > Parte do 3.º Pelotão da CCAÇ 2589 (Os Peras) mais quatro elementos do PEL CAÇ NAT 58 (um deles é o Fur A. Silva Gomes). Os restantes elementos destes dois Pelotões, juntamente com um Grupo de Milícia, constituiam o efectivo de Infandre.
Braia > Interior do aquartelamento (Messe)
Braia > Em posição de continência, o Fur A. Silva Gomes do PEL CAÇ NAT 58
É agora quase meio-dia. Vão retomar o caminho rumo a Infandre. Faltam apenas pouco mais que 4 Km.
Decorrem cerca de 5 minutos, após a partida. Os militares de Braia ouvem um intenso tiroteio para o lado do caminho que a coluna de Infandre seguia. Pressentiram, de imediato, que estava a ser atacada. A sua reacção foi instantânea. As duas viaturas do fortim, puseram-se estrada fora, a toda a velocidade. A estrada descreve uma curva à direita. Há um fardo de palha (talvez colmo) na estrada. Contornam-no. Cerca de trezentos metros depois da curva avistam-se as duas viaturas do aquartelamento de Infandre. Estão paradas na estrada. Em cima delas, nativos de armas apontadas ripostam à progressão dos homens de Braia. Estes saltam das viaturas e começam a progressão de forma mais cautelosa, pelas bermas da picada, junto ao capim. O Furriel António Gomes refere que teve necessidade de reposicionar-se para não ser atingido. Alguém lhe estava a chamar a atenção para isso. A nossa reacção foi determinada e eficaz. Os elementos do PAIGC começam a evadir-se no mato. Os militares socorristas aproximam-se. Junto às duas viaturas o ambiente é desolador, dramático...
Militares mortos e feridos, no chão, em redor das duas viaturas. Os feridos em estado desesperado. Começam a ouvir-se o estrondo das granadas dos obuses de Mansoa que caíam para o lado da fuga do inimigo. Alguém já tinha dado o alerta. Procura-se o socorro possível aos feridos e estabelece-se a comunicação para as necessárias evacuações. O cenário é dantesco e de profunda emoção e tristeza. Um pelotão inteiro está ali, naquele pequeno espaço, completamente abatido. Os olhos humedecidos são de tristeza e de raiva. O inimigo tinha atingido os seus desígnios de forma cruel e bárbara. Diz o Furriel António Gomes: - Deparámos depois que a cerca de 50 metros, para o lado contrário da emboscada, junto a um baga-baga, aí se haviam escondido 5 dos nossos militares, sobreviventes sem ferimentos, que de forma instantânea e algo feliz conseguiram evadir-se através do alto capim, para o outro lado da picada.
Entretanto chegavam também, em socorro, militares de Infandre. Estes demoraram mais porque tiveram que fazer a deslocação a pé (as duas únicas viaturas existentes eram as que tinham sido emboscadas).
Introduzo aqui um parêntesis para referir que tive, entretanto, conhecimento que o 1.º cabo enfermeiro António Oliveira, do Hospital Militar 241 de Bissau, chegou, exactamente ao local da emboscada, por volta das 12,30h. Ele era um dos elementos que integrava a equipa do helicóptero que procedeu à evacuação dos feridos de maior gravidade.
Por ironia do destino, o Oliveira também é da Mealhada e morava a pouco mais de 2 Km do José da Cruz Mamede. Este tinha estado a gozar férias em Bissau onde, conforme combinação prévia, deveria ter visitado o António Oliveira, no Hospital Militar. Por qualquer circunstância o José não esteve com ele e voltou a Infandre uns dias antes da fatídica emboscada.
O António Oliveira reconheceu, no capim, o seu amigo. Estava do lado esquerdo (conforme a orientação das viaturas), a cerca de 10/15 metros da berma da estrada. Já estava sem vida. À minha observação para a distância a que se situava em relação ao local exacto da emboscada, disse-me que, provavelmente, ainda se terá arrastado naquele espaço, enquanto as forças lho permitiram.
Quanto ao Serifo Djaló, que morreu em Bissau, 5 dias depois e o Natcha que morreu em 20 de Novembro, confirma que se tratavam de elementos apanhados nesta emboscada e que haviam sido evacuados para Bissau.
Dada a quantidade de feridos, deram instruções imediatas para que de Bissau, partissem 2 ambulâncias, por estrada. Os 3 ou 4 feridos de maior gravidade, foram, de imediato, evacuados de helicóptero.
Refere que, antes de procederem à descida, no local, um T6 procedeu a bombardeamentos no enfiamento de Morés e Canquebo.
O António Oliveira não põe de lado a hipótese da coluna ter parado entre o fortim de Braia e a zona da emboscada, para dar boleia a alguém da população. Continua, por isso, a haver alguma dúvida se terão parado, para esse efeito (**). A paragem poderia ser tácita com os elementos do PAIGC. Por ora, é ainda uma questão difícil de investigar ou concluir. Sobre esta questão, o ex-Furriel António Silva Gomes (um dos socorristas de Braia) afirma de forma quase peremptória que não houve qualquer paragem, dado que entre a saída de Braia e o momento da emboscada, apenas decorreu um intervalo de cinco minutos.
Quem sabe se algum daqueles 5 militares que estavam ilesos, atrás de um baga-baga, poderiam ajudar a esclarecer o assunto.
O problema é que ainda não se descobriu os seus nomes. Supõe-se que um deles terá sido o 1.º Cabo Costa (Laureano Augusto Costa ?) que esteve emigrado em França e que acaba de regressar à sua terra, em Mirandela. O seu depoimento seria de grande interesse, mas não foi ainda possível contactá-lo.
Segundo o António Oliveira, quem esteve também no local, nesse momento ou no dia seguinte, foi o Marcelino da Mata. O seu testemunho também poderia ajudar na pormenorização de uma ou outra questão sobre as quais pareça subsistir ainda alguma dúvida ou menor clarificação, como, por exemplo, esta: o ex-Furriel César Dias diz que só no dia seguinte (13 de Outubro) foram evacuados, de Mansoa, 6 elementos do Pel Caç Nat 58. O Cabo Enf António Oliveira diz que, de imediato (12 de Outubro), foram chamadas ambulâncias, de Bissau, para procederem à evacuação de todos os feridos que o transporte de helicóptero não pôde contemplar.
Falta saber, quanto ao atado de palha, deixado na estrada (logo após a curva, pouco mais de 1 Km à frente de Braia), se foi ou não aí colocado pelo IN e, em caso afirmativo, se o terá feito antes ou depois da passagem da coluna emboscada.
Os taipais das viaturas encontravam-se muito esburacados por força das rajadas, feitas quase à queima-roupa, já que a emboscada foi executada por elementos do PAIGC, camuflados no alto capim (lado N), a escassos 2 metros da borda da picada. Os nossos militares estimaram que seriam cerca de 100 guerrilheiros, com um relevante potencial de armamento.
O Furriel Dinis César de Castro, foi capturado, tendo-lhe sido exigido que tirasse a farda. Recusou-se, com grande determinação e enorme sentido de patriotismo. Foi cruelmente rasgado, de lado a lado, com rajada de metralhadora. Este incomensurável gesto de patriotismo haveria de ser reconhecido pelo Estado português, quando, na cerimónia do 10 de Junho de 1971, Dinis César de Castro foi condecorado, a título póstumo, com a Cruz de Guerra.
Introduzo aqui um testemunho, recente, de alguém que, na altura, seguiu e viveu este acontecimento:
"12-10-1970 é uma data que recordo com tristeza. Como muitas outras, era mais uma coluna a passar naquele itinerário, (Braia-Infandre), mas daquela vez havia à volta duma centena de guerrilheiros emboscados com morteiros, lança-granadas-foguete e armas automáticas. Chegaram mesmo a lutar corpo a corpo. Sofremos 10 mortos (entre os quais, do Pel Caç Nat 58, o 1.º cabo José Mamede, o 1.º cabo Joaquim Baná e os soldados Cumba, Seidi, Mundi, e Baldée da CCAÇ 2589 o meu amigo Furriel Mil de Op Esp Dinis Castro, e os soldados Joaquim M Silva, Joaquim J Silva, Duarte Gualdino, a quem presto sentida homenagem), 9 feridos graves, 8 feridos ligeiros e um soldado capturado. Recorri aos documentos que guardo com muito carinho, e mais uma vez fiquei emocionado" (Furriel Mil César Dias – CCS BCAÇ 2885, Mansoa)
Em 20 de Novembro de 1970, o Furriel Carlos Fortunato, da CCAÇ 13, que se dirigia para Bissau para participar na Operação Mar Verde, passou no local da emboscada e viu, espetada num tronco, uma granada de RPG-7, que não tinha explodido. Estimava em cerca de 3 Km a distância até Braia. E, de facto, esse cálculo não estava muito longe da realidade.
Mais duas informações, entretanto recolhidas:
- Às 18,35h do próprio dia 12 de Outubro de 1970, o IN flagelou Mansoa, com canhão sem recuo, a partir de Cussanja (junto ao Rio Geba) - 4,4 Km a SE de Mansoa, no entroncamento da estrada Mansoa-Cussaná-Cussanja com a estrada de Jugudul-Porto Gole. Cussanja, pela sua situação, junto à margem do Rio Geba, o IN tinha-a como um ponto privilegiado para flagelações de Mansoa. Tudo indica que esta flagelação terá surgido como retaliação aos bombardeamentos aéreos feitos pelas nossas tropas, logo a seguir à emboscada e teriam como objectivo surpreender os efectivos de Mansoa que estavam preocupados com a recolha dos mortos e feridos e com todas as acções inerentes ao desfecho da emboscada. Cussanja ficava precisamente do lado oposto de Braia/Infandre, a NW de Mansoa.
- As pesquisas levam-nos, por vezes, a resultados surpreendentes, como é este caso que me acaba de ser relatado pelo 1.º Cabo Luís Camões, à altura, em Mansoa: - O condutor de uma das duas viaturas emboscadas, quase dado como desaparecido, surgiu, à noite, em Mansoa (com a sua G3), depois de ter percorrido, pela mata, cerca de 9 km, previsivelmente em puro sofrimento (*). Falta averiguar o seu nome e se ainda permanece entre nós para, neste caso, procurar obter o seu testemunho e o porquê deste seu arriscado procedimento.
Mais um dossiê organizado pelo nosso camarada Afonso Sousa (1), residente actualmente em Maceda, Ovar, a quem o nosso blogue agradece a persistência, o entusiasmo, a paixão do rigor, o amor da verdade, a discrição e a camaragem (Carlos Vinhal, co-editor)
O fatídico 12 de Outubro de 1970
Guiné - Região de Mansoa
Dossiê organizado por Afonso M.F. Sousa
A sequência dos momentos que precederam a trágica emboscada (Uma descrição sumária onde se procura circunscrever os passos e os momentos que preencheram este trágico dia do Pel Caç Nat 58 e da CCAÇ 2589)
Brasão do Pel Caç Nat 58
O Pel Caç Nat 58, em Outubro de 1970, estava sediado em Infandre. Defendia, juntamente com a CCAÇ 2589, o itinerário Mansoa - Infandre – Namedão (segurança e picagem).
Um aspecto do aquartelamento de Infandre
Vista parcial do aquartelamento de Infandre
Vista parcial da Parada de Infandre
Militares de Infandre numa pausa do quotidiano de guerra
O 12 de Outubro de 1970
7 horas da manhã. Militares do Pel Caç Nat 58 e da CCAÇ 2589, acantonados em Infandre (cerca de 10 Km a NW de Mansoa), partem deste aquartelamento em direcção a Mansoa, em 2 viaturas Unimog, a fim de efectuarem mais um reabastecimento da Unidade.
Para a detecção de minas, um grupo de militares segue à frente das viaturas, fazendo a habitual picagem da estrada (de terra batida). Duas horas depois a coluna chega a Mansoa.
As viaturas são colocadas nas posições de reabastecimento. Alguns dos militares, como sempre o fazem (sempre que se deslocam à vila), procuram de imediato o único estabelecimento de comidas onde poderão refrear todo o seu justificado apetite pelo esforço destas 2 horas de marcha.
Encaminham-se, como sempre, para a Casa Simões, ali mesmo ao lado da Igreja de Mansoa. O Simões havia também cumprido o seu serviço militar na PM em Bissau e resolveu continuar na Guiné, abrindo em Mansoa um pequeno restaurante, sobretudo para apoio à comunidade militar desta zona. Por aqui, ele estava na boca de quase todos. Os que vinham da periferia não hesitavam em fazer uma visita ao restaurante. Assim aconteceu com estes militares do aquartelamento de Infandre. Era como que reviver, por instantes, sabores e momentos da saudosa Metrópole.
Mansoa > Igreja onde estiveram as urnas, para as devidas honras e formalidades
Mansoa > Na Esplanada da Casa Simões, almoçam os furriéis César Dias e Caetano
Mansoa > O Fur Mil César Dias (à direita) e o 1º Cabo Brogueira
Reconfortados, estes militares lá voltaram ao espaço do reabastecimento. A operação de carga conclui-se. Eram cerca de 11 e meia. Ia começar a viagem de regresso a Infandre. Alguns civis, como de costume, acomodam-se nas viaturas, com as suas compras. A velocidade rondam os 50 - 60 Km/h. Por volta das 11,45h a coluna está à vista do aquartelamento de Braia. Resolvem parar para um cumprimento rápido aos seus vizinhos e camaradas amigos e tomarem uma bebida. Deixam as viaturas sobre a direita da picada e vão até ao interior do fortim. A visita é rápida, não mais que 10 minutos.
Braia > Um aspecto do aquartelamento
Efectivos de Braia > Parte do 3.º Pelotão da CCAÇ 2589 (Os Peras) mais quatro elementos do PEL CAÇ NAT 58 (um deles é o Fur A. Silva Gomes). Os restantes elementos destes dois Pelotões, juntamente com um Grupo de Milícia, constituiam o efectivo de Infandre.
Braia > Interior do aquartelamento (Messe)
Braia > Em posição de continência, o Fur A. Silva Gomes do PEL CAÇ NAT 58
É agora quase meio-dia. Vão retomar o caminho rumo a Infandre. Faltam apenas pouco mais que 4 Km.
Decorrem cerca de 5 minutos, após a partida. Os militares de Braia ouvem um intenso tiroteio para o lado do caminho que a coluna de Infandre seguia. Pressentiram, de imediato, que estava a ser atacada. A sua reacção foi instantânea. As duas viaturas do fortim, puseram-se estrada fora, a toda a velocidade. A estrada descreve uma curva à direita. Há um fardo de palha (talvez colmo) na estrada. Contornam-no. Cerca de trezentos metros depois da curva avistam-se as duas viaturas do aquartelamento de Infandre. Estão paradas na estrada. Em cima delas, nativos de armas apontadas ripostam à progressão dos homens de Braia. Estes saltam das viaturas e começam a progressão de forma mais cautelosa, pelas bermas da picada, junto ao capim. O Furriel António Gomes refere que teve necessidade de reposicionar-se para não ser atingido. Alguém lhe estava a chamar a atenção para isso. A nossa reacção foi determinada e eficaz. Os elementos do PAIGC começam a evadir-se no mato. Os militares socorristas aproximam-se. Junto às duas viaturas o ambiente é desolador, dramático...
Militares mortos e feridos, no chão, em redor das duas viaturas. Os feridos em estado desesperado. Começam a ouvir-se o estrondo das granadas dos obuses de Mansoa que caíam para o lado da fuga do inimigo. Alguém já tinha dado o alerta. Procura-se o socorro possível aos feridos e estabelece-se a comunicação para as necessárias evacuações. O cenário é dantesco e de profunda emoção e tristeza. Um pelotão inteiro está ali, naquele pequeno espaço, completamente abatido. Os olhos humedecidos são de tristeza e de raiva. O inimigo tinha atingido os seus desígnios de forma cruel e bárbara. Diz o Furriel António Gomes: - Deparámos depois que a cerca de 50 metros, para o lado contrário da emboscada, junto a um baga-baga, aí se haviam escondido 5 dos nossos militares, sobreviventes sem ferimentos, que de forma instantânea e algo feliz conseguiram evadir-se através do alto capim, para o outro lado da picada.
Entretanto chegavam também, em socorro, militares de Infandre. Estes demoraram mais porque tiveram que fazer a deslocação a pé (as duas únicas viaturas existentes eram as que tinham sido emboscadas).
Introduzo aqui um parêntesis para referir que tive, entretanto, conhecimento que o 1.º cabo enfermeiro António Oliveira, do Hospital Militar 241 de Bissau, chegou, exactamente ao local da emboscada, por volta das 12,30h. Ele era um dos elementos que integrava a equipa do helicóptero que procedeu à evacuação dos feridos de maior gravidade.
Por ironia do destino, o Oliveira também é da Mealhada e morava a pouco mais de 2 Km do José da Cruz Mamede. Este tinha estado a gozar férias em Bissau onde, conforme combinação prévia, deveria ter visitado o António Oliveira, no Hospital Militar. Por qualquer circunstância o José não esteve com ele e voltou a Infandre uns dias antes da fatídica emboscada.
O António Oliveira reconheceu, no capim, o seu amigo. Estava do lado esquerdo (conforme a orientação das viaturas), a cerca de 10/15 metros da berma da estrada. Já estava sem vida. À minha observação para a distância a que se situava em relação ao local exacto da emboscada, disse-me que, provavelmente, ainda se terá arrastado naquele espaço, enquanto as forças lho permitiram.
Quanto ao Serifo Djaló, que morreu em Bissau, 5 dias depois e o Natcha que morreu em 20 de Novembro, confirma que se tratavam de elementos apanhados nesta emboscada e que haviam sido evacuados para Bissau.
Dada a quantidade de feridos, deram instruções imediatas para que de Bissau, partissem 2 ambulâncias, por estrada. Os 3 ou 4 feridos de maior gravidade, foram, de imediato, evacuados de helicóptero.
Refere que, antes de procederem à descida, no local, um T6 procedeu a bombardeamentos no enfiamento de Morés e Canquebo.
O António Oliveira não põe de lado a hipótese da coluna ter parado entre o fortim de Braia e a zona da emboscada, para dar boleia a alguém da população. Continua, por isso, a haver alguma dúvida se terão parado, para esse efeito (**). A paragem poderia ser tácita com os elementos do PAIGC. Por ora, é ainda uma questão difícil de investigar ou concluir. Sobre esta questão, o ex-Furriel António Silva Gomes (um dos socorristas de Braia) afirma de forma quase peremptória que não houve qualquer paragem, dado que entre a saída de Braia e o momento da emboscada, apenas decorreu um intervalo de cinco minutos.
Quem sabe se algum daqueles 5 militares que estavam ilesos, atrás de um baga-baga, poderiam ajudar a esclarecer o assunto.
O problema é que ainda não se descobriu os seus nomes. Supõe-se que um deles terá sido o 1.º Cabo Costa (Laureano Augusto Costa ?) que esteve emigrado em França e que acaba de regressar à sua terra, em Mirandela. O seu depoimento seria de grande interesse, mas não foi ainda possível contactá-lo.
Segundo o António Oliveira, quem esteve também no local, nesse momento ou no dia seguinte, foi o Marcelino da Mata. O seu testemunho também poderia ajudar na pormenorização de uma ou outra questão sobre as quais pareça subsistir ainda alguma dúvida ou menor clarificação, como, por exemplo, esta: o ex-Furriel César Dias diz que só no dia seguinte (13 de Outubro) foram evacuados, de Mansoa, 6 elementos do Pel Caç Nat 58. O Cabo Enf António Oliveira diz que, de imediato (12 de Outubro), foram chamadas ambulâncias, de Bissau, para procederem à evacuação de todos os feridos que o transporte de helicóptero não pôde contemplar.
Falta saber, quanto ao atado de palha, deixado na estrada (logo após a curva, pouco mais de 1 Km à frente de Braia), se foi ou não aí colocado pelo IN e, em caso afirmativo, se o terá feito antes ou depois da passagem da coluna emboscada.
Os taipais das viaturas encontravam-se muito esburacados por força das rajadas, feitas quase à queima-roupa, já que a emboscada foi executada por elementos do PAIGC, camuflados no alto capim (lado N), a escassos 2 metros da borda da picada. Os nossos militares estimaram que seriam cerca de 100 guerrilheiros, com um relevante potencial de armamento.
O Furriel Dinis César de Castro, foi capturado, tendo-lhe sido exigido que tirasse a farda. Recusou-se, com grande determinação e enorme sentido de patriotismo. Foi cruelmente rasgado, de lado a lado, com rajada de metralhadora. Este incomensurável gesto de patriotismo haveria de ser reconhecido pelo Estado português, quando, na cerimónia do 10 de Junho de 1971, Dinis César de Castro foi condecorado, a título póstumo, com a Cruz de Guerra.
Introduzo aqui um testemunho, recente, de alguém que, na altura, seguiu e viveu este acontecimento:
"12-10-1970 é uma data que recordo com tristeza. Como muitas outras, era mais uma coluna a passar naquele itinerário, (Braia-Infandre), mas daquela vez havia à volta duma centena de guerrilheiros emboscados com morteiros, lança-granadas-foguete e armas automáticas. Chegaram mesmo a lutar corpo a corpo. Sofremos 10 mortos (entre os quais, do Pel Caç Nat 58, o 1.º cabo José Mamede, o 1.º cabo Joaquim Baná e os soldados Cumba, Seidi, Mundi, e Baldée da CCAÇ 2589 o meu amigo Furriel Mil de Op Esp Dinis Castro, e os soldados Joaquim M Silva, Joaquim J Silva, Duarte Gualdino, a quem presto sentida homenagem), 9 feridos graves, 8 feridos ligeiros e um soldado capturado. Recorri aos documentos que guardo com muito carinho, e mais uma vez fiquei emocionado" (Furriel Mil César Dias – CCS BCAÇ 2885, Mansoa)
Em 20 de Novembro de 1970, o Furriel Carlos Fortunato, da CCAÇ 13, que se dirigia para Bissau para participar na Operação Mar Verde, passou no local da emboscada e viu, espetada num tronco, uma granada de RPG-7, que não tinha explodido. Estimava em cerca de 3 Km a distância até Braia. E, de facto, esse cálculo não estava muito longe da realidade.
Mais duas informações, entretanto recolhidas:
- Às 18,35h do próprio dia 12 de Outubro de 1970, o IN flagelou Mansoa, com canhão sem recuo, a partir de Cussanja (junto ao Rio Geba) - 4,4 Km a SE de Mansoa, no entroncamento da estrada Mansoa-Cussaná-Cussanja com a estrada de Jugudul-Porto Gole. Cussanja, pela sua situação, junto à margem do Rio Geba, o IN tinha-a como um ponto privilegiado para flagelações de Mansoa. Tudo indica que esta flagelação terá surgido como retaliação aos bombardeamentos aéreos feitos pelas nossas tropas, logo a seguir à emboscada e teriam como objectivo surpreender os efectivos de Mansoa que estavam preocupados com a recolha dos mortos e feridos e com todas as acções inerentes ao desfecho da emboscada. Cussanja ficava precisamente do lado oposto de Braia/Infandre, a NW de Mansoa.
- As pesquisas levam-nos, por vezes, a resultados surpreendentes, como é este caso que me acaba de ser relatado pelo 1.º Cabo Luís Camões, à altura, em Mansoa: - O condutor de uma das duas viaturas emboscadas, quase dado como desaparecido, surgiu, à noite, em Mansoa (com a sua G3), depois de ter percorrido, pela mata, cerca de 9 km, previsivelmente em puro sofrimento (*). Falta averiguar o seu nome e se ainda permanece entre nós para, neste caso, procurar obter o seu testemunho e o porquê deste seu arriscado procedimento.
(*) Pertencia à C. Caç. 2589 e estava adstrito ao PEL CAÇ NAT 58, em Infandre.
O trajecto
A zona da ocorrência e o percurso para Bissau
No trajecto da emboscada
…e os momentos
7 horas – Saída (Infandre)
9 horas – Chegada a Mansoa
9,30 às 10 h – Alguns dos elementos da coluna fazem a habitual visita à Casa Simões
10 às 11,30 h – Carregamento do reabastecimento
11,50 h - Chegada a Braia
11,45 ás 11,55 h – Paragem em Braia
12,00 h – Emboscada
12,04 h - Ajuda de Braia (chegada a 300m do local da emboscada)
12,10 h – Termo dos confrontos – evasão dos guerrilheiros do PAIGC
Distâncias:
Braia ao local da emboscada: 2,26 Km (0,8 Km na parte recta)
Braia a Infandre: 4,69 Km
Local da emboscada a Infandre: 2,43 Km
Infandre – Mansoa: 9,56 Km
Infandre – Namedão: 8 Km
Recta de 800 metros, entre a estrada da emboscada e a entrada do aquartelamento de Infandre
Local: a cerca de 500 metros do cruzamento para Infandre.
Deslocação de uma das viaturas de Infandre, para apanhar lenha precisamente junto à estrada, a cerca de 1500 metros, onde, mais tarde, havia de acontecer a emboscada
Algures, após o Fortim de Braia
A coluna da CCAÇ 13 acaba de atravessar a bolanha e o Rio Braia e aproxima-se do aquartelamento de Braia
Uma coluna da CCAÇ 13 após atravessar a bolanha, junto ao Rio Braia
Notas:
Justificação do espaço de 5 minutos entre a saída da coluna de Braia e o momento da emboscada:
Saída do fortim, chegada às viaturas e pô-las em movimento: 2 minutos.
Percurso de 2,26 Km (à velocidade provável de 50 Km/h): 2,71 minutos.
(total: +/- 5 minutos).
Tem este cálculo o objectivo de comprovar (e confirmar testemunhos) de que neste espaço de 2,26 Km a coluna não fez qualquer paragem e que o molho de palha encontrado na estrada, pelos militares de Braia, terá, eventual e estrategicamente, ali sido colocado por algum dos guerrilheiros do PAIGC, logo após a passagem da coluna, talvez com o objectivo de confundir ou surpreender os homens de Braia ou moderar a passagem das suas viaturas.
- José da Cruz Mamede (n.º 17762169), desembarcou em Bissau em 21/11/69. Veio, em rendição individual, para substituir o 1.º Cabo Joaquim da Silva Magalhães (n.º 01779368), falecido em combate (PEL CAÇ NAT 58) em 30/8/69.
- O Pel Caç Nat 58 chegou a Infandre a 16/11/69, para substituir o Pel Caç Nat 62, que foi extinto.
- Durante a permanência em Infandre, o Pel Caç Nat 58 sofreu 16 confrontos, entre flagelações e emboscadas.
- À data da emboscada, era esta a distribuição dos efectivos militares, nestes 2 destacamentos:
Infandre: 2 SEC do Pel Caç Nat 58 + 1 SEC de um 1 Gr Comb da CCAÇ 2589 + Grupo de Milícia
Braia: 2 SEC de um PEL da CCAÇ 2589 + 1 SEC do Pel Caç Nat 58
- Henrique Martins de Brito – Furriel – mais tarde (20/11/70), viria a ser evacuado para a Metrópole, não se sabe se em consequência de ferimentos, nesta emboscada.
- Era comandante do PEL CAÇ NAT 58 o Alferes Eduardo Ribeiro Manuel Cardoso Guerra que não esteve envolvido neste acontecimento, visto não ter feito parte da coluna de reabastecimento. Consta-se que, posteriormente, foi evacuado para a Metrópole, não se sabe se por doença ou por ferimentos em combate.
- Em Mansoa estava sediado o BCAÇ 2885 (RI 15 – Tomar – Maio de 1969 a Fevereiro de 1971).
- Manuel João Mimoso Belo – (Sacavém) – Foi posteriormente para Infandre, para substituir o José da Cruz Mamede.
- Rendição do BCAÇ 2885 pelo BCAÇ 3832 (RI 2 – Abrantes - Janeiro de 1971 a Janeiro de 1973.
José da Cruz Mamede > Um quadro de saudade
Os mortos e feridos
A trágica ocorrência redundou em 10 mortos, 9 feridos, 8 feridos ligeiros e um soldado capturado. (6 mortos e 6 feridos(*) eram do Pel Caç Nat 58 e os restantes da CCAÇ 2589 e população) .
(*) Dois, vieram depois a falecer em Bissau, o que elevou o número de mortos, do Pel Caç Nat 58, para oito.
Listagem de mortos do PEL CAÇ NAT 58 e da CCAÇ 2589
As listas dos combatentes falecidos no Ultramar, que podem ser consultas no site da APAV, ou da Liga dos Combatentes, nem sempre são rigorosas, neste caso omitiram o falecimento do (Sold) Joaquim Manuel da Silva da CCAÇ 2589 - (12/10/1970).
Lista dos mortos do Pel Caç Nat 58
Bomboro Joaquim - 21-08-1969
Joaquim da Silva Magalhães, 1.º Cabo - 30-08-1969
José da Cruz Mamede, 1.º Cabo - 12-10-1970
Joaquim Banam, 1.º Cabo - 12-10-1970
Idrissa Seidi, Sold - 12-10-1970
Tangina Mute, Sold - 12-10-1970
Betaquete Cumbá, Sold - 12-10-1970
Gilberto Mamadú Baldé, Sold - 12-10-1970
Serifo Djaló, Sold - 17-10-1970
Natcha Quefique, Sold - 20-11-1970
Lista dos mortos da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885
José Luciano Veríssimo Franco - 29-05-1969
António José Penhasco da Costa - 09-11-1969
Joaquim Moreira Marques - 09-11-1969
Dinis César de Castro, Fur Mil - 12-10-1970
Duarte Ribeiro Gualdino, Sold - 12-10-1970
Joaquim João da Silva, Sold - 12-10-1970
- Em 20-11-1970, o Fur Mil Henrique Martins de Brito, do Pel Caç Nat 58, foi evacuado para a Metrópole.
Feridos do Pel Caç Nat 58 evacuados de Mansoa, para o HM241 de Bissau, no dia seguinte ao da emboscada:
- Augusto Ali Jaló – 2.º Sarg Mil
- Jamba Seidi – 1.º Cabo
- Malam Dabó – Sold
- Serifo Djaló – Sold – (Viria a falecer 4 dias depois – 17-10-1970)
- Jorge Cantibar – Sold
- Samba Canté – Sold
Agradecimentos
A todos os que, de alguma forma, contribuíram com as suas informações ou testemunhos, para que se pudesse encontrar a clarificação possível sobre esta trágica ocorrência.
Entre esses, permito-me destacar:
- César Dias (1)
- António Silva Gomes (2)
- “Kimbas do Olossato” (3)
- Benjamim Durães (4)
- Manuel João Mimoso Belo (5)
- Dinis Pinto Silva (6)
- Manuel Simões (7)
- Carlos Fortunato (8)
- “Os Leões Negros” (9)
- Luís Graça (10)
- Paulo Raposo (11)
- Joaquim Mexia Alves (12)
- Jorge Cabral
- Augusto Ali Jaló
- Eduardo Ribeiro (13)
- Artur Conceição
- Paulo Reis (Inglaterra) (14)
- Aniceto Henrique Afonso (15)
- António Oliveira (16)
- Lucília da Cruz Mamede (17)
Nenhuma pesquisa deste género poderá dar-se por finalizada enquanto subsistirem dúvidas, omissões, imprecisões ou desencontro de informações.
Pese embora toda a boa vontade, interesse e persuasão, como esforço investigativo, a exactidão, pela exaustão e cruzamento dos relatos, o fundamento dos conceitos ou a isenção, são factores determinantes que conduzem à autêntica realidade. Enquanto não se atingir esse patamar, teremos sempre e apenas relatos próximos ou tendentes a essa certeza, por onde, eventualmente, perpassam ainda algumas interrogações.
Vem a propósito referir que o Carlos Fortunato conta voltar a Infandre (provavelmente ainda este ano de 2007) e propõe-se encontrar alguém que tenha estado envolvido nesta sinistra emboscada, que vitimou, praticamente, um pelotão. Será agora um repórter, quase quarenta anos depois de haver calcado aquelas paragens, envergando a farda do exército português. Ele irá à procura de outros eventuais pormenores, testemunhos e justificações e trará mais algumas imagens da realidade presente destas terras de Mansoa.
(**) Testemunho que acabo de obter de um dos feridos na emboscada :
-"Augusto Ali Jaló, então 2.º Sargento, era o Comandante desta coluna de reabastecimento. Acabo de localizá-lo na zona de Lisboa. Tive com ele uma agradável conversação, no sentido de tentar obter a clarificação de algumas destas questões. Nesta coluna, o Augusto seguia na viatura da frente, a mesma onde também seguia o José Mamede. Ao eclodir da emboscada, saltou da viatura. Não foi atingido mas sofreu um severo trautamatismo craneano e uma grave contusão no joelho esquerdo. O helicóptero que se apresentou no local, 20 minutos depois da emboscada, levou o Jaló para Bissau, juntamente com outros 3 dos feridos mais graves. Esteve 3 meses, com gesso, no Hospital de Bissau.
Quanto à sua condecoração, confirma-se. Na cerimónia do 10 de Junho de 1970, em Bissau, foi condecorado com a medalha de cobre de Serviços Distintos com Palma. Em Agosto, seguinte, foi promovido a 2.º Sargento.
Outras clarificações:
- O Furriel Henrique Martins de Brito, evacuado para a Metrópole 8 dias depois da emboscada, não participou nesta coluna de reabastecimento. A sua evacuação terá derivado de doença.
- O molho de palha (molho de "fundo", segundo o Jaló) que estava na estrada, após a curva, foi deixado por algum elemento da população, logo após ouvir a 1.ª detonação da emboscada. Não se tratou, por isso, de qualquer estratagema do PAIGC. Quando a coluna passou não estava lá.
- Confirma o Augusto Jaló que não pararam para dar qualquer boleia o que, de todo, dissipa algumas dúvidas que ainda existiam sobre esta questão.
E revela ainda: na zona da emboscada, os guerrilheiros haviam colocado uma mina anti-carro mas, à vista da coluna e à sua aproximação ao sítio da mina, os guerrilheiros anteciparam-se com uma roquetada. O condutor da 1.ª viatura (onde ia o Jaló), desviou-se ligeiramente para a direita e, por felicidade, contornou a mina, não a accionando. De contrário a tragédia teria sido ainda maior. O José Mamede ia do lado direito dessa 1.ª viatura (lado da emboscada e lado do Morés). Foi atingido e ainda encetou um movimento de refúgio para o lado esquerdo. Morreu a cerca de 15 metros da estrada. Foi aí que o seu conterrâneo e amigo António Oliveira (1.º Cabo Enf do HM241 de Bissau) o encontrou, após a descida do helicóptero que veio proceder à evacuação dos feridos de maior gravidade, entre eles o Jaló.
- Confirma também o Augusto que uma secção do PEL CAÇ NAT 58 fez a picagem entre Infandre e Mansoa e que alguns dos elementos da coluna estiveram a comer na Casa do Simões (a) e na Tasca da Emília de Sá.
O Jaló, como responsável da coluna, não pôde deslocar-se a estes estabelecimentos, de visita costumada, por estar envolvido na orientação do reabastecimento.
(a) hoje, gerente e proprietário de “O Painel – Restaurante Simões, Lda”, próximo da Curia.
- Sobre os 5 militares que se protegeram atrás de um baga-baga, não sabe dizer quem eram, dado que estava muito ferido e foi, de seguida, evacuado para Bissau. O mesmo e pelas mesmas circunstâncias, quanto ao condutor que, à noite, apareceu em Mansoa, apenas acompanhado da sua G3.
- Os militares mortos foram levados para Mansoa, onde estiveram na igreja local, para as habituais formalidades.
Outros testemunhos poderão, ainda, vir a ser obtidos, no sentido de chegar a um registo factual, tão exaustivo quanto possível, sobre este trágico acontecimento.
Fotos cedidas por gentileza de:
António Silva Gomes (Lisboa – ex-Fur Mil Pel Caç Nat 58
Joaquim Carlos Fortunato (Lisboa) - ex-F Mil CCAÇ 13
César V. Dias (Santiago do Cacém) - ex-Fur Mil - BCAÇ 2885 (Mansoa)
Lucília Cruz Mamede – (Casal Comba – Mealhada)- Irmã do falecido José da Cruz Mamede
Com o meu especial agradecimento.
Fotos:© António S.Gomes, J.Carlos Fortunato, César Dias e Lucília Cruz Mamede (2007). Direitos reservados.
“Recordar é manter a memória colectiva ao transmitir os factos do passado às novas gerações”.
Afonso M. Ferreira Sousa
(1) – Fur Mil – CCS BCAÇ 2885 (Mansoa) – Procedeu a um armadilhamento na zona Braia-Infandre (por estas alturas).
(2) – Fur Mil – Pel Caç Nat 58 – Braia
(3) – Onde coloquei esta 1.ª mensagem, em Setembro de 2005, questionando se alguém poderia informar onde estaria sediado o Pel Caç Nat 58, em Outubro de 1970.
(4) – Fur Mil - CCS/BART 2917 - Foi crucial para o seguimento da pesquisa. Foi ele que, após ter visto a minha mensagem (de 2005) no sítio Kimbas do Olossato, se me dirigiu, em 18/3/2007, para me fornecer o guião do Pel Caç Nat 58.
(5) – 1.º Cabo – Pel Caç Nat 58 - Infandre
(6) – 1.º Cabo – Pel Caç Nat 58 – Infandre (depois da comissão: professor em Infandre).
(7) – Restaurante Simões dos Leitões – Tamengos (junto à Curia, Anadia) - telefone 231202031
(8 ) - Fur Mil – CCAÇ 13 - jcfortunato@yahoo.com
(9) - Site da CCAÇ 13 (http://leoesnegros.com.sapo.pt/)
Na página da CCAÇ 13 existe uma sub-página dedicada a este tema, com o título Pel Caç Nat 58.
(10) – Editor do maior Blog sobre a Guerra na Guiné: Luís Graça & Camaradas da Guiné
(11) – Alf Mil - CCAÇ 2405/BCAÇ 2852)
(12) - Alf Mil - CART 3492 – Pel Caç Nat 52 – CCAÇ 15
(13) - CCS/BCAÇ 4612 (mais conhecido por Pira de Mansoa)
(14) - pcv_reis@yahoo.co.uk – jornalista em missão de pesquisa nos arquivos do CTIG.
(15) - Ten Cor – Director do Arquivo Histórico Militar (Exército) – ahm@exercito.pt
(16) - 1.º Cabo Enfermeiro do HM241 de Bissau – Fez parte da equipa heli-transportada que procedeu à evacuação de alguns dos feridos, a partir do local da emboscada.
(17) –Irmã do falecido José da Cruz Mamede.
__________________
Nota de CV:
(1) Vd. posts sobre a emboscada do Infandre de 3 de Abril de 2007:
Guiné 63/74 - P1641: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, do Pel Caç Nat 58 (1): Onde e em que circunstâncias ? (Afonso M. F. Sousa)
Guiné 63/74 - P1642: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, Pel Caç Nat 58 (2) : Em Infandre, a 13 km de Mansoa (Afonso M. F. Sousa)
Guiné 63/74 - P1643: A morte do 1º cabo José da Cruz Mamede, do Pel Cacç Nat 58 (3): 10 mortos em emboscada com luta corpo a corpo (César Dias)
Fotos:© António S.Gomes, J.Carlos Fortunato, César Dias e Lucília Cruz Mamede (2007). Direitos reservados.
“Recordar é manter a memória colectiva ao transmitir os factos do passado às novas gerações”.
Afonso M. Ferreira Sousa
(1) – Fur Mil – CCS BCAÇ 2885 (Mansoa) – Procedeu a um armadilhamento na zona Braia-Infandre (por estas alturas).
(2) – Fur Mil – Pel Caç Nat 58 – Braia
(3) – Onde coloquei esta 1.ª mensagem, em Setembro de 2005, questionando se alguém poderia informar onde estaria sediado o Pel Caç Nat 58, em Outubro de 1970.
(4) – Fur Mil - CCS/BART 2917 - Foi crucial para o seguimento da pesquisa. Foi ele que, após ter visto a minha mensagem (de 2005) no sítio Kimbas do Olossato, se me dirigiu, em 18/3/2007, para me fornecer o guião do Pel Caç Nat 58.
(5) – 1.º Cabo – Pel Caç Nat 58 - Infandre
(6) – 1.º Cabo – Pel Caç Nat 58 – Infandre (depois da comissão: professor em Infandre).
(7) – Restaurante Simões dos Leitões – Tamengos (junto à Curia, Anadia) - telefone 231202031
(8 ) - Fur Mil – CCAÇ 13 - jcfortunato@yahoo.com
(9) - Site da CCAÇ 13 (http://leoesnegros.com.sapo.pt/)
Na página da CCAÇ 13 existe uma sub-página dedicada a este tema, com o título Pel Caç Nat 58.
(10) – Editor do maior Blog sobre a Guerra na Guiné: Luís Graça & Camaradas da Guiné
(11) – Alf Mil - CCAÇ 2405/BCAÇ 2852)
(12) - Alf Mil - CART 3492 – Pel Caç Nat 52 – CCAÇ 15
(13) - CCS/BCAÇ 4612 (mais conhecido por Pira de Mansoa)
(14) - pcv_reis@yahoo.co.uk – jornalista em missão de pesquisa nos arquivos do CTIG.
(15) - Ten Cor – Director do Arquivo Histórico Militar (Exército) – ahm@exercito.pt
(16) - 1.º Cabo Enfermeiro do HM241 de Bissau – Fez parte da equipa heli-transportada que procedeu à evacuação de alguns dos feridos, a partir do local da emboscada.
(17) –Irmã do falecido José da Cruz Mamede.
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Nota de CV:
(1) Vd. posts sobre a emboscada do Infandre de 3 de Abril de 2007:
Guiné 63/74 - P1641: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, do Pel Caç Nat 58 (1): Onde e em que circunstâncias ? (Afonso M. F. Sousa)
Guiné 63/74 - P1642: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, Pel Caç Nat 58 (2) : Em Infandre, a 13 km de Mansoa (Afonso M. F. Sousa)
Guiné 63/74 - P1643: A morte do 1º cabo José da Cruz Mamede, do Pel Cacç Nat 58 (3): 10 mortos em emboscada com luta corpo a corpo (César Dias)
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