terça-feira, 3 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13231: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte IX: (i) um dia diferente: quando o cantor Horácio Reinaldo veio atuar a Canjambari, no âmbito do Programa das Forças Armadas (PFA); e (ii) um dia inesquecível: aquela mina A/P que estava montada para o fur Fernando Pires...











1. Histórias da CCAÇ 2533 > Parte IX (Fur mil at inf, 3º pelotão, Fernando Pires)


Continuamos a publicar as "histórias da CCAÇ 2533", a partir do livro editado pelo 1º ex-cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, de fotografias). Esta publicação é uma obra coletiva, feita com a participação de diversos ex-militares da companhia (oficiais, sargentos e praças).

A brochura chegou-nos digitalizada através do Luís Nascimento (que também nos facultou um exemplar em papel e que, até ao momento, é o único representante da CCAÇ 2533, na nossa Tabanca Grande). Temos autorização do editor e autores para dar a conhecer, a um público mais vasto de amigos e camaradas da Guiné, as peripécias por que passou o pessoal da CCAÇ 2533, companhia independente que esteve sediada em Canjambari e Farim, região do Oio, ao serviço do BCAÇ 2879, o batalhão dos Cobras (Farim, 1969/71).

Continuamos a publicar a colaboração do fur mil at inf Fernando J. do Nascimento Pires, que pertenceu ao 3º pelotão. O poste de hoje corresponde às pp. 46/49 e a duas narrativas:

 (i) um dia diferente: quando o cantor Horácio Reinaldo (*) veio atuar em Canjambari, no âmbito do Programa das Forças Armadas (PFA); 

e (ii) um dia inesquecível: aquela mina A/P que estava montada para o fur Fernando Pires... (LG).

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Notas do editor:

Último poste da série > 30 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13213: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte VIII: (i) os primeiros dias em Canjambari: em mês de santos populares, o batismo de fogo, os primeiros contactos com o IN; e (ii) a santa ingenuidade: um episódio com um cobra venenosa

(*) Encontrei esta referência ao cantor e bem como um vídeo, no You Tube, editado por Canal António Moreira > Horácio Reinaldo / África Oy

 "Horácio Reinaldo foi um cantor brasileiro que fez praticamente toda a sua carreira em Portugal. "África Oy", foi um dos seus maiores sucessos. O áudio deste vídeo foi recuperado por mim de um velho disco EP de vinil."

O nosso conhecido Hino de Gandembel foi buscar a música...  a este EP do Horácio Reinaldo...

Outra referência ao cantor:

"Horácio Reinaldo e os seus Camundongos> EP,  ALVORADA, 1968

(...) Este Brasileiro fez praticamente toda a sua carreira em Portugal, a solo ou com os seus Camundongos. Lançou uma série de discos em várias editoras. Nos vários discos que editou, cantou e tocou um pouco de tudo! Desde o samba ao fado, da marcha á canção ligeira, passando pelo yé yé.
Neste EP, destaco o tema "Eu sou trabalhador". Musica com um ritmo bastante yé yé e com uma letra bem humorada. (...)
[Fonte: Blogue Os Reis do Yé Yé]

Neste mesmo blogue, um filho do Horácio Reinaldo [ou Reynaldo]  escreveu o seguinte, em comentário, de 28/6/2009:

(..) Meu nome é Reinaldo Horácio Rodrigues Nunes, sou o filho mais velho de Horácio Reynaldo Monteiro de Figueiredo Nunes.Também sou músico e compositor. Meu pai faleceu no final de 1993 no Entroncamento onde se encontrava a fazer trabalho para a Sociedade Portuguesa de Autores. Infelizmente grande parte da sua obra ardeu no incêndio do Chiado, nos arquivos da Valentim de Carvalho.Para mais informações o meu contacto movel é 936059009. Obrigado pela dedicação.
 

(...) Nasceu no Bairro de São Paulo em Luanda no dia 26 de Setembro [de 1922].  Há 87 anos. (...).

Outro visitante confirmou que ele era angolano, em comentário de 27/8/2009::

(...) Grandes recordações do Horácio Reinaldo. De facto,  sim,  ele era Angolano, conheci-o era eu tripulante do navio Uige e trouxe-o de Angola para Portugal em finais de 73 (Outubro, parece).

O Horácio era muito amigo dos electricistas do paquete,andava ate a ensinar um deles a tocar guitarra. Eu era um jovem de 18 anos e tive a sorte do Horácio simpatizar comigo,a partir dai, sempre que o navio parava,  iamos a terra juntos.

De facto ele contava estorias maravilhosas da sua gente de Angola,e falava de um filho que afinal está neste blogue. Tinha ele na altura um disco que era, se me nao falha a memória,  "África meu verso de embalar, com palmeiras ao luar" (...) [a letra começa assim: África, meu verso de embalar, tens palmeiras ao luar...]

Guiné 63/74- P13230: Notas de leitura (597): Excerto do livro de Mário Gaspar, "O Corredor da Morte", cap 19: desmontando minas e armadilhas nos últimos dias de Gadamael, outubro de 1968

I. Reproduz-se aqui, por cortesia do autor, Mário Gaspar,  o capº 19. Os Últimos Dias da Companhia ZORBA, do livro "O Corredor da Morte" (Edição de autor, Lisboa, 2014) [Encomendas através do endereço: mariovitorinogaspar@gmail.com ].



19.  Os Últimos Dias da Companhia ZORBA


Preparei‑­me para tirar umas fotos, tendo sido acompanhado por alguns Furriéis Milicianos. Tirei uma foto a Gadamael Porto. Que diferença!

Quando estávamos prestes a partir para Bissau com a comissão cumprida, recebi ordens do Capitão (eram ordens superiores do setor) para desmontar todas as minas e armadilhas, colocadas pela nossa Companhia. O Alferes de Explosivos de Minas e Armadilhas estava dispensado, o Furriel Miliciano Pestana havia morrido devido ao rebentamento de um engenho explosivo, o que motivou a morte do Soldado Costa e o outro Furriel Miliciano de Explosivos de Minas e Armadilhas tinha sido ferido por uma armadilha. O Comandante da Companhia prometeu‑­me que eu podia dispor do tempo que fosse necessário, que asseguraria a minha viagem para Bissau em avioneta, paga pela CART 1659 visto ir falar sobre o assunto com o Comandante da Companhia que nos renderia se a nossa Companhia fosse a caminho ou já estivesse em Bissau.

Não aceitei, justificando‑­me que aquilo que mais desejava era ir com os meus camaradas, com aquela minha família. Para tal pedi que fossem colocadas à minha disposição militares da CART 1659, para levantar todos os engenhos explosivos, tendo o Comandante aceite este meu pedido.

Comecei por levantar todos os engenhos que estavam montados em zonas mais longínquas. Continuei com os que se encontravam nas redonde­zas de Ganturé, que não haviam sido montados por mim, contando sempre com a ajuda dos croquis e dos militares que haviam assistido à sua montagem no terreno. Lembro‑­me especialmente de umas minas “bailarinas”, colocadas num local que na altura estava coberto de água. Levantei depois algumas (granadas armadilhadas e “bailarinas”), que se encontravam no cruzamento de Ganturé/Gadamael Porto e no caminho para Sangonhá.

Ficaram para o fim 7 granadas armadilhadas que eu havia montado, quando fui colocado em Gadamael Porto, no princípio de julho de 1967, depois de ter sucedido o rebentamento que motivou a morte de 10 nativos (principalmente mulheres e crianças) e 20 feridos, quando foi o batuque em Ganturé. Acompanhou‑­me somente o meu amigo, que tinha medo de saltar o galho na Especialidade da nossa Companhia em Penafiel.

Tive dificuldades em encontrar as armadilhas, e ninguém
O autor, Mário Gaspar
dera que alguma tivesse rebentado. A vegetação
naquelas terras é estranha, e aquilo que é um simples arbusto, transforma‑­se rapidamente numa árvore.

Encontrei as ditas granadas armadilhadas, mas cobertas por calcário a grande parte delas. Pedi ao soldado que me acompanhava que fosse buscar detonadores pirotécnicos, cordão lento e adaptadores e que não se esque­cesse do alicate estrangulador. Tinha que ser tudo feito conforme mandam as normas, visto considerar que seria a minha derradeira missão antes de terminar a comissão.

Não demorou, e depois de encostar a G3 a uma árvore, relativamente longe da zona das armadilhas, aproximei‑­me do local onde estavam implan­tadas as mesmas. Já sabia qual a ordem de desmontagem.

Segurei entre os dedos um clips, talvez fosse necessária a sua utili­zação, embora pensasse ser pouco viável que necessitasse dele. Coloquei a primeira em segurança, a segunda e a terceira. Parei para descansar, depois de ir junto à minha arma, onde se encontrava também o Soldado, coloquei as granadas completamente inofensivas, juntamente com os fios de tropeçar.

Continuei depois, deixando para trás a mais calcificada.

Levantei a quarta, a quinta e a sexta, levando também os fios de tro­peçar de arame, colocando tudo junto das três primeiras. Só faltava uma.

Foi então que segurei num detonador e num pedaço grande de cordão lento (este arde a uma velocidade de um centímetro por segundo).

Fiz o estrangulamento, depois de colocada a ponta do cordão no ori­fício do detonador, apertei com o alicate, execução feita na cintura do lado direito do meu corpo, para evitar que se o detonador rebentasse não atingisse a cara, principalmente os olhos. Coloquei ambas as peças no buraco do adaptador, utilizando a rosca, para ficar bem preso. Ficou um único objeto. Preparei‑­me então para rebentar a última granada armadilhada.

Fiquei então preso pela minha pulseira de prata num arbusto, quando pretendia dirigir‑­me ao local ainda longe onde se encontrava a granada armadilhada.

Dei um esticão e continuava prisioneiro da pulseira que tinha o meu nome: Mário Gaspar e no lado oposto o grupo sanguíneo. Voltei a puxar, com mais força. Ouviu‑­se um rebentamento. Uma mão havia‑­me segurado.
– São eles! Estão a levantar as armadilhas e devem ter morrido! – Ouviu‑­se, quase nitidamente do interior do aquartelamento de Gadamael.

O Soldado olhava‑­me espantado, apanhando do chão tudo aquilo que lhe havia pedido para desmontar as armadilhas. Eu estava com o detonador estrangulado e com o alicate na mão, parece que sorrindo. Não era hábito meu, desde os rebentamentos dos bagabagas em Ganturé, fazer o estrangu­lamento senão com os dentes.

A pulseira, depois de ser procurada minuciosamente por todos, não chegou a aparecer. Comprei outra igual mais tarde em Lisboa na Ourivesaria Correia, na Rua do Ouro.

Dirigimo‑­nos para a porta de armas. Parece que todos os Zorbas vinham na nossa direção. Foi uma alegria. Perguntou um camarada de armas, depois de nos agarrarem e colocarem‑­nos às cavalitas:
– Onde querem que os deixe?
– No cais, dentro de água – disse depois de entregar o tabaco e o isqueiro a um deles. E fomos ao banho. Levaram‑­nos para o cais e lançaram‑­nos para o rio, todos vestidos (embora só de calções e chinelos). Que rico banho! E alegria estampada no rosto de todos!

Fui tomar banho – que duche! – e vesti‑­me, com divisas e tudo.

[Foto à esquerda: "Eu em Gadamael Porto nos últimos dias de mato]



Farda a rigor, e iniciei uma visita por Gadamael Porto. Já com melhorias signifi­cativas e um pouco dignas.

Passados dias embarcámos em Gadamael Porto, depois da Companhia que nos rendeu chegar, rumo a Bissau.

Eu afinal acabei por seguir com os meus camaradas. Pouco me lembro da viagem.
Parece mais que o regresso não existiu, e que eu fiquei lá nas matas e nas bolanhas da Guiné.

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Nota do editor:

Útimo poste da série > 2 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13225: Notas de leitura (596): "História - A Guiné e as ilhas de Cabo Verde", edição do PAIGC com o patrocínio da UNESCO (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P13229: Agenda cultural (321): "Corredor da morte", de Mário Gaspar: a sessão de lançamento foi no passado dia 22, na presença de muitos amigos e de antigos combatentes... O autor irá promover o seu livro também no IX Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Monte Real, no próximo dia 14


Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > Liga dos Combatentes > 22 de maio de 2014 > 17h30 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Mário Gaspar, "Corredor da Morte", edição de autor, 2014 > Sessão presidida pelo gen ref Chito Rodrigues, presidente da direção da Liga dos Combatenrtes, que tem, à sua direita o psiquitra Afonso de Albuquerque e a prof Ermelinda Caetano; e à sua esquerda,  o presidente da APOIAR, Jorge Gouveia, e o nosso Mário Gaspar.



Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > Liga dos Combatentes > 22 de maio de 2014 > 17h30 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Mário Gaspar, "Corredor da Morte", edição de autor, 2014 > O gen Chito Rodrigues no uso da palavra



Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > Liga dos Combatentes > 22 de maio de 2014 > 17h30 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Mário Gaspar, "Corredor da Morte", edição de autor, 2014 >  O psiquiatra Afonso de Albuquerque no uso da palavra.


Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > Liga dos Combatentes > 22 de maio de 2014 > 17h30 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Mário Gaspar, "Corredor da Morte", edição de autor, 2014 > Jorge Gouveia, presidente da APOIAR.



Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > Liga dos Combatentes > 22 de maio de 2014 > 17h30 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Mário Gaspar, "Corredor da Morte", edição de autor, 2014 >  Mesa e assistência


Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > Liga dos Combatentes > 22 de maio de 2014 > 17h30 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Mário Gaspar, "Corredor da Morte", edição de autor, 2014 >  Aspeto parcial da assistência. Devido à duração da sessão, alguns amigos do autor tiveram que sair mais cedo.


Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > Liga dos Combatentes > 22 de maio de 2014 > 17h30 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Mário Gaspaer, "Corredor da Morte", edição de autor, 2014 > No final,. houve sessão de autógrafos e um contacto mais próximo do autor com os seus amigos e leitores... Vê-se, ao fundo, de camisola vermelha o nosso camarada Carlos Silva.


Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > Liga dos Combatentes > 22 de maio de 2014 > 17h30 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Mário Gaspar, "Corredor da Morte", edição de autor, 2014. Capa do livro.

Fotos: © Mário Gaspar (2014). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: L.G.]

1. Como foi anunciado pelo nosso blogue, realizou-se no passado dia 22, no Forte do Bom Sucesso, Belém, Lisboa, a sessão de lançamento do livro de memórias do Mário Gaspar.[ex-fur mil at art, minas e armadilhas, CART 1659, "Zorba", Gadamael e Ganturé, 1967/68] (*)

Presidiu à Mesa o presidente da Direção Central da Liga dos Combatentes, General Joaquim Chito Rodrigues;

A professora Ermelinda Caetano fez a apresentação da obra, representando ao mesmo tempo a Associação Cultural e Social dos Seniores de Lisboa – Academia de Seniores de Lisboa,  a que o Mário Gaspar está presentemente ligado.

Também usou da palavra o psiquiatra Afonso de Albuquerque, autor do prefácio do livro, e antigo combatente, como alf médico mil no TO de Moçambique, e que é, como se sabe, um reputado especialista no domínio  do Stress Pós-Traumático de Guerra.

Esteve também representada, através do seu presidente Jorge Gouveiua, a APOIAR – Associação de Apoio aos Ex- Combatentes Vítimas do Stress de Guerra, de que o Mário Gaspar foi codundador e também dirigente.

Antigos combantentes e amigos do autor associaram-se à cerimónia. O Mário Gaspar, embora cansado, era um homem feliz. Como ele fez questão de referir e explicar, o seu primeiro livro diuvide-se em  três partes: (i) a aua operação ao coração e o quanto ele esteve perto da morte, conseguindo escapar-se-lhe; (ii) uma segunda parte em que se narram pisódios da sua  vida infanto-juvenil; e por, fim, (iii)  a história militar e de um furriel miliciano, atirador, especialista em minas e armadilhas, que integrou a CART 1659, mais conhecida por "Zorba", e que andou por terras do sul da Guiné, região de Tombali,  Gadamael Porto, Sangonhá e Ganturé, etc., entre Janeiro de 1967 e Outubro de 1968. 

Numa recente recensão, Mário Beja Santos, escreveu aqui, no nosso blogue, sobre a obra e o autor o seguinte: 

(...) " [Mário Gaspar] arrecadou recordações poderosas, oferece-nos páginas tocantes, tem orgulho nas suas origens, enfim, com surpresa ou sem ela visitou os corredores da morte, não o das penitenciárias que encaminham para execuções mas aqueles corredores onde em tempos de guerra e paz temos a vida em processo de licitação. Começa com todo o processo que leva à sua hospitalização e à operação ao coração, em março de 2002. Temos aqui uma estrondosa viagem pelo sonho, aquele vácuo de onde vamos buscar farrapos de reminiscências pelas errâncias da vida, há para ali descrições que nos lembram outras de pessoas que estiveram à beira de passar para a outra margem, luminosidade e turbilhão" (...) (**)

O autor vai ter oportunidade, no IX Encontro Nacional da Tabanca, em Monte Real, no dia 14 do corrente, de promover o seu livro junto dos participantes do evento, a maior parte deles seus camaradas, antigos combatentes no TO da Guiné.

Desejamos bom sucesso editorial ao livro do  nosso camarada Mário Gaspar, e damos-.lhe os parabéns pela coragem de voltar a enfrentar os "corredores da morte", agora  através da escrita!
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Notas do editor:

Guiné 63/74 - P13228: Parabéns a você (744): António Azevedo Rodrigues, ex-1.º Cabo do CMD AGR 2957 (Guiné, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série de 2 de Junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13224: Parabéns a você (743): António Barbosa, ex-Alf Mil Op Esp do BART 6523 (Guiné, 1973/74) e Osvaldo Colaço, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3566 (Guiné, 1973/74)

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13227: Camaradas da diáspora (9): Júlo Abreu, dos comandos do CTIG (Brá, 1964/66) à KLM, na Holanda, onde trabalhou 38 anos... Vem ao nosso IX Encontro Nacional, em Monte Real, dia 14

1. Júlio [Costa] Abreu, ex-1º cabo radiomontador do BCAÇ 506 (Bafatá) e ex-1º cabo comando, chefe da 2.ª equipa do grupo de comandos "Centuriões" (Brá, 1964/66) [, foto à direita, no seu quarto, em Brá]

Reformado da KML, vive na Holanda. Vai estar connosco no nosso convívio anual em Monte Real, dia 14 do corrente

Eis alguns dados do seu currículo:

(i) Data de nascimento: 30 julho 1942;

(ii) Signo: Leão:

(iii) Em maio de 1963 foi colocado na Escola Militar de Electromecânica para tirar o curso de Radiomontador;

(iv) Depois do curso, foi colocado no RI 2, em Abrantes, tendo sido mobilizado em rendição individual para o BCAÇ 506, estacionado em Bafatá;

(v) Chegou à Guiné em 17/1/1964, tendo sido pouco tempo depois transferido para as Oficinas Gerais do Batalhão de Transmissões no Quartel General em Bissau;

(vi) Devido ao seu espirito de aventura, resolve oferecer-se para os primeiros grupos de Comandos que se iriam formar na Guiné;

(vii) Frequentou o Curso de Comandos, tendo sido destinado ao Grupo Centuriões do Alf mil cmd Luís Rainha;

Júlio da Costa Abreu
(viii) Foi nomeado chefe da 2ª Equipa deste Grupo de Comandos;

(ix) Quando terminou a comissão de serviço, resolve ficar na Guiné, como técnico de rádio;

(x) Prestou assistência nos CTT às comunicações UHF para os telefones no interior da Guiné, tendo-me deslocado com frequência a Mansoa, Bafatá, Bambadinca e Bijagós;

(xi) Ao fim de uns anos resolve voltar a Portugal Continental, tendo trabalhado para o representante da J.V.C. e Ferguson;

(xii) No entanto como depois do à-vontade da vida livre da Guiné, não se sentia bem em Portugal e resolve emigrar para a Holanda aonde ainda hoje se encontra;

(xiii) Trabalhou como Técnico de Electrónica durante 38 anos na Companhia de Aviação Holandesa KLM da qual está presentemente reformado:

(xiv) Com o Luís Rainha e o João Parreira, fundou, em 27 de abril de 2010, o blogue Comandos da Guiné 1964-1966, de que é também coeditor;

(xv) Faz parte Tabanca Grande desde 23 de maio de 2008.  


Guiné > Bissau > Finais de 1965 > Numa esplanada da capital (Hotel Portugal?), da esquerda para a direita, Júlio Abreu (1º cabo), Virgínio Briote (alf mil) e Toni Ramalho (alf mil, mais tarde médico no Porto).

Fotos (e legendas):  © Júio Abreu (2008). Todos os direitos reservados [Edição: L.G.]

Guiné 63/74 - P13226:Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte XV): Uma grande fotografia que representa o epílogo da minha passagem pela guerra






Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Setor de Paunca > Guiro Iero Bocari > CART 11 (1969/70) > Rua principal da povoação... O Valdemar com miúdos, filhos de soldados da CART 11.

Foto: © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]



1. Mensagem de Valdemar Queiroz:

Data: 1 de Junho de 2014 às 22:49
Assunto: Uma grande fotografia que representa o meu epílogo na Guiné


Caro Luís Graça:

Esta grande fotografia é,  para mim,  o meu epílogo da passagem pela guerra na Guiné.

Com excepção de um ataque de misseis a Nova Lamego, eu nunca tive contacto directo ou com a acção de combate, ou ataques a aquartelamentos.

Eu tive muita sorte, mas é verdade. Eu nunca dei um tiro, a não ser a alguma rola.

Não quero dizer, com isto, que eu não fizesse muitas operações  ou de que a nossa CART 11 não tivesse problemas em combate, que os teve e graves, mas eu o ex-fur.mil Valdemar Queiroz, por várias razões ou por sorte, nunca os tive, ....mas a  guerra não é só feita de  combates e eu estive lá.

Esta fotografia retrata bem o que para mim foi (enganosamente) um epílogo de guerra: uma  tabanca sossegada, sem o mínimo vestígio de violências, eu em trajos civis passeando com crianças alegres (as crianças eram filhos dos nossos soldados e tinhamos acabado de jogar à bola).

Foi a minha última fotografia  tirada na Guiné, se calhar foi a primeira daquelas crianças na rua principal em Guiro Iero Bocari.

INESQUECIVEL!

Valdemar Queiroz

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P13225: Notas de leitura (596): "História - A Guiné e as ilhas de Cabo Verde", edição do PAIGC com o patrocínio da UNESCO (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 2 de Dezembro de 2013:

Queridos amigos,
Tenho a sorte e a fortuna do meu lado nas escavações na Feira da Ladra, desta feita a edição francesa, patrocinada pela UNESCO, de um manual do PAIGC que não identifica os autores mas que são seguramente vários.
Há para ali um estudo seguro da história africana e não menos seguro da colonização portuguesa da Guiné. Intervieram plumitivos de costela marxista, por tudo e por nada há a exaltação da Revolução de Outubro, até parece que a luta do PAIGC era uma das suas gloriosas projeções.
Teria sido possível elaborar um quadro de propaganda sem chegar a erros tão grosseiros como os 900 militares portugueses mortos na batalha de Como. Só que a História não pode iludir todos estes documentos onde se peca por falta de rigor histórico.

Um abraço do
Mário


História: A Guiné e as Ilhas de Cabo Verde

Beja Santos

Trata-se de uma raridade, uma edição do PAIGC graças à ajuda financeira da UNESCO, Paris, 1974. Pouco depois, a Afrontamento procedia à edição portuguesa, com ligeiras modificações.

Não se sabe quem coordenou o documento, seguramente intervieram conhecedores da história de África, investigadores marxistas e dirigentes políticos do PAIGC. Diga-se em abono da verdade que entre a pré-história de África até à chegada da colonização europeia o livro comporta informação inequivocamente irrelevante, a despeito de algumas pinceladas de inverdades. O leitor interessado (será que os guineenses chegaram a ter acesso, após 1974, a este livro brandido como profissão de fé e bilhete de identidade da Guiné-Bissau?) encontrará no texto um bom resumo do começo do período histórico em África e a emergência do islamismo, segue-se o império do Mali, que dominava todo o sul do rio Níger, até à África Ocidental, do Senegal ao rio Geba, a África dos fins da Idade Média, com destaque para o império do Songhay. Segue-se o meio geográfico das ilhas de Cabo Verde e da Guiné, temos depois comentários ao povoamento cabo-verdiano e aqui começa a propaganda: “Os colonialistas portugueses tentaram opor os cabo-verdianos aos africanos do continente, da mesma forma que eles tentaram opor os africanos de várias etnias entre si. Mas os cabo-verdianos adquiriram consciência da sua condição de africanos e da comunidade de interesses que os une aos africanos do continente; eles adquiriram consciência de que pertencem à mesma comunidade, explorados e reduzidos à miséria pelos colonialistas portugueses; eles uniram-se aos seus irmãos da Guiné (terra de onde os portugueses deportaram os seus avós), pela luta contra o colonialismo português, sob a direção do PAIGC, que foi criada em 1956 por guineenses e cabo-verdianos”.

Ainda na sequência deste percurso histórico africano, temos as origens dos reinos mandingas da Guiné, o apogeu do Gabú (séculos XVI-XVIII) onde se relata que os Mandingas, vindos do Mali, estabeleceram-se na Guiné (sobretudo no que é hoje a região do Gabu) no século XIII. Até ao princípio do século XVI, a autoridade do imperador do Mali exercia-se sobre toda a Guiné, por intermédio dos seus governadores, Mansas e Farins. Depois da queda do império, as províncias tornaram-se reinos independentes. O Gabú irá perder a sua independência com a conquista Fula de 1867. Tem igual interesse a descrição histórica dos povos do litoral e as suas migrações, admitindo-se que ainda há muito para investigar sobre os povos do litoral da Guiné, embora seja um dado assente que no século XV, no momento da chegada dos portugueses, eles viviam praticamente já nestas regiões.

Por grandeza de importância histórica, o texto releva a importância da chegada dos Fulas que terão vindo provavelmente do Vale do Nilo, a aridez do Sará obrigou-os a espalharem-se mais para o Sul. De acordo com a tradição e as crónicas de Tombuctu, um grande conquistador, Coli Tenguela apoderou-se do norte do Futa-Djalon e venceu os Mandingas sem destruir os seus Estados, fundou o reino do Futa-Toro. Data desta época a instalação dos primeiros Fulas e Fulacundas na Guiné (fins do século XV e princípios do século XVI).

O relato africano suspende-se aqui para os autores da obra fazerem emergir os europeus em África e o seu comércio, destacando o sistema dos entrepostos comerciais localizados no litoral, era aqui que se processava o tráfico negreiro.

Regressando à história africana, os autores explanam o comércio de escravos, o desaparecimento dos grandes Estados africanos, o Império Songhay foi destruído pelos marroquinos. É num contexto de apagamento que emergem os Fulas e trazem o proselitismo islâmico. Assim se chegou ao século XIX que vê chegar o termo do sistema colonial tradicional, uma plêiade de exploradores atravessa África em todas as direções, recorde-se que o interior do continente era praticamente desconhecido dos europeus, graças a essas explorações as grandes potências consolidaram as suas posições na costa africana e fizeram tremer a presença portuguesa. Assim se iniciou a conquista territorial, imperativo decorrente da Conferência de Berlim, não havia unidade nacional africana, não era possível oferecer resistência aos exércitos coloniais. E os autores centram-se na nova colonização portuguesa na Guiné, a substituição por comércio de produtos locais do que fora o comércio de escravos: óleo de palma e coconote, amendoim, borracha, entre outros. O século XIX foi inequivocamente um século de vegetação económica para a Guiné, nem a Convenção Luso-Francesa lhe pôs termo. Ainda se tentou uma companhia majestática, a ideia não vingou, só no século XX é que se impuseram empresas como a CUF. Nos capítulos subsequentes, os autores falam da resistência à colonização portuguesa e depois caraterizam o sistema colonial português. Tomando à letra a cartilha soviética, os autores realçam a revolução russa e os abalos no sistema imperialista, segue-se a II Guerra Mundial e os autores encontram uma relação de causa-efeito entre a extensão do sistema socialista e o afundamento do sistema colonial do imperialismo.


Estamos chegados aos movimentos de libertação africanos, apresenta-se o PAIGC como partido democrático, progressista, anticolonialista e anti-imperialista. Anuncia-se que dois terços do território nacional já tinham sido libertados pelo PAIGC e ilustram-se as fases da luta-armada na Guiné. Em termos de organização económica, dá-se como fundamental a destruição da estrutura económica colonialista e a criação de novas bases económicas nas regiões libertadas da Guiné, onde se aboliu a moeda portuguesa. A escrita agora passou para as mãos de um marxista duro e puro que explana sobre o futuro da humanidade e as forças anti-imperialistas do mundo, a referência são os Estados socialistas e a gloriosa Revolução de Outubro. Caminhando para o termo deste compêndio, dá-se um retrato de Amílcar Cabral e por último temos a proclamação da República.

Nos entretantos, escrevem-se dislates como os 900 mortos que os portugueses teriam sofrido na batalha do Como, a libertação de 60 % do território da Guiné em 1966 e as dezenas de aquartelamentos capturados. Enquanto isto se passa na Guiné, em Cabo Verde afirma-se que a situação política estava radicalizada: revolta dos camponeses de Santo Antão, greves dos estudantes liceais em S. Vicente, greve dos doqueiros, adesão crescente dos cabo-verdianos aos ideais do PAIGC. “As condições amadurecem a passos largos em Cabo Verde para a passagem a uma fase superior da luta. A situação de fome em que vive Cabo Verde é mais um elemento desfavorável para os colonialistas portugueses, incapazes de a resolver, e que atua favoravelmente a uma tomada de consciência das massas em relação ao verdadeiro caráter da dominação colonial portuguesa”.

Uma história que fica para a história e é pena que não se retome desta obra ideias substantivas sobre a história de África, conquanto os conhecimentos se tenham vindo a desenvolver e se sabe mais sobre o passado remoto do continente africano e sobretudo daquele espaço ocidental de onde emergiu a Guiné.
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Nota do editor

Último poste da série de 30 de Maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13214: Notas de leitura (595): "O Corredor da Morte", pelo nosso camarada e tertuliano Mário Vitorino Gaspar, ex-Fur Mil Art MA da CART 1659 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P13224: Parabéns a você (743): António Barbosa, ex-Alf Mil Op Esp do BART 6523 (Guiné, 1973/74) e Osvaldo Colaço, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3566 (Guiné, 1973/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 31 de Maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13218: Parabéns a você (742): Nos meus 69 anos, com imensa alegria, ofereço-vos uns extratos de um livro que tenho em preparação, “O Fedelho Exuberante” (Mário Beja Santos)

domingo, 1 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13223: Os nossos seres, saberes e lazeres (71): O Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes visitou o Comando da Zona Marítima do Norte, instalado em Leça da Palmeira (Carlos Vinhal)



VISITA AO COMANDO DA ZONA MARÍTIMA DO NORTE
LEÇA DA PALMEIRA

No passado dia 17 de Maio de 2014, integrado nas comemorações do Dia da Marinha, foi proporcionada, aos sócios (familiares e amigos) do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, uma visita às instalações do Comando da Zona Marítima do Norte (CZMN), situado na bonita marginal de Leça da Palmeira, e uma subida ao Farol de Leça, também conhecido como Farol da Boa Nova. Estava também prevista uma visita a uma embarcação da Marinha de Guerra normalmente estacionada em Leixões, mas, como por motivos operacionais, esta se encontrava em Lisboa, a mesma não se pôde efectuar.

A concentração das pessoas, previamente inscritas, estava marcada para as 14h15 na parada do CZMN. Fomos recebidos pelo Senhor Comandante Martins dos Santos que se fazia acompanhar do 2.º Comandante e do Oficial Adjunto.

O Comandante Martins dos Santos falando aos presentes. 
Foto: Abel Santos

Já no auditório, o Comandante Martins dos Santos deu as boas-vindas aos presentes e fez uma descrição sumária das muitas funções operacionais atribuídas ao Comando da Zona Marítima do Norte, que compreende a costa atlântica entre o Rio Minho e a Figueira da Foz, numa extensão para Oeste de muitas milhas.
Na sua qualidade de Comandante da ZMN, acumula os cargos de Chefe de Departamento Marítimo do Norte, Capitão dos Portos de Douro e Leixões, Comandante Regional da Polícia Marítima e Comandante Local da Polícia Marítima do Douro e Leixões.

Apresentação de diapositivos
Foto: Abel Santos

Seguiu-se a intervenção do Oficial Adjunto, que auxiliado por um projector de diapositivos, fez uma exaustiva apresentação dos efectivos, meios e competências operacionais atribuídas ao CZMN.
As principais preocupações deste organismo têm a ver, na área das pescas, com as infracções às leis vigentes; com a poluição das águas do mar e dos rios que desaguam no Atlântico; o funcionamento e a conservação dos faróis existentes entre o Rio Minho e a Figueira da Foz, e a manutenção da ordem pública nas áreas da costa marítima, como praias e áreas portuárias.
Ainda houve uma segunda intervenção do senhor Comandante Martins dos Santos para vincar alguns dos assuntos até ali aflorados, e para nos convidar a visitar uma exposição de meios de combate à poluição marítima, montada num "hangar" que serve de armazém para aqueles meios.
Pudemos obervar equipamento de proteção individual; viaturas para transporte de pessoas, de equipamentos, de poluentes recuperados das águas e motos-quatro para vigilância e detecção, próxima da água; grupos de bombagem para apanha e trasfega de hidrocarbonetos, etc.

Tendo-se atrás falado de faróis, e tendo nós ali à mão o Farol de Leça, nada melhor que visitá-lo.


Recebidos pela equipa de Faroleiros, impecavelmente uniformizados, numa dependência que serve de museu, ali se pôde apreciar algum equipamento antigo, fora de uso mas operacional. Todo o tipo de faróis e farolins com as cores verdes e encarnadas, convencionadas para, no mar, assinalar respectivamente o lado direito (estibordo) e o lado esquerdo (bombordo) das embarcações, assim como sinalização de entradas de barras marítimas; motores accionadores de compressores que enchiam reservatórios com ar comprimido, que por sua vez faziam funcionar as célebres roncas (enormes cornetas) que sinalizavam a costa marítima em dias de forte nevoeiro; ilustrações com a história dos faróis, desde o primeiro, construído no ano 280 a.C. na ilha de Faros, na Alexandria. Aqui estará a origem da designação de farol.

O Chefe dos Faroleiros fez um historial dos meios de sinalização das costas marítimas, em todo o mundo, a fim de evitar a tragédia dos sucessivos naufrágios, principalmente em noites de tempestade. Desde fogueiras nos pontos mais altos e os improvisados meios de iluminação junto à costa, até aos sofisticados meios actualmente ao dispor, os faróis têm ainda hoje uma importante utilidade para a navegação.

O Farol de Leça é composto por um edifício cilíndrico com 46 metros de altura, construído numa pequena elevação com 11 metros, o que lhe confere uma altitude de 57 metros, tornando-o o segundo mais alto de Portugal, atrás do farol de Aveiro com 66 metros.

Entrou em funcionamento em 1926, substituindo o pequeno farol da Boa Nova, pouco eficaz, que existia nuns penhascos junto à Ermida de S. Clemente das Penhas, hoje conhecida por Capela de S. João da Boa Nova.

Postal feito a partir de uma foto pertença de Jorge Bento (1915-2004), autor de imensa bibliografia sobre Leça da Palmeira

Aspecto actual da  zona envolvente da Capela de S. Clemente das Penhas, em estado deplorável, tendo em conta as obras que por ali têm sido levadas a efeito. Ao fundo ainda visível o local da instalação do antigo Farol da Boa Nova
Foto: Carlos Vinhal

O seu aparelho óptico rotativo está assente em mercúrio, que por ser um metal líquido reduz ao mínimo o atrito. E composto por uma lâmpada emissora de luz, com 1000 Watts de potência, que reflectida num complexo sistema prismático, aumenta a intensidade da luz e a dirige, na forma de raios na cor branca, três de 14 em 14 segundos, na direcção certa, o céu, de modo a ser visível a mais de 50 quilómetros.
O aparelho, que antigamente era accionado por um mecanismo de relógio por pêndulo, é hoje eléctrico, comandado por células. Ainda hoje se pode apreciar o anterior sistema, em perfeito estado de conservação.

O jovem Faroleiro explicava-nos o funcionamento do aparelho óptico rotativo
Foto: Carlos Vinhal

Houve ainda tempo para ir ao exterior apreciar a vista, que do alto se desfruta, e fazer umas fotos, mau grado o vento forte que se fazia sentir.

Vista da marginal de Leça da Palmeira
Foto: Carlos Vinhal

Ainda a partir do Farol de Leça se pode ter esta perspectiva da Refinaria do Porto da Petrogal, que por acaso fica, parte dela, em Leça da Palmeira e outra parte em Perafita.
Foto: Carlos Vinhal

Feitas as despedidas, e os agradecimentos de parte a parte, deixámos as instalações do Farol e voltámos ao Comando da Zona Marítima do Norte para fazer a foto de família e troca de lembranças entre o Comandante Martins dos Santos, nossos anfitrião, e o Presidente do Núcleo de Matosinhos da LC, TCor Armando Costa que "comandava" os visitantes.

Momento dos agradecimentos e troca de lembranças no exterior da "Porta de Armas" do Comando da Zona Marítima do Norte, após a foto de família de que não se dispõe nenhuma cópia.

Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 7 DE ABRIL DE 2014 > Guiné 63/74 - P12943: Os nossos seres, saberes e lazeres (70): Pinturas a partir de fotos com mais de 40 anos (Jaime Machado)

Guiné 63/74 - P13222: IX Encontro Nacional da Tabanca Grande (12): Escolhidas as cinco melhores frases por 69 grã-tabanqueiros... E a menos de 2 semanas, temos já 94 bravos voluntários para a Operação Monte Real 2014, no dia 14 deste mês...


As frases que reuniram o maior número de votos (> 10):  83,7% dos votos, ou seja, 282 num total de 325. Número de votantes: 69. Frases que não obtiveram nenhum voto: a Seis e a Vinte um.

Infografia:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)



1. Terminou, ontem,  o nosso "passatempo" que foi também um pretexto para a malta fazer a "prova de vida"...

Responderam ao desafio 69 camaradas....  O total de votos foi de 325. Recorde-se qual era o passatempo: tratava-se de escolher as cinco ou frases ou slogans que melhor identificam e descrevem a nossa cultura bloguística, ou se quisermos, o espírito da nossa Tabanca Grande. (*)

Como votação acima de 20 temos as seguintes frases, as mais votadas:

Nas três primeiras posições:

1. O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande! (n=40)

3. Não deixes que sejam os outros a contar a tua história por ti. (n=37)

18. Tabanca Grande: onde todos cabemos com tudo o que nos une 
e até com aquilo que nos separa. (n=27)

Em 4º lugar, ex-aequo (n=26), temos:

14. Ainda pior do que o inferno da guerra,  é o inverno do esquecimento dos combatentes.

19. Partilhamos memórias e afetos.

Em 5º lugar aparece:

8. Para que os teus filhos e netos não digam, desprezando o teu sacrifício:  " Guiné ? Guerra do Ultramar ? Guerra Colonial ? Não, nunca ouvi falar!" (n=25).

Com votação superior a 10 e inferior a 20, temos as seguintes frases:

9. Uma vez combatente, combatente para sempre! (n=17)

7. Camarada não tem que ser amigo:  é o que dorme no mesmo buraco, na mesma cama, no mesmo abrigo. (n= 16);

11. Os filhos dos nossos camaradas, nossos filhos são. (n=16)

5. Camarada e amigo... é camarigo! (n=14)

12. Sim, senhor ministro, somos uma espécie em vias de extinção...  E já demos instruções ao último que morrer, para ser ele próprio a fechar a tampa do caixão. (n=14)

16. Recorda os sítios por onde passaste, viveste, combateste, amaste, sofreste, viste morrer e
matar, mataste, e perdeste, eventualmente, um parte do teu corpo e da tua alma...(n=12).

Duas frases não obtiveram qualquer pontuação:

6. Dez anos a blogar, pois é!,  são cinco comissões na Guiné!

21. E também lá vamos facebook...ando e andando!



2. Lista alfabética dos camaradas que respnderam à chamada e fizeram a sua "prova de vida" (*)...

[foto à esquerda, da autoria de Arlindo Roda, 2010]

Alberto Branquinho
Alcides Silva
Antonio Carvalho (Mampatá)
António Eduardo Carvalho
António J. Pereira da Costa
Antonio João Sampaio
António Levezinho
António Santos
António Sucena Rodrigues
Artur Conceição

Barreto Pires
Bernardino Cardoso

Cândido Morais
Carlos Cruz
Carlos Vinhal
César Dias

Eduardo Estrela
Ernesto Ribeiro

Fernando Costa

Germano Penha

Hélder Sousa

Idálio Reis

João Alberto Coelho
João José Lourenço
João Sacoto
Joaquim M Gomes
Jorge Picado
Jorge Pinto
Jorge Portojo
Jorge Rosales
Jorge Santos
Jorge Tavares
José Carlos Pimentel
Jose Colaço
José da Câmara
José Dinis C. Sousa e Faro
José Manuel Cancela
José Manuel Lopes
José Manuel Matos Dinis
José Manuel Carvalho
José Pardete ferreira
José Rocha
José Teixeira
Julio Costa Abreu
Juvenal Amado

Luís Graça
Luís Paulino

Manuel Carvalho
Manuel Joaquim
Manuel Luis
Manuel Maia
Manuel Reis
Mário Gaspar
Mario Oliveira
Mário Pinto
Mário Vasconcelos
Marques de Almeida
Martins Julião

Raul Albino
Ricardo Figueiredo
Rui Santos
Rui Silva

Toni Borié
Torcato Mendonça

Valdemar Silva
Vasco da Gama
Vasco Ferreira
Vasco Pires
Virginio Briote


3. Lista dos inscritos no IX Encontro Nacional da Tabanca Grande, a realizar em Monte Real, no dia 14 do corrente... 

São 94  e queremos pelo menos chegar aos 100!... As inscrições continuam abertas... As desistências devem ser comunicadas atempadamente... Todas as comunicações devem ser dirigidas ao nosso editor Carlos Vinhal: carlos.vinhal@gmail.com

Agostinho Gaspar (Leiria)
Alcídio Marinho e Rosa (Porto)
António Faneco e Tina (Montijo / Setúbal)
António Fernando Marques e Gina (Cascais)
António José Pereira da Costa e Isabel (Mem Martins / Sintra)
António Manuel Sucena Rodrigues + Rosa Pato, António e Ana Brandão (Oliveira do Bairo)
António Maria Silva (Cacém / Sintra)
António Martins de Matos (Lisboa)
António Rebelo (Massamá / Lisboa)
António Sampaio & Clara (Leça da Palmeira / Matosinhos)
António Santos, Graciela & mais 7 do clã (Caneças / Odivelas)
António Sousa Bonito (Carapinheira / Montemor-o-Velho)
Arménio Santos (Lisboa)
Augusto Pacheco (Maia)

C. Martins (Penamacor)
Carlos Vinhal & Dina (Leça da Palmeira / Matosinhos)

David Guimarães & Lígia (Espinho)
Delfim Rodrigues (Coimbra)

Eduardo Campos (Maia)
Eduardo Jorge Ferreira (Vimeiro / Lourinhã)

Fernandino Leite (Maia)
Fernando Súcio (Campeã / Vila Real)
Francisco (Xico) Allen (Vila Nova de Gaia)
Francisco Baptista e Fátima Anjos (Aldoar / Porto)
Francisco Palma (Estoril / Cascais)

Humberto Reis e Joana (Alfragide / Amadora)

Idálio Reis (Sete-Fontes / Cantanhede)

João Alves Martins (Lisboa)
Joaquim Almeida (Maia)
Joaquim Gomes Soares e Maria Laura (Porto)
Joaquim Luís Fernandes (Maceira / Leiria)
Joaquim Mexia Alves (Monte Real / Leiria)
Joaquim Nunes Sequeira e Mariete (Colares / Sintra)
Joaquim da Silva Jorge (Ferrel / Peniche)
Jorge Cabral (Lisboa)
Jorge Canhão & Maria de Lurdes (Oeiras)
Jorge Loureiro Pinto (Agualva / Sintra)
Jorge Rosales (Monte Estoril / Cascais)
José Barros Rocha (Penafiel)
José Casimiro Carvalho (Maia)
José Louro (Algueirão / Sintra)
José Manuel Cancela e Carminda (Penafiel)
Julio Costa Abreu e Richard (Holanda)
Juvenal Amado (Fátima / Ourém)

Luís Encarnação (Cascais)
Luís Graça & Alice (Alfragide /Amadora)
Luís Moreira (Mem Martins / Sintra)

Manuel António (Maia)
Manuel Augusto Reis (Aveiro)
Manuel Joaquim (Agualva / Sintra)
Manuel Resende, Isaura e Palmira Serra (Cascais)
Manuel dos Santos Gonçalves e Maria de Fátima (Carcavelos / Cascais)
Mateus Oliveira e Florinda (Boston / EUA)
Miguel Pessoa & Giselda (Lisboa)
Mário Gaspar (Lisboa)

Raul Albino e Rolina (Vila Nogueira de Azeitão / Setúbal)
Ricardo Figueiredo (Porto)
Rui Silva e Regina Teresa (Sta. Maria da Feira)

Vasco da Gama (Buarcos / Figueira da Foz)
Virgínio Briote e Irene (Lisboa)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 22 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13178: IX Encontro Nacional da Tabanca Grande (6): A três semanas da nossa festa de convívio anual, temos 70 inscrições... e um passatempo para saber "quais são as cinco frases de que os grã-tabanqueiros mais gostam e que melhor caraterizam o espírito da Tabanca Grande"... Deixa um comentário ou manda um mail até aos próximos quinze dias...

(...) Vinte e cinco frases que ajudam a distinguir um grã-tabanqueiro, isto é, um leitor do nosso blogue que se identifica com a "cultura" da Tabanca Grande, independentemente de estar ou não estar (ainda) registado como membro...
1. O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!

2. Lembra-te, ó português: bandeira dos cinco pagodes, é na loja do chinês.

3. Não deixes que sejam os outros a contar a tua história por ti.

4. Cabral só há um, o de Missirá e mais nenhum.

5. Camarada e amigo... é camarigo!

6. Dez anos a blogar, pois é!,
são cinco comissões na Guiné!

7. Camarada não tem que ser amigo:
é o que dorme no mesmo buraco, na mesma cama, no mesmo abrigo.

8. Para que os teus filhos e netos não digam, desprezando o teu sacrifício:
" Guiné ? Guerra do Ultramar ? Guerra Colonial ? Não, nunca ouvi falar!"

9. Uma vez combatente, combatente para sempre!

10. Desaparecidos: aqueles que nem no caixão regressaram.

11. Os filhos dos nossos camaradas, nossos filhos são.

12. Sim, senhor ministro, somos uma espécie em vias de extinção...
E já demos instruções ao último que morrer, para ser ele próprio a fechar a tampa do caixão.

13. Camarada, que a terra da tua Pátria te seja leve!

14. Ainda pior do que o inferno da guerra,
é o inverno do esquecimento dos combatentes...

15. Rapa o fundo do teu baú da memória...

16. Recorda os sítios por onde passaste, viveste, combateste, amaste, sofreste, viste morrer e
matar, mataste, e perdeste, eventualmente, um parte do teu corpo e da tua alma...

17. Os camaradas da Guiné dão a cara,
não se escondem por detrás do bagabaga...

18. Tabanca Grande: onde todos cabemos com tudo o que nos une
e até com aquilo que nos separa.

19. Partilhamos memórias e afetos.

20. Lá vamos blogando, recordando, (sor)rindo,
e às vezes cantando, gemendo e chorando!

21. E também lá vamos facebook...ando e andando!

22. Sabemos resolver os nossos conflitos... sem puxar da G3!

23. A 'roupa suja' lava-se na caserna, não na parada.

24. 'Periquito' salta pró blogue, que a 'velhice' já cá está!

25. 'Um blogue de veteranos, nostálgicos da sua juventude' (René Pélissier dixit)

Guiné 63/74 - P13221: Agenda cultural (320): Alberto Costa e Silva é o vencedor do Prémio Camões 2014 (Vasco Pires, grã-tabanqueiro da diáspora lusitana no Brasil)

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires [ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72; membro da Tabanca Grande, a viver na diáspora, Brasil]:

Data: 30 de Maio de 2014 às 23:49

Assunto: Alberto Costa e Silva é o vencedor do Prémio Camões 2014


Caríssimos Carlos/Luis,

O diplomata, Alberto da Costa e Silva, é poeta, ensaista e historiador. Membro da Academia Brasileira de Letras, serviu como diplomata em vários países, inclusive Portugal.

O Comunicado da Secretaria de Estado da Cultura salientou: "a importante ponte que este intelectual, criador e diplomata estabeleceu entre a América do Sul, África e Europa".

Tem dois notáveis trabalhos sobre a história Africana, antes "A enxada e a lança, a África antes dos Portugueses" e depois da chegada dos Portugueses, "A manilha e o libambo, a África e a escravidão de 1500 a 1700".

Do primeiro diz o autor: "Só o escrevi com o pensamento e o objetivo de entregar ao leitor um manual - simples,claro, direto, embora emotivamente interessado - que lhe servisse de intrudução ao conhecimento da África."

Quanto ao segundo "A manilha e o limbambo..",: manilha é um bracelete de metal, limbambo é uma cadeia de ferro usada para prender escravos pelo pescoço...

Para nós que fechamos os últimos "portões do Império", é um mergulho na História dos povos de quem fomos ao encontro, de "armas na mão" (sem qualquer juízo de valor).

forte abraço a todos
Vasco Pires
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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P13220: Blogpoesia (383): Velhas crianças (Felismina Costa)

1. Mensagem da nossa amiga tertuliana Felismina Costa, com data de 31 de Maio de 2014, trazendo até nós um poema dedicado às crianças que nós fomos:

Caríssimo Amigo Carlos Vinhal
Como se aproxima o dia da criança, resolvi enviar um pequeno poema às (crianças) do fim da primeira metade do séc. XX, com especial incidência, aos meus amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné a quem saúdo carinhosamente.

Por seu intermédio, segue aquele abraço de infinita amizade-
Felismina mealha


Velhas Crianças

Que ainda não esquecestes
Os berlindes, as fisgas, e os ninhos que destruías,
Quando ainda não sabias o que era o amor paterno! Velhas crianças!
Como o tempo passou!
Como tudo ficou, perdido no tempo!
Criança, Menino, que trepavas às árvores,
Jogavas pião, arco, e bola de trapo,
Que a mãe te fazia…
Tu, que crescias, sem saber porquê…
Cantavas, sorrias, sonhavas… eu sei!
Quantos sonhos, tão bonitos, foram tuas madrugadas?
Quantas estrelas incendiadas dos alvores da Juventude
Te queimaram, te acordaram, nas manhãs das descobertas?
Quantas letras tinha o teu alfabeto?
Esse mundo descoberto a cada hora do dia?
A quantos sonhos te atreveste?
E a quantos te rendeste, sem pensar no que fazias?
Tu, que crescias, que crescias… docemente… amargamente,
Num tempo de medo…
Tu, que riste do medo…
Que choraste de medo, e do medo dos outros…
Menino… já grande!
Lá longe, distante, em terra estrangeira…
Tu, que muito aprendeste, que tanto sofreste,
Que tanto cresceste!
És velha criança, que guardas no peito
Lembranças, segredos, silêncios e raivas,
Milhares de palavras, surgidas, nascidas,
De um tempo imperfeito!
Criança de um tempo, que foi o meu tempo…
Criança que comento, porque cresceu comigo!
Serás sempre criança!
Nos filhos que embalaste…
Nos netos que embalas,
Nos sonhos que calas
Com medo do demo!

Felismina mealha
30/5/2014
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Nota do editor

Último poste da série de 29 DE MAIO DE 2014 > Guiné 637/74 - P13208: Blogpoesia (382): No colo de minha Mãe (J. L. Mendes Gomes, Berlim, 29 de maio de 2014, 7h43m, de chuva e vento frio)

sábado, 31 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13219: Bom ou mau tempo na bolanha (58): Las Vegas, Las Vegas (2) (Tony Borié)

Quinquagésimo oitavo episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.




Companheiros, já vos falámos um pouco de Las Vegas, da Las Vegas que quase todos conhecem dos filmes, das televisões, dos casinos, da sorte ao jogo, da “cidade da perdição”, mas Las Vegas não é só isso, se viajarmos de carro, umas milhas para oeste, existem paisagens de montanha, planícies, lugares para admirar, cenários lindos com árvores centenárias, montanhas de pedra com diversas cores que a natureza privilegiou, onde muitos atletas se treinam e praticam desportos radicais.

Para quem percorreu toda aquela zona, verifica que Las Vegas está localizada na parte sudeste do estado de Nevada, que pertence ao condado de Clark, é uma cidade plana, rodeada por montanhas secas, a sua elevação é de aproximadamente 620 metros acima do nível do mar, a flora é dominada por vegetações rasteiras.


Na área metropolitana de Las Vegas é onde se concentra a sua população, que dizem ser a maior aglomeração urbana do estado de Nevada, sendo composta por pessoas oriundas não só de diversos estados dos USA, como até dos mais remotos países do mundo.


Como curiosidade, nesta “cidade da perdição”, quase 15% das habitações, na sua área de residência, é ocupada por famílias com mulher sem marido presente como chefe de família. E mais ainda, mais de 25% de todas as residências são habitadas por apenas uma pessoa, e quase 10% da população com 65 anos ou mais de idade, que por aqui moram, estão vivendo abaixo da linha de pobreza.

Isto é Las Vegas, Las Vegas, onde existem luxuosos casinos, o dinheiro rola nas mesas de jogo, onde exibem os melhores Circos, os melhores espectáculos, os melhores actores, cantores, actrizes e cantoras do mundo, que aqui vêm na procura de protagonismo, campeões do mundo de boxe registam nos seus contratos que só colocarão o seu título em disputa, se combaterem em Las Vegas. Existem Feiras Internacionais, Eventos e Convenções, mas não existe uma equipa de futebol ou basebol, com nome firmado, porque podia haver concorrência nas apostas, ...e apostas, só nos casinos.


Depois de percorrer uma vez mais as montanhas que circundam esta cidade, fizemos um piquenique, que constou de pão, queijo, fruta e coca-cola, não arroz da bolanha, peixe e vinho tirado com o púcaro do café da mesma bacia de alumínio que servia a comida, lá no aquartelamento da “Mansoa City”, isto tudo, lá no cimo das montanhas, de onde também desfrutámos uma vista privilegiada para a cidade, descemos em direcção ao aeroporto, percorrendo mais uma vez a Las Vegas Bouleyvard, onde havia movimento, luz, alegria, pessoas com pressa, “acotovelando-se”, saindo de uns casinos e entrando noutros, filas de pessoas entregando cartões de apresentação, mostrando-se, sorrindo, com convite para uma “relação fácil” e não só.


No aeroporto da cidade de Las Vegas, no estado de Nevada, onde continuam a existir máquinas de jogo nas diversas salas de espera, para todos terem a possibilidade de gastarem as últimas moedas, entregámos o carro que tínhamos alugado no aeroporto da cidade de Tucson, no estado do Arizona, tomando de seguida o avião que fez uma paragem de rotina na cidade de Houston, no estado do Texas, aterrando em seguida na cidade de Orlando, no estado da Flórida, de onde regressámos a casa no nosso carro utilitário, onde nos esperava a “relva” que já necessitava de ser cortada.

Até qualquer dia, companheiros.
Tony Borie
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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE MAIO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13190: Bom ou mau tempo na bolanha (57): Duas personagens (Tony Borié)