quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17877: Historiografia da presença portuguesa em África (98): Bissau, em 1947, ao tempo de Sarmento Rodrigues, revisitada por Norberto Lopes, o grande repórter da "terra ardente"





1. Norberto Lopes (Vimioso, 1900-Linda A Velha, Oeiras, 1989) foi um notável jornalista e escritor, tendo estado entre outros ao serviço do "Diário de Lisboa", onde foi chefe de redação, desde 1921, cronista e grande repórter, além de diretor (entre 1956 e 1967). Saiu do "Diário de Lisboa" para cofundar em 1967 o vespertino "A Capital" (que dirigiu até 1970, ano em que se jubilou).

Mestre do jornalismo na época da censura, transmontano de alma e coração,. sempre se bateu pela liberdade de expressão, que considerou a maior conquista do 25 de Abril. Entre a suas obras publicadadas, destaque-se:"Visado pela Censura: A Imprensa, Figuras, Evocações da Ditadura à Democracia "(1975). Aprendeu a lidar com a censura e os censores e a escrever nas entrelinhas, como muitos jornalistas que viveram no tempo do Estado Novo,

Claro, conciso, preciso. objetivo e imparcial... são alguns dos atributos da sua escrita e do seu estilo como repórter da imprensa escrita, um dos maiores do nosso séc. XX português. Foi. além disso, um grande amigo da Guiné e dos guineenses. Tal como nós, também ele bebeu a água do Geba... Visitou aquele território pelo menos duas vezes. Esteve lá em 1927  e em 1947. Das suas crónicas de 1947, publicou o livro "Terra Ardente -Narrativas da Guiné" (Lisboa, Editora Marítimo-Colonial, 1947, 148 pp. + fotos). (*)

2. O trabalho de Norberto Lopes, sobre a Guiné ao tempo do governador geral Sarmento Rodrigues, cuja ação ele apreciava e elogiava publicamente, merece ser conhecido dos nossos camaradas, que fizeram a guerra colonial, entre 1961 e 1974. Quando fomos mobilizados para o CTIG, pouco ou nada sabíamos daquela terra e das suas gentes, da sua história e da sua geografia...

O livro de Norberto Lopes, "Terra Ardente - Narrati vas da Guiné", já não é de fácil acesso, para a generalidade dos nossos leitores (e muito menos para os nossos amigos da Guiné-Bissau) mas em contrapartida as suas reportagens, publicadas no "Diário de Lisboa", podem ainda ser lidas no portal Casa Comum, da Fundação Mário Soares.

Hoje reproduzimos, com a devida vénia, a segunda crónica que ele mandou para o seu jornal, justamente sobre Bissau, então em fase de grande crescimento. Foi publicada em 10/2/1947, há  70 anos, a idade por que rondam muitos dos nossos camaradas.

Apesar do "desenvolvimentismo" do governador-geral  Sarmento Rodrigues, havia já  problemas cuja solução se iria eternizar como, por exemplo, a projetada construção da ponte sobre o rio Mansoa, ligando a ilha de Bissau ao norte e ao sul da colónia... No nosso tempo, por exemplo, lá continuávamos a usar a velha jandaga em João Landim...

Não é indiferente saber que Bissau era uma povoação insalubre e insegura até ao tempo da I República...e que a fortaleza da Amura iria custar, além de 50 contos de réis, mais de um milhar de vidas (!), entre os seus trabalhadores, "vitimados pelo gentio, pelo escorbuto e pela malária"...

Em 1947 aguardava-se a projetada construção do porto de Bissau...Foi o  governador Carlos [de Almeida] Pereira quem, em 1913, deu início ao processo de desenvolvimento urbanístico de Bissau, então vila e depois  cidade (a partir de 1914), derrubando a famigerada muralha (um muro de tijolo de 4 metros de altura, e antes uma tosca paliçada...) que ia de um dos baluartes da fortaleza da Amura até ao cais do Pigiguiti, separando brancos e pretos, neste caso a colonos (europeus e cabo-verdianos) e o "chão de papel"...Era um muralha protetora com valor mais simbólico do que físico...Foi este gesto iconoclasta que acabou por dar origem à moderna Bissau que nós ainda iríamos conhecer.

Considerando que terá sido eventualmente um erro a transferência da capital, em 1941, por ter ferido de morte a histórica cidade de Bolama, o jornalista três décadas e tal depois. da ação decisiva do governador republicano, Carlos Almeida Paredes (outubro de 1910-agosto de 1913), dava  conta de (e descrevia em detalhe) os notáveis progressos de Bissau "onde se rasgaram largas avenidas paralelas ao eixo central formado pela Avenida da República" [, hoje, av Amílcar Cabral]...

3. Enfim, a cidade começava a ter uma "fisionomia europeia" (**)... O clube de ténis é local de encontro das  senhoras,  brancas e cabo-verdianas, tão raras ainda nos anos 20. Para os homens ficava reservada a bola ( e as paixões da bola). O campeonato de futebol da Guiné estava ao rubro: "Vi jogar os Balantas de Mansoa contra o Sport Lisboa e Bolama, em Bissau. Azuis e vermelhos lutaram com a mesma ralé [, garra, raça, vigor...] dos clubes lisboetas"... Enfim, duas boas equipas, constituídas, na curiosa expressão do autor, por "indígenas assimilados à civilização europeia"  (sic)...

E o repórter cita largamente o escritor Fausto Duarte (1904-1953), o autor de "Auá" (1934), de origem cabo-vrediana, funcionário da admimnistração colonial, que foi  testemunha privilegiada dessas mudanças históricas... Para Fausto Duarte, o coração, os pulmões, os braços e as pernas de Bissão estavam no Pigiguiti, nas suas embarações e nos seus estivadores... Onde Norberto Lopes parece ser menos preciso é quando escreve que a construção da primeira ponte-cais de Bissau, a "maior obra de engenharia da colónia",  foi atribuída a uma empresa inglesa.  Tanto quanto sabemos, a construção da ponte-cais do porto de Bissau, em betão armado, foi feita pela empresa Moreira de Sá & Malevez (1910-1913) (segundo informação de Luís Calafate, bisneto de Moreira Sá) (***).

A última crónica (ou "narrativa da Guiné") de Norberto Lopes será a do elogio público da obra e da personalidade do enérgico transmontano Sarmento Rodrigues, futuro ministro das colónias (e depois do Ultramar).  (***) (LG)





























Recorte do "Diário de Lisboa" (diretor: Joaquim Manso), nº 8694, ano 26, segunda  feira, 10 de fevereiro de 1947, pp. 1 e 9.

Cortesia de portal Casa Comum > Fundação Mário Soares > Arquivos > Diário de Lisboa / Ruella Ramos >  05780.044.11045

Citação:

(1947), "Diário de Lisboa", nº 8694, Ano 26, Segunda, 10 de Fevereiro de 1947, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_22342 (2017-10-18)

[Seleção, montagem dos recortes, edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Notas do editor

(*) Vd. poste de 21 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17785: Historiografia da presença portuguesa em África (92): quando a Guiné do tempo de Sarmento Rodrigues tinha uma "boa imprensa": Norberto Lopes, o grande repórter da "terra ardente"

(**) Sobre o planeamento e o desenvolvimento urbanístico de Bissau, bem como  da sua arquitectura colonial, vd. entre outros os  postes de:

12 de julho de  2014 > Guiné 63/74 - P13392: Manuscritos(s) (Luís Graça) (36): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte VII): O melhor edifício da cidade, a Associação Comercial, hoje sede do PAIGC, projeto do arquiteto Jorge Chaves, de 1949-1952
20 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13312: Manuscritos(s) (Luís Graça) (33): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte VI): O novo bairro da Ajuda (1965/68), um "reordenamento" na estrada para o aeroporto...





A ponte de Ensalmá que que veio permitir
a ligação de Bissau a Mansoa
Vd. também os postes de Mário Dias:

9 de Fevereiro de 2006 >  Guiné 63/74 - P495: Memórias do antigamente (Mário Dias) (1): Um cabaço de leite



Bissau, 1908, antiga ponte cais em madeira: desembraque de
tropas
27 de março de 2008 > Guiné 63/74 - P2691: Memórias dos Lugares (6): A Bissau dos anos 50, que eu conheci (Mário Dias)

Guiné 61/74 - P17876: Os nossos seres, saberes e lazeres (234): Passeio pedestre por algumas entranhas de Moffat (5) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 10 de Julho de 2017:

Queridos amigos,
O viandante vinha sedento de umas férias aprazíveis, pouco castigadoras de horários, deu sinal de tal propósito levando calhamaços para assinalar a sua firme disposição de ficar de perna estendida a saborear os elementos pastoris daquele Sul da Escócia.
Mas está-lhe na massa do sangue aquela irrequietude, vasculhar o território próximo, passá-lo a pente fino, e deixar-se seduzir-se por passeatas entre o património construído e natural. É disso que aqui se fala e continuará a falar. Uma das "vantagens" em viajar em low-cost é não se regressar carregado de tralha díspar, o viandante foi metódico na seleção musical e escassas roupas, havia vitualhas para prendas.
Férias cheias de sabor, acrescente-se, há aspetos daquela natureza que não se encontram em parte nenhuma, e não gostando o viandante de ver ruínas confessa que há ali ruínas de castelos que fazem da Escócia o tal local de sonho.

Um abraço do
Mário


Passeio pedestre por algumas entranhas de Moffat (5)

Beja Santos

É uma chuva miudinha, intermitente, incómoda para andar a cantar odes campestres, éclogas a favor destes desfiladeiros, charnecas e imensidades florestais. Contemo-nos com a prata da casa. Do remanescente da visita a Jedburgh Abbey, permite ao leitor que louvemos hossanas a esta porta lateral da igreja, praticamente intacta e com todos os sabores e requintes do que os britânicos chamam o romanesco, embora ataviado de elementos góticos. Estes obscuros construtores de igrejas e catedrais encontraram soluções primorosas para entrar neste espaços destinados a adorar Deus, fizeram estas peças de filigrana, e tratando-se de uma porta lateral nem foi necessário rebuscar aqueles elementos portentosos que encontramos no Pórtico da Glória, da catedral de Santiago de Compostela. Não sabe o que o tempo fará desta discretíssima porta lateral, à cautela mimoseio quem lhe quiser bem.


Estamos portanto em Moffat, comece-se pelo chamado ponto focal do povoado, the Moffat Ram, símbolo da longa história do centro comercial lanífero que foi Moffat. Agora, em termos turísticos, o que prometem como mais vibrante é o toffee (um caramelo com um sabor ligeiramente avinagrado), os gelados, a mostarda, pastelaria e o haggis local (bucho de carneiro recheado de vísceras). Ninguém dirá, vendo esta fotografia, que já choveu e daqui a um bocado correrá água a potes do céu, até pareço mentiroso com este azul celeste como pano de fundo da escultura icónica de Moffat.



Quem percorre a Grã-Bretanha questiona a raridade das casas arruinadas, tudo se reconstrói a partir de um estábulo ou de uma velha garagem. O viandante ficou contente com esta recuperação, sabe-se lá do quê, um bom entrosamento entre a pedra local e materiais que asseguram conforto, com as exigências atuais. Nada de pindérico, nenhuma pontinha daquele novo-riquismo que agora encontramos nos discípulos de Siza Vieira que inundam as nossas vilas e aldeias.


Aqui está um templo da doçaria, a Meca para todos os gostos açucarados. Acontece que o viandante entrou aqui com um grupo de septuagenários que passaram as férias da sua infância em Moffat. A discussão foi imensa, entre o que havia ontem e o que há hoje, lembrou-se a guerra e o racionamento do açúcar, que prevaleceu até 1952, houve quem lembrasse a má qualidade do pão e coisas assim, mas o que pesou nesta visita era o xelim que cada um deles recebia sábado de manhã, numa aldeia próxima, fizesse o tempo que fizesse, vinham aos doces. Chama-se a isto a saudade dos velhos, verem-se ao espelho da infância.


Quando o viandante foi professor de Sociologia do Lazer, lembrava aos seus alunos a importância crescente dos museus temáticos locais, do vinho ao queijo, da lã ao vidro, do ferroviário ao naval, todos os átomos de uma identidade nacional passam por conhecer a história do nosso microcosmos. O viandante quis conhecer o pequenino museu de Moffat, dispondo de uma casa secundária em Tomar deu consigo a pensar que Tomar tem uma longa história que não se confina ao Convento de Cristo nem ao Paço Real onde habitaram desde o Infante D. Henrique até à Rainha D. Catarina, a viúva de D. João III, há uma estupenda arqueologia industrial, com papel e lanifícios, até a memória daquela batalha da Asseiceira que marcou o fim do miguelismo, isto para já não falar da presença judaica ou na gastronomia. Este museu instalou-se numa antiga padaria e mostra sem lamechas nem prosápias o que Moffat era e fez, as suas personalidades e até a importância do seu caminho-de-ferro. Aqui nasceu, por exemplo, o homem que respondeu inteiramente pelos acontecimentos empolgantes da Força Aérea (RAF) na decisiva batalha da Grã-Bretanha.



Aqui permaneceu durante mais de duas semanas o viandante e companha, casa reconstruída obviamente, reconstrução acarinhada, poiso procurado o ano inteiro pelo conforto e meio ambiente. O proprietário chama-se Charlie, o viandante interessou-me mais do que pela sua correção e verbosidade própria deste tipo de estalajadeiros. É que a mulher de Charlie vive há anos com uma esclerose múltipla, tem cuidadora mas é Charlie que lhe dá o principal alimento da vida, o carinho, o viandante ia consultar o tablet lá a casa e ouvia aquela conversa impossível entre o cuidador do coração e o doloroso paciente, momentos houve em que sentiu vontades de chorar, tal é a força do amor, há muitíssimos anos que aquele corpo se degrada, não emite sons, o corpo é francamente vegetal e no entanto aquele Charlie enamorou-se de uma rapariga alemã que trouxe para a Escócia. E enamorado está.


É num parque onde cirandam crianças entre o minigolfe e as embarcações aquáticas que se levanta este singelo monumento para recordar o marechal da Força Aérea Hugh Dowding, o tal que respondeu pela luta nos céus, naquele período crucial de 1940, matando o sonho de Hitler em intimidar a Grã-Bretanha com os seus devastadores bombardeamentos.

Amanhã, haja chuva que houver, viandante e companha vão à procura de Robert Burns, o bardo nacional da Escócia, em Dumfries, um dia inteiro que dê para vasculhar as velhas estradas deste Sul da Escócia.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17849: Os nossos seres, saberes e lazeres (233): Passeio por uma grande abadia em ruínas, voyeurismo em Moffat (4) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17875: Tabanca Grande (449): José Claudino da Silva, ex-1º cabo cond auto, 3ª CART /BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74, escritor, natural de Penafiel, a residir agora em Amarante... Passa a ser o novo grã-tabanqueiro nº 756


Foto nº 1


Foto nº 2

José Claudino da Silva, fotos de hoje (nº 1) e de ontem (nº 2), ex-1º cabo condutor auto, 3ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74), novo membro da Tabanca Grande, com o nº 756 (*).

Foto (e legenda): © José Claudino da Silva (2017), Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. É autor de dois livros, um de ficção, parcialmente inspirtado na guerra colonial (2016), e outro de poesia (2007). Está a preparar um terceiro livro, memorialístico, com base na sua correspondência do tempo da vida militar (1972/74).


UM CERTO JEITO DE MIM

por José Claudino da Silva

Nasci no tempo das flores,
Fruto de falsos amores,
Esse foi o meu dilema.
Vim ao mundo sem cuidado,
Surgi pelo lado errado
Da vida dita suprema.

Descalço me fiz criança,
Comendo frutos de esperança.
Na escola desabrochei,
Voguei num mar de bonança.
Era rica a minha herança
Que ao sonho me entreguei.

Pela vida apaixonado,
Espalhei por todo lado
Meu poder de adolescente.
Fui escravo, fui soldado,
Pela Pátria amordaçado,
Meu poder ficou ausente.

Começo tudo de novo,
Já pertenço a outro povo.
Sou hoje um fruto maduro,
Todos meus sonhos renovo.
Faço planos e aprovo
O meu caminho futuro.

Tropecei, tombei, caí
Nas estradas que percorri.
Fiz coisas boas e más,
Altos castelos ergui.
Alguns sonhos destruí,
Que ficaram para trás.

Formei-me na utopia,
Mas a vida dia a dia
Deu-me lições de rigor.
Mais tarde,  compreenderia
Que viver em fantasia
Não era viver melhor.

Com armas tão desiguais
Lutei sempre muito mais,
A vida me foi madrasta;
Nunca culpei os meus pais,
Afinal tenho ideais
Mais puros que qualquer casta.

Se às vezes o desalento
Me invade um momento,
Logo volto a reagir,
Meus poemas dão alento.
Breve, esqueço o tormento,
Sem precisar de fugir.

Se hoje sou quem eu sou,
Nada troco, nada dou,
Em quase tudo errei;
Sou este que aqui estou,
Que pela vida se formou.
Sou assim. Assim serei.

Se ao longo deste caminho
For caminhando sozinho,
Numa agonia fatal,
Com cicuta, adoço o vinho.
Bebo goles, de mansinho,
Na bebedeira final.

José Claudino da Silva




Título: Desertor 6520


Autor: José Claudino Silva

Data de publicação: Setembro de 2016

Número de páginas: 408
ISBN: 978-989-51-8120-9
Edição: Chiado Editora, Lisboa
Colecção: Viagens na Ficção

Género: Ficção

Idioma: Pt

Preço: 13 € (papel); 3€ (ebook)



Sinopse



“A partir daquele momento, era irreversível a sua partida e tinham a consciência da transformação radical que as suas vidas iriam sentir.” José C. Silva


2. Nota biográfica:





(i) José Claudino da Silva nasceu no lugar das Figuras Marecos Penafiel em 19 de maio de 1950;

(ii) filho de pai incógnito e de Mabilde da Silva;

(iii) foi criado pela sua avó materna. Emilia Queirós da Silva;

(iv) fez a escola primária na freguesia de Marecos, Penafiel, de 1957 até 1961;

(v) fez a comunhão solene na igreja matriz de Penafiel;

(vi) omeçou a trabalhar aos 11 anos na construção civil e posteriormente como chapeiro, na indústria automóvel, onde trabalhou cerca de 50 anos;

(vii)  através do seu professor primário, o professor Cunha, e do reverendo padre Albano,  adquire o gosto pela escrita e pela leitura; para ter acesso gratuíto aos livros inscreve-se na biblioteca  da Fundação Calouste Gulbenkian de Penafiel com o número de sócio  490;

(viii) ingressou nas fileiras das Forças Armadas em 3 de janeiro de 1972 e embarcou para a então colónia da Guiné em 26 de junho de 1972,  regressando à vida civil em 26 de setembro de 1974;

(ix) neste periodo escreveu centenas de cartas;  possui a maioria delas pois pediu que as guardassem (mas com a intenção de  jamais as reler);

(x) casou com Maria Amélia Moreira Mendes em 6 de setembro de 1975;

(xi) têm dois filhos do sexo masculino e uma neta;

(xii) no ano lectivo 1989/90 fez o 6º ano nas aulas noturnas; em 2005 completou o 9º ano através das Novas Oportunidades; em 2009 concluiu o 12º ano;

(xiii) ganhou o primeiro prémio dum concurso televisivo da SIC (Paródia Nacional);

(xiv) em 2007 publicou um livro de poesia e em 2016 um livro de ficção ("Desertor 6520", Chiado Editora, Lisboa); a sessão de lançamento do "Desertor 6520", em Amarante, teve como apresentador o antigo primeiro ministro José Sácrates;

(xv) escreveu dezenas de poemas e artigos de opinião para o jornal da Lixa;

(xvi) está aposentado, vive em Amarante;

(xvii) tem página no Facebook:

(xviii) faz parte de 2 grupos do Facebook:

GUINÉ - Capicuas de Fulacunda-CART 2772 Ano 1970/1972

Antigos combatentes da Guiné

[Fonte: adapt. livre de Chiado Editora, Lisboa, com a devida vénia +  conversa ao telefone + pesquisa adicional na Net]


3. Comentário do editor LG:

José Claudino, sê bem vindo!... Aprecio a tua franqueza e frontalidade, tão nortenhas... Como sabes, tratamo-nos por tu, como camaradas de armas que fomos (e continuamos a ser para  o resto da vida...). É uma das nossas regras básicas: facilita a comunicação, esbate eventuais diferenças que nos separaram no passado e podem separar no presente: por exemplo, postos, especialidades, habilitações académicas, história de vida, etc....

No blogue  Luís Graça & Camaradas da Guiné, partilhamos memórias (e afetos). Temos uma Tabanca Grande onde todos cabem com tudo aquilo que nos une e até com aquilo que nos pode separar (política, religião, futebol...). Tens aqui as 10 regras editoriais do blogue, que por certo subscreverás inteiramente.

Recebi ontem a tua última mensagem: "Envio então ainda por corrigir, o texto que denominei "EM NOME DA PÁTRIA" baseado no que escrevi há cerca de 45 anos. Sendo a guerra vista por um soldado, a minha maior surpresa, relendo os meus escritos, é a espantosa alteração da minha forma de pensar após aqueles dois anos. Saboreiem um certo romantismo intercalado de dor. Um grande abraço para o Jorge Pinto e todos os camaradas."

O teu manuscrito, ainda sem imagens, tem mais de 70 pequenos capítulos e pouco mais de 80 páginas. A partir das tuas memórias e das cartas que escrevestes à tua futura esposa (e das que recebeste dela), reconstituis a tua passagem pela tropa e pela guerra...

Vou ler com cuidado o manuscrito e dar-te o meu "feedback", mas desde já te digo que é um documento autobiográfico notável. Creio que estás a pensar em publicá-lo em livro (em papel e/ou em suporte digital, o chamado eBook). Mas, ainda antes disso, gostaria de poder publicar alguns dos capítulos mais interessantes no blogue que, como eu te disse,  forma  um grande auditório de camaradas e amigos da Guiné, os quais seriam os teus primeiros e devotados leitores. Pensa nisso!

Para já senta-te sob o poilão da Tabanca Grande, no teu lugar, que passará a ser o nº 756. O teu nome passa, a partir de agora, a constar da lista alfabética, de A a Z, dos membros, formalmente registados, da Tabanca Grande, e disponível na coluna do lado esquerdo do blogue.

Sê bem vindo e traz mais... cinco!
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Notas do editor:

Guiné 61/74 - P17874: Parabéns a você (1329). Luís Nascimento, ex-1.º Cabo Operador Cripto da CCAÇ 2533 (Guiné, 1969/71)


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Nota do editor

Último poste da série >  13 de outubro de  2017 > Guiné 61/74 - P17857: Parabéns a você (1328): Mário Ferreira de Oliveira, ex-1.º Cabo Condutor de Máquinas Reformado, Marinha (Guiné, 1961/63)

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Guiné 61//74 - P17873: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (2): Os meus passeios pelos Bijagós: ilha de Caravela


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4



Foto nº 5

Fotos (e legenda): © Patrício Ribeiro (2017) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso querido amigo e camarada Patrício Ribeiro, o "pai dos tugas" (como é conhecido na Guiné-Bissau):



Data - 14/10/2017

Assunto - Os meus passeios  - Parte

Luís:

Os meus passeios nos Bijagós… que agora estão na moda…

Como dizia no anterior post P16818 (*),  por lá ando a passar férias, para festejar os 70 anos. Sou de 1947. Grandes e bons passeios de 7h para cada lado, com muito conforto… como podem ver nas 9 fotos e no filme, tiradas no final de julho deste ano. Aqui vão as cinco primeiras fotos, as restantes seguem nputro mail.


Patrício Ribeiro, Orango, 2008
[O Patrício Ribeiro  nasceu em Águeda, em 1947; viveu desde tenra idade em Nova Lisboa / Huambo, Angola, vivido, onde casou e fez o serviço militar, como fuzileiro naval;: retornou ao "Puto" depois da descolonização, fixando-se entretanto na Guiné-Bissau, há 3 décadas, país onde fundou a empresa Impar Lda, líder na área das energias alternativas; trabalha com o filho,; passa agora mais algum tempo em Portugal, na época do verão]

Legendas (das cinco primeiras imagens):

Foto nº  1- Viagem de Bissau, para a Ilha da Caravela, na canoa de carreira semanal, 7 horas;

Foto nº 2- Nossos trabalhos; radar, rádios e energia solar, na ilha da Caravela em Betelhe, junto ao antigo aeroporto;

Foto nº 3- Porto de Betelhe, na Caravela, a preparar a saída para o Ilhéu de Caió [, a sudoeste da Ilha de Jeta, região de Cacheu];

Fotos nºs 4,5 - Viagem entre a Caravela e Ilhéu de Caió, 7 horas, muito agradável (não é só nas Caraíbas)-

[...] Para quem gosta de passar férias nos Bijagós, é ótimo em outras épocas do ano…

Aqui perto existe um pequeno hotel no ilhéu de Queré, que recomendo. É muito agradável e com muito qualidade, é gerido pela Sónia, uma Portuguesa, agora quase Bijagó. Podem ver a página na Net , Keré - 00245 966943547-  

Vd. aqui o sitío Keré, Bijagós.

Abraço
Patrício Ribeiro (**)

www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com



Mapa da região de Bolama / Bijagós. Cortesia da Wikipédia. Orango é a mais distante das ilhas, a 100 km de Bissau, 7 h de viagem.  A ilha Caravela, por sua vez, fica a 37 km da costa continental e  tem 128 km². É a a ilha mais a norte do  arquipélago: tem densas florestas, vastos mangais e praias de areia branca.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 9 de dezembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16818: Memória dos lugares (352): Ilhéu de Caió, a sudoeste da Ilha de Jeta, região do Cacheu: um local muito bonito onde, para o ano, quero vir passar umas férias (Patrício Ribeiro, Bissau)


Guiné 61/74 - P17872: Agenda cultural (594): Lançamento do livro "Isabel Minha Mãe", da autoria do nosso camarada Guilherme Costa Ganança, dia 21 de Outubro de 2017, pelas 16,30 horas, no Auditório do Centro Cultural John dos Passos, Ponta do Sol, Ilha da Madeira


C O N V I  T E

Lançamento do livro "Isabel Minha Mãe", da autoria do nosso camarada Guilherme Costa Ganança, (ex-Alf Mil da CCAÇ 1788/BCAÇ 1932, Cabedú, Catió e Farim, 1967/69), no próximo dia 21 de Outubro de 2017, pelas 16,30 horas, no Auditório do Centro Cultural John dos Passos, Ponta do Sol, Ilha da Madeira

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Sobre o autor:

Guilherme da Costa Ganança nasceu no Funchal em 1945.
Concluiu o Ensino Secundário no Liceu de Jaime Moniz, do Funchal.

Licenciou-se em Engenharia Electrotécnica, pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa e fez o Bacharelato em Engenharia Civil, pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco.
Foi professor no Ensino Secundário e no Politécnico, Vereador e Director do Departamento de Desenvolvimento, Educação e Cultura, da Câmara Municipal de Castelo Branco.
Foi Director de Produção da empresa Cablesa, hoje, Delphi.
É também autor dos livros: "Do Cacine ao Cumbijã" e "O CORREDOR DE LAMEL - 68 GUINÉ 69".

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Nota do editor

Último poste da série de 17 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17871: Agenda cultural (593): Lançamento do livro "Os Silêncios da Guerra Colonial", da autoria da antropóloga Sara Primo Roque, filha de um DFA, combatente em Moçambique, dia 9 de Novembro, quinta-feira, às 18:30 h, na Av. Padre Cruz, na ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas

Guiné 61/74 - P17871: Agenda cultural (593): Lançamento do livro "Os Silêncios da Guerra Colonial", da autoria da antropóloga Sara Primo Roque, filha de um DFA, combatente em Moçambique, dia 9 de Novembro, quinta-feira, às 18:30 h, na Av. Padre Cruz, na ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas


C O N V I T E

Mensagem de Sara Roque

Data: 11 de outubro de 2017 

Assunto: A guerra colonial e os seus silêncios


Boa noite,

Começo por me apresentar.

Chamo-me Sara Primo Roque e sou filha de um ex-combatente ferido em Moçambique com uma mina antipessoal.

Sempre vivi com a Guerra Colonial. 

Como forma de honrar e homenagear o meu pai, em 2005 defendi uma tese de mestrado científico no ISCTE com o tema "A guerra colonial e os seus silêncios".

Dia 9 de novembro pelas 18:30h irei lançar a obra agora em livro.

A obra traz à tona as vozes daqueles que estiveram nos teatros de guerra e que nunca viram as suas vozes ouvidas como deveria ter sido feito. Os silêncios que envolveram o antes, o durante e o pós-Guerra Colonial são a tónica deste ensaio.

Foi através das memórias e das representações de vida daqueles que viveram direta ou indiretamente este conflito que foi possível reconstruir a realidade de um tempo que se quer fazer desacontecer.

Gostaria que me ajudasse a divulgar o meu livro, que não é só meu, mas de todos os ex-combatentes que deram o seu testemunho e partilharam as suas memórias.

Cumprimentos
Sara Primo Roque


Sobre o livro "Os Silêncios da Guerra Colonial", da autoria da antropóloga Sara Primo Roque, consultar o facebook em Edições Pásargada.

A obra será apresentada no próximo dia 9 de Novembro, quinta-feira, às 18:30 h, na Av. Padre Cruz – Edifício ADFA, e só estará à venda no lançamento ou por reserva no mail: 

pasargada.edicoes@gmail.com

Preço: 22,00€
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17869: Agenda cultural (592): Colóquio Internacional "O Ano de 1917", Universidade de Coimbra, Faculdade de Letras, 4ª feira, dia 18, das 10h00 às 18h30... Um ano que mudou o mundo, da revolução russa às aparições de Fátima e ao envio do 1º corpo expedicionário português para a Flandres, na I Grande Guerra...