terça-feira, 20 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24417: Convívios (966): Aquele que foi, historicamente, o último encontro da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), realizado em 5/11/2022, em Alenquer: os versos de despedida do Francisco Santos (o "Xico" do Montijo)


Alenquer, Restaurante D. Nuno > 5 de novembro de 2022 > CCAÇ 557 (Cachil,
Bissau, Bafatá, 1963/65): o último encontro, o último bolo...

Foto (e legenda): © José Colaço (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de José Colaç0 (ex-Sold trms, CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65):

Data: 19 jun 2023, 14:12:

Assunto: o último encontro da CCAÇ 557

Luís, cada vez temos menos assunto para dar vida ao nosso blogue, então lembrei-me de enviar estes versinhos que o nosso poeta popular Francisco dos Santos (o nosso Xico do Montijo) nos brindou naquele que terá sido no último almoço de convívio da CCaç 557 realizado em Alenquer (os entas não perdoam)

Abraço

Nota: Se achares que merece honras de blogue tens toda a liberdade para fazeres o melhor que entenderes.



Último Convívio da CCaç 557
 
Eu já doente, sou Xico, 
Mas parado ainda consigo, 
Porque, sem escrever, não fico,
Para este grupo amigo.

Nesta ida a Alenquer,
Encontros não temos mais,
Só aparece quem puder 
P'rás despedidas finais.

Neste encontro eu aconselho,
De todo o meu coração,
Não esqueçam do Coelho  (#)
Nem do nosso capitão,

Com a nossa missão cumprida,
Nunca esqueço a minha gente,
Pois com esta despedida
Ninguém irá ficar contente.

Eu estou muito esquecido
Sobre a façanha de então,
Sei que o grupo era unido,
Do soldado ao capitão.

Nosso encontro vai acabar,
Fica a saudade destes dias,
Mas podemos comunicar
Com as novas tecnologias.

Francisco Santos
Do fundo do coração,
Antigo radiotelegrafista,
Um grande abração,
Quem sabe até à vista !!?...

Francisco Santos 
(o "Xico do Montijo"),
ex-1º cabo radiotelegrafista (**)

(#) Um dos incansáveis organizadores 
dos convívios anuais da companhia
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de outubro de 2022 > Guiné 61/74 - P23725: Convívios (947): Almoço anual de confraternização dos militares da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), no dia 5 de Novembro de 2022, no restaurante D. Nuno, em Alenquer (José Colaço)

(**) Último poste da série > 13 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24395: Convívios (965): Almoço / Convívio da CCAÇ 2701 - "Os 3'S do Saltinho", a levar a efeito no próximo dia 17 de Junho de 2023, em Cantanhede (Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf, Bissau, Bambadinca e Saltinho, 1970/72)

Guiné 61/74 - P24416: Parabéns a você (2181): Engenheiro e Gestor de Projectos Cherno Baldé, Amigo Grã-Tabanqueiro da Guiné-Bissau

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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24412: Parabéns a você (2180): Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 /BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68) e Tibério Borges, ex-Alf Mil Inf MA da CCAÇ 2726 (Cacine, Cameconde, Gadamael e Bedanda, 1970/72)

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24415: Notas de leitura (1591): "História Global de Portugal", com direção de Carlos Fiolhais, José Eduardo Franco e José Pedro Paiva; Temas e Debates, 2020 - Monopólio da Guiné: Exploração económica pluricontinental, 1468 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 2 Fevereiro de 2021:

Queridos amigos,
Neste novo olhar da História Global, entendeu-se que este caso de exploração económica pluricontinental que se encetou com o exclusivo do comércio da costa da Guiné a Fernão Gomes, iria marcar um comportamento do poder régio durante séculos. Mesmo desconhecendo-se o teor do contrato, Fernão Gomes ficou com uma enorme responsabilidade, que terá cumprido, explorou cerca de 3 mil quilómetros de costa, chegou até ao atual Gabão. Contrato que enfatiza para além das iniciativas da Coroa a iniciativa privada nunca foi arredada a participar na exploração económica do Império, era tudo uma questão de oportunidade, a monarquia tanto podia explorá-los diretamente por meio de oficiais régios, como cedê-los a privados por meio de contratos de arrendamento. E o de Fernão Gomes foi o primeiro de uma longa série, expediente jurídico que se revelou essencial não só na captação de rendimentos para a monarquia mas também para que esta se alinhasse, ao longo de séculos com os particulares.

Um abraço do
Mário



Monopólio da Guiné: Exploração económica pluricontinental, 1468

Mário Beja Santos

"História Global de Portugal", com direção de Carlos Fiolhais, José Eduardo Franco e José Pedro Paiva, Temas e Debates, 2020, é seguramente um dos acontecimentos editoriais do ano transato, na medida em que rompe com o velho paradigma da escala local e nacional e tece uma abordagem inovadora do que se pode entender por História Global de Portugal, as permanentes interações que conduziram à identidade que temos e à globalização em que nos inserimos. Como os diretores nos explicam:
“Anteriormente, através dos velhos manuais escolares, que refletiam o que se produzia nas academias, aprendia-se a conhecer a história de um país. Adotava-se uma perspetiva iminentemente nacional, centrada no Estado-nação. Cada nação era o umbigo do mundo, sendo o resto uma paisagem necessariamente secundária e ignorada, ou um campo de projeção das vanglórias nacionais. Além da Pátria, existia um conjunto de países com os quais se estabeleciam relações de cooperação, transação, influência, domínio, conflito, separação, negação ou, nalguns casos, acolhimento. A história era conhecida de forma bipolar, dualista: existíamos nós e os outros (…) À luz das tendências da história global, os países, as regiões, as cidades e as aldeias já não são considerados espaços fechados nas suas fronteiras, antes devem ser perspetivados como plataformas territoriais tomadas na extensíssima duração do processo de humanização”.

E ao longo de largas dezenas de textos vários especialistas ocupam-se de longos períodos da Pré-História e História de Portugal tomando conta desse trânsito de trocas bem anteriores à chamada Era dos Descobrimentos, o povoamento das nossas regiões atlânticas, a passagem do Bojador e o que significou em termos de globalização o monopólio da Guiné. Como escreve a autora do referido trabalho, D. Afonso V concedeu, em novembro de 1469, por um período de cinco anos, o exclusivo do comércio da costa da Guiné a Fernão Gomes. O monopólio excluía o comércio da feitoria de Arguim (em território da atual Mauritânia). O monarca terá exigido a Fernão Gomes que explorasse anualmente cem léguas do litoral africano para lá da Serra Leoa, limite meridional das navegações henriquinas. Conhecemos esses aspetos através do historiador João de Barros, cerca de 80 anos depois, o texto do acordo não chegou aos nossos dias. A data atribuída do contrato será junho de 1468. O arrendamento terminou em 1474, depois de ter sido prorrogado por um ano. Enquanto vigorou, caravelas armadas por Fernão Gomes exploraram cerca de 3000 quilómetros da costa, tendo descoberto todo o litoral setentrional do golfo da Guiné, até ao atual Gabão.

Este contrato de arrendamento do comércio da costa da Guiné obviamente que suscitou debates em torno do papel da monarquia nas navegações do Atlântico Sul. Houve quem o visse como expressão do desinteresse do monarca, seria um contrato monopolista que permitiria à Coroa concentrar recursos financeiros na persecução das conquistas em Marrocos, deixando à iniciativa privada as navegações e a atividade mercantil na costa da Guiné. Mas há outras leituras que lembram o facto de a monarquia não ter voltado a doar o exclusivo da navegação do comércio da Guiné que integrara a casa do Infante D. Henrique. D. Afonso V foi o responsável pela constituição da Casa da Guiné, em Lisboa, no ano de 1463. Para uma certa historiografia, Fernão Gomes seria o exemplo paradigmático de interesses mercantis pela costa ocidental africana, por oposição às conquistas militares de Marrocos. Era como se a atenção da nobreza estivesse polarizada em Marrocos e outros setores da sociedade portuguesa se tivesse mobilizado na abertura de novas rotas e na comercialização de novos produtos. Mas há mais dados que contribuem para um novo olhar. Fernão Gomes exerceu o cargo de recebedor dos escravos da Guiné, para o qual fora nomeado em 1455, ofício que não só lhe deu acesso privilegiado à informação sobre o comércio da região como terá permitido a sua inserção em redes de negócio. Como não se conhece o contrato, ignora-se se a iniciativa se deveu à monarquia ou ao próprio Fernão Gomes. Para além do exclusivo, Fernão Gomes recebeu ainda o privilégio de isenção de pagamento de direitos alfandegários de todos os bens que os seus navios trouxessem da Guiné, com exceção da malagueta, monopólio régio, mas que mais tarde acabaria por ser cedido a Fernão Gomes, por 100 mil reis anuais.

Se se pensar que o Papado, através da bula Romanus Pontifex, de 8 de janeiro de 1455, excluía toda e qualquer navegação na Guiné sem licença expressa do rei de Portugal, pode compreender-se que a Coroa via este regime como o mar que lhe pertencia exclusivamente, fundado na prioridade da descoberta, na evangelização dos gentios e na Guerra Santa movida contra os infiéis. Só que este privilégio foi contestado por outras potências e rapidamente todo o Litoral desta vasta Senegâmbia de então passou a ser percorrido por uma forte concorrência. A despeito desta, manteve-se formalmente o exclusivo da navegação e do comércio nos senhorios ultramarinos – Índia, Brasil, Guiné, Costa da Malagueta, Mina, Angola, Ilhas de Cabo Verde e de São Tomé, a Coroa cedia aos vassalos este exclusivo consoante as áreas geográficas do Império.

Neste exclusivo imperial, como igualmente observa a autora, a monarquia reservou para si a distribuição de certos bens. Foram os casos da malagueta africana, do ouro da Mina e do pau-brasil no Atlântico. Também o comércio dos escravos foi exclusivo da monarquia até 1659. Mas o que fica também esclarecido é que a iniciativa privada nunca esteve arredada da possibilidade de participar na exploração económica do Império, tanto na navegação e no comércio como na distribuição de bens monopolizados. E a autora conclui que o acordo estabelecido com Fernão Gomes foi tão-só o primeiro de uma longa série de arrendamentos contratados com particulares. No quadro da exploração do Império, este expediente jurídico mostrou-se crucial, não só na captação de rendimentos para a monarquia, mas também no alinhamento de interesses com os particulares.

Carta Corográfica da Guiné Portuguesa, 1862, Biblioteca Nacional, com a devida vénia
Retirado do trabalho Tecnologias geoespaciais na demarcação da fronteira da Guiné-Bissau, por Maria do Carmo Nunes, Fernando Lagos Costa, Ana Raquel Melo e Ana Maria Morgado, publicado nas Atas das I Jornadas Lusófonas de Ciências e Tecnologias de Informação Geográfica, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2015, com a devida vénia
Pormenor do Monumento ao Esforço da Raça, Praça dos Heróis Nacionais, Bissau
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Nota do editor

Último poste da série de 16 DE JUNHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24403: Notas de leitura (1590): "O Cântico das Costureiras - Crónicas D'Uma Vida Adiada - Guiné 1964 - 1965", por Gonçalo Inocentes; Modocromia Edições, 2020 - As Peregrinações de Gonçalo Inocentes, zombeteiras e resilientes (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P24414: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano; Parte XXX: A guerra pela população (pp. 204-206)


Guiné > Região do Oio > Farim > Aproximação à pista de Farim. Foto de Carlos Silva, ex-fur mil, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879 (Jumbembem, 1969/71) (publicada, a preto e branco, no livro, na pág. 205)

Guiné > Região do Oio > Farim > O rio Cacheu em Farim.  Foto de Carlos Silva, ex-fur mil, (publicada, a preto e branco, no livro, na pág. 204)


Guiné > Região do Oio > Farim > O rio Cacheu em Farim.  Foto de Carlos Silva (publicada, a preto e branco, na pág. 206)

Fotos (e legendas): © Carlos Silva (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa do livro do Amadu Bailo Djaló,
"Guineense, Comando, Português: I Volume:
Comandos Africanos, 1964 - 1974",
Lisboa, Associação de Comandos,
2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada.



O autor, em Bafatá, sua terra natal,
por volta de meados de 1966.
(Foto reproduzida no livro, na pág. 149


Síntese das partes anteriores:

(i) o autor, nascido em Bafatá, de pais oriundos da Guiné Conacri, começou a recruta, como voluntário, em 4 de janeiro de 1962, no Centro de Instrução Militar (CIM) de Bolama;

(ii) esteve depois no CICA/BAC, em Bissau, onde tirou a especialidade de soldado condutor autorrodas;

(iii) passou por Bedanda, 4ª CCaç (futura CCAÇ 6), e depois Farim, 1ª CCAÇ (futura CCAÇ 3), como sold cond auto;

(iv) regressou entretanto à CCS/QG, e alistou-se no Gr Cmds "Os Fantasmas", comandado pelo alf mil 'cmd' Maurício Saraiva, de outubro de 1964 a maio de 1965;

(v) em junho de 1965, fez a escola de cabos em Bissau, foi promovido a 1º cabo condutor, em 2 de janeiro de 1966;

(vi) voltou aos Comandos do CTIG, integrando-se desta vez no Gr Cmds "Os Centuriões", do alf mil 'cmd' Luís Rainha e do 1º cabo 'cmd' Júlio Costa Abreu (que vive atualmente em Amesterdão);

(vii) depois da última saída do Grupo, Op Virgínia, 24/25 de abril de 1966, na fronteira do Senegal, Amadu foi transferido, a seu pedido, por razões familitares, para Bafatá, sua terra natal, para o BCAV 757;

(viii) ficou em Bafatá até final de 1969, altura em que foi selecionado para integrar a 1ª CCmds Africanos, que será comandada pelo seu amigo João Bacar Djaló (Cacine, Catió, 1929 - Tite, 1971)

(ix) depois da formação da companhia (que terminou em meados de 1970), o Amadu Djaló, com 30 anos, integra uma das unidades de elite do CTIG; a 1ª CCmds Africanos, em julho, vai para a região de Gabu, Bajocunda e Pirada, fazendo incursões no Senegal e em setembro anda por Paunca: aqui ouve as previsões agoirentas de um adivinho;

(x) em finais de outubro de 1970, começam os preparativos da invasão anfíbia de Conacri (Op Mar Verde, 22 de novembro de 1970), na qual ele participaçou, com toda 1ª CCmds, sob o comando do cap graduado comando João Bacar Jaló (pp. 168-183);

(xi) a narrativa é retomada depois do regresso de Conacri, por pouco tempo, a Fá Mandinga, em dezembro de 1970; a companhia é destacada para Cacine [3 pelotões para reforço temporário das guarnições de Gandembel e Guileje, entre dez 1970 e jan 1971]; Amadu Djaló estava de licença de casamento (15 dias), para logo a seguir ser ferido em Jababá Biafada, sector de Tite, em fevereiro de 1971;

(xii) supersticioso, ouve a "profecia" de um velho adivinho que tem "um recado de Deus (...) para dar ao capitão João Bacar Jaló"; este sonha com a sua própria morte, que vai ocorrer no sector de Tite, perto da tabanca de Jufá, em 16 de abril de 1971 (versão contada ao autor pelo soldado 'comando' Abdulai Djaló Cula, texto em itálico no livro, pp.192-195) ,

(xiii) é entretanto transferido para a 2ª CCmds Africanos, agora em formação; 1ª fase de instrução, em Fá Mandinga , sector L1, de 24 de abril a fins de julho de 1971.

(xiv) o final da instrução realizou.se no subsector do Xitole, regulado do Corunal, cim uma incursão ao mítico Galo Corubal.

(xv) com a 2ª CCmds, comandada por Zacarias Saiegh, participa, em outubro e novembro de 1971, participa em duas acções, uma na zona de Bissum Naga e outra na área de Farim.



1. Continuação da publicação das memórias do Amadu Djaló (Bafatá, 1940-Lisboa, 2015), a partir do manuscrito, digital, do seu livro "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada) (*).

O nosso  camarada e amigo Virgínio Briote, o editor literário ou "copydesk" desta obra,  facultou-nos uma cópia digital. O Amadu Djaló, membro da Tabanca Grande, desde 2010, tem cerca de nove dezenas de referências no nosso blogue.



Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano:


Parte XXX:  A guerra pela populaçãpo (pp. 204-206)


Depois de várias saídas, a nossa companhia comandada pelo Tenente Zacarias Saiegh, partiu para Bissau, com a missão de executar duas acções, uma na zona de Bissum Naga[1] e outra na área de Farim.

Na zona de Bissum Naga, tivemos contacto com o PAIGC por duas vezes. Num dia, um dos nossos grupos, junto ao rio, capturou armas e granadas ao PAIGC. No dia seguinte, outro grupo nosso foi apanhado pelo IN, quando estava numa fonte a transportar água[2] e teve um ferido.

Duas companhias incompletas, a 1ª e a 2ªCCmds, comandadas também pelo Saiegh, embarcaram de avião para Farim, onde chegámos às 11h00. Depois, seguimos, a pé, da pista para o cais, onde ficámos até cerca das 16h00.

Entrámos para uma embarcação comercial e partimos, como quem ia para Binta[3]. A meio do rio, o barco encostou à margem esquerda, amarrámo-nos às árvores e saltámos para terra. Depois de reagrupados, rumámos na direcção de Oio Tiligi[4]. Entrámos na mata, fizemos um alto para comer qualquer coisa e mudamos para um local onde pernoitámos.

Logo de manhã, bem cedo, dirigimo-nos para a zona onde tinham sido referenciados acampamentos do PAIGC.

A certa altura, não muito longe desses locais, ouvimos barulho de vozes e tomámos as disposições para o assalto. Não sabíamos se era pessoal armado ou só população. Como os sons das vozes vinham de vários locais, separámos o nosso pessoal.

Fomo-nos aproximando na direcção das vozes, deparámos com barracas com população civil e, sem dar um tiro, recuperámos as cerca de trinta pessoas que encontrámos.

Em marcha rápida saímos do local, com o objectivo de evitar contacto armado, uma vez que tínhamos entre nós crianças, velhos e mulheres. Sabíamos que eles conheciam a zona melhor que nós e mantivemos o ritmo da marcha até encontrarmos um local que nos pareceu relativamente seguro para dormir um pouco. 

Como estávamos no mês do Ramadão demos às pessoas a nossa ração de combate para quebrarem o jejum.

Ao romper da aurora dirigimo-nos para a margem do rio Cacheu e, depois de muito andar, avistámos o barco, que estava encostado a umas árvores, numa zona em que o rio faz uma curva. Não foi fácil meter toda a gente na embarcação mas conseguimos.

Chegámos ao cais de Farim, entre as 15 e as 16h00 e apresentámo-nos no comando do batalhão[5]. Um capitão disse que quem tivesse onde dormir que podia ir e regressar no dia seguinte, aí pelas oito horas.

Eu e mais alguns colegas fomos para o bairro de Sinchã, onde a maioria dos moradores era da minha etnia. Não estavam à nossa espera e não tinham condições para nos dar comer e alojamento mas nada nos faltou e dormimos bem até de manhã.

No dia seguinte, conforme estava determinado, encontrámo-nos na pista à espera dos aviões que chegaram por volta das 09h00[6].

(Continua)
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Notas do autor e/ou do editor literário (VB):

[1] Nota do editor: a cerca de 17km a norte de Binar.

[2] Nota do editor: esta acção na zona de Bissum Naga, executada pelas 1ª e 2ª CCmds, foi elaborada pelo COE, comandado pelo Major Almeida Bruno, e decorreu entre 18/22 Outubro 1971 na mata do Choquemone.

[3] Nota do editor: destacamento da CArt 3358.

[4] Tiligi, palavra mandinga que significa pôr-do-sol.

[5] Nota do editor: BArt 3844.

[6] Nota do editor: acção no Tancroal (rio Jagali, Ganturé-Cacheu), sector de Farim, comandada pelo Major Almeida Bruno, entre 29 Outubro/01 Novembro 1971.

[Seleção / Revisão e fixação de texto /  Subtítulo / Negritos:  LG]
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Guiné 61/74 - P24413: (De) caras (199): "Da minha varanda também vejo o mundo... Ou de como mudou a minha rua, os meus vizinhos, os meus fregueses"... (Valdemar Queiroz e os seus comentadores)

Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > CIM de Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) >  O Valdemar Queiroz, nado em Afife, criado em Lisboa, foi instrutor desta rapaziada toda: aqui, com os recrutas Cherno Baldé, Sori (Jau ou Baldé) e Umaru Baldé (que, feita a recruta, irão depois para a CCAÇ 2590, futura CCAÇ 12, a partir de 18 de junho de 1970). Estes mancebos aparentavam ter 16 ou menos anos de idade (!). Eram do recrutamento local e, originalmente, não falavam português.

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Sintra > Agualva-Cacém > Rua de Colarider > Maio de 2023> "Da minha varanda também vejo o mundo... Ou uma nesga, o da da minha rua"

Fotos (e legenda): © Valdemar Queiroz (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Quando o Valdemar Queiroz casou e se mudou para Agualva-Cacém, há 50 anos, a Rua Colaride não era tão bonita e sobretudo era muito menos "colorida"...   

No país não havia mais do 28 mil estrangeiros com estatuto legal de residentes (20 mil, em 1960)... Os dados são da Pordata (ver aqui). Hoje são mais de 750 mil, segundo dados revelados recentemente pelo SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras). 

Na Rua de Colaride, há mais gente oriunda, por exemplo,  de Cabo Verde, Guiné, Angola, três antigas colónias portuguesas, que se tornaram independentes em 1974 e 1975... Muitos já terão a nacionalidade portuguesa...  

As fotos que o Valdemar vai tirando à varanda, com um "telemóvel fatela", não nos dizem tudo, mas dizem algumas coisas,dele, dos vizinhos e dos fregueses... E sobretudo deram origem a um curiosa e sobretudo rica e estimulante troca de comentários entre o Valdemar e os seus leitores...  Foram um "momento bonito" das nossas blogarias... Afinalo, blogar até faz bem à saúde...

Fica aqui um apanhado (*)... E, como diz o Valdemar, saúde da boa para todos/as, nomeadamente nesta semana de festas juninas e sardinha assada por todo o lado, da Lourinhã ao Porto... (Em Sintra, o concelho onde mora o Valdemar, o feriado municipal é no São Pedro. o santo que encerra o solstício do verão, e o ciclo festivo dos santos populares: "primeiro vem o santo António / depois o são João / e, por fim, o são Pedro / para a nossa reinação"  (diziam os putos no meu tempo, a saltar a fogueira...).


(i) Tabanca Grande Luís Graça:

(...) Uma rua, a rua de Colaride, Agualva-Cacém, que se tornou agora famosa: está no mapa e na blogosfera, por nela viver (e só poder assomar à janela...) um dos nossos amigos e camaradas, o Valdemar Queiroz... 

Vive sozinho em casa, e é portador de um doença crónica incapacitantte (o raio de DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica), mas não perdeu o gosto de viver e conviver, e muito menos o "humor de caserna"... 

Da sua janela vê o mundo... da sua rua. É um dos mais antigos moradores da rua Colaride, que está agora mais bonita do que em 1972/73, quando um andar custava 200 contos (52 m8il / 46 mil euros, a preços de hoje...). 

Minhoto de nascimento, alfacinha por criação, avô de netos holandeses, aliás. neerlandeses.. Uma história de grande humanidade, um exemplo (tocante) para todos nós antigos combatentes, que somos representantes de uma "espécie" em vias de extinção... sem apelo nem agravo. (...)

16 de junho de 2023 às 11:17 

(...) A verdade é que os prédios da rua de Colaride, em Agualva-Cacém (...) não mostram sinais de terem grades e arame farpado, como infelizmente se vê nas cidades africanas que a gente conhece, como Bissau ou Luanda (onde a "nomenclatura" vive em condomínios de luxo)...

O prédio do nosso querido Valdemar "Embaló" pelo menos não tem, o que é bom sinal... E espero bem que nunca venha a ter...


(ii) Hélder Sousa:

Isto que o Valdemar nos presenteou pode ser observado sob vários aspetos.

O primeiro, imediato, é que me parece ser um "estudo fotográfico" da evolução do bairro onde mora, das ruas, dos habitantes, considerando que os originais se foram para outras paragens, que os habitantes agora são originários de Cabo Verde, Guiné e Angola, que já são habitantes de prédios e não de barracas ou moradias improvisadas, que são pessoas com empregos "normais", não maioritariamente na construção civil.

Considero que as povoações, os bairros, as ruas, são também, ou podem ser, "entidades vivas" com o seu quê de nascimento, crescimento, declínio e/ou substituição e que, por esse prisma, as fotos que fez (e faz) podem ser encaradas como um testemunho etnográfico.

Quanto às fotos em si mesmas, claro que o que imediatamente nos dá curiosidade é o nome estampado na T-shirt que encabeça a série, mas tudo então nos transporta para "outras paragens".

Outro aspeto que podemos considerar é mesmo o facto do Valdemar ser um "resistente", logo à cabeça como habitante do bairro (ainda e sempre, como os irredutíveis gauleses), e depois à situação de inferioridade induzida pela malvada DPOC que apesar de tudo não lhe tira a alegria de viver, o sentido crítico e até a ironia.(...)


(iii) Valdemar Queiroz:

As fotografias são tiradas por um telemovel fatela. Tivesse uma máquina como deve ser, dava para mostrar a envolvência dos fotografados.

Os arruamentos, zonas verdes e prédios têm um bom aspecto devido tratar-se de propriedade horizontal a grande maioria e como tal havido uma boa conservação.

Os prédios nasceram em 1972-1973, no caminho de uma vacaria e moinhos de vento, ainda quase todos para alugar, a receber casados de fresco vindos de Lisboa com a estação dos comboios a 10 minutos, e a meia hora do Rossio.

Levou alguns anos a ficar tudo arranjadinho como agora se vê, e os novos habitantes, principalmente a mulheres, fazem grande motivo de vaidade por viver no 2º. andar, que até dá para estender a roupa a secar. E até me dizem 'ó vizinho,  está melhor?' (...)



(iv) Eduardo Estrela:

Valdemar!!... Ver o mundo que os teus olhos abraçam desde a varanda da tua casa é muito melhor do que ir parar ao Hospital Amadora/Sintra.

Os teus exemplos de coragem e obstinação e a forma como verbalizas os momentos menos bons que a p... da DPOC te provoca, também nos transmite a nós força para encarar o futuro.(...)


Meu caro Valdemar: (...) Contudo, pelas fotos, bem nos enganas, pois julgo tiradas na varanda (espero que tenha varandas!) do Hotel Royal em Bissau! Conseguir tal proeza não é para quem quer, é para quem pode (onde é que eu ouvi isto?!). Gostei de te ver, a cores!

Não me digas que não me compr'endes
quando os dias se tornam azedos
não me digas que nunca sentiste
uma força a crescer-te nos dedos
e uma raiva a nascer-te nos dentes
Não me digas que não me compr'endes
(Que força é essa? Amigo) (...)

 14 de junho de 2023 às 18:30 


(vi) Fernando de Sousa Ribeiro:

Pronto, acho que já descobri onde mora o Valdemar Queiroz, com a ajuda das fotografias e do Street View da Google. É claro que não sei qual é o andar, nem sequer tenho a certeza sobre a porta do prédio dele, mas suponho que ele mora muito aproximadamente aqui:

 https://goo.gl/maps/ugtWqrMAFdbpf1oK7

O Valdemar não tem uma janela virada para o mar, mas merecia, porque parece ter os horizontes muito limitados. Mesmo nas traseiras, deve ter uma vista para o casario da Agualva-Cacém e pouco mais. Além disso, o ar lavado do mar far-lhe-ia bem, com toda a certeza.

A resiliência (como agora está na moda dizer) do Valdemar Queiroz é um exemplo de vida para todos nós. Aprendamos com ele. (...)

14 de junho de 2023 às 18:50 

(...) Não deve ter sido fácil convencer os donos dos automóveis que estacionavam aí à frente a deixá-los noutro lado, mas o ajardinamento desse espaço resultou em pleno. Ficou um recanto aparentemente muito aprazível, acrescido pela beleza dos jacarandás, sobretudo quando estão em flor. Só foi pena terem posto a nespereira tão afastada da varanda...

O J. Pimenta, o António Xavier de Lima e os outros construtores dos dormitórios da Grande Lisboa, como é a Agualva-Cacém, não se preocupavam com semelhantes "pormenores" tais como fazer espaços verdes e garagens para os moradores. Mesmo a urbanização de S. Marcos, do outro lado do IC 19, é uma selva de betão (pelo menos era no meu tempo), apesar de ser muito mais recente. Nada lhes escapa.

Um abraço e... saúde da boa (também posso dizer, não posso?)



(vii) Juvenal Amado:

As fotos da tua bem podem ser as da minha rua na Reboleira. Embora eu só more aqui de forma permanente há sete anos vi muitas transformações desta zona nos 20 anos que a frequento.
Africanos de varias procedências tanto dos PALOPES como francófonos e Há sete anos existiam Romanescos às cárradas que entretanto foram para outras paragens,

Olha camarada estimo a tua saúde e não sei o mar seria uma bênção pois também há mais humidade. (...)

14 de junho de 2023 às 22:26


(viii) Valdemar Queiroz:

Obrigado,  Juvenal. 
Eu nasci à beira mar, a cerca de um quilómetro, mas sem hábitos de gentes da borda d'água. Afife tinha/tem uma grande praia, mas nunca teve pescadores e gente do mar só as mulheres quando iam ao sargaço.

A rapaziada só ia à praia quando ajudava os banhistas no Verão, o mar era muito perigoso. Mesmo assim, não fora as proximidades do mar teria dificuldades em crescer dado o meu estado de raquitismo.

Em Lisboa, puxava-me ver os golfinhos no Tejo e ir para a praia da Linha de Cascais. Desde os 16/17 anos que fazia campismo selvagem na praia de Troia, e assim cresci mais um bocado mas não chegando ao 1,70 e ao desenvolvimento ósseo.

E até poder, cerca de 2008, sempre tive hábitos de "banhista" nas praias do sudoeste alentejano por mais de vinte anos. Que bom que era poder dar um mergulho numa onda e descansar na areia a fumar um cigarro (fdap de vício).

Abraço e saúde da boa

16 de junho de 2023 às 13:07 


(ix) Cherno Baldé:

Caro amigo Valdemar Embaló, conheci o teu Bairro da Agualva/Cacém onde viviam alguns conterrâneos em meados de 2001/02.

Nos subúrbios de Lisboa, por norma, quando a "africanização" dos Bairros começa a ganhar proporções, os "indígenas" tendem a fugir, é por isso que a integração é tão difícil na Europa e, concretamente, em Portugal que conheci melhor. Não pode haver integração sem convivência.

Ao Valdemar, sobrevivente de Canquelifa, Paunca e Guiro-Iero-Bocari (que poucos guineenses saberão localizar num mapa), eu sei que não faz muita diferença, pois a África e os africanos fazem parte das suas lembranças, boas e más. (...)


(x) Valdemar Queiroz:

Caro amigo Cherno Baldé: Tenho muitas fotografias destas, agora os meus vizinhos são cabo-verdianos, guineenses, angolanos. Os alentejanos, beirões e lisboetas que inauguraram esta zona do Colaride (Agualva) já partiram, os filhos e os da minha idade. Como subiu bastante o preço dos andares venderam por bom dinheiro o que lhes tinha custado 200 contos. Nos primeiros tempos pouca gente comprava os andares, eram quase todos alugados.

Então o Cherno Baldé cá pela minha rua? Lembro-me haver um fula a habitar num prédio próximo, que eu encontrava num café e havia sempre aquela do 'ta la finani?'. Coitado andava sempre a pedir para lhe pagar um café.

Mas em 2001-2002 ainda eu fumava, bebia do tintol e alinhava em boas almoçaradas.

A grande alteração do modo de habitação dos africanos foi devido aos seus filhos terem estudado e arranjarem empregos sem ser nas obras. A D. Alice, cabo-verdiana, que me trata da casa é dona do um andar no prédio em que mora a filha, e ela mora noutro andar próximo. Há tempos, quando eu lhe disse que agora há muitos africanos morar para cá, ela respondeu-me 'pois, agora a gente já não mora nas barracas'. (,,,)

15 de junho de 2023 às 01:37


(xi) Eduardo Estrela:

Bom dia,  Valdemar e malta da nossa colheita!!

A envolvência dos fotografados é feita através das imagens que recolheste. As pessoas interagem com as máquinas. Reparem nos cidadãos que aguardam o autocarro e o que está sentado nas escadas. Como diz o Cherno e bem, não pode haver integração sem convivência. Perdeu-se o bom hábito de falar com as pessoas olhos nos olhos.

Europeus, africanos, asiáticos, americanos e demais, praticam cada vez menos essa ancestral forma de comunicar. (...)

15 de junho de 2023 às 08:42

(xii) Valdemar Queiroz:

(...) Estrela, obrigado pelo comentário que como outros sempre com grande poder critico. Tenho muitas fotos tiradas com a ideia de 'sempre ao telemóvel'.

A mulher que está nas escadas à entrada do meu prédio mora na cave vem apanhar sol e falar ao telemóvel. As raparigas da paragem do autocarro são empregadas de supermercado e também apanharam o vício do 'vou já a caminho' sem necessidade dessa informação.

A necessidade dos africanos comunicar entre eles já não se pratica, vivem todos muito próximos e, tal como nós em vez de alentejanos ou beirões, são de várias ilhas ou regiões de África, talvez sem se conhecerem não ter hábito de conversa.

Noto em toda esta gente que agora vive por aqui um grande sentido de 'boa educação', com uma segunda geração a falar português em vez de crioulo e uma certa vaidade de morar ao nosso lado.

Há dias estava sentado próximo da porta de entrada e ouvi um estrondo na varanda, de seguida tocaram à campainha. Ouvi bola bola e abri a porta da escada com um 'venham cá acima'. Aparecerem dois miúdos 10-11 anos cabo-verdianos muito assustados, vão à varanda buscar a bola e tenham mais cuidado podiam ter partido um vidro, disse-lhes. Silenciosamente atravessaram um quarto regressando com a bola e voltaram-se para mim com um 'o senhor está doente, precisa de alguma coisa?'. Não os conhecia de lado nenhum, vinham da escola a caminho de casa.

Estrela, como deve estar a Carrapateira, Bordeira e a praia do Amado que durante vários anos visitava de férias no mês de Agosto e nunca mais lá irei.


(xiii) Eduardo Estrela

Vais!!!... Vais pelas tuas memórias e recordações. Viajamos quando queremos porque a mente nos permite que o façamos mesmo sem nos deslocarmos fisicamente.

Recorda a beleza que conhecesse, é muito mais enternecedor a do que a que resulta de aplicações financeiras e fraudulentas do denominado mercado.

Fiquei extremamente sensibilizado com a história dos putos de 10/11 anos.

Ainda há gente boa no mundo, com sensatez suficiente para serem solidários.
Temos obrigação de continuar a luta e participar de todas as maneiras possíveis na construção duma sociedade cada vez mais harmoniosa e racional.
Abraço fraterno e... "Saúde da Boa"


(xiv) Francisco Baptista:

Valdemar, amigo e camarada, vives na tua ilha e com as limitações que isso te traz, procuras superar as tuas limitações, fraternalmente com os vizinhos da tua rua e com os vizinhos que vais encontrando neste Blogue, és um resistente, um lutador, admiro-te muito.

Da tua varanda ou da tua janela podes contruir outras histórias. Vai dando notícias.
As tuas melhoras. (---=



(xv) Valdemar Queiroz:

(...) Que chatice, agora, e eu sem poder dar vencimento a tanto quererem saber de mim.

Já enviei a todas as TVs, outros orgãos de informação e revistas da especialidade, e até a gouchadas e cristinices, um comunicado de não querer ser conhecido mais do que já sou.

Já não tenho idade e saúde, para altos voos de mirone da varanda e guarda-nêsperas, e ganhar bom dinheiro. Chega-me o que faço, confessei, enquanto mirava um casal de pombinhos na intimidade, no beiral de um telhado.

Cá estou eu como habitualmente, a levar as coisas com boa disposição e não, por enquanto, a pensar na chatice que me havia de aparecer na parte final da corria da maratona da vida. E tenho estado bastante aflito, mas farto-me de rir com aquela do Paco Bandeira ser da família dos Bandeira e não da dos Niña ou dos Nassa.

Fernando Ribeiro, a seguir ao parque automóvel em frente dos prédios apareceu outra "praga" da época, o cultivo de couves e batatas em hortinhas por "agricultores" de outros prédios. (...)

Guiné 61/74 - P24412: Parabéns a você (2180): Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 /BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68) e Tibério Borges, ex-Alf Mil Inf MA da CCAÇ 2726 (Cacine, Cameconde, Gadamael e Bedanda, 1970/72)

____________

Nota do editor

Último poste da série de 17 de Junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24404: Parabéns a você (2179): Juvenal Amado, ex-1.º Cabo CCS / BCAÇ 3872 (Galomaro, 1971/74)

domingo, 18 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24411: (In)citações (250): Sou amigo do ex-cap QEO Bordalo Xavier, ex-cmdt da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1971/72); fui a Lamego pagar-lhe uma dívida de gratidão; sei que participou no 25 de Abril de 1974 mas não sei qual foi o seu papel (António J. Pereira da Costa, cor art ref)

1. Comentário, ao poste P24401(*), de António José Pereira da Costa  [nosso grã-tabanqueiro desde 12/12/2007, coronel art ref, ex-alf art, CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74; autor da série e do livro com o mesmo n0me, "A Minha Guerra a Petróleo"; é um dos mais ativos membros do nosso blogue, onde tem cerca de 190 referências]:

Também eu sou amigo do Cap Bordalo (Xavier). 

Já fui a Lamego e tive dificuldade de comunicar com ele por estar completamente surdo. Encontrei-o no Clube de Lamego na sua paixão (jogar bridge). 

Fui agradecer-lhe a ajuda que me deu no dia 10 de agosto de 1972, quando morreram 3 soldados da CART 3494. Os detalhes deste acontecimento estão no meu livro "A Minha Guerra a Petróleo" (Ed Chiado Books, fev 2019). (**)

Não tendo vantagem em ficar à beira do rio e debaixo de chuva torrencial,  acabámos por "ser autorizados" a dirigirmo-nos a Bambadinca num percurso extremamente difícil pela bolanha. A certa altura começámos a ver uma luz para nos orientarmos. Era o Bordalo que, com um pequeno grupo da CCaç 12, trazia um petromax à cabeça para evitarmos as áreas mais alagadas.

Realizámos (a CART 3494) uma acção ("Garlopa II") com a CCAÇ 12, para Sul da zona da Ponta Varela. Fomos pela 2.ª vez a uma área que o In ocupava, usando a população como escudo humano. A CCAÇ 12 desceu pelo nosso lado direito em direcção ao Sul e, terminada a acção, retirámos pelas mesmas posições. Já no final houve um ligeiro contra-ataque sem consequências.

Sei que participou no 25 de Abril, mas não sei em que moldes. Depois de Abril,  encontrámo-nos em Coimbra quando os oficiais da guarnição do Norte vieram pôr-se às ordens do brigadeiro Charais e alguns anos no breve contacto no Estado-Maior do Exército.

Um Ab.
António J. P. Costa (***)


(**) Vd. poste de 13 de agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13493: A minha guerra a petróleo (ex-Cap Art Pereira da Costa) (12): Como vejo o 10 de Agosto de 1972

(***) Último poste da série > 18 de3 junho de 2023  Guiné 61/74 - P24410: (In)citações (249): "Sei que a culpa não é só tua", de Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68)

Guiné 61/74 - P24410: (In)citações (249): "Sei que a culpa não é só tua", de Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68)



SEI QUE A CULPA NÃO É SÓ TUA

adão cruz

São muitos os caminhos que nos conduzem à impostura, mas, mesmo assim, acredito que a única fonte da beleza ainda está em nunca nos separarmos de ti. Ao despedirmo-nos de ti, aliciados por modernas metáforas do pensamento banal, a nossa própria imperfeição nos basta, nos ilude e nos realiza. Tudo o que gira à tua volta, toda a mercadotecnia da arte, tanto mais ruidosa quanto mais artisticamente vazia, não passa de um barco sem remos à flor das águas quietas, numa falsa harmonia de contemplação, sem nada que a prenda medularmente ao artista, sem a luz e os espaços utópicos que a libertem deste mundo de merda.

O atrevido desconcerto das palavras, quando é bonito dizer-se que o poeta domina as palavras como se as levasse voando, a desconstrução de emoções e sentimentos, o desfazer dentro de nós da ordem e da criatura a fim de tentar abordar o não criado, são as ondas que na apatia do mar sereno tornam os poemas habitáveis e fazem da arte a real experimentação da vida. É muito grande a distância que nos separa do belo, e muito longo o caminho de libertação e renúncia para dele nos aproximarmos. Ainda que isso pressuponha o contratempo de não estar na moda, é imperioso acreditar que não é a rotura da mentira que faz a moda. A moda é o crime estético por excelência. Gira sobre si mesma para que nada mude a verdade-mentira. Se me permites um humilde conselho, foge das globalizações e hegemonias, geradoras de défices éticos e artísticos que fazem de ti um ser dominado e subalterno. Por isso te digo que não vale a pena dizer sim ou não quando o terreno não é fecundo e a vida não é mais do que imitação de si própria. Não vale a pena sonhar, se os fundos cálidos e cromáticos não nascem do destilar das horas e da vida, e se o diálogo de alegrias e desânimos não nos liberta da artificial conduta.

Muitos dos consumidores da ardilosa etiqueta e muitos dos argentários modeladores do mundo, instalados num presente sem fissuras e no acanhado espaço da exclusiva liberdade individual, em cujo peito o pulsar político-social, poético e artístico não é mais do que um coração de pedra, fabricam a ignorância, a incultura e a amoralidade necessárias à tua morte e à consagrada sobrevivência elitista. Sobre ti, basta-lhes o escolástico provérbio: De gustibus et coloribus non est disputandum (não há que discutir gostos e cores).

Uma vez na crista da onda, agarram-se ao mastro e passam a mandar no mundo, porque a sua fé lhes garante que a corrupção acompanha o poder como a sombra acompanha o corpo. Obreiros de um futuro podre, desconhecem a formosa face de uma alma nua e o apaixonante canto da arte e da vida em dignidade social. Compreender a obra é possuir a pessoa do criador, a sua experiência, a sua vida, os seus sentimentos e ideias. A Arte não é apenas a narração do estilo, mas a razão entre a força possuída e a força possessiva, a personalidade concreta feita modo de formar, na mais diversa e dialógica conversa com a vida.

Por mim, ainda que um tanto desconfiado, prefiro continuar a dizer-te: quando levas um seio ao vento e me dás a beber campos e cidades, glorifico a pouca luz que ainda me resta.

Se os lobos se atravessam no caminho para a tua cabana, o vento ergue-me nos ares e o coração aprende a não ter medo de cair.

Descobridor de sonhos, de amanhãs que riem e de estuários, continuo a pintar o vento, ainda que nele te vás.

____________

Nota do editor

Último poste da série de 11 DE JUNHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24388: (In)citações (248): "Mais uma conversinha contigo", por Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68)

Guiné 61/74 - P24409: Efemérides (397): 17 de Junho, o Dia da Consciência, em memória de Aristides Sousa Mendes (João Crisóstomo, Nova Iorque) - Parte II: enviadas cartas às conferências episcopais de 71 países


O ativista luso-americano João Crisóstomo
1. Mensagem do João Crisóstomo, com data de 17 do corrente, às 13h36:

Caro Luís Graça,

Obrigado por decidires falar do Dia da Consciência (*), a meu ver pertinente no blogue pela sua ligação com o nosso Aristides.

Curiosamente, como vês, foram várias as respostas das conferências episcopais mundo fora que contactei e que decidiram contactar todas as dioceses desses países, conforme o que eu podia.

No caso de Portugal tive mesmo de contactar eu mesmo as dioceses individualmente. Já são vários os anos em que tenho contactado a nossa conferência episcopal portuguesa , sem nunca ter recebido qualquer resposta. Desta vez quando fui a Portugal fui mesmo a Leiria pessoalmente falar 
com o presidente da conferência episcopal portuguesa . Fui "muito bem recebido” , mas 
no fim sem qualquer resultado…

Se eu não tivesse contactado individual e directamente as dioceses (excepto a de Leiria , pois tinha falado pessoalmente com Dom Ornelas), o “dia da Consciência" e Aristides de Sousa Mendes teriam sido ignorados. Diz o ditado que "Santos da Casa Não Fazem Milagres"... É mesmo verdade.

Depois de ter enviado recebi mais algumas respostas (menos do que esperava, mas também sei que alguns E-mails não me chegam ficando pelo caminho como tento verificado por vezes).

De Portalegre/Castelo Branco; as conferências episcopais da India e outros que manifestaram intenção, mas não recebi nada mais, pelo que assumo que as respostas (se realmente as mandaram,) ficaram pelo caminho. 

Envio-te alguns exemplos pelo especial interesse neles manifesto: Coreia (carta abaix ) e um trabalho que saiu no Jornal da Madeira pelo empenho do Senhor Bispo Dom Nuno, antigo bispo auxiliar em Lisboa. E um Press release da IRWF, que a incluiu na sua lista de subscritores:


Vaticano, Agosto de 2017: I “Dia da Consciência” foi  um assunto do encontro 
entre o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado da Santa Sé
e o ativista João Crisóstomo.


2. Cópia da carta, inglès,  enviada para 71 países, dirigida à respetiva Conferência Episcopal, pelo João Crisóstomo, fundador e coordenador do Projeto do Dia da Consciência, assinada também pelos cofundadores e coordenadores, luso-americanos, Mariana Abrantes e Miguel Ávila:

Excellence… Eminence

As a follow up of a previous letter I sent to Your Episcopal Conference, I would like to ask again for your your support and participation in the celebration of the "Day of Conscience" on June 17.

Three years ago, on June 17 2020, His Holiness Pope Francis, after mentioning that Day as “The Day of Conscience”, encouraged “every Christian to give the example of the consistency of an upright conscience enlightened by the Word of God”.

There is a reason to remember and celebrate June 17 as the Day of Conscience in the world, a project I am involved with since 2004, on the 50th anniversary of the death of Aristides de Sousa Mendes, whose name and courage were recalled by His Holiness on the same day of June 17 2020.

On June 17 1940, in the middle of the World War II, the Portuguese Consul in Bordeaux, France, Aristides de Sousa Mendes, disobeying his government but obeying his CATHOLIC CONSCIENCE, decided to give transit visas, and thus saving their lives, to many thousands of people fleeing ahead of the Nazi army occupying France, many of them Jews. For this Consul Sousa Mendes was dismissed from the diplomatic corp and died in poverty on April 3, 1954.

Greatly encouraged by Pope Francis and emboldened by His words, we want to continue promoting the “Day od Conscience” as we believe that the Catholic Church should lead this renaissance movement for a better world, promoting this idea of conscience awareness and the duty of every single one of us to accept and follow it as a way to address the many problems afflicting our world.

Because June 17 falls on a weekday most of the time, we asked about the possibility of an advanced reminder by dioceses to the parishes to prevent this date from being forgotten and the consequent absence of any conscience awareness effort. 

To our great satisfaction we were advised that there is no reason to prevent a reminder from being made during the Masses of the previous Sunday before June 17, as a way to reach a desired wider audience. This way the “Day of Conscience” message can be spread and made known on church bulletins and all other ways available, including media and social media.

With this in mind we are asking Your Excellence to contact and encourage the dioceses of your jurisdiction to participate in this movement. If we want a better world than the one we are experiencing everywhere, this is a must.

I am sending this letter to all Episcopal Conferences around the world, for I am confident and do not doubt that, as it has happened in years past , it will be well received and given favorable consideration.

Grateful in advance and looking forward to the favor of a kind reply from Your Excellence confirming receipt of this letter, I am

Yours in Christ,
João Crisóstomo

Founder and coordinator of the “Day of Conscience Project”
Vice President of Angelo Roncalli International Committee
Raoul Wallenberg Foundation, New York
tel 1 917 257 1501; E mail: crisostomo.joao2@gmail.com

Mariana Abrantes, co-founder and co-coordinator
tel: 351 917 286 396; E mail: mariana.ppplusofonia@gmail.com

Miguel Ávila, co-founder and co-coordinator
tel 1 408 772 2941; E mail : miguelavila@tribunaportuguesa.com 

Traduão / adaptação livre para portuguèrs: Google Transalate / Editor LG


Excelência... Eminência:

No seguimento de uma carta anterior que enviei à Vossa Conferência Episcopal, gostaria de pedir novamente o vosso apoio e participação na celebração do “Dia da Consciência” a 17 de junho. 

 Há três anos, em 17 de junho de 2020, Sua Santidade o Papa Francisco, depois de mencionar aquele Dia como “O Dia da Consciência”, ,  encorajou “todo cristão a dar o exemplo da consistência de uma consciência reta iluminada pela Palavra de Deus”. 

 Há uma razão para recordar e celebrar o dia 17 de junho como o Dia da Consciência no mundo, projeto no qual estou envolvido desde 2004, no 50.º aniversário da morte de Aristides de Sousa Mendes, cujo nome e coragem foram lembrados por Sua Santidade no mesmo dia 17 de junho de 2020. 

A 17 de Junho de 1940, em plena Segunda Guerra Mundial, o Cônsul de Portugal em Bordéus, França, Aristides de Sousa Mendes, desobedecendo ao seu governo mas obedecendo à sua CONSCIÊNCIA CATÓLICA, decidiu conceder vistos de trânsito, salvando assim as suas vidas, a muitos milhares de pessoas fugindo do exército nazi que ocupava a França, muitos deles judeus. Por isso o cônsul Sousa Mendes foi demitido do corpo diplomático e morreu na pobreza em 3 de abril de 1954. 

Muito encorajados pelo Papa Francisco e encorajados pelas suas palavras, queremos continuar a promover o “Dia da Consciência” porque acreditamos que a Igreja Católica deve liderar este movimento de renascimenmto para um mundo melhor, promovendo esta ideia de consciência e dever de todos e de cada um de nós apenas um de nós para aceitá-lo e segui-lo como uma forma de abordar os muitos problemas que afligem nosso mundo. 

Como o dia 17 de junho cai na maioria das vezes em dia de semana, permitomo-nos sugerir a possibilidade de um lembrete antecipado das dioceses às paróquias para evitar que esta data seja esquecida com consequente ausência de qualquer esforço de conscientização. 

Para nossa grande satisfação fomos informados de que não há razão para impedir que seja feito um apelo durante as missas do domingo anterior a 17 de junho, como forma de atingir um público mais alargado, como desejamos. Desta forma, a mensagem do “Dia da Consciência” pode ser divulgada e divulgada nos boletins da igreja e em todos os outros meios disponíveis, incluindo a Internet e a comunicação. 

Nesse sentido, pedimos a Vossa Excelência que entre em contato com (e incentive) as dioceses de sua jurisdição a participar desse movimento. Se queremos um mundo melhor do que este em que vivemos em todo o lado, esta é uma obrigação.

Envio esta carta a todas as Conferências Episcopais do mundo, pois estou confiante e não tenho dúvidas de que, como tem acontecido nos últimos anos, será bem recebida e considerada favoravelmente. 

Agradecido antecipadamente e esperando o favor de uma resposta amável de Vossa Excelência confirmando o recebimento desta carta, sou Seu em Cristo, João Crisóstomo 

Fundador e coordenador do “Projeto Dia da Consciência”,  Vice-presidente do Comité Internacional Angelo Roncalli, Fundação Raoul Wallenberg, Nova York tel 1 917 257 1501; E-mail crisostomo.joao2@gmail.com

Mariana Abrantes, co-fundadora e co-coordenadora,  tel: 351 917 286 396; E-mail mariana.ppplusofonia@gmail.com

Miguel Ávila, co-fundador e co-coordenador,  tel 1 408 772 2941; E-mail: miguelavila@tribunaportuguesa.com

3. Até ontem,  dia 17, o João Crisóstomo, já recebido resposta escrita e/ou telefónica de diversos países (da Bélgica ao Zimbabué, da Irlanda à Malásia, passando pela Coreia do Sul, bem como de diversas dioceses portuguesas (Funchal, Porto, Guarda, Lisboa, Portalegre / Castelo Branco...). Publicamos duas respostas escritas, a título exemplificativo:

(i) Resposta do bispo da Guarda:

17 de junho “O Dia da Consciência”

O Santo Padre, o Papa Francisco, em 17 de junho de 2020, apontou este dia como “O Dia da Consciência”, para que seja celebrado anualmente.

E evocou a figura do Português Aristides de Sousa Mendes que, em 17 de junho de 1940, no aceso da II Guerra Mundial, sendo Cônsul de Portugal em Bordéus, soube obedecer à voz da sua consciência de católico, mesmo tendo de desobedecer às ordens do seu Governo e assinou os vistos de passagem para o território português de centenas de pessoas que fugiam à perseguição nazi.

Como sabemos, em Vilar Formoso, da nossa Diocese, foi levantado um memorial para evocar este nobre gesto de obediência à consciência pessoal, com todas as consequências.

Acolhendo esta recomendação do Papa Francisco, feita no ano de 2020, também se recomenda o aproveitamento do próximo dia 17 e do domingo que se lhe segue para lembrar a todos que a consciência bem formada, e sobretudo quando iluminada pela Palavra de Deus, é sempre a grande regra para todos, mesmo que envolva contratempos, como aconteceu no caso de Aristides de Sousa Mendes.

2 de junho de 2023
Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda


(ii) Resposta da Confereència Episcopal da Coreira do Sul, com data de 7 do corrente: