1. Comentário de Francisco Baptista [ex-alf mil inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72)] (ª):
Essa granada ou uma semelhante, ao descer pela bazuca, quando um pelotão, que estava de reforço à companhia 2616, em Buba, em meados de 1971, se preparava para sair pró mato, junto à arrecadação de material, fez um morto, seis ou sete feridos graves e nove ou dez feridos ligeiros.
De Bissau vieram helis e avionetas para transportar os feridos e seis ou sete enfermeiras paraquedistas que, coitadas, ficaram horrorizadas com o que viram. Segundo ouvi falar seria a 1ª saída delas, pois tinham vindo de Lisboa há poucos dias.
Os militares do quartel, embora lamentando a má sorte dos camaradas, ficaram maravilhados com a visão de tantas jovens brancas, pois a maioria há muitos meses que não via nenhuma.
A guerra é feita destes contrastes.
A energia vital de um homem no meio dos piores desastres procura-se alimentar de qualquer pormenor positivo e a graça e a beleza duma mulher dão tanto alento. (**)
Um grande abraço a todos
Francisco Baptista
_______________
Nota do editor:
(*) Vd. poste de 7 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13371: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XIV: (i) a queda granada da bazuca; (ii) samba em Lisboa; e (iii) a caçada dos passarinhos (Armando Mota, ex-alf mil at inf, 1º pelotão)
(**) Último poste da série > 2 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13357: (Ex)citações (235): A 'Máfrica' (EPI, Mafra) dos nossos verdes anos (Vasco Pires, camarada da diáspora lusitana no Brasil; ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quarta-feira, 9 de julho de 2014
Guiné 63/74 - P13380: Manuscrito(s) (Luís Graça) (35): Viva o po(l)vo!
Viva o Po(l)vo!
por Luís Graça
[foto à direita]
Agora o polvo, o povo,
Serve-se
Com batatas assadas
A murro,
Pum!,
Anuncia o cozinheiro
Mor
Do reino.
Já lá vai o tempo das favas contadas,
Do bico calado e pé ligeiro,
A era do cheiro a esturro,
O regime do come e cala-te.
Agora a dieta é chique, é mista,
Cale-te e não comas,
Muito menos fillet mignon,
por Luís Graça
[foto à direita]
Agora o polvo, o povo,
Serve-se
Com batatas assadas
A murro,
Pum!,
Anuncia o cozinheiro
Mor
Do reino.
Já lá vai o tempo das favas contadas,
Do bico calado e pé ligeiro,
A era do cheiro a esturro,
O regime do come e cala-te.
Agora a dieta é chique, é mista,
Cale-te e não comas,
Muito menos fillet mignon,
Nem sequer rosbife,
Que já não há almoços grátis,
Avisa o vedor,
Ameaça o almoxarife,
Aconselha o dietista.
Urra!,
Sim, senhor,
Pois se o reino é porco e glutão,
E se o tesouro está sem tostão,
Então que viva o polvo, o povo,
À lagareiro,
Alarve,
Avisa o vedor,
Ameaça o almoxarife,
Aconselha o dietista.
Urra!,
Sim, senhor,
Pois se o reino é porco e glutão,
E se o tesouro está sem tostão,
Então que viva o polvo, o povo,
À lagareiro,
Alarve,
E que à sobremesa
Se sirvam passas
Do Algarve,
Manda sua alteza
El-rei,
De todos o primeiro
Cãocidadão.
Mas agora quem está no pedestal,
E mija de alto,
É o banqueiro,
Se sirvam passas
Do Algarve,
Manda sua alteza
El-rei,
De todos o primeiro
Cãocidadão.
Mas agora quem está no pedestal,
E mija de alto,
É o banqueiro,
Croupier do casino real.
Viva o povo dos polvos,
O terceiro estado da nação,
Morra o polvo dos povos,
Sem eira nem beira,
O polvo apanhado nos covos,
Nas minas e armadilhas
Viva o povo dos polvos,
O terceiro estado da nação,
Morra o polvo dos povos,
Sem eira nem beira,
O polvo apanhado nos covos,
Nas minas e armadilhas
Dos senhores da terra e do mar,
E depois afogado
Em puro azeite virgem de oliveira,
No caldeirão de todas as batalhas
Travadas e por travar.
O polvo, o povo,
Apanhado nas malhas
Da história,
Em contramão,
Nos buracos negros da memória,
Nas falhas da terra opaca,
Nas marés rasas.
Sem honra,
Sem glória,
Sem grandeza!
Bom povo,
Grande besta de carga,
Pobre polvo,
Cuja rede neuronal tentacular
É comida à mesa, de garfo e faca,
P'lo pregador predador.
Resta-te a triste consolação
De seres tema de quinzena
Patriótica e gastronómica.
E quiçá a vitória amarga
De ires à mesa
Do senhor comendador,
Industrial de exportação,
Que fez do globo uma banda filarmónica.
E depois afogado
Em puro azeite virgem de oliveira,
No caldeirão de todas as batalhas
Travadas e por travar.
O polvo, o povo,
Apanhado nas malhas
Da história,
Em contramão,
Nos buracos negros da memória,
Nas falhas da terra opaca,
Nas marés rasas.
Sem honra,
Sem glória,
Sem grandeza!
Bom povo,
Grande besta de carga,
Pobre polvo,
Cuja rede neuronal tentacular
É comida à mesa, de garfo e faca,
P'lo pregador predador.
Resta-te a triste consolação
De seres tema de quinzena
Patriótica e gastronómica.
E quiçá a vitória amarga
De ires à mesa
Do senhor comendador,
Industrial de exportação,
Que fez do globo uma banda filarmónica.
Acabaram-se os privilégios do sangue,
Morte ao arroz de cabidela,
Morte ao frango,
Morte ao capão,
E que o coelho não se zangue
Por ser roubado e despromovido
Morte ao frango,
Morte ao capão,
E que o coelho não se zangue
Por ser roubado e despromovido
No tacho e na panela.
Ladrão mais finório é larápio,
Ladrão mais finório é larápio,
Diz o léxico do tempo novo
Que aí vem,
Viva o funcho e a beringela!
Que aí vem,
Viva o funcho e a beringela!
E vai de frosques, o senhor doutor,
Dos cânones e das leis,
Que de fraque senta-se o regedor,
No chão do piquenicão,
Onde quem mais ordena
Dos cânones e das leis,
Que de fraque senta-se o regedor,
No chão do piquenicão,
Onde quem mais ordena
É o polvo, o povo,
No cardápio,
Democrático, do barracão do petisco.
Mas, atenção,
Mais vale prevenir o risco
De o poder cair na rua
Sob o tentáculos do inteligente polvo
E os alvoroços do estúpido povo.
Produto gourmet,
Produto manufaturado
De todas as maneiras e feitios,
Batido,
Dançado,
Algemado,
Açoitado,
Degradado,
Exportado,
E outrora (em)bebido
Em sangue suor e lágrimas.
Povo desalmado,
Acéfalo,
Povo (en)cantado,
Afadistado,
Cefalópode,
Grelhado
Alimado,
Escalado.
Escalfado,
No cardápio,
Democrático, do barracão do petisco.
Mas, atenção,
Mais vale prevenir o risco
De o poder cair na rua
Sob o tentáculos do inteligente polvo
E os alvoroços do estúpido povo.
Produto gourmet,
Produto manufaturado
De todas as maneiras e feitios,
Batido,
Dançado,
Algemado,
Açoitado,
Degradado,
Exportado,
E outrora (em)bebido
Em sangue suor e lágrimas.
Povo desalmado,
Acéfalo,
Povo (en)cantado,
Afadistado,
Cefalópode,
Grelhado
Alimado,
Escalado.
Escalfado,
Esfolado,
Escalpelizado,
Salteado
Em fricassé
E até enlatado
Em óleo vegetal
Na ração de combate
Do soldado da guerra colonial
Na Guiné.
Ou era óleo de fígado de bacalhau,
Salteado
Em fricassé
E até enlatado
Em óleo vegetal
Na ração de combate
Do soldado da guerra colonial
Na Guiné.
Ou era óleo de fígado de bacalhau,
Camaradas ?
Que a gente sempre ouviu dizer mal
Do rancho,
Do vaguemestre,
E do comandante,
Mas quem diz, ufa!,
Que não aguenta,
Na tropa amocha,
Que a gente sempre ouviu dizer mal
Do rancho,
Do vaguemestre,
E do comandante,
Mas quem diz, ufa!,
Que não aguenta,
Na tropa amocha,
Na terra ou no mar
Que, quando bate na rocha,
Que, quando bate na rocha,
Quem se lixa é o polvo, o polvo!
Enchamuçado,
Encapuçado,
Emboscado,
Enforcado,
Fatiado,
Espalmado em filhós,
Embrulhado em pataniscas,
Frito,
Fuzilado,
Enchamuçado,
Encapuçado,
Emboscado,
Enforcado,
Fatiado,
Espalmado em filhós,
Embrulhado em pataniscas,
Frito,
Fuzilado,
Seco ao sol no telhado,
Teso que nem um carapau,
E até, imagine-se, pizzado!
Sim, muitas vezes pisado,
Humilhado e ofendido.
Que o polvo, o povo,
Pouco esquelético mas mimético,
Na ausência de espinha (dorsal),
Adapta-se bem à nouvelle cuisine
E aos caprichos dos novos chefs.
Mas, o que mais irrita,
O amigo secreto do polvo, do povo,
Que não tem limousine
Teso que nem um carapau,
E até, imagine-se, pizzado!
Sim, muitas vezes pisado,
Humilhado e ofendido.
Que o polvo, o povo,
Pouco esquelético mas mimético,
Na ausência de espinha (dorsal),
Adapta-se bem à nouvelle cuisine
E aos caprichos dos novos chefs.
Mas, o que mais irrita,
O amigo secreto do polvo, do povo,
Que não tem limousine
E anda a pé,
São os donos da cozinha, os magarefes,
São os donos da cozinha, os magarefes,
Mal entroikados,
Que falam em nome dele, o povo,
E que, de garfo e faca em riste,
Ou até à espadeirada,
O imolam pelo fogo,
E o guarnecem, com a batata frita
De Bruxelas!...
Abaixo o fascismo sanitário,
Viva o cardápio proletário!
Glória ao arroz de polvo,
Malandrinho,
De coentrada...
E saúde e longa vida para o povo,
Agora pobrezinho,
Que dantes também comia
Iscas... com elas!
Lourinhã,
Quinzena Gastronómica do Polvo,
10 de junho de 2014,
data, por enquanto, patriótica
___________________
Nota do editor:
Último poste da série > 3 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13360: Manuscrito(s) (Luís Graça) (34): Aerograma para a Sophia que me emprestou o Livro Sexto, quando o T/T Niassa me levou para longe da minha praia
Que falam em nome dele, o povo,
E que, de garfo e faca em riste,
Ou até à espadeirada,
O imolam pelo fogo,
E o guarnecem, com a batata frita
De Bruxelas!...
Abaixo o fascismo sanitário,
Viva o cardápio proletário!
Glória ao arroz de polvo,
Malandrinho,
De coentrada...
E saúde e longa vida para o povo,
Agora pobrezinho,
Que dantes também comia
Iscas... com elas!
Lourinhã,
Quinzena Gastronómica do Polvo,
10 de junho de 2014,
data, por enquanto, patriótica
___________________
Nota do editor:
Último poste da série > 3 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13360: Manuscrito(s) (Luís Graça) (34): Aerograma para a Sophia que me emprestou o Livro Sexto, quando o T/T Niassa me levou para longe da minha praia
Guiné 63/74 - P13379: Parabéns a você (760): Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2412 (Guiné, 1968/70); Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70) e Joaquim Carlos Peixoto, ex-Fur Mil da CCAÇ 3414 (Guiné, 1971/73)
____________
Nota do editor
Último poste da série de Guiné 63/74 - P13373: Parabéns a você (759): José Zeferino, ex-Alf Mil Inf do BCAÇ 4616 (Guiné, 1973/74)
terça-feira, 8 de julho de 2014
Guiné 63/74 - P13378: No 25 de abril eu estava em...(24): Xitole, e foi o comerciante libanês Jamil Nasser quem me deu a notícia, ouvida na BBC, na sua emissão em árabe (José Zeferino, ex-alf mil at inf, 2ª CCAÇ / BCAÇ 4616, Xitole, 1973/74)
Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xitole > c. 1970 > Uma coluna logística, vinda de Bambadinca, chega a Xitole, atravessando a ponte dos Fulas, sobre o rio Pulom, ao fundo. A viatura civil, em primeiro plano, podia muito bem ser do nosso conhecido comerciante libanês Jamil Nasser, amigo de alguns dos nossos camaradas que passaram pelo Xitole, como foi o caso do Joaquim Mexia Alves (*). Foto do álbum de Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71).
Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados.
1. O José Zeferino é um camarada que hoje faz anos, e de quem não temos tido notícias nos últimos tempos a não ser hoje (agradecendo justamente os nossos voros de parabéns e dizendo que não nos tem esquecido, apesar de não se encontrar no melhor das suas capacidades, presumo que ainda na sequência da intervenção cirúrgica a que foi submetido há um ano atrás)... É menmbro da nossa Tabanca Grande desde 20 de fevereiro de 2008.
Estava no Xitole quando soube do 25 de abril de 1974... Três semanas depois, a 15 de maio, a sua companhia sofreria ainda um tremenda emboscada, de que resultaria a morte do alferes mil inf Aguiar e do soldado de transmissões Domingos (Houve ainda cerca de uma dezena de feridos do lado das NT).
De acorco com a pesquisa na Net que fizemos, o Luís Gabriel do Rego Aguiar, natural de Ponta Delgada, é dado como morto em 20/5/1974, segundo a preciosa listagem dos mortos do ultramar, organizada por concelhos, e disponível no portal Ultramar Terraweb; por seu turno, (ii) o Domingos da Silva Ribeiro era natural de Vila Real, e a data do seu falecimenmto é 15/5/1974; é possível que o alf mil inf Aguiar tenha morrido no HM 241, em Bissau, na sequência de ferimentos graves recebidos nesta emboscada, a última, ao que parece, realizada pelo PAIGC no TO da Guiné, ou pelo menos no setor L1, a seguir ao 25 de abril.
O José Zeferino foi alf mil da 2ª CCAÇ / BCAÇ 4616 (Xitole, 1973/74), o mesmo é dizer que foi um dos últimos soldadoa do império. Ele já recordou aqui, telegraficamente, alguns das datas-chave da sua passagem pelo TO da Guiné. Vamos reproduzir alguns excertos, desde a sua chegada a Bissau até à notícia do 25 de abril, ao mesmo tempo que lhe endereçamos os nossos votos de parabéns natalícios e lhe desejamos as melhoras das suas mazelas. (**)
pro José Zeferino [, foto à esquerda]
(i) Bissau – de 20 de Dezembro 1973 a 4 de Janeiro 1974 - Chegada. A maior parte, como eu, a 2 Janeiro por avião.
(ii) Cumeré - 6 de Janeiro de 1974 – Início da IAO [Instrução de Aperfeiçoamento Operacional].
(iii) Mansoa - 18/19 de Janeiro de 1974. Primeira acção do Batalhão. Segurança / emboscada nocturna no itinerário Bissau – Farim.
(iv) Cumeré - 25 de Janeiro de 1974 - Primeira baixa no Batalhão: o Furriel Humberto, madeirense, da 3.ª Companhia que iria para Farim, suicida-se com a sua G 3. Por motivos sentimentais.
(v) Xitole - 11 de Fevereiro 1974 - Chegada da 2.ª CCAÇ .
(iv) Cumeré - 25 de Janeiro de 1974 - Primeira baixa no Batalhão: o Furriel Humberto, madeirense, da 3.ª Companhia que iria para Farim, suicida-se com a sua G 3. Por motivos sentimentais.
(v) Xitole - 11 de Fevereiro 1974 - Chegada da 2.ª CCAÇ .
(vi) Xitole - 19 de Fevereiro de 1974 - Primeiro combate, na mata. Sem baixas. Indícios de baixas no IN.
(vi) A partir desta data deixa de haver dias de semana. Passam a ser contados por blocos de três dias: dois de patrulhamento e um de descanso. Um grupo de combate fixa-se na defesa da Ponte dos Fulas com rotação mensal.
(viii) Mansambo – 3 e 4 de Março 1974 - Grande operação no Fiofioli. Sem contacto IN.
(ix) Xitole – 9 de Abril de 1974 - Segundo combate na mata. Baixas não confirmadas no IN. O alferes Araújo do 2.º GComb é evacuado para a psiquiatria do HMB. O meu GComb, o 3.º, estava na ponte nesta altura. Foi de onde tirei esta foto.
(x) Xitole – 13 de Abril de 1974 - Visita do general Bettencourt Rodrigues. Transportado por héli Allouette IIIG
(xi) Xitole – 22 de Abril de 1974 - Apresenta-se um guerrilheiro do PAIGC. Má altura, para ele, para desertar das suas fileiras.
(xii) Xitole – 25 de Abril 1974 - madrugada, cerca das 6 horas:
– Zefruíno, alferes Zefruíno!!!
(viii) Mansambo – 3 e 4 de Março 1974 - Grande operação no Fiofioli. Sem contacto IN.
(ix) Xitole – 9 de Abril de 1974 - Segundo combate na mata. Baixas não confirmadas no IN. O alferes Araújo do 2.º GComb é evacuado para a psiquiatria do HMB. O meu GComb, o 3.º, estava na ponte nesta altura. Foi de onde tirei esta foto.
(x) Xitole – 13 de Abril de 1974 - Visita do general Bettencourt Rodrigues. Transportado por héli Allouette IIIG
(xi) Xitole – 22 de Abril de 1974 - Apresenta-se um guerrilheiro do PAIGC. Má altura, para ele, para desertar das suas fileiras.
(xii) Xitole – 25 de Abril 1974 - madrugada, cerca das 6 horas:
– Zefruíno, alferes Zefruíno!!!
Era o Jamil, comerciante libanês com grande influência política, social e económica, tanto na Guiné como na restante família, árabe, dispersa por três continentes.
Estávamos a iniciar mais um patrulhamento, a dois Gr Comb, talvez à zona do Duá.
Na varanda da sua casa, tipo colonial, claro, estendiam-se fios de antenas que acabavam num rádio antigo, de válvulas, por onde estava a ouvir a BBC em árabe.
Diz-me:
– Zefruíno, o... (não me lembro, ou não quero, das palavras exactas) do Spínola está a fazer uma revolta.
O Jamil tinha tido um contencioso com o general Spínola: tinha querido transferir as suas casas de comércio na zona, para Bissau, no que foi impedido pelo general. Era uma base de apoio para as nossas tropas e para a população.
Foi assim que tive conhecimento do que se passava em Lisboa.
O Jamil tinha tido um contencioso com o general Spínola: tinha querido transferir as suas casas de comércio na zona, para Bissau, no que foi impedido pelo general. Era uma base de apoio para as nossas tropas e para a população.
Foi assim que tive conhecimento do que se passava em Lisboa.
Regressámos de imediato ao quartel. Ficámos na expectativa nos dias seguintes. Patrulhamentos, só o mínimo indispensável-até Endorna. Montagem de segurança nocturna: poucas. Estávamos literalmente presos pela avidez dos comunicados. Acreditámos que o fim da guerra era desejado pelas duas partes. Pelo menos para a população era-o. E muito.
Entretanto chegou ao nosso conhecimento, não me lembro como, que no PAIGC havia duas correntes: uma para atacar em força aproveitando uma possível desorientação nossa; outra para entrar de imediato em conversações de paz no terreno. (...)
_______________
Entretanto chegou ao nosso conhecimento, não me lembro como, que no PAIGC havia duas correntes: uma para atacar em força aproveitando uma possível desorientação nossa; outra para entrar de imediato em conversações de paz no terreno. (...)
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Notas do editror:
(*) Vd. poste de 11 de julho de 2006 > Guiné 63/74 - P952: Evocando o libanês Jamil Nasser, do Xitole (Joaquim Mexia Alves, 1971/73)
(*) Vd. poste de 11 de julho de 2006 > Guiné 63/74 - P952: Evocando o libanês Jamil Nasser, do Xitole (Joaquim Mexia Alves, 1971/73)
Quase todos os dias, ao fim da tarde, ía a casa do Jamil e no seu alpendre de entrada, bebiamos uns uísques, acompanhados de pedaços de tomate com sal, enquanto ele ouvia as notícias do Libano no seu rádio, em árabe, claro está, e comentava o que por lá se passava.
Para mim era como sair um pouco da tropa e entrar numa vida social, o que dava um certo equilíbrio emocional.
Um dia, quando me preparava para ir ter com o Jamil, apareceu o seu criado Suri, oriundo da Gâmbia, salvo o erro, para me dizer que o Jamil pedia para eu não ir ter com ele naquele dia.
Fiquei admirado, mas bebi o que tinha a beber no quartel. Mal anoiteceu, houve um tremendo ataque ao Xitole que, graças a Deus, não provocou quaisquer vítimas ou sequer ferimentos, mas destruiu bastante alguns edifícios.
Percebi o recado do Jamil, mas nunca falámos nisso. Tenho algumas histórias com ele e até fotografias, se não me engano, não tenho é muito tempo, mas logo verei o que posso arranjar.
A memória falha de vez em quando, mas penso que ainda me encontrei com o Jamil em Lisboa depois de ter vindo da Guiné. Lembro-me que ele costumava ficar num Hotel, ao lado do Cinema Tivoli, se não me engano Hotel Condestável. (...)
(**) Último poste ds asérie > 30 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13073: No 25 de abril eu estava em... (23): Porto, e o meu irmão, Manuel Martins (1950-2013) em Bissau (José Martins, ex-fur mil, trms, CCAÇ 5, Canjadude, 1968/70)
(***) Vd. poste de 17 de junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4545: Alguns apontamentos sobre a acção da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616 (Xitole, 1973/74) (1) (José Zeferino)
Marcadores:
BCAÇ 4616/73,
comerciantes,
emboscadas,
Jamil Nasser,
Joaquim Mexia Alves,
José Zeferino,
mortos,
No 25 de Abril eu estava em...,
PAIGC,
Xitole
Guiné 63/74 - P13377: Efectivos que fizeram parte da CART 2732 (Carlos Vinhal)
A CART 2732 em desfile antes de embarcar com destino ao CTI da Guiné
CART 2732 - Mansabá, 1970-1972
EFECTIVOS QUE FIZERAM PARTE DA CART 2732
COMANDANTES DE COMPANHIA
Cap Prego Gamado - Baixou ao HMP antes do embarque no Funchal
Cap Inf José Leonardo S. Carreto Maia - CMDT da CART de 22ABBR a 02JUL70 - Fim de comissão
Cap Art José Maria Belo - CMDT da CART de JUL a SET70 - Evacuado para o HMP
Cap Inf Domingos Alberto Pinto Catalão - CMDT da CART de OUT70 a AGO71 - Evacuado para o HMP
Cap Mil Jorge Manuel Simões Picado - CMDT da CART entre 08MAR e ABR71 - Transferido para o CAOP 1
Cap Mil Armando Vieira dos Santos Caeiro - CMDT da CART de OUT71 a 19MAR72, data de regresso da Companhia
OFICIAIS SUBALTERNOS
Alf Mil Art Manuel António Casal
Alf Mil Art Américo Almeida Nunes Bento
Alf Mil Op Esp Luís Filipe Nunes de Oliveira Rodrigues
Alf Mil Art MA José Armando Santos do Couto - Morreu em combate em 06OUT70
Alf Mil Inf José Manuel C. C. Meneres - Em JAN71 substituiu o Alf Mil Couto - Foi transferido para o COMCHEFE
Alf Mil Art Francisco Maria Magalhães Baptista - Em SET71 substituiu o Alf Mil José Manuel Meneres
SARGENTOS
1.º Sarg Salvador Nunes Pinto - Integrado na CART em AGO70 - Transferido posteriormente
2.º Sarg António da Piedade dos Santos
2.º Sarg João da Costa Rita
Fur Mil Art Alberto Manuel Gardete Correia
Fur Mil Art Minas e Armadilhas Carlos Esteves Vinhal
Fur Mil Art Fernando José da Silva Nogueira Nunes
Fur Mil Art Francisco Gomes da Fonseca
Fur Mil Mecânico Auto Gabriel da Silva Dias dos Santos
Fur Mil Art Ismael Neves Ferreira dos Santos
Fur Mil Armas Pesadas Joaquim Nogueira da Silva - Integrado já na Província
Fur Mil Art José Augusto Torres de Araújo Branco - Evacuado para o HMP em MAR71 por doença
Fur Mil TRMS José de Sousa Lourenço
Fur Mil Alimentação José Gabriel Amorim da Costa
Fur Mil Art José Manuel Martins Carneiro
Fur Mil Comando José Manuel M. Mendonça - Em OUT71 substituiu o 1.º Sarg Pinto
Fur Mil Op Esp Luís António Pires
Fur Mil Enfermeiro Luís da Costa Marques
Fur Mil Inf Manuel Augusto F. Ramos - Em ABR71 substituiu o Fur Mil José Augusto T. A. Branco
Fur Mil Art Minas e Armadilhas Rui Filipe Ribeiro Gonçalves de Sousa
PRAÇAS
1.º Cabo At Abel Gaspar Vieira
1.º Cabo At António Fernandes Gomes Vieira
1.º Cabo At António Jorge S. S. Leitão - Em NOV70 substituiu o 1.º Cabo At Manuel Freitas Gouveia
1.º Cabo Reab Mat António Jorge Silveira Pereira
1.º Cabo Ap Met António José de Menezes
1.º Cabo At António Miguel Ferreira Paiva Cunha
1.º Cabo Cozinheiro Armindo Ferreira Lopes
1.º Cabo At Arnaldo Ferreira de Góis
1.º Cabo Op Cripto Carlos Henrique Veiga Brito Miralles
1.º Cabo Escriturário Duarte Moreira de Oliveira
1.º Cabo Mec Auto Fernando de Matos Martins
1.º Cabo Radiotelegrafista Fernando José Correia Bandeira - Integrado já na Província
1.º Cabo Ap Met Inácio Rodrigues da Silva
1.º Cabo At João Abel de Gouveia
1.º Cabo At João Carlos Rodrigues Freitas
1.º Cabo At João de Jesus Alves
1.º Cabo At João Gomes
1.º Cabo At João Manuel de Gouveia
1.º Cabo At João Samuel Rodrigues dos Ramos
1.º Cabo Aux Enf Jorge Manuel Valentim Rodrigues
1.º Cabo Mec Auto José Alves da Costa
1.º Cabo Mec Armas Lig José Carlos Carvalho Jorge
1.º Cabo Cond Auto José Fernando Ferreira Gouveia
1.º Cabo At José João Pereira Pontes
1.º Cabo At José Juvenal Pereira
1.º Cabo At José Luís Gomes
1.º Cabo At José Manuel Ornelas da Silva
1.º Cabo At José Manuel Rodrigues Vieira
1.º Cabo Aux Enf José Mateus dos Reis Pedro
1.º Cabo Corneteiro José Pedro de Oliveira Barge
1.º Cabo At José Tiago de Sousa Pestana
1.º Cabo At Juvenal Afonso
1.º Cabo At Lourenço Teixeira Maciel
1.º Cabo At Luís Quintino Neto Duarte
1.º Cabo At Manuel de Freitas Gouveia - Em SET70 foi evacuado para o HMP
1.º Cabo Aux Enf Manuel José Nunes de Matos - Em FEV71 foi evacuado para o HMP
1.º Cabo Op Cripto Mário Romana Soares
1.º Cabo At Sílvio Nicolau Fernandes Mendes
Sold At Acácio Carmo Lopes - Em JAN71 substituiu o Sold João Gregório de Jesus
Sold At Adelino de Viveiros Franco
Sold Básico Adérito dos Santos Bastião
Sold Mec Auto Agostinho Caires Jorge - Em OUT70 foi evacuado para o HMP
Sold At Agostinho da Encarnação Andrade
Sold At Agostinho Fernandes de Sousa
Sold At Albertino da Ponte
Sold Corneteiro Alexandre Bento dos Santos Pedroso
Sold Básico Alfredo Morais Ribeiro
Sold Trms Inf Álvaro Gonçalves Dias
Sold Cond Auto António Aniceto da Silva
Sold Aux Cozinheiro António Carlos dos Ramos
Sold At António de Abreu Andrade
Sold At António de Freitas
Sold At António de Góis Perestrelo
Sold At António de Oliveira e Silva - Em JUN71 substituiu o Sold Artur Malcata de Matos
Sold At António Fernandes Barradas
Sold At António Fernandes de Sousa
Sold Básico António Pereira Gonçalves - Integrado já na Província
Sold Cond Auto António Pereira Magalhães
Sold Cozinheiro António Pereira Mendes
Sold At António Ribeiro Teixeira
Sold Cond Auto António Rodrigues da Silva
Sold At António Vicente Lemos
Sold At Arlindo Correia Tavares - Em JUN71 substituiu o Sold José Silvestre Nunes Vieira
Sold At Arlindo de Sousa e Freitas
Sold Cond Auto Arlindo Freire Bicho - Em SET71 foi evacuado para o HMP por ferimentos em combate
Sold At Arlindo Spínola Pereira
Sold At Armando Pita dos Santos
Sold At Artur Malcata de Matos - Em FEV71 substituiu o Sold José de Sousa Jardim - Em MAI71 faleceu vítima de doença
Sold At Avelino Gonçalves Pinto
Sold At Avelino Moniz Teixeira
Sold Cond Auto Belmiro dos Santos Ferreira
Sold At Benjamim Viveiros da Costa
Sold At Carlos Olim Menezes
Sold At Carlos Simão Soares de Abreu - Evacuado para o HMP em JAN72 por ferimentos em combate
Sold At Conceição Franco Saldanha
Sold Cond Auto Daniel da Silva Lopes
Sold At Daniel França
Sold At Dionildo Viveiros Pestana do Vale
Sold Cond Auto Domingos da Silva Dores
Sold Ap Met Domingos Martins Perestrelo
Sold At Eusébio Elmano da Silva Rodrigues
Sold At Ezequiel da Rosa Filipe - Integrado na CART em JAN71, além Q.O.
Sold At Ezequiel Santos Pestana
Sold At Fernando Batista Lopes
Sold Cond Auto Fernando Costa Oliveira
Sold At Fernando da Costa
Sold At Francisco de Jesus Caires
Sold Trms Inf Francisco Félix Marques da Silva - Evacuado para o HMP em JAN71
Sold At Francisco Fernão Abreu
Sold Ap Met Francisco Ferreira
Sold At Francisco José de Gouveia
Sold At Francisco José de Sousa
Sold Trms Inf Francisco da Silveira Rebelo
Sold At Isidro Batista Rodrigues Nóbrega
Sold At Jaime Figueira Camacho - Evacuado para o HMP em OUT71
Sold At João Adriano da Costa
Sold At João Alcâncio Nóbrega de Vasconcelos
Sold Cond Auto João Batista
Sold At João Batista Correia
Sold At João Bruno Couchinho - Em NOV70 substituiu o Sold Agostinho Caires Jorge - Posteriormente foi tansferido por motivos disciplinares
Sold At João Costa de Sousa
Sold At João da Costa Correia
Sold At João de Freitas Ferreira
Sold At João Ernesto de Freitas Barreto
Sold At João Ferreira de Freitas
Sold At João Figueira da Silva
Sold At João Gregório de Jesus Júnior - Transferido para o S.A.
Sold Trms Inf João Marcelino Malhão Gonçalves
Sold Ap Met João Martinho Oliveira de Freitas - Em NOV70 foi evacuado para o HMP
Sold At João Orlando Marques
Sold At João Vasconcelos Melim
Sold Cond Auto Joaquim Alves Tiago
Sold At Joaquim Maria Carvalho Teixeira - Em NOV70 substituiu o Sold José Fernandes do Nascimento
Sold Cond Auto Joaquim Sousa Santos
Sold At José Aires da Silva
Sold At José Alberto Gonçalves Quintal
Sold At José Alfredo Castro Gouveia
Sold Radiotelegrafista José Augusto Pinheiro Miranda - Integrado já na Província
Sold At José Bernardo Rodrigues Espírito Santo
Sold At José Brito Ferreira
Sold Cond Auto José Carlos Lírio Batista - Em JAN72 substituiu o Sold João Bruno Couchinho
Sold Aux Enf José de Oliveira Torrinha - Em ABR71 substituiu o 1.º Cabo Manuel José Nunes Matos
Sold At José de Sousa Jardim - Transferido por motivos disciplinares
Sold At José Dias de Freitas Alves
Sold Trms Inf José Dionísio Coelho Brás
Sold At José do Espírito Santo Barbosa - Morto em combate em DEZ71
Sold Corneteiro José dos Santos Barreto
Sold At José Fernandes do Nascimento - Evacuado para o HMP em AGO70 por motivo de doença
Sold At José Figueira da Silva
Sold Ap Met José Francisco de Castro - Em ABR71 substituiu o Sold José Pestana de Freitas
Sold At José Gonçalves Diogo - Evacuado para o HMP em JAN72 por ferimentos em combate
Sold Radiotelegrafista José Manuel Capela Pereira da Cunha - Integrado já na Província
Sold At José Manuel de Oliveira - Evacuado para o HMP em JAN72 por ferimentos em combate
Sold At José Patrício Caldeira - Evacuado para o HMP em JAN72 por ferimentos em combate
Sold Cond Auto José Peixoto Nogueira
Sold At José Pereira
Sold At José Pereira de Abreu Namora
Sold Ap Met José Pestana de Freitas - Em MAR71 foi evacuado para o HMP
Sold At José Silvestre Nunes Vieira - Em MAI71 faleceu vítima de acidente
Sold Ap Met José Teixeira
Sold Trms Inf Júlio Álvaro C. Correia - Em ABR71substituiu o Sold Francisco Félix Marques da Silva
Sold At Júlio Vieira de Freitas Muchacho
Sold Cond Auto Manuel António Neves dos Santos
Sold Cond Auto Manuel da Silva Azevedo
Sold Ap Met Manuel de Andrade
Sold At Manuel de Jesus - Evacuado para o HMP em JAN72
Sold At Manuel de Jesus Vasconcelos
Sold At Manuel dos Reis Pinto de Abreu
Sold At Manuel Fernandes Luís - Transferido por motivos disciplinares
Sold At Manuel Gonçalves Faria
Sold At Manuel Jesus Ferreira
Sold Cond Auto Manuel Joaquim Lopes de Oliveira
Sold Ap Met Manuel Pereira Gonçalves - Em JAN71 substituiu o Sold João Martinho Oliveira Freitas
Sold At Manuel Vieira - Morto em combate em DEZ71
Sold At Manuel Vieira da Silva
Sold At Raimundo Pestana Gomes Malho
Sold At Ricardo Rodrigues de Gouveia
Sold At Silvestre Santos Pinto - Em JAN71 substituiu o Sold Manuel Fernandes Luís
Sold Aux Coz Virgílio Anastácio Abreu
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Notas:
- Na data de embarque faltavam no Quadro Orgânico da CART 2732 sete militares, a saber:
- o Capitão (Comandante de Companhia) que depois de nomeado deu baixa ao HMP,
- o 1.º Sargento e o Furriel de Armas Pesadas que ainda não tinham sido nomeados,
- um Cabo e dois Soldados Radiotelegrafistas já nomeados, mas a integrar a CART só no CTIG e,
- um Soldado Básico.
- Embarcaram no Funchal 160 homens.
- Fizeram parte da CART2732 190 militares para uma dotação de 167
- Compilação de Carlos Vinhal com elementos retirados da História da Unidade da CART 2732
Guiné 63/74 - P13376: Consultório militar, de José Martins (4): O 25 de abril no CTIG: uma questão de siglas e acrónimos: MFA (Movimento das Forças Armadas), MAOSP ( Movimento Alargado de Oficiais, Sargentos e Praças) e MAPOS (Movimento Alargado de Praças, Oficais e Sargentos)
Momento de “canto” durante uma reunião da Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas (Guiné), que era formada por oficiais, sargentos e praças. A actuar no Teatro de Bissau em 27/7/74.
Foto: © Arquivo de José Martins
Os Furriéis Enfermeiros Manuel Martins [1950-2013] e Óscar, autores do cartaz.
Foto: © Arquivo de José Martins
Foto: © Arquivo de José Martins
Boa noite
Aqui vai um assunto que, há pouco, me surgiu na mente.
Teria havido uma dualidade de Movimentos Militares Portugueses, na Guiné?
Abraços
Zé Martins
2. MAOSP ou MAPOS?
Ao reorganizar os meus apontamentos de História de Portugal, na vertente militar e africana, e que é composto por várias notas “encontradas” nos mais diversos suportes – livros, jornais, revistas, borda d’água, etc - encontrei o seguinte:
(i) 4 de Maio de 1974 – Organização, em Bissau, do movimento alargado de Oficiais, Sargentos e Praças; e
(ii) 15 de Maio de 1974 – Reunião de militares em Bissau, donde sai uma directiva do MFA da Guiné sobre a integração no Movimento de todos os militares, incluindo os do movimento alargado de oficiais, sargentos e praças
Se a primeira “nota” nos leva a pensar que, na Guiné, teria havido um alargamento a sargentos e praças, do MFA, uma vez que, em 26 de Abril de 1974 terá havido um golpe na Guiné, para depor o Governador e Comandante Chefe.
Com base nos dados acima, há que procurar o que foi o “Movimento Alargado de Oficiais, Sargentos e Praças".
Ao colocar no motor de busca “movimento alargado Guiné” surgem referências ao assunto na página do Centro de Documentação 25 de Abril, alojado na página da Universidade de Coimbra, mencionando apenas as siglas que servem de título.
A página do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, muito sucintamente diz o seguinte:
«"relatório da reunião realizada entre a Comissão Coordenadora do Programa e o Secretariado do Movimento das Forças Armadas na Guiné nos dias 06 e 07 de Junho de 1974", redigido pelo Secretariado do Movimento das Forças Armadas na Guiné em 7 de Junho de 1974; número 1 do Boletim Informativo M.F.A. na Guiné, de Junho de 1974; documento "Aos militares portugueses em serviço na Guiné", subscrito pelos "militares que constituíram o extinto Movimento Alargado de Praças, Oficiais e Sargentos" (1974-06-05).»
Apesar do tempo que passou desde então, é de perguntar aos camarigos que estiveram na Guiné, em especial aos que estiveram em Bissau, o que se terá passado à volta deste assunto.
Há alguém que tenha elementos sobre este tema, que queiram partilhar?
José Marcelino Martins
6 de Junho de 2014
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Ao reorganizar os meus apontamentos de História de Portugal, na vertente militar e africana, e que é composto por várias notas “encontradas” nos mais diversos suportes – livros, jornais, revistas, borda d’água, etc - encontrei o seguinte:
(i) 4 de Maio de 1974 – Organização, em Bissau, do movimento alargado de Oficiais, Sargentos e Praças; e
(ii) 15 de Maio de 1974 – Reunião de militares em Bissau, donde sai uma directiva do MFA da Guiné sobre a integração no Movimento de todos os militares, incluindo os do movimento alargado de oficiais, sargentos e praças
Se a primeira “nota” nos leva a pensar que, na Guiné, teria havido um alargamento a sargentos e praças, do MFA, uma vez que, em 26 de Abril de 1974 terá havido um golpe na Guiné, para depor o Governador e Comandante Chefe.
Com base nos dados acima, há que procurar o que foi o “Movimento Alargado de Oficiais, Sargentos e Praças".
Ao colocar no motor de busca “movimento alargado Guiné” surgem referências ao assunto na página do Centro de Documentação 25 de Abril, alojado na página da Universidade de Coimbra, mencionando apenas as siglas que servem de título.
A página do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, muito sucintamente diz o seguinte:
«"relatório da reunião realizada entre a Comissão Coordenadora do Programa e o Secretariado do Movimento das Forças Armadas na Guiné nos dias 06 e 07 de Junho de 1974", redigido pelo Secretariado do Movimento das Forças Armadas na Guiné em 7 de Junho de 1974; número 1 do Boletim Informativo M.F.A. na Guiné, de Junho de 1974; documento "Aos militares portugueses em serviço na Guiné", subscrito pelos "militares que constituíram o extinto Movimento Alargado de Praças, Oficiais e Sargentos" (1974-06-05).»
Apesar do tempo que passou desde então, é de perguntar aos camarigos que estiveram na Guiné, em especial aos que estiveram em Bissau, o que se terá passado à volta deste assunto.
Há alguém que tenha elementos sobre este tema, que queiram partilhar?
José Marcelino Martins
6 de Junho de 2014
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Nota do editor:
Último poste da série > 28 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13202: Consultório militar, de José Martins (3): O ataque do PAI - Partido Africano da Independência a Catió em 25 de junho de 1962, seguido da destruição da jangada de Bedanda, do corte de fios telefónicos e estradas com abatizes
Último poste da série > 28 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13202: Consultório militar, de José Martins (3): O ataque do PAI - Partido Africano da Independência a Catió em 25 de junho de 1962, seguido da destruição da jangada de Bedanda, do corte de fios telefónicos e estradas com abatizes
Guiné 63/74 - P13375: Agenda cultural (332): Lançamento do livro "Wellington, Spínola e Petraeus: O Comando Holístico da Guerra", do Cor Nuno Correia Barrento de Lemos Pires, dia 16 de Julho de 2014, pelas 18h15, na Academia Militar em Lisboa
1. Mensagem do Cor Inf Nuno Correia Barrento de Lemos Pires, Director de Formação da Escola das Armas, com data de 1 de Julho de 2014:
Convite - Lançamento do Livro "Wellington, Spínola e Petraeus" de Nuno Lemos Pires
Estimados amigos,
No dia 16 de julho próximo, pelas 18h15, na Sala do Conselho Académico da Academia Militar, em Lisboa, será lançado o livro "Wellington, Spínola, Petraeus: O Comando Holístico da Guerra".
A obra decorre da adaptação da Tese efetuada no âmbito do Doutoramento em História, Defesa e Relações Internacionais, concluída no ISCTE-IUL, em 2013.
Seria uma honra poder contar com a sua presença, pelo que anexo o convite para o lançamento.
Com os melhores cumprimentos,
Nuno Correia Barrento de Lemos Pires
Coronel Infª, Diretor de Formação da Escola das Armas
Alameda da Escola Prática de Infantaria, 2640-492 Mafra, Portugal
Tel: 261 812 105; Tel Militar: 420509
Tm Serviço: 911 138 646
https://academiamilitar.academia.edu/NunoPires
____________
Nota do editor
Último poste da série de 4 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13366: Agenda cultural (331): Lançamento do livro "Guiné-Bissau, um país adiado - Crónicas na pátria de Cabral", do jornalista Manuel Vitorino, dia 10 de Julho de 2014, pelas 18h00, na Fundação Calouste Gulbenkian
Convite - Lançamento do Livro "Wellington, Spínola e Petraeus" de Nuno Lemos Pires
Estimados amigos,
No dia 16 de julho próximo, pelas 18h15, na Sala do Conselho Académico da Academia Militar, em Lisboa, será lançado o livro "Wellington, Spínola, Petraeus: O Comando Holístico da Guerra".
A obra decorre da adaptação da Tese efetuada no âmbito do Doutoramento em História, Defesa e Relações Internacionais, concluída no ISCTE-IUL, em 2013.
Seria uma honra poder contar com a sua presença, pelo que anexo o convite para o lançamento.
Com os melhores cumprimentos,
Nuno Correia Barrento de Lemos Pires
Coronel Infª, Diretor de Formação da Escola das Armas
Alameda da Escola Prática de Infantaria, 2640-492 Mafra, Portugal
Tel: 261 812 105; Tel Militar: 420509
Tm Serviço: 911 138 646
https://academiamilitar.academia.edu/NunoPires
C O N V I T E
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Nota do editor
Último poste da série de 4 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13366: Agenda cultural (331): Lançamento do livro "Guiné-Bissau, um país adiado - Crónicas na pátria de Cabral", do jornalista Manuel Vitorino, dia 10 de Julho de 2014, pelas 18h00, na Fundação Calouste Gulbenkian
Guiné 63/74 - P13374: Blogpoesia (384): Recriação do mundo (J. L. Mendes Gomes, ex-alf mil, CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66)
Recriação do mundo…
por J. L. Mendes Gomes
E um dia, disse Deus:
Vou recriar o mundo.
Um grande lago sideral.
Sem estrelas nem astros reis.
Sem castelos de rocha
Nem aviões.
...
Sem minérios nem gasodutos.
Sem mistérios de religiões.
Nem ministérios de poderes.
Sem as selvas de avenidas.
Encharcadas de arranha-céus.
Sem casas brancas,
Nem praças vermelhas.
Nem basílicas de oiro
E vaticanos.
Nem um só urânio de ameaças.
Nem os dubais de plástico,
Em lego ou dominó.
Sem bandeiras.
Sem as seitas negras
Do capital.
Sem moeda. Bancos centrais.
Nem os enxames
Dos computadores.
Sem diabos,
E sem arcanjos.
Nem infernos ou caldeirões.
Sem epidemia de seitas.
Nem os pesadelos dos telejornais.
Sem mais cadernos
Nem alcorões.
Livros de missa
Ou ladainhas.
Desaparecem de vez as assembleias.
E todas as fábricas de gravatas.
Não há opas.
Não há fatos,
Não há vestes.
Um mundo de paz e sem fronteiras…
Berlim, 4 de Julho e 2014
8h57m
Joaquim Luís Mendes Gomes
[ J. L. Mendes Gomes foi alf mil da CCAÇ 728 (Cachil, Catió e Bissau, 1964/66)]
___________
por J. L. Mendes Gomes
E um dia, disse Deus:
Vou recriar o mundo.
Um grande lago sideral.
Sem estrelas nem astros reis.
Sem castelos de rocha
Nem aviões.
...
Sem minérios nem gasodutos.
Sem mistérios de religiões.
Nem ministérios de poderes.
Sem as selvas de avenidas.
Encharcadas de arranha-céus.
Sem casas brancas,
Nem praças vermelhas.
Nem basílicas de oiro
E vaticanos.
Nem um só urânio de ameaças.
Nem os dubais de plástico,
Em lego ou dominó.
Sem bandeiras.
Sem as seitas negras
Do capital.
Sem moeda. Bancos centrais.
Nem os enxames
Dos computadores.
Sem diabos,
E sem arcanjos.
Nem infernos ou caldeirões.
Sem epidemia de seitas.
Nem os pesadelos dos telejornais.
Sem mais cadernos
Nem alcorões.
Livros de missa
Ou ladainhas.
Desaparecem de vez as assembleias.
E todas as fábricas de gravatas.
Não há opas.
Não há fatos,
Não há vestes.
Berlim, 4 de Julho e 2014
8h57m
Joaquim Luís Mendes Gomes
[ J. L. Mendes Gomes foi alf mil da CCAÇ 728 (Cachil, Catió e Bissau, 1964/66)]
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Nota do editor:
Último poste da série > 1 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13220: Blogpoesia (383): Velhas crianças (Felismina Costa)
Último poste da série > 1 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13220: Blogpoesia (383): Velhas crianças (Felismina Costa)
Guiné 63/74 - P13373: Parabéns a você (759): José Zeferino, ex-Alf Mil Inf do BCAÇ 4616 (Guiné, 1973/74)
____________
Nota do editor
Último poste da série de 3 DE JULHO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13358: Parabéns a você (758): António Nobre, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2464 (Guiné, 1969/70)
Nota do editor
Último poste da série de 3 DE JULHO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13358: Parabéns a você (758): António Nobre, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2464 (Guiné, 1969/70)
segunda-feira, 7 de julho de 2014
Guiné 63/74 - P13372: Notas de leitura (609): "Às 5 da tarde", por António Loja; Âncora Editora, 2013 (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Janeiro de 2014:
Queridos amigos,
O antigo capitão de Mejo ali bem ao pé do corredor de Guileje, autor de uma obra ímpar. As Ausências de Deus, recua até à Guerra Civil de Espanha. Deliberadamente ou não, socorre-se de uma escrita enxuta, uma envolvente emocional sóbria, e dá-nos um fulgurante retrato que tem como pano de fundo os alvores do conflito fratricida até ao triunfo nacionalista. O herói, como numa tragédia grega, toma posição no arrastar dos acontecimentos, vai de condenação em condenação, e assim chegará ao Tarrafal, um campo de concentração com que o salazarismo nos brindou.
Um abraço do
Mário
Às 5 da tarde, por António Loja
Beja Santos
O escritor António Loja volta aos temas da guerra. Se As Ausências de Deus (Âncora Editora, 2013) espelham as suas memórias como comandante de uma companhia num dos teatros de operações mais ásperos da Guiné, “Às 5 da tarde” impele-nos diretamente para a guerra civil de Espanha, desde as primícias até à derrocada republicana, em 1939 (O Liberal, 2013, email: comercial@oliberal.pt). Um poema icónico de Federico Garcia Lorca, “Llanto por Ignacio Sanchez Mejias” onde, recorrentemente, quase como um metrónomo, se escreve “A las cinco de la tarde. Eran las cinco en punto de la tarde”, serve de moldura para os acontecimentos da trama.
Em 1957, na Escola Prática de Infantaria, Carlos Magalhães faz amizade com Pedro Fonseca. Este vem do Norte, é minhoto, recorda saudosamente o seu tio António que combateu ao lado dos anarquistas numa brigada internacional na Guerra Civil de Espanha. Este tio António fora para Madrid, em 1935, pretendia fazer uma investigação sobre quem eram os rebeldes madrilenos fuzilados em 3 de maio de 1808 e imortalizados no quadro de Goya, com o mesmo título. Palavra puxa palavra, Pedro informa Carlos que em Madrid o tio António conhecera no Museu do Prado uma outra estudante de Goya, Clara, também portuguesa. Vários enigmas rodeiam a morte do tio António, em 1944. E veio à baila que na casa da aldeia havia umas caixas com papéis que pertenciam ao tio António. Os dois acordam em ir mexer no passado. E nas férias de Natal de 1957 rumam para Covas, no alto de Vila Nova de Cerveira.
Iniciam investigação, a primeira tarefa foi reunir o material encontrado e datá-lo. Descobriu-se um maço de cartas que parecia ser um diário, três cadernos de capa preta cuidadosamente manuscritos e datados a partir de outubro de 1935. E o leitor mergulha no diário de António Tomás, a viagem de Entroncamento para Madrid, a primeira visita ao Prado, o encontro ofuscante com a obra-prima “Os Fuzilamentos de 3 de Maio”. Sente-se altamente perturbado e justifica-se: “No quadro de Goya o realismo retratava a cruel violência sempre presente através dos séculos nas relações entre os homens. Perante os seus olhos, os soldados apontavam as armas aos lutadores da Liberdade violentados pela brutalidade dos invasores. Covardemente disfarçados nos seus uniformes, os soldados chacinavam sem piedade os miseráveis que emergiam, vindos de uma prisão-catacumba que se mostrava à superfície apenas como uma abertura negra rasgada no ventre da terra. Como pano de fundo, a imagem trágica da indiferença e da frieza: uma cidade entrevista apenas em silhueta, que aceitava passivamente a violência e a crueldade”.
As investigações não levam a nenhuma resposta, a documentação da época aparecia rasurada, as provas comprometedoras tinham sido destruídas. Dá-se o encontro com Clara Noronha, estudante de arte. A relação estreita-se. No início de 1936 visitam Aranjuez e amam-se. Madrid fervilha, perfila-se no horizonte uma cruzada dos nacionalistas contra socialistas, comunistas e anarquistas. A PVDE, a antecessora da PIDE, desconfia das razões da presença de António em Espanha, a família pede-lhe para voltar. António decide ficar, pretende alcançar Barcelona, uma rede de anarquistas amigos prepara-lhe um itinerário dissuasor. A guerra civil entra em cheio na trama do romance. António assiste a fuzilamentos na Andaluzia. A complexidade da trama cresce, Pedro e Carlos vão visitar Clara a Vilar de Monforte, Clara entrega-lhes mais um maço de cartas, as cartas que António passa a escrever nessa deambulação, autêntica fuga à PVDE e aos nacionalistas, os documentos concatenam-se, a viagem prossegue de Algeciras para Málaga onde António assiste ao rescalde de um bombardeamento aéreo, prossegue para Valência, e em Barcelona alista-se nas brigadas, começam, diante dos seus olhos, as disputas brutais entre comunistas e trotskistas.
Um ortodoxo soviético pretende catequizá-lo, António rejeita o fanatismo e marcha para a Frente do Ebro, estamos em 1937, entremeiam-se os relatos do diário e o desenvolvimento dos acontecimentos, os recontros, as cidades destruídas, a selvajaria dos assassinatos, António regressa a Madrid, escreve lancinantes cartas de amor e depois volta para Barcelona, já não tem ilusões, os grupos republicanos estão totalmente desentendidos, os nacionalistas possuem toda a classe de apoios, avançam imparavelmente. António atravessa os Pirenéus e refugia-se em França. E vem a guerra, as tropas de Hitler atravessam fulminantemente a França, depois de muitas peripécias António chega a Vilar de Monforte, traz indícios de tuberculose, é preso e envido para o Tarrafal. Estamos em 1942, a descrição do campo de concentração é, por si só, um libelo acusador do humanismo salazarista: alimentação indígena, condições de higiene abomináveis, o castigo da “frigideira”, onde são postos os presos punidos com isolamento. O médico do Tarrafal adverte que António é uma ameaça com a sua tuberculose, regressa e é conduzido a um sanatório no Caramulo. Os amantes reencontram-se, fazem planos, o afeto parece fazer ultrapassar todas as inquietações. E chega o desfecho fatal. Numa cadeira junto à cama, hirta, aparentemente ausente, lágrimas correndo silenciosamente pela face. Clara murmura como se fosse um autómato:
A las cinco de la tarde.
Eran las cinco en punto de la tarde.
E, depois de um breve silêncio:
Lo demás era muerte y solo muerte
A las cinco de la tarde.
O que há de profundamente tocante nesta incursão de António Loja pela Guerra Civil de Espanha é o seu tom de escritura em tempo antigo, cadenciado, uma mescla de arrebatamento entre aqueles dois seres humanos e a explosão sanguinolenta do conflito fratricida. É uma prosa cadenciada, bem mesurada, tornando plausíveis aquele diário, aquelas cartas. Os dois cadetes de Mafra, daquele ano de 1957, são um mero pretexto para a intermediação daquele enigma de uma paixão e de um compromisso com a solidariedade política. Num tempo em que o romance histórico arrebata as atenções dos leitores, tem-se aqui uma excelente oportunidade para descer aos infernos da Guerra Civil de Espanha, revisitar a insânia do fascismo, a truculência dos conflitos na esquerda e ver o funcionamento do campo de concentração do Tarrafal. O mote está dado: os fuzilamentos pintados por Goya fascinam e arrepiam. E alertam para a possibilidade da sua repetição.
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Nota do editor
Último poste da série de 4 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13364: Notas de leitura (608): "África" - Literatura-Arte e Cultura - Os Djumbai (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
O antigo capitão de Mejo ali bem ao pé do corredor de Guileje, autor de uma obra ímpar. As Ausências de Deus, recua até à Guerra Civil de Espanha. Deliberadamente ou não, socorre-se de uma escrita enxuta, uma envolvente emocional sóbria, e dá-nos um fulgurante retrato que tem como pano de fundo os alvores do conflito fratricida até ao triunfo nacionalista. O herói, como numa tragédia grega, toma posição no arrastar dos acontecimentos, vai de condenação em condenação, e assim chegará ao Tarrafal, um campo de concentração com que o salazarismo nos brindou.
Um abraço do
Mário
Às 5 da tarde, por António Loja
Beja Santos
O escritor António Loja volta aos temas da guerra. Se As Ausências de Deus (Âncora Editora, 2013) espelham as suas memórias como comandante de uma companhia num dos teatros de operações mais ásperos da Guiné, “Às 5 da tarde” impele-nos diretamente para a guerra civil de Espanha, desde as primícias até à derrocada republicana, em 1939 (O Liberal, 2013, email: comercial@oliberal.pt). Um poema icónico de Federico Garcia Lorca, “Llanto por Ignacio Sanchez Mejias” onde, recorrentemente, quase como um metrónomo, se escreve “A las cinco de la tarde. Eran las cinco en punto de la tarde”, serve de moldura para os acontecimentos da trama.
Em 1957, na Escola Prática de Infantaria, Carlos Magalhães faz amizade com Pedro Fonseca. Este vem do Norte, é minhoto, recorda saudosamente o seu tio António que combateu ao lado dos anarquistas numa brigada internacional na Guerra Civil de Espanha. Este tio António fora para Madrid, em 1935, pretendia fazer uma investigação sobre quem eram os rebeldes madrilenos fuzilados em 3 de maio de 1808 e imortalizados no quadro de Goya, com o mesmo título. Palavra puxa palavra, Pedro informa Carlos que em Madrid o tio António conhecera no Museu do Prado uma outra estudante de Goya, Clara, também portuguesa. Vários enigmas rodeiam a morte do tio António, em 1944. E veio à baila que na casa da aldeia havia umas caixas com papéis que pertenciam ao tio António. Os dois acordam em ir mexer no passado. E nas férias de Natal de 1957 rumam para Covas, no alto de Vila Nova de Cerveira.
Iniciam investigação, a primeira tarefa foi reunir o material encontrado e datá-lo. Descobriu-se um maço de cartas que parecia ser um diário, três cadernos de capa preta cuidadosamente manuscritos e datados a partir de outubro de 1935. E o leitor mergulha no diário de António Tomás, a viagem de Entroncamento para Madrid, a primeira visita ao Prado, o encontro ofuscante com a obra-prima “Os Fuzilamentos de 3 de Maio”. Sente-se altamente perturbado e justifica-se: “No quadro de Goya o realismo retratava a cruel violência sempre presente através dos séculos nas relações entre os homens. Perante os seus olhos, os soldados apontavam as armas aos lutadores da Liberdade violentados pela brutalidade dos invasores. Covardemente disfarçados nos seus uniformes, os soldados chacinavam sem piedade os miseráveis que emergiam, vindos de uma prisão-catacumba que se mostrava à superfície apenas como uma abertura negra rasgada no ventre da terra. Como pano de fundo, a imagem trágica da indiferença e da frieza: uma cidade entrevista apenas em silhueta, que aceitava passivamente a violência e a crueldade”.
As investigações não levam a nenhuma resposta, a documentação da época aparecia rasurada, as provas comprometedoras tinham sido destruídas. Dá-se o encontro com Clara Noronha, estudante de arte. A relação estreita-se. No início de 1936 visitam Aranjuez e amam-se. Madrid fervilha, perfila-se no horizonte uma cruzada dos nacionalistas contra socialistas, comunistas e anarquistas. A PVDE, a antecessora da PIDE, desconfia das razões da presença de António em Espanha, a família pede-lhe para voltar. António decide ficar, pretende alcançar Barcelona, uma rede de anarquistas amigos prepara-lhe um itinerário dissuasor. A guerra civil entra em cheio na trama do romance. António assiste a fuzilamentos na Andaluzia. A complexidade da trama cresce, Pedro e Carlos vão visitar Clara a Vilar de Monforte, Clara entrega-lhes mais um maço de cartas, as cartas que António passa a escrever nessa deambulação, autêntica fuga à PVDE e aos nacionalistas, os documentos concatenam-se, a viagem prossegue de Algeciras para Málaga onde António assiste ao rescalde de um bombardeamento aéreo, prossegue para Valência, e em Barcelona alista-se nas brigadas, começam, diante dos seus olhos, as disputas brutais entre comunistas e trotskistas.
Um ortodoxo soviético pretende catequizá-lo, António rejeita o fanatismo e marcha para a Frente do Ebro, estamos em 1937, entremeiam-se os relatos do diário e o desenvolvimento dos acontecimentos, os recontros, as cidades destruídas, a selvajaria dos assassinatos, António regressa a Madrid, escreve lancinantes cartas de amor e depois volta para Barcelona, já não tem ilusões, os grupos republicanos estão totalmente desentendidos, os nacionalistas possuem toda a classe de apoios, avançam imparavelmente. António atravessa os Pirenéus e refugia-se em França. E vem a guerra, as tropas de Hitler atravessam fulminantemente a França, depois de muitas peripécias António chega a Vilar de Monforte, traz indícios de tuberculose, é preso e envido para o Tarrafal. Estamos em 1942, a descrição do campo de concentração é, por si só, um libelo acusador do humanismo salazarista: alimentação indígena, condições de higiene abomináveis, o castigo da “frigideira”, onde são postos os presos punidos com isolamento. O médico do Tarrafal adverte que António é uma ameaça com a sua tuberculose, regressa e é conduzido a um sanatório no Caramulo. Os amantes reencontram-se, fazem planos, o afeto parece fazer ultrapassar todas as inquietações. E chega o desfecho fatal. Numa cadeira junto à cama, hirta, aparentemente ausente, lágrimas correndo silenciosamente pela face. Clara murmura como se fosse um autómato:
A las cinco de la tarde.
Eran las cinco en punto de la tarde.
E, depois de um breve silêncio:
Lo demás era muerte y solo muerte
A las cinco de la tarde.
O que há de profundamente tocante nesta incursão de António Loja pela Guerra Civil de Espanha é o seu tom de escritura em tempo antigo, cadenciado, uma mescla de arrebatamento entre aqueles dois seres humanos e a explosão sanguinolenta do conflito fratricida. É uma prosa cadenciada, bem mesurada, tornando plausíveis aquele diário, aquelas cartas. Os dois cadetes de Mafra, daquele ano de 1957, são um mero pretexto para a intermediação daquele enigma de uma paixão e de um compromisso com a solidariedade política. Num tempo em que o romance histórico arrebata as atenções dos leitores, tem-se aqui uma excelente oportunidade para descer aos infernos da Guerra Civil de Espanha, revisitar a insânia do fascismo, a truculência dos conflitos na esquerda e ver o funcionamento do campo de concentração do Tarrafal. O mote está dado: os fuzilamentos pintados por Goya fascinam e arrepiam. E alertam para a possibilidade da sua repetição.
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Nota do editor
Último poste da série de 4 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13364: Notas de leitura (608): "África" - Literatura-Arte e Cultura - Os Djumbai (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P13371: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XIV: (i) a queda granada da bazuca; (ii) samba em Lisboa; e (iii) a caçada dos passarinhos (Armando Mota, ex-alf mil at inf, 1º pelotão)
Foto: © Luís Nascimento (2014). Todos os direitos reservados
1. Histórias da CCAÇ 2533 > Parte XIIV (Armando Mota, alf mil at inf, 1º pelotão):
Continuamos a publicar as "histórias da CCAÇ 2533", a partir do livro editado pelo ex-1º cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, de fotografias).
Registe-se, como facto digno de nota, que esta publicação é uma obra coletiva, feita com a participação de diversos ex-militares da companhia (oficiais, sargentos e praças).
A brochura chegou-nos às mãos, em suporte digital, através do Luís Nascimento, que vive em Viseu, e que também nos facultou um exemplar em papel. Até ao momento, é o único representante da CCAÇ 2533, na nossa Tabanca Grande, apesar dos convites, públicos, que temos feito aos autores cujas histórias vamos publicando.
Temos autorização do editor e autores para dar a conhecer, a um público mais vasto de amigos e camaradas da Guiné, as aventuras e desventuras vividas pelo pessoal da CCAÇ 2533, companhia independente que esteve sediada em Canjambari e Farim, região do Oio, ao serviço do BCAÇ 2879, o batalhão dos Cobras (Farim, 1969/71).(*)
Desta vez vamos publicar mais 3 histórias, contados pelo ex-alf mil Armando Mota, do 1º pelotão: (i) a queda granada da bazuca (p. 63); (ii) samba em Lisboa (p. 64; e (iii) a caçada dos passarinhos (p. 68).
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Nota do editor:
Último poste da série > 30 de junho de 2014 > Guiné 63774 - P13348: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XIII: (i) Está tudo bem com vocês ?, pergunta o gen Spínola; (ii) Indo de viatura a corta-mato, sem GPS, em socorro de camaradas que tinham tido contacto com o IN: e (iii) Uma saída com o pelotão de milícias (Armando Mota, alf mil at inf, 1º pelotão)
Último poste da série > 30 de junho de 2014 > Guiné 63774 - P13348: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XIII: (i) Está tudo bem com vocês ?, pergunta o gen Spínola; (ii) Indo de viatura a corta-mato, sem GPS, em socorro de camaradas que tinham tido contacto com o IN: e (iii) Uma saída com o pelotão de milícias (Armando Mota, alf mil at inf, 1º pelotão)
Guiné 63/74 - P13370: O(s) comandante(s) de batalhão que eu conheci (2): No COP 4, no meu tempo, houve duas exceções, major Carlos Fabião e ten cor Agostinho Ferreira (Mário Pinto, ex-fur mil at art, CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá", Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71)
Foto (e legenda): © Carlos Farinha (2009). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]
1. Comentário de Mário Pinto ao poste P 13368 (*)
[ [ex-fur mil at art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá", Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71; está na nossa Tabanca Grande desde julho de 2009] (***)
A nova força africana... O major Fabião, na altura (1971/73) comandante do Comando Geral de Milícias... In: Afonso, A., e Matos Gomes, C. - Guerra colonial: Angol,a Guiné, Moçambique. Lisboa: Diário de Notícias, s/d. , pp. 332 e 335. Autores das fotos: desconhecidos. (Reproduzidas com a devida vénia).
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(***) Vd. poste de 24 de julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4735: Tabanca Grande (164): Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil da CART 2519, Buba, Mampatá e Aldeia Formosa, 1969/71
Caros camarigos:
Como sabeis, já há muito que é conhecida a minha atitude crítica em relação aos nossos Oficiais Superiores porque o que vi pessoalmente leva-me a um comentário não abonatório aos mesmos, salvo raras excepções que, infelizmente pelo que vamos conhecendo, foram comuns a todos os períodos de comissão e sectores da Guiné.
Só conheci dois sectore: de facto foi Buba e Aldeia Formosa. Pertenci a um Comando Operacional que era o COP4 comandado por outro grande militar na altura Major Carlos Fabião ele e o Ten Coronel Agostinho Ferreira. Foram as excepções no meu tempo e nestes sectores.
Como sabeis, já há muito que é conhecida a minha atitude crítica em relação aos nossos Oficiais Superiores porque o que vi pessoalmente leva-me a um comentário não abonatório aos mesmos, salvo raras excepções que, infelizmente pelo que vamos conhecendo, foram comuns a todos os períodos de comissão e sectores da Guiné.
Só conheci dois sectore: de facto foi Buba e Aldeia Formosa. Pertenci a um Comando Operacional que era o COP4 comandado por outro grande militar na altura Major Carlos Fabião ele e o Ten Coronel Agostinho Ferreira. Foram as excepções no meu tempo e nestes sectores.
Estiveram vários comandantes no sector, alguns até com reputação, mas não deixaram de ser uma desilusão para todos com as suas decisões desconexas de falta de conhecimento logístico do terreno e mesmo desconhecendo as formas de actuação do PAIGC, por falta de sua presença no terreno e experiência em combate.
Era gente que regulava-se por mapas e croquis absoletos em gabinetes fora das realidades do mato e mal aconselhados por Capitães comandantes de Companhia que nem ao mato iam. Chefes operacionais que em vez de acompanharem pessoalmente os movimentos de quem estava destacado no terreno, preferia mandar vir uma DO para do ar e fora de perigo ver onde se posicionavam os Grupos de Combate, correndo o risco de denunciar ao PAIGC as nossas posições, como aconteceu por diversas vezes.
Isto tudo se passou no meu tempo e no meu sector. por isso digo com conhecimento de causa que os nossos Oficiais Superiores, salvo algumas excepções, não cumpriram as missões que lhe foram confiadas, limitaram-se a deixar correr o tempo e a fazer uns relatórios baseados nas informações e nas acções de quem na verdade andava no terreno operacional.........
Posto isto meus caros, mais não posso dizer-vos que, na verdade, já vocês não saibam (**)......
Um abraço
Mário Pinto
Posto isto meus caros, mais não posso dizer-vos que, na verdade, já vocês não saibam (**)......
Um abraço
Mário Pinto
[ [ex-fur mil at art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá", Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71; está na nossa Tabanca Grande desde julho de 2009] (***)
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Notas do editor
(*) Vd. poste de 6 de juho de 2014 > Guiné 63/74 - P13368: Recordando o BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71) comandado pelo ten cor Agostinho Ferreira, o "metro e oit" (Luís Nascimento, Viseu)
(**) Último poste da série > 6 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13369: O(s) comandante(s) de batalhão que eu conheci (1): Mário Pinto (Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, 1969/71), Luís Graça (Bambadinca, 1969/71), Jorge Teixeira (Portojo) (Catió, 1968/70), Francisco Baptista (Buba e Mansabá, 1970/72)
(*) Vd. poste de 6 de juho de 2014 > Guiné 63/74 - P13368: Recordando o BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71) comandado pelo ten cor Agostinho Ferreira, o "metro e oit" (Luís Nascimento, Viseu)
(**) Último poste da série > 6 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13369: O(s) comandante(s) de batalhão que eu conheci (1): Mário Pinto (Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, 1969/71), Luís Graça (Bambadinca, 1969/71), Jorge Teixeira (Portojo) (Catió, 1968/70), Francisco Baptista (Buba e Mansabá, 1970/72)
domingo, 6 de julho de 2014
Guiné 63/74 - P13369: O(s) comandante(s) de batalhão que eu conheci (1): Mário Pinto (Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, 1969/71), Luís Graça (Bambadinca, 1969/71), Jorge Teixeira (Portojo) (Catió, 1968/70), Francisco Baptista (Buba e Mansabá, 1970/72)
1. Comentários ao poste P13368 (*)
Pela recordação que tenho do Tenente-Coronel Agostinho Ferreira, sendo um militar que não virava as costas ao perigo, não se dava ares de guerreiro como o major de operações Pezarat Correia, ou o próprio General Spinola, o homem do monóculo e do pingalim. Tenho duvidas se ele acreditaria numa vitória militar.
Foi um bom homem. Paz à sua alma!
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Nota do editor:
(*) 6 de juho de 2014 > Guiné 63/74 - P13368: Recordando o BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71) comandado pelo ten cor Agostinho Ferreira, o "metro e oit" (Luís Nascimento, Viseu)
(i) Mário Pinto
[ex-fur mil at art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá", Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71]
O Ten Coronel Agostinho Ferreira, é dos poucos oficiais superiores a quem tiro o meu quico, pois não se remetia ao seu gabinete a dar ordens mas sim acompanhava os militares em todas as operações do seu sector e conhecia a sua ZO pessoalmente como poucos a conheciam.
[ex-fur mil at art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá", Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71]
O Ten Coronel Agostinho Ferreira, é dos poucos oficiais superiores a quem tiro o meu quico, pois não se remetia ao seu gabinete a dar ordens mas sim acompanhava os militares em todas as operações do seu sector e conhecia a sua ZO pessoalmente como poucos a conheciam.
Tive a honra de o acompanhar na Op Novo Rumo, ao sul da Guiné, onde pude apreciar a sua destreza de comando,.
O metro e oito, como era conhecido, era um homem muito grande e respeitado pelas tropas sob o seu comando, estou convicto que, se mais houvesse oficiais da sua estirpe, o rumo dos acontecimentos por todos conhecido teria outro desfecho.
[editor, ex.-fur mil armas pesadas inf, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71]
Meu caro Mário, eu costumo dizer o mesmo em relação ao único oficial superior que saiu "uma vez" (!), comigo no mato, o ten cor inf Polidoro Monteiro, comandante "imposto" por Spínola ao BART 2917, ainda no decurso dos primeirso meses de comissão, em finais de 1970 ou princípios de 1971, se não erro,
E eu conheci dois batalhões (BCAÇ 2852 e BART 2917)...
Mas não gostaria de generalizar, como tu generalizas... A nossa experiência foi muito limitada, eu conheci um ou dois setores na zona keste (L1, L2...), não mais. Há camaradas que nem isso, conheceram apenas o seu subsetor onde estiveram em quadrícula...
Entendo o teu elogio ao então ten cor Agostinho Ferreira, que de resto é partilhado por mais camaradas nossos... Também partilho do teu ceticismo em relação à nossa "elite militar", mas não faço juízos de valor... A minha experiência é limitada e não gostaria de ser injusto em relação à generalidade dos nossos comandantes, operacionais ou não...
A guerra arrastou-se por demasiado tempo (1961/74) e, em boa verdade, havia pouco entusiasmo em morrer pela Pátria no ultramar...
Muitos destes homens já morreram ou estão na fase terminal das suas vidas... É verdade que nem todos mereceram o nosso respeito e admiração... Mas a guerra acabou há 40... E nós falamos, hoje, sobretudo de nós, das "cenas" em que fomos atores ou protagonistas... É verdade, é raro, no nosso blogue haver um elogio rasgado, sincero, a um comandante de batalhão... Porquê ?
E eu conheci dois batalhões (BCAÇ 2852 e BART 2917)...
Mas não gostaria de generalizar, como tu generalizas... A nossa experiência foi muito limitada, eu conheci um ou dois setores na zona keste (L1, L2...), não mais. Há camaradas que nem isso, conheceram apenas o seu subsetor onde estiveram em quadrícula...
Entendo o teu elogio ao então ten cor Agostinho Ferreira, que de resto é partilhado por mais camaradas nossos... Também partilho do teu ceticismo em relação à nossa "elite militar", mas não faço juízos de valor... A minha experiência é limitada e não gostaria de ser injusto em relação à generalidade dos nossos comandantes, operacionais ou não...
A guerra arrastou-se por demasiado tempo (1961/74) e, em boa verdade, havia pouco entusiasmo em morrer pela Pátria no ultramar...
Muitos destes homens já morreram ou estão na fase terminal das suas vidas... É verdade que nem todos mereceram o nosso respeito e admiração... Mas a guerra acabou há 40... E nós falamos, hoje, sobretudo de nós, das "cenas" em que fomos atores ou protagonistas... É verdade, é raro, no nosso blogue haver um elogio rasgado, sincero, a um comandante de batalhão... Porquê ?
Por outro lado, justa ou injustamente, Spínola será recordado, no meu tempo (1969/71) por ser um comandante "justiceiro" e até "populista", aparentemente implacável para com os seus subordinados, nomeadamente os oficiais superiores, tenentes coroneis e majores, que ele considerava laxistas, incompetentes, que mal tratavam os seus homens ou não se preocupavam com o seu bem-estar, que eram operacionalmente inaptos, etc.
Em que medida isto afectou o "moral" das tropas ? Ou subverteu a disciplina militar ?
Em que medida isto afectou o "moral" das tropas ? Ou subverteu a disciplina militar ?
Acho que podemos abrir um nova série: o que eu proponho é que se fale, aqui, dos comandantes de batalhão que cada um de nós conheceu no TO da Guiné, mal ou bem...
Ora aqui está um bom tema de dissertação e discussão... Já não falo do Com-chefe (Schulz, Spínola, Bettencourt Rodrigues)... Esse, era como um deus, ncessariamente longe e distante. Mas o "comandante de batalhão", esse, pelo menos viajou connosco no mesmo navio, esteve no mesmo setor (nem sempre) e uma vez ou outra visitou-nos (no nosso subsetor)...
Camaradas, procurando ser justos e objetivos, que lembranças têm do vosso "tenente coronel" ? Ainda se lembram, ao menos, do nome dele ? Nalguns casos, deu-nos um louvor ou uma "porrada"..
Vamos falar do conhecemos, não do que ouvimos dizer... Toda (ou quase toda) a gente teve um batalhão ou este adiada a um batalhão,,, Deixemos agora o Spínola em paz, lá no Olimpo dos guerreiros bem como o interminável debate sobre a guerra ganha/guerra perdida... Se puderem mandem fotos dos vossos comandantes, melhor ainda...
(iii) Jorge Teixeira (Portojo)
[ex-fur mil do Pelotão de Canhões
S/R 2054, Catió, 1968/70]
Dois pontos sobre os comentários do Luís: Quantos de nós conheceram oficiais superiores ? Mesmo os que foram incluindos em Batalhãos, provavelmente conheceream o seu comandante apenas nas despedidas.
Pessoalmente, com o meu pelotão, estive adido às CCS de dois Batalhões, o 1913 e o 2865. A minha opinião sobre os dois comandantes está resumida em uma ou outra publicação no blogue. (Há um segundo comandante no 2865, e a minha opinião sobre ele também está referida. Infelizmente, já faleceu. Podem ler a sua biografia nor portal Ultramar Terraweb,.
Mas nada que tenha a ver com operacionalidade. Nunca tive acesso a "segredos". As minhas opiniões são sobre a parte humana. E, tanto quanto me pareceu, e hoje ainda mantenho, ambos eram dominados pelos segundos comandantyes. Por várias razões.
O segundo ponto, tem a ver com o Spínola. Na realidade era comum ouvir-se na caserna, "faço queixa ao Spínola". Não sei se algum, alguma vez, o fez.
Pessoalmente assisti a uma cena degradante e patética do Senhor General, precisamente com o Senhor Comandante (o primeiro, Belo de Carvalho) do 2865, que lhe valeu um castigo. Era uma pessoa muito querida entre o pessoal. Sei que chegou a Comandante da EPA que exercia aquando do 25 de Abril.
Pelo comunicado dos militares "revolucionários" da EPA, que pode ser lido em 25 de Abril - Base de Dados Históricos, parece que o estigma da Guiné lhe ficou sempre preso no corpo.
O mito Spínola, para mim, nunca existiu. Nunca gostei dele como pessoa nem como militar. Muito menos como político.
Como seria a Guiné sem ele ? Não faço ideia nenhuma.
Como me comentou o Luís em tempos, oficiais de Cavalaria nunca gostaram de outras armas. Não terão sido estas as palavras, mas não ando longe.
[ex-alf mil inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72)]
Dos meus 17 meses em Buba na CCaç 2616, pertencente ao BCAÇ 2892, comandado pelo Tenente Coronel Agostinho Ferreira, recordo sobretudo as boas referências de todos os camaradas em relação às relações cordiais e ao tratamento correto que tinha com todos.
Ora aqui está um bom tema de dissertação e discussão... Já não falo do Com-chefe (Schulz, Spínola, Bettencourt Rodrigues)... Esse, era como um deus, ncessariamente longe e distante. Mas o "comandante de batalhão", esse, pelo menos viajou connosco no mesmo navio, esteve no mesmo setor (nem sempre) e uma vez ou outra visitou-nos (no nosso subsetor)...
Camaradas, procurando ser justos e objetivos, que lembranças têm do vosso "tenente coronel" ? Ainda se lembram, ao menos, do nome dele ? Nalguns casos, deu-nos um louvor ou uma "porrada"..
Vamos falar do conhecemos, não do que ouvimos dizer... Toda (ou quase toda) a gente teve um batalhão ou este adiada a um batalhão,,, Deixemos agora o Spínola em paz, lá no Olimpo dos guerreiros bem como o interminável debate sobre a guerra ganha/guerra perdida... Se puderem mandem fotos dos vossos comandantes, melhor ainda...
(iii) Jorge Teixeira (Portojo)
[ex-fur mil do Pelotão de Canhões
S/R 2054, Catió, 1968/70]
Dois pontos sobre os comentários do Luís: Quantos de nós conheceram oficiais superiores ? Mesmo os que foram incluindos em Batalhãos, provavelmente conheceream o seu comandante apenas nas despedidas.
Pessoalmente, com o meu pelotão, estive adido às CCS de dois Batalhões, o 1913 e o 2865. A minha opinião sobre os dois comandantes está resumida em uma ou outra publicação no blogue. (Há um segundo comandante no 2865, e a minha opinião sobre ele também está referida. Infelizmente, já faleceu. Podem ler a sua biografia nor portal Ultramar Terraweb,.
Mas nada que tenha a ver com operacionalidade. Nunca tive acesso a "segredos". As minhas opiniões são sobre a parte humana. E, tanto quanto me pareceu, e hoje ainda mantenho, ambos eram dominados pelos segundos comandantyes. Por várias razões.
O segundo ponto, tem a ver com o Spínola. Na realidade era comum ouvir-se na caserna, "faço queixa ao Spínola". Não sei se algum, alguma vez, o fez.
Pessoalmente assisti a uma cena degradante e patética do Senhor General, precisamente com o Senhor Comandante (o primeiro, Belo de Carvalho) do 2865, que lhe valeu um castigo. Era uma pessoa muito querida entre o pessoal. Sei que chegou a Comandante da EPA que exercia aquando do 25 de Abril.
Pelo comunicado dos militares "revolucionários" da EPA, que pode ser lido em 25 de Abril - Base de Dados Históricos, parece que o estigma da Guiné lhe ficou sempre preso no corpo.
O mito Spínola, para mim, nunca existiu. Nunca gostei dele como pessoa nem como militar. Muito menos como político.
Como seria a Guiné sem ele ? Não faço ideia nenhuma.
Como me comentou o Luís em tempos, oficiais de Cavalaria nunca gostaram de outras armas. Não terão sido estas as palavras, mas não ando longe.
(iv) Francisco Baptista:
Era também falado por ser um comandante que algumas vezes saia com os seus homens e por ser um bom estratega militar. Eu poucas vezes estive com ele, talvez duas vezes em Aldeia Formosa e não sei se alguma vez em Buba, pois não me lembro se deslocar lá. Mas sei que era um homem admirado e estimado por todo o batalhão e pelas companhias independentes que estavam sob o seu comando.
Eu estou mais de acordo com o Luís Graça, do que com o Mário Pinto, acho que por muito bons que fossem os chefes militares, a guerra estava perdida no plano político internacional, pois tinhamos a ONU contra nós e grandes países do leste e ocidente a ajudar os movimentos de libertação.
Pela recordação que tenho do Tenente-Coronel Agostinho Ferreira, sendo um militar que não virava as costas ao perigo, não se dava ares de guerreiro como o major de operações Pezarat Correia, ou o próprio General Spinola, o homem do monóculo e do pingalim. Tenho duvidas se ele acreditaria numa vitória militar.
Foi um bom homem. Paz à sua alma!
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Nota do editor:
(*) 6 de juho de 2014 > Guiné 63/74 - P13368: Recordando o BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71) comandado pelo ten cor Agostinho Ferreira, o "metro e oit" (Luís Nascimento, Viseu)
Marcadores:
BART 2865,
BART 2917,
BCAÇ 2892,
BCAÇ 2898,
Comandantes de batalhão que eu conheci,
Francisco Baptista,
Jorge Teixeira (Portojo),
Luís Graça,
Mário Pinto
Guiné 63/74 - P13368: Recordando o BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71) comandado pelo ten cor Agostinho Ferreira, o "metro e oito" (Luís Nascimento, Viseu)
Interessante composição do nosso camarada Luís Nascimento, tendo por base o galhardete do BCAÇ 2879. Um "recuerdo", diz ele.
Foto: © Luís Nascimento (2014). Todos os direitos reservados
Foto: © Luís Nascimento (2014). Todos os direitos reservados
1. Mensagem de Luís Nascimento, ex-1º cabo cripto da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71), que vive em Viseu, e é nosso grã-tabanqueiro:
Data: 10 de Maio de 2014 às 19:29
Assunto: Recuerdos
Amigo Luis Graça,
Em Canjambari, estva a minha companhia, a CCaç 2533, adida ao BCAÇ 2879. Era comandada pelo Capitão Sidónio Ribeiro da Silva.
Luis Nascimento
Junto envio um galhardete do Batalhão de Caçadores 2879, comandado pelo Tenente Coronel [Manuel] Agostinho Ferreira (o "metro e oito") (*), e cujas as companhias 2547, 2548 e 2549 estiveram em Cuntima do Norte, Jumbémbém e Nema, respetivamente, e a CCS em Farim. A CCAÇ 2549 era comandanda pelo cap inf Vasco Lourenço.
Em Canjambari, estva a minha companhia, a CCaç 2533, adida ao BCAÇ 2879. Era comandada pelo Capitão Sidónio Ribeiro da Silva.
Abraço,
Luis Nascimento
Ten cor inf Manuel Agostinho Ferreira (*), comandante do BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71) e do BCAÇ 2892 (Aldeia Formosa, 1969/71), popularmente conhecido como o "metro e oito". Faleceu em 2003, com o posto de major general. Foto de Mário Pinto.
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Nota do editor:
(*) vd. poste de 18 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10399: As Nossas Tropas - Quem foi quem (10): Ten Cor Manuel Agostinho Ferreira, o "metro e oito", comandante do BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71) e BCAÇ 2892 (Aldeia Formosa, 1969/71) (Paulo Santiago / Carlos Silva / Manuel Amaro)
Esta postura do nosso comandante que, por um lado, era altamente louvável, por outro incutia na rapaziada uma confiança que fazia ultrapassar o medo que porventura existisse. Tal atitude granjeou-lhe da nossa parte uma grande simpatia e admiração que ainda hoje se faz sentir e há-de perdurar ao longo dos tempos até ao último sobrevivente do Batalhão. expressão de tal sentimento resulta bem claro nos almoços de confraternização do Batalhão" (...) (Carlos Silva)
sábado, 5 de julho de 2014
Guiné 63/74 - P13367: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte I: Distribuição da população e dispositivo das NT e do IN no setor L1
Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > 1970 > Uma excelente foto aérea do quartel e posto adminidtrativo de Bambadinca, tirada de heli AL III, do lado da pista (e do campo de futebol)... Ao fundo, vê-se uma parte da extensa bolonha de Bambadinca.
Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: L.G.]
1. O António Duarte, ex-fur mil da CART 3493 / BART 3873, Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972/74), esteve também na CCAÇ 12 (em 1973/74) [foto atual à esquerda,].
O António Duarte é um membro sénior da nossa Tabanca Grande, acompanha-nos, pelo menos, desde 11/5/2006, mas sempre com grande discrição. Economista, é quadro superior bancário, refoirmado, e tem participado ativamenmte, nos últimos tempos, na formação de quadros bancários em Angola. Encontrámo-nos em novembro passado no aeroporto de Lisboa a caminho de Luanda, onde fomos no mesmo avião da TAP.
Teve a gentileza de me mandar uma cópia, em pdf, da história do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74), que veio render o BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), o qual por sua vez substituiu o primeiro batalhão ao qual o pessoal da CCAÇ 12 esteve adido como subunidade de intervenção (BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70).
Temos trocado impressões um com o outro não só sobre a "nossa" CCAÇ 12 (, ele pertenceu à 3ª geração de quadros da CCAÇ 12, de 1973/74, de rendição individual, e eu à primeira, 1969/71) como sobre o BART 3873. O António Duarte participou em operações como a Op Trampolim Mágico. Comprometeu-se, há dias, a escrever alguns apontamentos sobre esta dramática operação, logo que venha de Luanda para onde parte este sábado.
Da história desta unidade, o BART 3873, vamos selecionar e publicar alguns excertos com informação relevante não só para os camaradas (e são muitos!) que estiveram no importante setor L1 (a porta de entrada da zona leste) como para os muitos mais que por lá passaram, vindos de LDG (de Bissau até ao Xime ou até Bambadinca) a caminho dos restantes setores do leste: L2 (Bafatá), L3 (Nova Lamego), L4 (Piche), L5 (Galomaro) e L6 (Pirada).(LG)
2. BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) > História da Unidade > Cap II > pp. 1-7 + mapas 1, 2, 3 e 4
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