quarta-feira, 24 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14791: Agenda cultural (413): "Guiné-Bissau: Biodiversidade, desenvolvimento e cooperação", audição pública promovida pelo Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Guiné Bissau: Lisboa, Assembleia da República, sala do Senado, 6ª feira, 26, 14h30-18h: sessão de livre acesso.



1. Fomos alertados, ontem, por um mail da nossa amiga Catarina Gomes,  jornalista do "Público", para a audição pública sobre a Guiné Bissau que se vai realizar na nossa assembleia da república, na sala do senado, no dia 26, sexta.feira, com  início às 14h30.

O tema é "Guiné-Bissau: Biodiversidade, desenvolvimento e cooperação".

Trata-se de um sessão de livre acesso (ou seja, aberta todos aqueles  que queiram assistir),  promovida pelo Grupo Parlamentar de Amizade Portugal - Guiné Bissau (de que  é presidente  a deputada Catarina Martins,  do Bloco de Esquerda; vd. abaixo a composição deste grupo parlamentar, onde se inclui o nosso grã-tabanqueiro, Arménio Santos, deputado do PSD).

Reproduz.se acima o programa existente (provisório) que  inclui: (i) abertura pela Presidente da Assembleia portuguesa (que visitou recentemente a Guiné-Bissau,  entre 16 e 19 deste mês); (ii)  projeção de  dois pequenos documentários; (iii)  intervenções de representantes do Instituto Camões, do projeto Casa dos Direitos da Guiné.-Bissau  e da Plataforma das ONGD portuguesas;  (iii) dois momentos de debate; e (iv) encerramento.

Além dum representante da embaixada da Guiné-Bissau, está prevista a presença de: (i) representante da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau; (ii) director da ONGD Tiniguena, Miguel Barros; e (iii) director do IBAP de Bissau, Alfredo Silva.

Para os organizadores, no momento em que se está a finalizar o programa de cooperação entre Portugal e a Guiné - Bissau para os próximos anos,  é importante que esta sessão  tenha uma divulgação alargada e conte com uma  presença significativa de pessoas interessadas,  guineenses e  portugueses, amigos da Guiné-Bissau.







____________________

Nota do editor;

Último poste da série > 21 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14779: Agenda cultural (410): Conferência Glória e Martírio do Corpo Expedicionário Português (1914-1918), no âmbito do Ciclo de Conferências de 2015, que se realizará no dia 26 de Junho, pelas 21h30, no Museu Bernardino Machado, em Vila Nova de Famalicão

Guiné 63/74 - P14790: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte II: Ao serviço do BART 1904 (de maio a setembro de 1968) e do BCAÇ 2852 (de outubro de 1968 a fevereiro de 1970)



Guiné > Zona leste > Sertor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70)  >  Não, não é chegada do pessoal do Pel Rec Daimler 2046, vindo do Xime (onde desembarcou da LDG 101, Alfange, em 7 de maio de 1968) (*)... É sim o adeus a Bambadinca, depois de terminada a comissão, em fevereiro de 1970...

O BCAÇ 2852 vai terminar a sua comissão três meses depois, em maio de 1970, tendo sido rendido pelo BART 2917 (1970/72)... Por sua vez, o Pel Rec Daimler 2046 é rendido pelo Pel Rec Daimler 2, comandao pelo nosso camarada e velho amigo J. L. Vacas de Carvalho.

A coluna auto segue para o Xime, que fica(va) a sudoeste de Bambadinca... Havia aqui um cruzamento, com duas direções: esta, que vemos na foto,  ia para sudoeste, ou seja,  a estrada Xime-Bambadinc, que se apanhava no final da pista de aviação, tendo à esquerda o cemitério de Bambadinca com a sua fiada de poilões (e um muro, branco, visível na imagem),  e à direita, a pista,  o heliporto, o aquartelamento, o arame farpado.

O quartel tinha duas entradas e saídas: (i) esta, a sudoeste (ligando ao Xime); e outra a  sul (ligando a Mansambo, Xitole e Saltinho); e (ii) uma outra, no outro extremo,  a nordeste (ligando ao Rio Geba e  a Bafatá).


Guiné > Zona leste > Sertor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Fevereiro de 1970 > Partida do Pel Rec Daimler 2046, com destino ao Xime, para apanhar a LDG para Bissau, uma vez terminada a comissão no setor L1.


Guiné > Zona leste > Sertor L1 > Bambadinca  > s/d (c. 1968/69) > Aspeto parcial do quartel de Bambadinca. vista do lado sudoeste... Pista de aviação, heliporto, arame farpado e campo de futebol e instalações do pessoal da CCS...



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > s/d (c. 1968/69) > Aspeto parcial do quartel de Bambadinca,  vista do lado sudoeste...  Porta de armas,  posto de vigia, e à direita o edifício do comando, instalações de oficiais e sargentos... O aquartelamento (e posto administrativo) ficava num promontório, sobranceiro à grande bolanha de Bambadinca (à direita).



Guiné > Zona leste > Sertor L1 > Bambadinca >  (s7d (c. 1968/70)>   O centro do quartel de Bambadinca: o mastro bandeira, os memoriais das unidades e subunidades que por lá passaram, a escola oficial (que tinha uma professora branca, oriunda de Cabo Verde, a Dona Violeta, solteira, que vivia com a mãe)... Do lado da direita da escola, ficavam outras instalações civis do posto administrativo:  a casa do chefe de posto, o edifício dos CTT... À esquerda, no mesmo enfiamento, ficava a capela. De maio a setembro de 1968, o Pel Rec Daimler 2046 esteve adido ao BART 1904 e, a partir de setembro de 1968 a fevereiro de 1970, ficou adido ao BCAÇ 2852.



Guiné > Zona leste > Sertor L1 > Bambadinca >  s/d (c. 1968/69) >   O mastro  da bandeira, os memoriais das unidades e subunidades que por lá passaram, a escola oficial ... No telhado da escola, podia ler-se "Bambadicna", embora já com a tinta muito desbotada, 



Guiné > Zona leste > Sertor L1 > Bambadinca >  s/d (c. 1968/69)   > Uma vista da tabanca de Bambadinca, entre o quartel, o posto administrativo e o rio Geba.  A rua principal, que atrevessava a povoação (e quartel), fazia ligação à estrada (alcatroada) para Bafatá... Era a "autoestrada!" do leste que depois, com os anos há-de chegar a Nova Lamego, Piche e até à fronteira... Na imagem, vê o Jaime Machado, no alto do depósito de água (?) que ficava à esquerda da escola.



Guiné > Zona leste > Sertor L1 > Bambadinca >  s/d (c. 1968/69)  > Escolta a uma coluna na estrada Bafatá/Nova Lamego


Guiné > Zona leste > Sertor L1 > Bambadinca >  s/d (c. 1968/69)   > O memorial que o Pel Rec Daimler 2046 (1968/70) deixou em Bambadinca: desembarcou no cais fluvial do Xime no dia 7 de maio de 1968, tendo seguido em coluna auto até Bambadinca onde ficou ao serviço do comando do BART 1904 (Bambadinca, maio /setembro 68) e depois do BCAÇ 2852 (Bambadinca, outubro 68/fevereiro 70).

Fotos (e legendas): © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Jaime Machado, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70). Vive em Senhora da Hora, Matosinhos. Era (e é ainda hoje) alto e magro. As bajudas chamavam-lhe o "alfero fininho".

O pessoal do Pel Rec Daimler 2046, num total de 14 elementos, veio de LDG [101, Alfange], de Bissau até ao Xime, no dia 7 de maio de 1968, tendo seguido em coluna auto até Bambadinca onde ficou ao serviço do comando do BART 1904 (Bambadinca, maio /setembro 68) e depois do BCAÇ 2852 (Bambadinca, outubro 68/fevereiro 70).


II - ACTIVIDADE NO CTIG

O Pelotão Rec Daimler 2046 iniciou a sua atividade na província  da Guiné como subunidade adida ao BART 1904, em Bambadinca, onde se manteve durante toda a sua comissão (que vai terminar em fevereiro de 1970)

Além de inúmeras acções de patrulhamento e escolta em todos os itinerários do setor L1, que seria descabido mencionar num resumo deste tipo, realizou esta subunidade as seguintes ações:

JUNHO 1968

Op  Gordote

Iniciada em Ø5Ø3ØØ, com a duração de Ø6 horas e com a finalidade de efectuar cerco e rusga à tabanca de Mero. Tomaram parte na operação o Pel Caç Nat 63, Pel rec / CCS / BART 1904 e Pel Rec Daimler 2046


Op Bate Dentro

Iniciada em Ø916ØØ, com a duração de 3 dias e com a finalidade de efetuar ataque e destruição de objetivos na região de Poindon. Tomaram parte na operação a CART 2339 [Mansambo] a 4 Gr Comb,  CCAÇ 2383 a 4 Gr Comb,  CART 2384 a 4 Gr Comb, Pel Caç Nat 53, Pel Rec Daimler 2046 e Pel Art [ou Pel Mort 1192?].

O Pel Rec Daimler 2046  foi integrado no destacamento D que teve a seguinte actuação: saiu do Xime pelas Ø53Ø do dia D, deslocando-se pela estrada do Ponta do Inglês e foi emboscar-se junto da junção do trilho de Gundagué, ponto de passagem obrigatório para os elementos IN de Buruntoni que pretendam flagelar o aquartelamento do Xime, e local ideal para emboscar as NT que recolham de operações. Protegeu-se a última parte do regresso dos Dest A, B, e C, tendo recolhido em último lugar.

Op Garboso

Iniciada em 2111ØØ, com a duração de 36 horas e com a finalidade de efectuar patrulhamento e contacto com as populações e pesquisa de notícias na região de Binafa - ponto de encontro com as forças do BCAV 1905. Tomaram parte na operação o Pel Caç Nat 63 e Pel rec Daimler 2046.  A população recebeu bem as NT. Não foram vistos vestígios IN. Contactada patrulha do BCAV 1905.


JULHO 1968

Op Gôndola

Iniciada em 13Ø6ØØ, com a duração de 2 dias e com a finalidade de contactar com as populações, no regulado de Sul Binafa-Padada. Tomou parte na operação o Pel rec Daimler 2046. Sem contacto nem vestígios,  a população recebeu bem as NT.

Op Gargalo

Iniciada em 21Ø63Ø, com a duração de 1 dia e com a finalidade de contactar com as populações, controle de armamento e Serviço de  Saúde, nas tabancas da região de Cossé. Tomaram parte na operação o Pel Mort 1192 e Pel Rec Daimler 2046. Sem contactos nem vestígios.

SETEMBRO 1968

Durante este mês efectuou-se a rendição do BART 1904,  passando esta subunidade, o Pel Rec Daimler 2046,  a ficar adida ao BCAÇ 2852.

(Continua)

PS1 - O Pel Mort 1192 esteve em Bambadinca, de maio de 1967 a março de 1969.  O BART 1904 esteve em Bissau (jan 67/fev 68) e Bambadinca (fev 68 /out 68).

O Pel Rec Daimler 2046 foi antecedido pelo Pel Rec Daimler 1133 (Fá Mandinga, ago 66 / Bambadinca, Fá nov 66 / mai 68). E rendido pelo Pel Rec Daimler 2206, cde fev 70 a dez 71 (**), comando pelo nosso camarada e amigo alf mil cav J. L. Vacas de Carvalho. As viaturas, velhinhas, iam ficando de pelotão para pelotão... E cada vez mais inoperacionais, por problemas de mecânica e de manutenção...

PS2 - Segundo informação dada pelo Jaime Machado, ele nunca chegou a ir ao aquartelamento de Mansambo (em construção, em 1968) nem muito menos ao Xitole e ao Saltinho. Em contrapartida, foi a Galomaro (onde ainda não havia tropa, era uma povoação em autodefesa) e a Dulombi. Ia a Bafatá, com frequência e foi uma vez de férias à metrópole. Perguntei-lhe por curiosidade o que era feito do seu antigo 2º srgt José Claudino Fernandes Luzia que em 29/9/1969 foi evacuado para o HMP não tendo sido substituído... Tivemos uma conversa "off record",,,

Entretanto, encontrei na Net uma referência ao seu nome, no blogue Cavaleiros do Norte [, "Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona"]... Estava à beira dos 79 anos em outubro de 2012,  tinha passado por Lanceiros 2, na Polícia Militar,  e reformou-se 1987 como sargento mor de cavalaria:

(...) "O 1º. sargento [José Claudino Fernandes] Luzia foi responsável pela secretaria da CCS do BCAV 8423 e louvado pelos «serviços prestados na RMA», que, segundo o Livro da Unidade, «merecem ser realçados e destacados em louvor público». O louvor sublinha-lhe «a maior lealdade, aprumo e correcção» e os serviços da maior responsabilidade que exerceu, «sempre se manifestando excepcionalmente competente e trabalhador», nas suas «delicadas missões» por terras do Quitexe, Carmona e Luanda". (...)

______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 21 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14775: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte I: Partidas e chegadas

Vd. também 22 de junho de  2015 > Guiné 63/74 - P14784: Fotos à procura de... uma legenda (55): a arte bem lusitana de viajar em LDG - Lancha de Desembarque Grande

(**) Vd. poste de 27 de agosto de  2008 > Guiné 63/74 - P3151: Unidades sediadas em Bambadinca entre 1962 e 1974 (Benjamim Durães)

Guiné 63/74 - P14789: Parabéns a você (926): António Branco, ex-1.º Cabo Reab Mat da CCAÇ 16 e Vasco Joaquim, ex-1.º Cabo Escriturário do BCAÇ 2912 (Guiné, 1970/72)


____________

Nota do editor

Último poste da série de 23 de Junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14785: Parabéns a você (925): João Carvalho, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 5 (Guiné, 1973/74)

terça-feira, 23 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14788: Efemérides (193): O Dia da Consciência, 17 de junho de 2015, celebrado em Lisboa: sessão de homenagem a Artistides de Sousa Mendes, por ocasião dos 75 anos da sua decisão histórica (1940-2015) - Parte II



Vídeo (10' 02''). Alojado em You Tube > Luís Graça

Lisboa > Centro Cultural Franciscano > Largo da Luz > 21h > 17 de junho de 2015 > Dia da Consciência > Homenagem a Aristide de Sousa Mendes >  Intervenção do  jornalista Joaquim Franco.





Vídeo (10' 57''). Alojado em You Tube > Luís Graça

Lisboa > Centro Cultural Franciscano > Largo da Luz > 21h > 17 de junho de 2015 > Dia da Consciência > Homenagem a Aristides de Sousa Mendes > Comunicação do nosso camarada João Crisóstomo, lida pela dra. Mariana Abrantes (membro do conselho de administração, Aristides de Sousa Mendes Foundation, USA; o João integra, por sua vez, o National Advisory Council  desta fundação, contacto: Sousa Mendes Foundation,  PO Box 4065, Huntington, NY 11743, telephone: 206-426-5951).




Lisboa > Centro Cultural Franciscano > Largo da Luz > 21h > 17 de junho de 2015 > Dia da Consciência > Homenagem a Aristide de Sousa Mendes > Exposição documental

Vídeos e fotos: © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados.



Um dos vistos passados pelo consulado português de Bordéus, com data de 19 de junho de 1940. Tem a assinatura do secretário do consulado, José Seabra, Não se sabe com rigor quanto vistos forsm concedidos por ordem de Aristides de Sousa Mendes. Fala-se em 30 mil, um terço dos quais para judeus.

Fonte: Cortesia de Wikipedia (versão inglesa).

Guiné 63/74 - P14787: Manuscrito(s) (Luís Graça) (59): Lisboa, Mouraria, Rua do Benformoso

Rua do Benformoso

por Luís Graça (*)


Na Rua do Benformoso
já não manda o Intendente,
a rua agora
é da gente
que lá mora.

Passa um miúdo, preto,
com um saco de pão
na mão,
é o moço de recados
do restaurante onde cheira
a especiarias da Índia.

Diligente e esperto,
voluntarioso,
não nos parece que seja
um sem eira nem beira,
nem muito menos um potencial terrorista do estado islâmico,
diz o  relatório do chefe da esquadra policial.


Há talhos halal
pela rua abaixo,
e gente, rua acima,
que veio dos Himalaias
na última arca
de Noé.

Nas praias
do Tejo,
naufragam barcos de escravos,
uns são do marquês,
outros do patriarca,
mas a maior parte são propriedade
d'el-rei, sua majestade,
senhor de aquém e de além-mar.
Os outros, para aí uns três,
perigososos, foragidos,
sem valor na bolsa de valores,
não valem vinténs, réis ou centavos, 
são de quem os apanhar,
mortos ou vivos,
nas ruelas e escadinhas da cidade.

Na rua do psst!, psst!,
não adianta clamar pela rainha,
que ela é louca,
e toda a energia é pouca,
para marchar,
p'ró pretinho e p'rá pretinha,

Agora a Mouraria é que é,
grita o último marchante
da avenida da Liberdade;
chegou tarde
e deixou p'ra trás a acompanhante.

Rua acima, rua abaixo,
formosa mas não segura,
vai a mulatinha da Guiné,
de balaio à cabeça,
e pano garrido à cintura,
ainda à espera 
do milagre de Santo António.

Pode o mundo ir a pique,
podem até enforcar
o Pina Manique,
não adianta lamentar,
na rua do Benformoso,
o Mali é já ali,
não se canta o fado,
muito menos a despique
com os da rua do Capelão.

Vão à sopa dos pobres
até os das casas nobres,
caídos na pobreza, 
e agora merceeiros
da santa casa da misericórdia.

Se não há pão, 
não há concórdia,
mas a rua do Benformoso
é que é,
diz o antigo fuzileiro
lá nado e criado,
o “Mouraria”, 
hoje na casa dos quarenta:
andou nas guerras da Crimeia
ao serviço da Nato,
arranjou ao comandante um berbicacho,
foi apanhado a mijar na pia 
de água benta 
da mesquita azul
em Istambul;
estava bêbedo que nem um cacho.


O que nos salva é a fé,
e o que nos resta... do pé de meia;
daqui ninguém arreda pé,
mesmo em caso de haver peste
(de que Deus nos livre!, 
e, se tiver que ser, 
que Ele nos ajude!),
garante o guarda-mor
da porta da senhora da saúde.

A rua do Benformoso, agora
é de quem lá passa,
com mais jeito ou menos graça,
ou de quem lá namora,
ou muito simplesmente
de quem por lá se demora.


Lisboa, Largo do Intendente, 
Festival Lisboa Mistura 2015, 19/6/2015





Lisboa, Largo do Intendente > 19 de junho de 2015 > Mural da campanha Unidos pelo Fim da MGF [Mutilação Genital Feminina], projeto da APF - Associação para o Planeamento da Família.

O Mural END FGM foi criado pelos artistas Fidel Évora e Tamara Alves no âmbito da campanha europeia END FGM, que advoga a atuação enérgica do Parlamento Europeu na erradicação da Mutilação Genital Feminina (MGF) na Europa e no Mundo. 

A apresentação, em julho de 2014,  contou com os testemunhos de Aissato Djaló, Projeto Musqueba, e de Duarte Vilar, Diretor Executivo APF [, e irmão do nosso malogrado camarada, cap cav Luis Rei Vilar, comandante da CCAV 2538 / BCAV 2876, unidade de quadrícula de Susana (1969/71)].



Lisboa, Mouraria > Rua do Benformoso  > 19 de junho de 2015 > Uma habitante local, à janela... (Muitas das casas têm as paredes exteriores a azulejos oitocentistas,  como esta; a 100 metros , no largo do Intendente, fica a antiga e famosíssima Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego, fundada em 1849 (e que ajudou a fazer de Lisboa a cidade do azulejo).


Lisboa, Mouraria, eixo Praça Martim Moniz / Rua da Palma / Largo do Intendente  > 19 de junho de 2015 > A zona mais multiétnica da cidade. Sabe-se que entre os habitantes da Mouraria, para aalém dos nativos.   há mais de meia centena de etnias,  com origem na Ásia, África, Europa de leste e "Novo Mundo"... É um bairro histórico fascinante que importa conhecer, acarinhar e divulgar... Dicas podem ser encontradas aqui na página da associação Renover a Mouraria.


Lisboa, Praça do Martim Moniz  > 19 de junho de 2015 > "Sem bandeiras nem fronteiras", um slogan "anarquista".

Fotos (e legendas): © Luís Graça  (2015). Todos os direitos reservados.
______________

Nota do editor:

Último poste da série > 29 de maio de 2015 > Guiné 634/74 - P14677: Manuscrito(s) (Luís Graça (58): Cais de partida(s): Porto de Lisboa (Parte I): Gare Marítima de Alcântara: os painéis de Almada Negreiros

Guiné 63/74 - P14786: Convívios (693): 30º Encontro da CART 3494, 13 de Junho de 2015, RA-5 (Sousa de Castro)


1. O nosso Camarada Sousa de Castro (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74), solicitou-nos a publicação do seguinte convite para o convívio anual da sua Unidade:


30º Encontro da CART 3494 levado a efeito no dia 13 de Junho de 2015 no RA-5 (Regimento Artilharia 5) ex. RAP-2 
= PARTE 1 =

No passado dia 13 de Junho a comissão responsável pelo evento, levou a efeito o 30º encontro-convívio da CART 3494 no ex. RAP 2, que passaram pela experiência amarga da Guerra na Guiné, comemorou-se 41 anos após a nossa chegada.

Foram 38 ex. combatentes que responderam à chamada num total de 63 presenças, verificou-se que, uns por razões pessoais não puderam estar presentes, outros nem disseram nada e ainda várias cartas devolvidas supostamente por moradas desconhecidas ou desactualizadas e números de telefone alterados ou não atribuídos.

Pelas 10,30 horas começaram a chegar os primeiros combatentes onde se denotava alegria expressa nos rostos pelo encontro de camaradas que á muito não se viam. 

Procedeu-se a actos de homenagem debaixo de chuva fraca mas certinha, junto do memorial aos combatentes falecidos em combate na guerra do Ultramar, com deposição de uma coroa de flores. A guarda de honra foi prestada por uma secção do Regimento de Artilharia 5.

Pelas 13,00 horas saímos em caravana auto para o local do almoço no Restaurante “Quinta da Paradela” onde foi servido um fantástico almoço.

Convivemos, recordamos Estórias vividas, revivemos peripécias, enfim!...

Pelas 18 horas foi o destroçar e até ao próximo ano, dizer ainda que o próximo encontro em 2016 ficou a cargo dos ex. soldados, António Júlio Peixoto e Manuel Guedes Ferreira que se realizará na zona de Espinho em Junho, na data antes ou depois do dia 10 como tem sido habitual.

Sousa de Castro, ex. 1º cabo radiotelegrafista da CART 3494

Algumas fotos: 


No Xime tínhamos 3 Obus iguais a este


Vista panorâmica do Porto


Regimento Artilharia 5, ex. RAP-2 


A alegria estampada nos rostos de:Vilela Peixoto, Alcides Castro e Manuel G. Ferreira 


Ex. TRMS Inf. Marinho, Armando Dias e Carmindo Silva  


 ASPECTO DO PESSOAL   


Memorial onde se vê o nome do ex. Fur. Milº morto em combate na Ponte Coli 


Secção da Guarda d’honra do RI-5 ex. RAP2, Vila Nova de Gaia 


MEMORIAIS


MEMORIAIS DA UNIDADE  


___________ 
Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em:  

Guiné 63/74 - P14785: Parabéns a você (925): João Carvalho, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 5 (Guiné, 1973/74)

____________

Nota do editor

Último poste da série de 22 de Junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14780: Parabéns a você (924): António José Pereira da Costa, Coronel de Art.ª Ref, ex-Alferes de Art.ª na CART 1692 (Guiné, 1968/69), ex-Capitão de Art.ª e CMDT das CART 3494 e CART 3567 (Guiné, 1972/74)

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14784: Fotos à procura de... uma legenda (55): a arte bem lusitana de viajar em LDG - Lancha de Desembarque Grande


Guiné > Rio Geba >  Fevereiro de 1970 > Viagem Xime-Bissau >  LDG 101 [Alfange]  > Foto nº 1 >  A LDG é a 101, "Alfange",  que estava   equipada  com duas peças Oerlikon de 20 mm...E entre outras tropas levava o pessoal do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70), que terminva a sua comissão no setor L1. Iria regressar à metrópole em abril de 1970, no mesmo T/T Niassa em que tinha vindo.


1. Para além, deste armamento (que metia algum respeitinho...), a tripulação da LDG costumava levar um morteirete 60 mm com que batia a orla da mata, na margem sul do rio Geba, entre a foz do Rio Corubal e a Ponta Varela, quando vinha de Bissau para o Xime (ou Bambadinca)... Estes eram os locais mais que prováveis, da margem sul do rio Geba,  para o IN desencadear ataques ou flagelações às nossas embarcações, quer civis quer militares...

Mas a pergunta é: para lá da tropa (exército), o que é que a LDG costumava levar mais, de Bissau até ao Xime  (ou, ao contrário, do Xime a Bissau) ? Ou até mesmo de Bissau a Bambadinca, nessa época, que as LDG também chegavam ao  porto fluvial de Bambadinca nessa época, em 1968... Há camaradas nossos que estiveram no leste que fizeram esta mesma viagem, mas que desembarcaram em Bambadinca, e não no Xime, tendo feito portanto o percurso, mais penoso, pelo Rio Geba Estreito, cheio de curvas e contracurvas (e entre elas, as do temível Mato Cão)....

Respondendo à pergunta, as LDG que navegavam no Geba,  levavam  tudo e mais alguma coisa... Tudo o que era preciso, à ida,  para um homem se instalara no "buraco" que lhe tido cabido em sorte... Como  não havia estradas para o leste, a grande via de comunicação com o leste era o Rio Geba... Homens e material iam e  vinham nas embarcações militares e civis...  Neste caso, a LDG - Lancha de Desembarque Grande foi posta ao serviço do exército, para transporte de tropas e material, muito mais vezes do que em operações anfíbias, com os fuzileiros...

Quando se amplia a foto, quando se faz o famoso "blow-up", dá para ver promenores insólitos... No bojo da LDG, na carga que é transportada, vé-se de tudo, desde canos de bazucas, espingardas G3. jericãs, cunhetes de munições, camas, colchões e outras peças de mobília, malas de viagem, sacos, viaturas, máquinas da engenharia, e até... uma cabra!...

Pela manhã, aproveitando a maré, estava a embarcação de saída do porto de Bissau... O calor e a humidade já eram insuportáveis pelo que os "piras" começavam, logo à saída do cais, a "avacalhar o sistema", ou seja, a infringir a disciplina, o decoro e a segurança militares... No caso da foto acima, já não "piras!" que vão para o mato, mas "velhinhos" que vão para Bissau... Daí a descontração e alguma... bagunça!

Nas fotos a seguir veem-se militares em tronco nu; outros aproveitam para matar o tempo (e aliviar a alguma tensão), sentando-se numa improvisada mesa de jogo, a jogar às cartas (?) e a beber ums bejecas... (Ainda não se usava o termo "bejeca")...  Em todo o caso, estava-se longe da ideia de "cruzeiro turístico", Geba acima, Geba abaixo...

Depois de falar ao telemóvel com o Jaime Machado, dissipara-me as dúvidas  quanto à data em que estas fotos foram tiradas... Não são da viagem Bissau-Xime (em 7 de maio de 1968), mas sim da  viagem de regresso, Xime-Bissau (em fevereiro de 1970). O Jaime comprou máquina fotográfica quando já estava no TO da Guiné. E costumava tirar "slides": com um rolo de 36 fotografias, fazia o dobro (72). O "slides" (de que ele tem cópia em papel devidamente legendada) foram convertidos em formato digital pelo nosso camarada Albano Costa, o fotógrafo de Guifões, vizinho do Jaime Machado... E temos que reconhecer que a qualidade em geral é muito boa!... Estes "slixdes" têm quase meio século de existência!



Foto nº 1 A


Foto nº 1 B


Foto nº 1 C


Foto nº 1 D 


Foto nº 1 E  


Foto nº 1 F


Guiné > Rio Geba >  Xime > LDD 101 "Alfange" >  Foto nº 2 > A LDG a abicar ao porto fluvial do Xime... O pessoal desembarcado, mais as bagagens e o armamento, seguiam depois em coluna auto para os seus destinos, mais a leste (Bambadinca, Bafatá, Nova Lamego, Piche, Pirada, etc.)...

Em 7 de maio de 1968, desembarcaram aqui, nesta ou noutra LDG,  os elementos que constituíam o Pel Rec Daimler 2046, comandado pelo alf mil cav Jaime Machado,  e colocado no setor L1 (Bambadinca). Vinte e dois meses depois, em fevereiro de 1970, terminada a comissão, os nossos camaradas de cavalaria voltavam apanhar a LDG, de regresso a Bissau onde, em abril de 1970, regressavam a casa, no T/T Niassa, de novo.


Foto nº 2 A


Foto nº 2 B

Fotos (e legendas): © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: LG] (*)



2. Amigos e camaradas, façam os vossos comentários, escrevam as vossas legendas (**)... Já vos dei o mote, ou algumas "dicas"... E a propósito, volto a citar o longo poema que em tempos escrevi, sobre a primeira (e sempre inesquecível, para um "periquito") viagem em LDG, que fiz em 2 de junho de 1969, de Bissau ao Xime, a caminho de Contuboel, sob o título "Por esse rio Geba acima… até ao eldorado", e que começa assim:

Como um cão apanhado na rede,
rosnavas tu, entre dentes,
nessa madrugada de 2 de junho de 1969,
no fundo de uma lata de uma LDG,
atracada ali ao lado do famigerado cais do Pidjiguiti,
entre fardos de colchões de espuma,
camas metálicas,
redes mosquiteiras,
trens de cozinha,
tendas, cacifos,
mesas, cadeiras,
cunhetes de munições,
viaturas Berliet e Unimog novinhas em folha,
velhas malas de viagem atadas com cordões,
homens esverdeados,
de farda engomada
e ar assustadiço,
pensando em minas anfíbias,
crocodilos,
hipopótamos,
setas envenenadas,
lanças ensanguentadas,
tambores de guerra,
caçadores de cabeças,
o grito do Tarzan,
ou nem sequer pensando em nada,
bêbedos de sono,
enjoados,
suados,
tirando dos bornais
as primeiras latas de Fanta e de Coca-Cola,
a água suja do imperialismo,
cliché de todos os Maios de 68 que não viveste…
Olha, Tite, olha, Porto Gole,
que, quando embrulham,