quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17801: Historiografia da presença portuguesa em África (93): a questão dos missionários católicos na Guiné (Armando Tavares da Silva, historiador)


Foto nº 1


Foto nº 1 A


Foto nº 1 B

Guiné < Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > Meninos cristãos, em dia de primeira comunhão, ao tempo da CCS/BCAÇ 2952 (1968/70). Foto do álbum do ex-fur mil rebastecimentos José Carlos Lopes, grã-tabanqueiro nº 604.

Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


1. Texto enviado pelo nosso amigo Armando Tavares da Silva, com data de 12 de agosto último

Caro Luís Graça,
Segue um texto sobre Missionários na Guiné para publicação no blogue. Se assim o entender, e para facilidade de publicação, pode dividir o texto em duas partes.
Abraço e bom período de férias
Armando Tavares da Silva



Missionários na Guiné

por Armando Tavares da Silva

[Foto à direita: Armando Tavares da Silva, membro da nossa Tabanca Grande, autor de “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)” (Porto: Caminhos Romanos, 2016, 972 pp.). ]

Os últimos textos do blogue relativos à recente presença de padres missionários na Guiné (*) levam-me a discorrer um pouco sobre esta questão no período de 1878 a 1926, e como sobre ela se pronunciaram alguns governadores. (**)

Assim, em Outubro de 1879 (portanto no mesmo ano em que a Guiné se separou administrativamente de Cabo Verde), o secretário-geral, que ficara encarregado do governo, enquanto o governador Agostinho Coelho se encontrava em Lisboa, escreve que o arquipélago dos Bijagós mantém “as melhores relações com Bolama onde estes ainda muito selvagens indígenas vêm fazer o seu pequeno comércio”. E acrescenta que nesta parte da Guiné se houvesse “mais alguns missionários, teriam estes em que se ocupar”.

Na mesma altura, em Lisboa, Agostinho Coelho, mencionando as necessidades da província referia, entre outras, a falta de padres e de objectos de culto, e relativamente ao problema da instrução pública, requisitava mil exemplares dos compêndios que serviam nas escolas de instrução elementar do reino. Mais tarde, em Março de 1880, o mesmo governador volta a mencionar a falta de padres, notando que na província só havia três “para uma tão vasta colónia”.

O problema da falta de missionários irá manter-se pois, em Junho de 1891, o secretário-geral Viriato Passalagua, que ficara encarregado do governo depois do governador Rogério dos Santos se ter retirado para Lisboa, no rescaldo dos acontecimentos de Bissau desse ano, escrevia ao ministro renovando a proposta já feita no ano anterior para o aumento na província de padres missionários.

Alguns anos mais tarde, em Janeiro de 1900, um outro governador, Herculano da Cunha, renovando um pedido já feito no ano anterior, pede que na Guiné seja estabelecida uma missão, tendo em acréscimo funções de educação elementar e ensino de ofícios, acrescentando ainda o pedido de envio de três padres para as paróquias de Buba, Geba e Farim.

Júdice Biker, que governara a Guiné entre 1900 a 1903, num relatório de Outubro de 1903 para o ministro, onde se refere novamente ao problema da missionação, e civilização do gentio, menciona que seria de grande alcance o estabelecimento de missões, sobretudo no território da Costa de Baixo, habitada por manjacos, mas acrescentando, “contanto que os missionários fossem bons e portugueses”. Não se sabe o que Biker entendia por um “bom missionário”, mas introduz uma restrição, que era o facto de deverem ser portugueses, levando a pensar que os estrangeiros não satisfariam aquele requisito! Teria tido alguma experiência que o levava a assim pensar?

Júdice Biker excluía daquele propósito o território dos fulas e mandingas, pois seguiam a religião muçulmana, que lhes falava melhor aos sentidos e à sensualidade, e que dificilmente abraçariam a religião cristã que é toda espiritual.

Júdice Biker fora o governador que, devidamente autorizado, pela primeira vez procedera à cobrança do imposto de palhota, numa extensa digressão realizada a cavalo e apenas acompanhado pelo seu ajudante de campo, por um médico, por um padre, e por “uma pequena música formada de garotos e regida pelo padre”. Iniciada a 14 de Janeiro de 1903 em Buba, só terminaria a 2 de Março em Geba, depois de percorridos 275 quilómetros. 

Durante essa digressão, o padre, cuja presença deverá ter sido preciosa, dissera missa todas as manhãs, e procedera à realização de 5 baptizados. Terminada a digressão, Júdice Biker mostrara-se satisfeito pela forma como fora recebido nas várias povoações por onde passara e pernoitara, e pelo modo como as populações reagiram a essa cobrança, De facto, estas sempre tinham pago aos régulos um tributo sob o nome de dacha, mas que o governador considerava ser cobrado irregularmente segundo as simpatias dos régulos, não sendo igual para todos. Isso deixava agora de acontecer, recebendo os régulos 20% do imposto cobrado e os chefes de povoação 15%.

Não obstante a escassez de padres e missionários que os relatos anteriores testemunham, é certo que desde cedo encontramos a sua presença na Guiné. Na segunda expedição de Diogo Gomes, é o chefe mandinga Nomimansa que a seu pedido vem a receber o baptismo em 1458. Fora o mesmo chefe que dois anos antes atacara Diogo Gomes quando este, explorando a costa, procurava subir o rio Jumbas, antes de, rumando a sul, vir a atingir o rio de Gâmbia que percorreu em grande extensão. 

Um outro régulo que viria a receber o baptismo no decorrer de uma missa solene fora o régulo de Bolor, Jogane Angulenhor, em 1867. Este baptismo resultara de o régulo, o seu filho e os seus grandes terem solicitado que o governo lhes mandasse um padre para os baptizar, assim como uma pessoa que os curasse em suas doenças. Ao mesmo tempo pediam para que o governo português os tomasse sobre sua protecção, fizesse ali edificar uma igreja, e lhes “desse também um oficial com soldados para defenderem o seu território em caso de ser atacado pelos gentios limítrofes”. 

Um tal ataque vem efectivamente a acontecer dois anos mais tarde, quando o gentio coligado de Jufunco, Ossor e Egin arrasam Bolor. De notar que o régulo de Jufunco, Ampá-Cabú, assinara, em 13 de Agosto de 1869, um tratado pelo qual era cedido “de hoje para sempre todo o território de Jufunco à nação portuguesa, a quem desde muito reconheciam como legítima senhoria deste território”. Aquele ataque fora consequência de os habitantes de Bolor lhes impedirem o caminho de Cacheu, onde pretendiam ir negociar. Ataque este que iria ocasionar pouco depois o chamado “desastre de Bolor”.

A presença missionária portuguesa, traduzindo-se em boa parte na cristianização de muitos nativos, remonta, como se viu, ao século XV, e manifestar-se-ia sob várias formas daí para a frente, embora com meios insuficientes, do que muitos governadores se queixavam.
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Guiné 61/74 - P17800: Os nossos seres, saberes e lazeres (231): Do Yorkshire profundo até Moffat, Sul da Escócia (2) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 20 de Junho de 2017:

Queridos amigos,
No desenho inicial da viagem, ainda se supôs que era o momento azado do viandante conhecer a costa ocidental do Yorkshire, ir por ali acima, até ao mar da Irlanda. Mas o grupo insistia em caminhar diretamente para o Sul da Escócia, tinham fundadas razões aqueles septuagenários, desejavam ansiosamente percorrer os trilhos das férias de há 50 ou 60 anos atrás.
A região de Dumfries e Galloway é riquíssima em história, tem belas vilas, casas senhoriais e sobretudo lojas de traquitana, maná para o viandante. Vão ser dias de folguedo que o viandante tem pela frente. E nem se vai falar de uma experiência ímpar, acompanhar do princípio ao fim as eleições britânicas que, tanto quanto parece, estão a mudar as ideias-força do Reino Unido, já se vê o Brexit com outro olhar.
Vamos ter tempo para ver.

Um abraço do
Mário


Do Yorkshire profundo até Moffat, Sul da Escócia (2)

Beja Santos

Esta região do Sul da Escócia por onde o viandante vai cirandar dá pelo nome de Dumfries e Galloway, é território belíssimo, estão aqui algumas das mais espetaculares paisagens escocesas, longos enfiamentos de colinas a declivar para vales úberes, onde correm rios sinuosos, é uma sucessão de charnecas e pastos com ovelhas de muitas cores. Não faltaram aqui guerras entre ingleses e escoceses, e a Reforma destruiu valiosíssimo património. O passeio começou pelas ruínas de Knaresborough Castle, perto de Harrogate, cidade termal do maior interesse ali perto, em visita anterior, o viandante visitou Harewood House, foi casa da Princesa Real Mary, a filha mais velha de Jorge V, é uma preciosidade e com formosos jardins. O viandante veio atraído a Knaresborough por ser propriedade do Duque de Lancastre, há sempre uma ilusão de que vamos encontrar uma referência a D. Filipa, a única rainha que veio de Inglaterra.



Knaresborough é mais de que um castelo arruinado, tem vistas frondosas, uma ponte altaneira sobre o povoado, o viandante teve sorte com o dia e a hora, lá não muito longe vem um encastelado de nuvens escuras, não passará meia hora e todas estas cores vibrantes da natureza primaveril vão esmaecer.



É uma vergonha, impõe-se a confissão pública, perdeu-se o registo de Caerlaverock Castle, que tanto entusiasmou o viandante, ele não descansou enquanto não encontrou uma imagem alusiva, é um extraordinário castelo triangular, um espécime único da arquitetura normanda. Mais adiante, neste memorável dia de passeio infatigável visitou-se outra ruína, Sweetheart Abbey, não é a primeira vez que aqui se refere que os cemitérios em todo o Reino Unido suscitam apaziguamento, não há nada de dor, a expressão mais usada é sempre in lovely memory, por aqui se passeia sabendo que ao pó havemos de voltar, mas é tudo calmaria, nenhuma destas lápides nos amarfanha ou penitencia.


Chegou o momento de nos extasiarmos com o que a natureza oferece, a vegetação, os terrenos murados, uma cabine telefónica e um bilhete-postal a fazer humor, campos e mais campos. Lá ia o carro desabridamente a caminho de Moffat, fora um belíssimo dia, com almoço perto do lago de Santa Maria, e na hora de recolher o viandante sentiu-se fascinado por este oceano de amores-perfeitos, até lhe pareceu uma paisagem subaquática, foi estafando o condutor com pedidos de paragem, disparou em todas as direções para encontrar exemplos frisantes do que a terra escocesa oferece, é tudo largueza, águas ribeirinhas charnecas ondulantes, um suave silêncio. Entardecia quando se entrou em Moffat, a âncora da viagem, escolhida por especiais razões, aqui três irmãos passaram férias na infância e juventude, ficaram marcados pelos afetos e pela paisagem, o viandante aproveitou-se dessa peregrinação de ternura e capitalizou a seu favor. Consta que a Rainha Vitória, a caminho de Balmoral, terá dito que Moffat é a vila mais preciosa da Escócia. O viandante não cede aos encómios, irá tirar imensas imagens do local, ocasiões não faltarão.




Sabem o que estão a ver? Felizmente que o viandante ia na companhia de vários amantes de flores, pediu para se parar e caiu na asneira de dizer que nunca tinha visto um campo com tantas margaridas, houve sorrisos contidos e depois se observou que os ranúnculos na Escócia são incomparáveis.


Está dito à saciedade que o que se vê de Verão não é o que se vê de Inverno ou na Primavera. Em viagem anterior, um tanto apressada, em pleno Verão, aqui se encontraram estas cores. Vasculharam-se bilhetes-postais e muito se gostou deste, são castanhos relampejantes e no vale, em toda a sua largueza, desponta Moffat. Aqui finda o dia, o viandante saúda quem o lê, com todo o apaziguamento que lhe vai na alma.


(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17781: Os nossos seres, saberes e lazeres (230): De Manchester (em luto) para Leeds, passando pelo Yorkshire profundo (1) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17799: Fotos à procura de... uma legenda (91): Equilibristas ou artistas de circo na cambança dos cursos de água, esquálidos e esgrouviados...Os bravos do Cachil, entre eles o ten mil médico Rogério Leitão (1935-2010) (José Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)


Foto nº 1 A


Foto nº 1 > 

Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 > 23 de janeiro de 1964 > Op Tridente > Travessia de uma ponte improvisada, no seguinte do desembarque numa zona próxima de Cachil... Na foto o ten mil médico, Rogério Leitão (1935-2010), natural de Aveiro
Foto (e legenda): © Victor Neto / José Colaço  (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > 1964 >

Abrigo "Cova do Comando" da CCAÇ 557 no Cachil. Alguém chamou a esta subunidade, que também participou na Op Tridente (jan/mar 1964) "a esquálida e esgroviada Companhia de Caçadores 557".  Por detrás desta foto estão cinquenta e cinco dias a ração de combate, cerca sessenta dias sem mudar de roupa nem tomar banho. Se a água era racionada para beber pensem bem no que seria em termos de higiene, excepção à secção que fazia escolta à lancha de reabastecimento de água e géneros, que aproveitava a ida a Catió para fazerem um pouco de higiene pessoal "e outras necessidades fisiológicas".

Legenda: a começar da esquerda para a direita o 1.º Cabo Enfermeiro Leiria; 1.º Cabo Radiotelegrafista Joaquim Robalo Dias; Dr. Rogério Leitão, que já partiu; atrás o 1.º Cabo Enfermeiro António Salvador, e por último, de quico, a sair do buraco, eu, Soldado de Transmissões José Colaço.

As barbas com cerca de 90 dias. Os cabelos já tinham levado um corte para melhor se aguentar o calor. Aquela "divisória" entre o 1.º Cabo Dias e Dr. Rogério, é uma cobra que durante a noite se lembrou de nos assaltar o abrigo e que só de manhã com a luz do dia foi detectada a um canto da cova. Foi condenada à morte pela catana de um milícia.

Foto (e legenda): © José Colaço (2015). Todos os direitos reservados. [Edição elegendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de José Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), membro da nossa Tabanca Grande desde Junho de 2008:.

Data: 26 de setembro de 2017 às 00:51

Assunto: Equilibristas ou artista de circo

Equilibristas ou artistas de circo

Caríssimo amigo Luís Graça,  ao consultar o poste P17792, dei com a foto do Luís Mourato de uma vida de equilibrista na cambança de pequenos cursos de água. (*)

A fotografia fez-me um clique!  Eu tenho nos meus arquivos de fotos da Guiné uma foto com estas características mas a minha foto tem direito a recordar o equilibrista.
Estávamos no dia 23 de Janeiro de 1964 em Catió e a ordem de serviço foi a CCAÇ  557 embarcar nas lanchas LDP e LDM da marinha onde se iria juntar ao 7.º destacamento de fuzileiros do 1.º tenente Ribeiro Pacheco para ocuparem a zona do Cachil (Operação Tridente).

Tudo ok até ao desembarque na zona próximo do Cachil onde aconteceu o tal atribulado desembarque em que alguns fuzileiros tiveram que ser puxados por uma corda já que,  devido ao lodo movediço, estavam quase a submergir. Mas,  com alguns fuzileiros em terra, com a ajuda de uma catana e as facas de mato,  cortou-se tarrafo,  partiu-se ramos de árvores e fez-se uma passadeira por cima do lodo para o pessoal passar.

Desembarque resolvido, e logo a ordem vinda de um navio patrulha através de um megafone foi: para a frente é que é o caminho, não perdoar!.

Marchamos aí cerca de 500 metros a 1 km, mais ou menos,  encontrarmos a tal ponte de que envio foto em anexo:  o artista ou equilibrista que está na imagem a atravessar a geringonça ou baloiço já não se encontra entre nós,  é o nosso saudoso e amigo Dr. Rogério Leitão [1935-2010], tenente médico miliciano [ foto à direita] (**), mas de um em um todos ficaram bem na primeira prova,  muito ajudou a juventude dos vinte anos.

Foto,  com a devida vénia, do álbum  do ex-furriel Victor Neto, CCAÇ  557

Abraço,
José Botelho Colaço,
soldado de transmissões
CCAÇ 557
(1963/65)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 24 de setembro de  2017 > Guiné 61/74 - P17792: Fotos à procura de... uma legenda (90): uma vida precária de equilibrista na cambança de pequenos cursos de água ... (Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil inf, CCAÇ 4740, Cufar, 1.º semestre de 1973)

(**) 13 de novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5264: Os nossos médicos (8): O Dr. Rogério da Silva Leitão, aveirense, cardiologista, CÇAÇ 557, Cachil, Como, 1963/65 (José Colaço)

Guiné 61/74 - P17798: Lembrete (26): Lançamento do livro "DOENTE mas PREVIDENTE", da autoria de Mário Beja Santos, amanhã dia 27 de Setembro de 2017, pelas 18 horas, no Museu da Farmácia, Rua Marechal Saldanha, 1 - Lisboa


C O N V I T E

A todos os camaradas e amigos do nosso confrade Mário Beja Santos

Lançamento do livro "DOENTE mas PREVIDENTE", amanhã dia 27 de Setembro de 2017, pelas 18 horas, no Museu da Farmácia, Rua Marechal Saldanha, 1 - Lisboa.

Apresentação a cargo da Prof.ª Dra. Ana Paula Martins, Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos.
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17753: Lembrete (25): hoje, domingo, dia 10 de setembro, às 17h30, na Chiado Café Concerto, Avenida da Liberdade, nº 180, Lisboa, lançamento do novo livro do nosso camarada José Saúde, "AVC - Recuperação do Guerreiro da Liberdade"

Guiné 61/74 - P17797: Parabéns a você (1318): Amílcar Mendes, ex-1.º Cabo Comando da 38.ª CComandos (Guiné, 1972/74) e António Medina, ex-Fur Mil Art da CART 527 (Guiné, 1963/65)


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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17788: Parabéns a você (1317): Tony Borié, ex-1.º Cabo Op Cripto do CMD AGR 16 (Guiné, 1964/66)

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17796: Notas de leitura (998): “A França contra África”, por Mongo Beti; Editorial Caminho, 2000 (1) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Março de 2016:

Queridos amigos,

Não se trata de um testemunho qualquer, o seu autor é um conceituado escritor camaronês que nasceu e viveu a sua infância e juventude numa colónia. Regressa décadas depois e dá de caras com uma independência fictícia, uma ditadura que os sucessivos governos franceses deram cobertura.

Os Camarões não andam muito longe do que se passa hoje no Ocidente: os ricos estão cada vez mais ricos, os pobres cada vez mais pobres. Há momentos em que parece que estamos em viagem no inferno, partilhamos a mágoa do escritor. E, incidentalmente, confrontamos os arremedo de regime democrático que irromperam nesta região africana depois da queda do muro de Berlim, e pensamos na Guiné-Bissau.

Garanto-vos que as analogias são fortes.

Um abraço do
Mário


Há alguma analogia possível entre os Camarões e a Guiné-Bissau? (1)

Beja Santos

O escritor camaronês Mongo Beti (falecido em 2001), é reconhecidamente uma das figuras de topo da intelectualidade do seu país, deixou-nos obras emblemáticas da moderna literatura africana. Atraiu-me o seu livro “A França contra África”, Editorial Caminho, 2000, ao folhear o livro apercebi-me do vigor da escrita, da dor contida a descrever um país em descalabro, trouxe o livro para casa e devorei-o como um depoimento incomparável de um cidadão bem documentado e muito torturado pelas infelicidades que reinam na sua pátria.

Mongo Beti concluiu o liceu e foi estudar para França em 1951, aqui se diplomou e foi professor. No início da década de 1990 voltou ao país e o resultado é este documento pungente, rigoroso e que me obrigou a refletir quanto à superficialidade das mudanças operadas depois da queda do muro de Berlim, no continente africano. E sem esforço fui resvalando para um conjunto de analogias entre países da África Ocidental que têm tido percursos transviados.

O país que aqui Mongo Beti descreve na sua escrita lancinante, mas muito bela, remete-nos para o fracasso da visão ocidental sobre a sua conceção das democracias africanas, a cooperação, a ajuda humanitária e o formato padronizado pelos valores culturais aqui existentes. As antigas potências coloniais deixaram vingar falsos modelos de desenvolvimento que acabaram na criação de grandes cidades, hoje incontroláveis (como é o caso de Lagos) e na delapidação de recursos e a formação de castas económicas e financeiras na órbita do poder ditatorial.

Mongo Beti mostra-se embevecido com a vida aldeã da sua terra-natal e a sua disposição espacial, reconhece que este modelo da organização do espaço denota uma vincada cultura, possui este habitat um equilíbrio extremamente delicado e miraculosamente preservado:

“A antropologia Ocidental, tão loquaz sobre estas civilizações, não se apercebeu deste facto. Sob a sua influência, nem uma administração colonial nem os governos africanos que lhe sucederam pensaram em pôr de alguma maneira tais predicados ao serviço do desenvolvimento”.

O autor identifica uma paz social que não tem equivalente no Ocidente, visto dispor cada indivíduo de terrenos para cultivar, num contexto de igualitarismo. Não se trata de uma observação idílica, não se ilude a miséria a que este povo está subjugado, fala-se da mulher como pilar da sociedade, dos dramas do êxodo rural, dos tremendos desequilíbrios demográficos, das cidades sem emprego.

Destaca-se a ausência de líderes e o vazio hierárquico, a ditadura gerou uma sociedade totalmente invertebrada. O autor encara a aldeia como o único elemento credível de dinamismo e de iniciativa e acusa a ditadura: “Tudo a extorquir a aldeia, sem nada lhe dar em contrapartida, tais parecem ser a divisa e a fatalidade do Estado”.

Os Camarões e a Guiné-Bissau são países distintos. O país francófono viveu sob a monocultura do cacau, tem uma grande superfície, mas há paralelismos que nos fazem pensar. Ele estudou uma pequena cidade chamada Mbalmayo, a uns 50 quilómetros a Sul de Yaoundé, a capital e fala-nos na decrepitude da cidade, nas ruas esburacadas onde os automóveis não podem andar a mais de 5 km/h, obrigados a desviar-se dos buracos que os espreitam. Por toda a parte montes de lixo, não há bombeiros, não há polícia, o viajante tem uma sensação persistente de anarquia: peões e viaturas disputam os raros espaços. O comércio atrofiou-se, não há investimentos. E sentimos o mesmo amargor quando nos descreve Yaoundé:

“Aqui encontram-se todos os vícios da demência da África francófona. Os edifícios que abrigam os ministérios são edificados num estilo desconhecido, uma espécie de barroco mourisco que roça o puro delírio surrealista. Um arranha-céus nunca acabado por falta de dinheiro ergue o seu gigantesco coto para as nuvens. Bairros de aspeto muito urbano estão afogados no meio de aldeias africanas, bairros de lata em que as ruas são de terra batida e que a cada passagem de um automóvel são assoladas por um turbilhão de pó vermelho que sufoca os peões e se agarra ao vestuário (…) 

Cidade de políticos corrompidos, demasiado depressa enriquecidos em detrimento do Estado, de funcionários conformistas, muitas vezes desonestos, e de empregados de escritório indolentes, Yaoundé não tem indústrias. Os desempregados, diplomados disfarçados de vendedores ilegais, pululam, assim como as prostitutas, disfarçadas de costureiras ou cabeleireiras, os muitos jovens vagabundos vivendo de pilhagens, os desocupados cínicos, toda uma arraia-miúda quase sempre numa situação desesperada de tal modo precária é a sua situação”.

E disserta sobre as grandes metrópoles africanas:

“As megalópoles africanas estão condenadas a tornarem-se oceanos de bairros-de-lata votados à anarquia, à miséria, ao crime. Como, por exemplo, integrar as hordas de jovens que submergem estas metrópoles, quando os Estados não têm absolutamente nada para lhes oferecer no domínio da educação e muito menos ainda na do emprego?”.

Estas são as cogitações que nos deixa sobre a vida de aldeia e da cidade. A seguir fala da vida quotidiana, de um sistema universitário paralisado, de uma liberdade de expressão fictícia, o partido único recorre a todos os expedientes para sufocar a crítica, as comunicações são dispendiosas e morosas, o sistema sanitário, as deslocações, a segurança afundam-se. E temos o sistema policial completamente arruinado, aquele país africano é o inferno das barreiras policiais:

“Se algumas barreiras são fixas, outras nascem e desaparecem ao sabor das circunstâncias. As barreiras fixas estão equipadas com um dispositivo, em que aquilo em que se repara sobretudo é uma comprida vara de madeira que se ergue ou se baixa de acordo com a vontade dos polícias. Mas as barreiras ligeiras, que são assinaladas por dois bidões vazios colocados de qualquer maneira na estrada, e ladeados por uns trangalhadanças de uniforme, são as mais numerosas”.

 Polícias que vivem de extorsão, explorando os pequenos transportadores, é uma tremenda vigarice, um círculo vicioso em que o Estado é o único a não ganhar nada. E conclui:

“Os polícias, mal pagos, são tentados a transformarem-se em bandidos, muitos não resistindo à tentação de um atividade simultaneamente lucrativa e mito pouco arriscada”.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de Setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17786: Notas de leitura (997): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17795: Memória dos lugares (364): Quem se lembra (ou ouviu falar) da tabanca de Portugal, a seguir aos rápidos de Cusselinta e à Ponte Carmona (em ruínas) (carta do Xitole, 1955)? Seria distinta de "Gã Portugal" que terá existido, também na margem esquerda do Rio Corubal, mas na península de Gampará... (Luís Graça / Cherno Baldé / Alcídio Marinho / Luís Branquinho Crespo / Luís Marcelino / Mário Pinto / António Murta)


Guiné > Mapa geral da Província (1961) > Escala 1/ 500 mil > Localização da tabanca de Portugal, que ficava antes do Xitole, na estrada secundária (com troço de picada, a tracejado) Buba - Nhala - Xitole...

Foi por aqui que passou, de automóvel, o jornalista do "Diário de Lisboa", Norberto Lopes, em janeiro/fevereiro de 1947, vindo de Bolama, pela estrada principal  São João - Fulacunda - Buba, a caminho de Bafatá (via Xitole - Bambadinca). Com a queda da Ponte Carmona, logo em 1937, quem vinha do sul tinha que passar pela tabanca de Portugal para ir cambar o rio Corubal para o "porto do Xitole" (sic) e seguir viagem, de carro,  para o norte ou para o leste (*)...


Guiné Portuguesa > Região de Quínara > Mapa do Xitole (1955) > Escala 1/25 mil > Posição relativa da tabanca de Portugal, na margem esquerda do Rio Corubal, a sudoeste do Xitole. Era uma tabanca seguramente abandonada no tempo da guerra, mas referida na reportagem de Norberto Lopes, no "Diário de Lisboa", em 25/2/1947.

Não confundir com a tabanca de Lisboa, a escassos 3 km de Buba, visitada e citada pelo nosso camarada José Ferreira, e cujo chefe era um antigo soldado paraquedista, o Sadjo Camará. A tabanca de Portugal, no regulado de Incassol, já existia em 1947... E consta da carta do Xitole, que é de 1955..

Recorde-se que esta e outras cartas da Guiné resultam do levantamento efectuado em 1955 pela missão geo-hidrográfica da Guiné – Comandante e oficiais do N. H. Mandovi. A fotografia aérea é da aviação naval (Março de 1953). Restituição dos Serviços Cartográficos do Exército. Fotolitografia e impressão: Arnaldo F. Silva. A edição é da Junta das Missões Geográficas e de Investigações do Ultramar, do antigo Ministério do Ultramar, s/d. Digitalização efectuada pela Rank Xerox (2005). Oferta do nosso camarada Humberto Reis.

Infogravuras: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2017).


1. Perguntei a três dezenas de camaradas se chegaram a conhecer (ou ouvir falar de) uma tabanca chamada Portugal... Ficava a escassos quilómetros do Xitole, do outro lado do rio Corubal... Quem vinha de Buba para o leste  tinha que passar por lá, contornando a Ponte Carmona, em ruínas (desde 1937, ano em que foi inaugurada) (*)... 

Em 1947 por lá passou, nessa tal tabanca de Portugal, o jornalista do "Diário de Lisboa", Norberto Lopes... Ninguém sabe como aparece este nome... Será que tem alguma relação com a construção da ponte Carmona em meados dos anos 30?

E quem seria este obscuro régulo Bacar Dikel que lá morava e "reinava" (mal)? Dikel será apelido fula ou biafada?

Alguns dirão que andamos há anos a discutir o sexo dos anjos neste blogue... Que importância tem, de facto, para a história, e sobretudo para o futuro, dos nossos dois povos, o raio desta tabanca, que deve ter sido destruída ou abandonada no tempo da guerra colonial?... A verdade é que há 70 anos existia e houve um "tuga" que a referiu, num jornal de Lisboa... Eu estava a nascer, em janeiro de 1947, quando o Norberto Lopes por lá passou... E os cartógrafos também a assinalam: no mapa geral da província, de 1961, era ainda uma terra relativamente importante...


Guiné > Mapa de Fulacunda  (1955) > Escala 1/25 mil > O Rio Corubal, margem esquerda (região de Quínara) e direita (região de Bafatá), antes de desaguar no Rio Geba... Localização de Gã João (ou Ponta João da Silva) e Gã Garnes (ou Ponta do Inglês)... Não conseguimos localizar, neste mapa, a povoação de Gã Portugal, referida por Alcídio Marinho.

Toda o triângulo Bambadinca - Xime - Xitole, e em especial a margem direita do Rio Corubal, foi batida, no início do "consulado" de Spínola, no âmbito da grande Op Lança Afiada (de 8 a 19 de março de 1969  (**)

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2017).


2. Eis algumas respostas que recebemos, dos nossos colaboradores (*): 

(i) Cherno Baldé (Bissau):

Não conheço o local [, antiga tabanca de Portugal] nem nunca ouvi falar, mas tal como tenho dito num dos postes das minhas memórias sobre o nome dado à nossa aldeia (Luanda) do início da guerra colonial, era normal e muito comum que régulos, antigos cipaios ou militares que fundavam novas aldeias,  quisessem honrar ou mostrar suas simpatias para com Portugal e aos Portugueses. (***)

O meu tio paterno, patriarca da nossa família, foi colaborador e polícia da administração colonial em Bolama durante muitos anos. Há bem pouco tempo descobri que existia em Bolama um bairro com esse nome [, Luanda,] e pensei que, talvez, houvesse alguma ligação. É assim.

Por outro lado, a  zona de Xitole assim como toda a região de Forreá eram domínio fula, conquistado aos biafadas no séc. XIX. Assim, todos os régulos ou são fulas ou de ascendência fula e o Bacar Dikel não será excepção.

O nome que aparece como Sadiu Camará, chefe em 2005 da tabanca de Lisboa [, a escassos quilómetros a leste de Buba], dever se Sadjo Camará. (*)

(ii) Luís Branquinho  Crespo [que esteve na Op Lança Afiada]

Bem gostaria de ajudar, mas estive na margem direita do Corubal (1968/1970) e fui apenas duas vezes,  que me lembre,  junto da ponte Carmona e desconheço onde fica ou sequer tenha ouvido falar da tabanca Portugal a não ser agora.

(iii) Luis Marcelino

Não conheci a referida tabanca.

Embora tenha estado no sul, mais concretamente em Mampatá, cerca de dois anos, não tive oportunidade de conhecer muito, para além do espaço à responsabilidade da companhia.

(iv) Mário Gualter Rodrigues Pinto

Gostaria muito de poder contribuir para o solicitado, mas apesar de ter estado na parte sul do Corubal, mais propriamente em Mampatá e uma vasta área do zona junto ao Corubal ser ZA [, zona de ação,]  da minha companhia, nunca ouvi nem dei pela existência dessa tabanca.

Creio mesmo que os mapas ou croquis que nos davam para a Zona fizessem alguma referência à Tabanca [de Portugal] 

(v) António Murta:

Sobre essa enigmática tabanca, devo dizer que nunca fui tão longe, mas, se fosse, confesso que tropeçaria nela de surpresa porque ignorava a sua existência. O mais longe que fui, fica-se pela "Ponte interrompida" sobre o Corubal, e apenas estive sobre o tabuleiro uma vez, conforme descrevo num dos postes enviados ao Blogue há tempos. Era um lugar paradisíaco, fora do tempo, mas que causava uma impressão muito intensa. E de Nhala lá eram muitas horas por mata fechada quase sempre. Ora, essa tabanca, pelos vistos, ainda era mais afastada.

(vi) Alcídio Marinho

A tabanca "Portugal" chamava-se "Gã Portugal" ficava na margem esquerda do rio Corubal,
mesmo em frente à tabanca da Ponte do Inglês.

Da Ponte do Inglês fazia-se a cambança para a Gã Portugal. Ficava no caminho do rio Corubal para Fulacunda

Em Maio de 1963, pelos dias, 20 e poucos, fiz uma emboscada nesse local, onde prendemos dois turras que transportavam numa piroga um rodado de metralhadora pesada.

Era na zona de Gã Portugal que os aviões faziam a descarga das bombas sobrantes das operações, pois dizia-se que não podiam regressar a Bissau com os aviões com as bombas.


Guiné-Bissau > Saltinho > Ponte General Craveiro Lopes > Novembro de 2000 > Lápide, em bronze, evocativa da "visita, durante a construção" do então Chefe do Estado Português, general Francisco Higino Craveiro Lopes, acompanhado do Ministro do Ultramar, Capitão de Mar e Guerra Sarmento Rodrigues, em 8 de Maio de 1955.
Era então Governador Geral da Província Portuguesa da Guiné (tinha deixado de ser colónia em 1951, tal como os outros territórios ultramarinos...) o Capitão de Fragata Diogo de Melo e Alvim... Craveiro Lopes nasceu em 1894 e morreu 1964. Foi presidente da República entre 1951 e 1958 (substituído então pelo Almirante Américo Tomás). 

Praticamente só 20 anos depois, em 1956,  é que há uma ponte, moderna e segura, a ligar o sul e o norte da Guiné, no Saltinho, substituindo a famigerada Ponte Marechal Carmona, mais acima, que colapsou logo no ano da sua inauguração (1937).

Foto do "turista" Albano Costa, nosso camarada, que lá passou em novembro de 2000.

Foto: © Albano M. Costa (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


3. Comentário de LG:

Obrigado, a todos pelo vosso esforço de memória e sentido de colaboração... e também pelas pistas que deixam.

Ao António Murta quero dizer que, afinal, esteve relativamente perto da tabanca de Portugal, em 1973/74... em linha reta, mas longe, se ele caminhasse ao longo da margem direita do Rio Corubal... Dez quilómetros pelo mato, em floresta galeria, equipada, a nossa tropa  podia levar 5, 6  ou mais horas, tendo a sorte de não encontrar nem bichos nem homens pelo caminho... Mesmo assim, o Murta veio bem de longe, de Nhala, a seguir a Buba, até à Ponte Carmona...

Esta ponte nunca a  conheci nem me recordo de ter ouvido falar dela, no meu tempo (1969/71) e eu fiz operações no subsetor do Xitole... e colunas logísticas de Bambadinca ao Saltinho... Em contrapartida, estive por mais de uma vez na Ponte Craveiro Lopes, no Saltinho (que veio substituir a Ponte Carmona, em 1956), mas nunca passei para o lado de lá. Só o fiz em 2008, quando fui de Bissau a Iemberém, no sul, passando por Bambadinca, Xitole, Mampatá, Quebo, Gandembel, Guileje e indo mesmo até Cacine...

No tempo da CCAÇ 12 (Bambadinca, julho de 1969 / março de 1971), só fiz operações na margem direita do Rio Corubal, nunca na margem esquerda (nessa época, praticamente interdita, nem lá iam os fuzileiros; e, a propósito, temos falado muito pouco aqui dos nossos camaradas fuzileiros).

Quanto ao Alcídio, o mais "veterano" de todos nós, foi com ele que a guerra começou... Receio que não estejamos a falar da mesma tabanca...

Esta tabanca de Portugal vem assinalada no mapa do Xitole, e fica em frente ao Xitole, do outro lado (esquerdo) do rio Corubal, conforme se pode confirmar  aqui no mapa ou a carta  do Xitole (de 1955)... Mas também no mapa geral (1961) (vd. acima).

Devemos estar a falar de tabancas diferentes, em regiões diferentes, se bem que próximas... Diz o Alcídio:

(...) "A tabanca 'Portugal' chamava-se 'Gã Portugal'  ficava na margem esquerda do rio Corubal, mesmo em frente à tabanca da Ponte do Inglês. Da Ponte do Inglês fazia-se a cambança para a Gã Portugal. Ficava no caminho do rio Corubal para Fulacunda". (...)

Essa "Gã Portugal" devia constar do mapa ou carta de Fulacunda, também de 1955, mas eu não a encontro... significa em crioulo família, no sentido alargado do termo, clã: por exemplo, os Gã Martins, de Empada, a que pertencia o avô materno, Victor Vaz Martins, do nosso amigo e historiador guineense Leopoldo Amado... Veio do mandinga para o crioulo e também quer dizer "casa grande", quinta, exploração agrícola, "ponta" (vocábulo crioulo)...

Nas margens (esquerda e direita) do Rio Corubal havia várias povoações que começam por Gã, provavelmente relacionadas com colonos ou famílias lá estabelecidas:

Gã Garnes (ou Ponta do Inglês)

Gã João (ou ponta João da Silva)


Gã Júlio  (na zona de Mina), etc.

devia ser um casa (rural) isolada, com exploração agrícola, mais próxima do português "monte" (no Alentejo) ou "casal" do que de "aldeia" (aglomerado populacional reunindo diversas famílias)... É possível que houvesse no princípio da guerra uma tabanca chamada "Portugal" (mapa do Xitole) e uma povoação mais pequena ("ponta") chamada "Gã Portugal" (mapa de Fulacunda).

Quero, mais uma vez, agradecer a todos  e dizer o seguinte: descobrimos, ao fim de alguns meses de insistência e persistência, o mistério do acrónimo "ASCO" que existia (e existe) na parede de um dos edifícios de Gadamael que as NT ocupavam... Pois haveremos de descobrir, com tempo e pachorra,  e a colaboração de todos, o mistério da tabanca de Portugal... e já, agora, da Gã Portugal.

Tal como noutros territórios (Angola, Moçambique...), as autoridades coloniais criaram novas povoações ou rebatizaram outras: no caso da Guiné, temos, por exemplo, Nova Sintra, Nova Lamego, Teixeira Pinto... Mas também podia nascer novas aldeias, com nomes não gentílicos, de iniciativa local: por exemplo, o caso de Luanda, referido por Cherno Baldé... Resta saber quem está na origem da fundação da tabanca de Portugal (e já agora, da Gã Portugal, a ter existido e ser diferente).
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Notas do editor:

(*) Vd. último poste da série > 22 de setembro de  2017 > Guiné 61/74 - P17787: Memória dos lugares (363): tabanca de Portugal, onde vivia em 1947 o régulo Bacar Dikel, e que ficava a sudoeste do Xitole, na margem esquerda do Rio Corubal. É referida pelo repórter do "Diário de Lisboa", na sua crónica de 25/2/1947.

(**) Vd. poste de  16 de maio de 2013 >  Guiné 63/74 - P11575: Op Lança Afiada (Setor L1, Bambadinca, 8 a 19 de Março de 1969): I Parte: Cerca de 1300 efetivos: 36 oficiais, 71 sargentos, 699 praças, 106 milícias e 379 carregadores


(...) Foi devido a esta situação, no mínimo embaraçosa, e a chacota que dela resultaram, segundo explicou a minha mãe, é que justificou a fundação, entre 1959 a 1960 de uma nova aldeia no lado norte da bolanha, a menos de 2 km de Sare Coba, na confluência de Berekolóm (antigo feudo mandinga do Séc. XIX), que recebeu o nome do chefe da família, Sinchã Samagaia, que literalmente quer dizer a aldeia de Samba Gaia. Para agradar aos seus amigos da administração de Bolama, Sambagaia deu-lhe o nome de Luanda (porquê Luanda e não Lisboa?...). (...)

domingo, 24 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17794: Bibliografia de uma guerra (81): “A Guerra Civil em Angola - 1975-2002”, por Justin Pearce; Tinta da China, 2017 (Mário Beja Santos)



1. Em mensagem do dia 18 de Setembro de 2017, o nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), fala-nos do livro "A Guerra Civil em Angola", um período conturbado que aquele país viveu entre 1975 e 2002.


A guerra civil em Angola, por Justin Pearce

Beja Santos

Como soe hoje dizer-se, é muito provavelmente o livro mais rigoroso, mais documentado e que melhor retrata algo que até agora a historiografia da guerra civil não considerava como matéria essencial: como viveu a população angolana a guerra civil, como definiu a sua identidade política com os dois poderosos contendores, o MPLA e a UNITA?

Até agora as investigações partiam do entendimento de que o conflito angolano não passava de um produto da Guerra Fria, os acordos de Bicesse não tinham surgido por iniciativa da sociedade angolana, era uma solução desenhada por atores políticos exteriores a Angola. Logo em 1993 a guerra civil eclodiu com um fragor mais destrutivo do que nunca, os estudos minimizam as continuidades ideológicas e de identidade em que passou a contextualizar-se um MPLA entendido como um partido urbano e a UNITA olhada como o partido das matas. Eram duas forças frontalmente antagónicas, o MPLA liderado por intelectuais, a UNITA comandada por um chefe absoluto e indiscutível. O investigador britânico preambula o seu trabalho falando sobre Angola e a natureza da pretensa política e aborda a questão da identidade. Será um trabalho permanentemente atravessado por depoimentos de pessoas que viveram os transes da guerra civil.

A intervenção externa foi o gatilho que levou à declaração do conflito, os contendores escolheram apoios declarados: a UNITA recebeu algum armamento de África do Sul, vieram depois instrutores; o MPLA recebeu apoio cubano e soviético. “A supremacia da UNITA na região do Planalto Central, em Agosto de 1975, e o controlo de Luanda por parte do MPLA, na mesma data, ficaram sobretudo a dever-se à mobilização local apoiada pela aprovação ativa ou tácita do Estado português. Em Agosto de 1975, estava definido o caráter territorial do conflito angolano”. A FNLA, terceiro movimento, foi sol de pouca dura, rapidamente esmagado pelas tropas do MPLA. Onde o MPLA controlava era violento e procurava a imagem de ser o único grupo de libertação capaz de coordenar um governo; a UNITA, nos territórios onde era preponderante, sem se subtrair a que vivia em guerrilha contínua e sempre dominada por uma ideologia flutuante, onde não estava excluída uma certa simpatia maoísta, privilegiava a educação e a saúde, eram estes os eixos das respetivas propagandas. Liquefeito o diálogo, Agostinho Neto a independência em Luanda e Savimbi anunciava a criação da República Democrática de Angola no Huambo.

Com detalhe, o investigador debruça-se sobre a UNITA, como esta se vai retirando das cidades e lança-se no novo tipo de guerrilha, assentava o seu poder em comunidade camponeses, muitas vezes sujeitas a uma vida ditatorial. O MPLA assentou raízes na construção de um estado urbano e dentro de uma certa lógica: “Consolidou o seu poder nas zonas de Angola por si controladas durante a guerra civil através da instauração de uma visão de desenvolvimento orientada pelo Estado, e da definição do discurso público sobre o papel do Estado e do partido na concretização dessa visão”. A questão da identidade e do sentido de pertença a um movimento é escalpelizada no importante capítulo sobre a migração e identidade, ilumina-se ao pormenor as complexidades da identidade política e a sua relação com o controlo político, no contexto de uma estratégia governamental assente na deslocação de populações como forma de cortar o fornecimento de apoio material à UNITA. Analisa-se, em sequência o desempenho da UNITA no Planalto Central, entre 1976 e 1991. É tempo de responder ao modo como o povo interpretou e reagiu à disputa pelo poder, nos anos que se seguiram às eleições de 1992, são fatores interligados: as anteriores filiações no plano individual; a proximidade ou envolvimento das populações no processo de construção do Estado liderado pelo MPLA; o grau de dependência dessas populações em relação à economia urbana; a dicotomia entre cidade e campo, que se exprimia na ideia do partido urbano ou do partido das matas. “Os entrevistados quando se referiram a questões de legitimidade política e filiação depois de 1992, as considerações ideológicas estavam praticamente ausentes do seu discurso, já que todos avaliaram o MPLA e a UNITA com base no tipo de condições de vida proporcionadas por cada um”.

E no rescaldo da morte de Savimbi, primou o discurso dos vendedores. Como lembra o autor, o MPLA mantém uma ideologia que dificilmente se coaduna com as ideias de reconciliação. No 20.º aniversário da batalha de Cuíto Cuanavale, José Eduardo dos Santos apelou à propaganda, dizendo que a batalha dera origem a mudança profundas na África Austral, abrindo perspetivas para a queda do regime Apartheid, é um discurso que não menciona a existência de angolanos nos dois campos do conflito e a importância decisiva do apoio militar cubano ao MPLA. Este partido, sempre que necessário, convoca as memórias da luta anticolonial e repudia as diferentes oposições dizendo-se do lado da paz e da tranquilidade e que os críticos mais não oferecem que desacato, destruição e desordem. Quando se chegou à paz, depois da morte de Savimbi, desarticularam-se os núcleos populacionais da UNITA, o Estado/MPLA arvorou-se na legitimidade política sem limites. Sobre a trajetória e a organização do seu trabalho, Justin Pearce também dá explicações: “O que estava em causa era saber qual das duas elites era a herdeira legítima da autoridade conferida pelo conceito de Estado, uma questão que foi elidida por outra: qual das duas elites estava mais habilitada a transformar o Estado enquanto conceito teórico numa realidade. A melhor forma de compreender as mudanças verificadas na adesão política ao longo da guerra é vê-las como uma reação a circunstâncias e realidades em constante mudança. Embora durante a guerra, o controlo do território pendesse ora para o MPLA ora para a UNITA, no que diz respeito à identidade política o movimento foi, em larga medida, unidirecional”. E a concluir: “O MPLA venceu a guerra graças ao seu poderia militar. O fim da guerra, porém, foi o culminar de um processo no qual o potencial de fogo, o derramamento de sangue e a fome foram utilizados para transformar as possibilidades do que era imaginável”.

De leitura obrigatória.
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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17789: Bibliografia de uma guerra (80): “Changing the history of Africa”, por Gabriel García Marquéz, Jorge Risquet e Fidel Castro; Ocean Press, Austrália, 1989 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17793: Blogpoesia (530): "Soleira da porta"; "Amigo como nenhum..." e "Paraíso perdido...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Soleira da porta

Seca ou molhada,
De pedra ou cimento,
Debaixo da porta,
Não fala.
Não cobra.
Só deixa passar.
Sentinela sem guarda.
Vizinha da terra.
Limpa os sapatos,
De corda ou de sola,
De dentro e de fora.
Sua sorte, marcada.
Não chora nem geme.
Faz parte dum todo.
Desprezo não sente.
Pressente a vassoura
Que limpa seu rosto da lama dos pés.
Reclama da areia que sobra
E o vento não leva.
Dorme calada no sossego da noite.
Se apronta ligeira, se alguém a chama,
Soleira que é.

Berlim, 23 de Setembro de 2017
13h4m
Jlmg

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Amigo como nenhum...

Tenho dentro de mim, um amigo entranhado,
zela e vela como ninguém,
Do meu jardim.
...

Escolhe as sementes.
Prepara a terra.
Aduba-a bem.
Faz canteiros.
Cada um, sua flor.
Cuida deles.
Um bom feitor.
Adora vê-los,
Pontinhos verdes,
A germinar do chão,
Trepar em hastes,
Abrir em botão.
Luzir ao sol.
Perfumar o ar.
Espalhar alegria,
Como se fosse o mar.
Cada flor é um verso.
Cada poema um molho.
Cada dia um,
Sempre o mais lindo,
Para te oferecer...

Berlim, 18 de Setembro de 2017
6h25m
Jlmg

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Paraíso perdido…

Algures no mundo há um paraíso perdido.
Um oásis de paz.
Todo o mundo procura.
Deixou de o ser aquele que temos.
O éden supremo onde o Criador nos deixou.
Em liberdade total.
Não a merecemos.
Foi esse o mal…
A guerra assolou-o.
Cobriu-o de sangue.
Poucos ficaram com tudo.
Muitos ficaram sem nada.
Os Palácios reais
E os bairros de lata.
Nem as leis são iguais!...
Quase um inferno com poderosos chacais.
Em condomínios fechados.
Não há ninguém que lhes bata!...

Berlim, 21 de Setembro de 2017
15h47m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17774: Blogpoesia (529): "Apesar de tudo..."; "Ouvindo o silêncio..." e "Espelho partido...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P17792: Fotos à procura de... uma legenda (90): uma vida precária de equilibrista na cambança de pequenos cursos de água ... (Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil inf, CCAÇ 4740, Cufar, 1.º semestre de 1973)


Foto nº 1 


Foto nº 1A


Foto nº 1B - Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4740 > 1973 > 3.º pelotão... Atravessia de... uma "ponte improvisada".

Foto (e legenda): © Luís Mourato Oliveira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mais uma foto  álbum do Luís Mourato Oliveira, nosso grã-tabanqueiro, que foi alf mil inf, de rendição individual,  na açoriana CCAÇ 4740 (Cufar,  1.º semestre 1973) e  comandante do Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, 1973/74). 

A foto merece uma melhor legenda por parte dos nossos leitores. Quem andou no mato, facilmente se reconhece nesta foto... Havia muitas pontes destas que atravessavam pequenos cursos de água. E eram utilizadas tanto por nós como pelo IN... E, em geral, não se pagava "portagem"... (*)

Eram pequenas obras de arte de engenharia... hidráulica. Feitas de estacaria, bambu (?) e lianas... A guerra também nos obrigava ao difícil exercício de equilibrista... De vez em quando, lá ia um de nós ao charco... com armas e bagagens.

2. Recordo-me que, apesar de tudo, houve camaradas... com sorte. E deviam entrar no livro do Guinness dos recordes... O meu camarada, ex-1º cabo Carlos Galvão, da Covilhã,  que já não vejo desde 1994, é um deles...  Foi ferido duas vezes na mesma operação, coisa que deve ter sido rara naquela maldita guerra (**)... 

Era segunda feira de Carnaval, em 9 de bril de 1970, e na cambança do Rio Buruntoni (através de uma ponte de estacaria improvisada, como aquela que a foto nº 1 mostra), por volta das 5 e tal da manhã,  o 1º cabo Carlos Alves Galvão, cmtd da 1ª secção do 3º Gr Comb da CCAÇ 12, sofre um traumatismo num pé, tendo que ser transportado em padiola improvisada pelos seus soldados africanos... (O que seríamos nós sem os nossos bravos e leais soldados fulas que abandonámos em agosto de 1974?!)...

Às 13h, em Gundagé Beafada, já no regresso ao Xime, sofremos um violenta emboscada  de que resultariam uma série de baixas entre as NT (CART 2520, Pel Caç Nat 63 e CCAÇ 12), incluindo o 1º Cabo Galvão que ia nesse momento na "horizontal", de papo para o ar, à altura do capim,  o que o tornava um "fácil tiro ao alvo"...

Teve sorte, apesar de tudo, o Carlos Galvão... Sobreviveu a esta "brincadeira de morte", em dia de carnaval... e ainda lá anda pela Covilhã, deficiente das FA e reformado da AT (Autoridade Tributária)...

Eu fui dos que o ajudou a chegar a bom (heli)porto, em Madina Colhido... Mas nunca consegui, enquanto fundador, administrador e editor deste blogue,  que ele se dignasse descer ao povoado da Tabanca Grande... Lá terá as suas razões pessoais... Como eu costumo dizer, não temos o Panteão Nacional, mas temos melhor, a Tabanca Grande... que não é para todos, é só para quem quer e puder... LG

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sábado, 23 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17791: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (20): Amigos e camaradas de Cufar - Parte III: Mais alferes milicianos



Foto nº 1 A > Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4740 > 1973 > O Luís Mourato Oliveira,  à civil, à direita, com o  alferes  mil cav, Faria, comandante do Pel Rec Fox (1)

 

Foto nº 1 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4740 > 1973 > OO Luís Mourato Oliveira,  à civil, à direita, com o  alferes  mil cav, Faria, comandante do Pel Rec Fox (2)


Foto nº 2 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4740 > 1973 > Na messe de oficiais, à esquerda parece ser o o alf mil mil António Eiriz  [, of icial  trms do CAOP1]. seguido do Luís Mourato Oliveira, o António Graça de Abreu e outro camarada do CAOP1.


Foto nº 3 A >  Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4740 > 1973 >  "Eu e António [Octávio da Silva] Neto [, alf mil inf] junto ao Solar do Gringo, que era a "morança" deste último.


Foto nº  4 >  Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4740 > 1973 >  "Eu, na bolanha".


Foto nº 5 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4740 >  O "solar do Gringo",  a casinha do alf mil António Neto.

Fotos (e legenda): © Luís Mourato Oliveira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Luís Mourato Oliveira, nosso grã-
tabanqueiro, que foi alf mil inf da CCAÇ 4740 (Cufar, 1973) e do Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, 1973/74).  Lisboeta, tem razíes na Lourinhã, pelo lado materno,

De rendição individual, foi o último comandante do Pel Caç Nat 52. Irá terminar a sua comissão no setor L1 (Bambadinca), em Missirá, depois de Mato Cão, e extinguir o pelotão em agosto de 1974.

Até meados de 1973 esteve em Cufar, a comandar o 3º pelotão da CCAÇ 4740, no 1º semestre de 1973. Tem bastantes fotos de Cufar, que começámos a publicar no poste P17388.

Hoje mostram-se mostram-se mais algumas oficiais milicianos que estavam em Cufar, da CCAÇ 4740 ou outras subunidades. Recorde-se que, além da CCAÇ 4740, unidade de quadrícula, de origem açoriana, Cufar era uma verdadeira base militar, com pista de aviação e porto fluvial, contando com forças da marinha, da força aérea, do CAOP1, e ainda as seguintes: Pel Caç Nat 51; Pel Caç Nat 67; Pel Canhões s/r 3079; Pel Art 18; Pel Rec Fox 8870; PINT 9288; Milícias.

Relativamente à CCAÇ 4740, vd. aqui a história da unidade e a sua composição orgânica.