Estive hoje em Coimbra, nos Olivais, com o nosso camarada Carlos Marques dos Santos, ex-furriel miliciano atirador de artilharia, da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), bem com o seu primo, o Vitor David, que foi alferes miliciano da CCAÇ 2405 (Galomaro, 1968/69).
Este último prometeu entrar para a nossa tertúlia e esclarecer alguns pontos (polémicos) da travessia do Corubal, no Cheche, que esteve na origem na tragédia do dia 6 de Fevereiro de 1969, já aqui ontem evocada. O Vitor não participou na Op Mabecos Bravios, ficou no aquartelamento com o seu grupo de combate, mas assistiu, com a angústia na alma, à recepção, na sala de cripto, das mensagens com a lista dos mortos...
Proporcinou-se estar com estes dois camaradas, que tiveram a gentileza de me ir buscar e levar ao comboio, estação de Coimbra-B (1). Almoçámos juntos, matámos saudades, juntos, dos tempos da Guiné e até mandámos vir rancho (!) para o almoço.
Prometi voltar aos Olivais onde, nos bons velhos tempos, os futricas impunham a lei aos estudantes, impedindo-os de ultrapassar o famoso paralelo 98... Por sorte o serviço (académico) que eu tinha a fazer era para aqueles lados, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Espero lá voltar mais vezes, até por que fiquei com enorme pena de poder visitar a belíssima igreja de Santo António dos Olivais. Tanto o Carlos como o Vitor são excelentes cicerones e têm o privilégio de continuar a viver no chão que nos viu nascer e criar.
E a propósito, tinha aqui,desde há uns tempos, material que o Carlos me tinha
enviado e que evoca a construção do momumento da CART 2339... É uma boa ocasião para inseri-lo no blogue.
Guiné > Mansambo > CART 2339 > 1968 > Aquartelamento de construção
© Carlos Marques dos Santos (2006)
Guiné > Mansambo > CART 2339 > 1968 > Monumento aos mortos da Companhia
© Carlos Marques dos Santos (2006)
Na lápide a meio do documento pode ler-se:
"Aos Vindouros: O aquartelamento de Mansambo foi construído pela CART 2339. Respeitá-o tal como é pois nas suas paredes há suor, lágrimas e um pouco do seu sangue. Inaugurado em 20 de Janeiro de 1969".
Guine > Mansambo > CART 2339 > 1969 > No dia (festivo) da inauguração do monumento. Cerimónia oficial. O Furriel Miliciano Marques dos Santos posa para a posteridade.
© Carlos Marques dos Santos (2006)
Guine > Mansambo > CART 2339 > 1969 > O monumento, no meio da parade. Ao fundo, a famosa árvore que sinalizava o aquartelamento, ao longe
© Carlos Marques dos Santos (2006)
Guine > Mansambo > CART 2339 > 1969 > No dia (festivo) da inauguração do monumento. O hastear da bandeira.
© Carlos Marques dos Santos (2006)
Guine > Mansambo > CART 2339 > 1969 > Dia de festa. O 3º Grupo de Combate, a que pertencia o Fur Mil Marques dos Santos, em estado de prontidão.
© Carlos Marques dos Santos (2006)
Guiné > Mansambo > CART 2339 > O monumento tal como foi deixado na altura do regresso da companhia à Metrópole, em Novembro de 1969: brazão da compnhia e a lista dos mortos. Ao fundo o abrigo do Furriel Miliciano Marques dos Santos.
© Carlos Marques dos Santos (2006)
Guiné- Bissau > Região Leste > Mansambo > 1996: Restos (calcinados) do monumento erigido pela CART 2339 ("Os Viriatos"), pertencente ao BCAÇ 2852 (1968/1970), quando o Humberto Reis por lá passou em 1996...
© Humberto Reis (2005)
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(1) Uma sugestão: vd. post de L.G., no Blogue-Fora-Nada... e Vão Dois > 1 de Dezembro de 2005 > Blogantologia(s) II - (20) : O país que via passar os comboios
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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