Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006
Guiné 63/74 - P498: Uma dívida que Portugal nunca pagou aos seus soldados africanos (Mário Dias)
Guiné > CCAÇ 12 > 1970 > Travessia de uma bolanha durante uma operação na ZA do Xitole... A CCAÇ 12 era uma companhia de quadros metropolitanos, de rendição individual, e de soldados do recrutamento local, de origem étnica maioritariamente fula (e, geograficamente, da actual região de Bafatá). Não sabemos o que terá acontecido a muitos deles a seguir à independência do território.
© Humberto Reis(2006)
Ainda sobre o pungente caso do Seni Candé, que pela quarta vez estive a escutar é, na verdade, uma vergonha para Portugal que existam situações destas. E existem. E são muitas.
Poder-se-á desculpar a sanha revolucionária dos que, a seguir ao 25 de Abril de 1974, consideravam como bestas criminosas todos os que tinham combatido ao lado de Portugal - militares portugueses incluídos - ao ponto de praticamente os entregarem à fúria vingativa PAIGC (Neste caso). Não nos esqueçamos dos comandos africanos abandonados à sua sorte (apesar das promessas do Brigadeiro Fabião) e fuzilados no Cumeré por ordem de Luis Cabral.
Mas passados tantos anos, assente a poeira do tempo que nos deveria deixar ver os acontecimentos sem qualquer espírito ideológico nem desejos de infundadas vinganças, é de lamentar que por parte dos governantes não exista vontade de reparar tantas injustiças.
Pior ainda: quando surge alguém a tentar remediar o mal cometido, e mantido ao longo destes mais dos 30 anos que já passaram, logo surgem as vozes do costume a chamar fascista, saudosista e quejandas expressões, e tudo fazem para que esta vergonha nacional não seja reparada.
Pelo que me toca, embora a solução não esteja nas minhas mãos, nunca deixarei de a denunciar sempre que a oportunidade surge, como é ocaso presente.
Um abraço
Mário Dias
(ex-sargento comando, Brá, 1963/66)
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