Universidade de Lisboa Faculdade de Letras > Reitoria > 28 de Maio de 2007 > Provas Púlicamento em História Contemporânea > O Leopoldo Amado defendendo a sua tese Guerra colonial 'versus' guerra de libertação (1963-1974): o caso da Guiné-Bissau (1).
O Leopoldo no meio do júri das suas provas de doutoramento. O principal arguente, o coronel na reforma, Afonso Aniceto, é o terceiro a contar da esquerda.
Dados biográficos sobre Aniceto Afonso: (i) Tenente-Coronel do Exército, na reserva desde 1985; (ii) Curso da Academia Militar em 1963; (iii) Comissões em Angola (1969-1971) e Moçambique (1973-1975); (iv) Licenciatura em História pela Faculdade de Letras de Lisboa em 1980; (v) Mestrado em História Contemporânea de Portugal pela mesma Faculdade em 1990; (vi) Professor de História Militar na Academia Militar de 1982 a 1985; (vii) Director do Arquivo Histórico Militar (Lisboa) desde 1993 (até 2007); (viii) Membro da Comissão Portuguesa de História Militar desde 1998.
O Lepoldo entre os seus dois orientadores, a Prof Doutora Isabel Henriques, e o Prof. Doutor João Medina, do Departamento de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
O João Tunes e o Leopoldo, ou melhor, o João Tunes (2) "transmitindo a Leopoldo Amado aquilo que, nestas situações, pode fazer de melhor um amigo e admirador: absoluta confiança no reconhecimento dos seus esforçados méritos"... Acho que não há melhor legenda (LG).
Luís Graça e o Leopoldo, ou melhor, o Luís Graça, em nome da Tabanca Grande, manifestando a sua solidariedade, apreço e regojizo a um grande lusoguineense, no culminar de um processo que o levou, brilhantemente, a obter mais um grau académico, motivo de orgulho para os seus amigos e familiares, mas também para os seus irmãos guineenses...
1. Mensagem do Leopoldo Amado, membro da nossa tertúlia, nosso amigo, agora Doutor em História Contemporânea pela Universidade de Lisboa:
Em jeito de eterna gratidão, envio-te algumas fotos como testemunho da tua solidariedade nos dias das minhas provas públicas de Doutoramento.
Um abraço
Leopoldo Amado
2. Tomo a liberdade de reproduzir aqui, para conhecimento dos demais tertulianos, o texto que o João Tunes publicou no seu blogue, de homenagem ao novo Doutor em História Contemporânea, o seu (e nosso) amigo Leopoldo Amado. É uma maneira única e muito original de fazer um elogio a um amigo e a um povo (que vale pelos filhos que tem, mesmo aqueles que são obrigados a viver na diáspora):
Água Lisa (6) > 29 de Maio de 2007 > O Leopoldo saldou-me as contas (O destaque a bold e a cores é da responsabilidade do editor do blogue, L.G.)
Desses dois anos (1969-1971) enfiado dentro de um fato camuflado a olhar gentes e bolanhas num país ocupado e metralhado, gastando - num equivocado paradoxo - tempos que seriam bem melhor aproveitados a podar a árvore da vida quando esta me oferecia seiva para dar e vender, a apanhar porrada de criar bicho, mandado por um general educado pelos nazis em Estalinegrado e que nunca perdeu o ademane de actor em artes de militarismo prussiano que sinalizava com um vidrinho pendurado num olho, auto-reduzindo-me à expressão mínima de jovem mal fardado feito parvo e perdido a mando colonial de um país a mudar de ditador sem que a lucidez acordasse e varresse os podres do fascismo tuga de raiz católico-clerical, estou finalmente vingado. Porque o Leopoldo pagou-me as contas e deixou-me em dia ao tirar-me da garganta a espinha atravessada da guerra colonial.
Ao olhar e ouvir o presidente de um júri de doutoramentos da Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa comunicar que o Leopoldo - que antes ali tinha depositado e brilhantemente defendido o seu labor de tese sobre a guerra na Guiné, acrescentando história à memória, permitindo que a ignomínia daquela guerra seja vista pelos dois lados e outros que se queiram acrescentar -, era um novo Doutor em História Contemporânea aprovado com distinção, senti-me com as contas feitas.
E logo ali, naquela solenidade académica herdada do velho regime, feita para lustre dos bonzos académicos que engraxavam as botas do salazarismo tardio e onde formatavam novas fornadas de elites para as orgias de domínio nos banquetes da opressão fascista-colonial, mas cuja arquitectura (o que aquela Cidade Universitária tem para contar…) muitas vezes escutou os gritos de revolta estudantil a preferir a aventura da liberdade ao bolor da reprodução de castas e os seus muitos passos ligeiros e acelerados da fuga ao trote das botas cardadas da polícia de choque que guardava o regime da iniquidade, um historiador, um guineense, um preto bem preto, um humilde e sábio africano enobrecido com a grandeza da dignidade africana que desafia, pelo saber, a arrogância do academismo eurocêntrico, trazendo consigo a herança da sabedoria longa feita praxis do génio de Amílcar Cabral, desdobrando em tese demonstrada como é que um grupo de nacionalistas africanos derrotou a poderosa máquina do exército colonial português, sem esperar pelo 25 de Abril, pois quando ele se deu já a Guiné-Bissau era um país independente reconhecido por mais Estados que os que tinham relações diplomáticas com o decrépito Estado de Portugal.
E quando aquela tão clássica Universidade doutorou o Leopoldo, foi como se Spínola, o grandioso General Spínola, lá no sossego do seu túmulo, levasse com a sacudidela da segunda derrota na Guiné. A definitiva, a que lhe pode dar, se ele a aceitar, o descanso eterno.
Caro Doutor Leopoldo Amado, guineense de cepa e meu caro amigo, obrigado, muito obrigado. Pagaste a minha conta, ela está paga. Falta o livro, venha o livro.
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Notas de L.G.:
(1) Vd. post de 29 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1794: Blogoterapia (21): Falar da guerra, com pudor... e com alegria do novo Doutor, Leopoldo Amado (Luís Graça)
(2) Vd. post de 15 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CXC: João Tunes, o novo tertuliano
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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